segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Brasil é considerado um dos pioneiros na Fotografia


O meu bom amigo Luiz Fernando de Menezes a viver em Santos no Brasil que conheci em Lisboa, revela-se desde 2012 um pioneiro na fotografia mobile nesta cidade Santista, a fotografar a "Cena do Dia" que divulga na sua página de Facebook .No momento decorre até ao dia 20 do corrente um concurso para envio de fotos por e-mail para fotomob@bazarcafofo.com.br.
A semana passada envia-me informação do grande fotografo português, José Marques Pereira, o homem que mais fotografou Santos em nato desafio "quem sabe uma exposição em Portugal, já pensou?"
Apesar da existência do Arquivo Municipal de Fotografia de Lisboa e outros departamentos temáticos seria interessante uma exposição em Lisboa que exaltasse o espólio brasileiro dos cartões postais de José Marques Pereira, pela massificação do conhecimento das vistas da cidade no impacto que ditou ao Mundo cumulativamente do levar notícias para familiares num período fértil emigratório, no início do século XX.
É sempre possível, desde que haja vontades, ao jus da Casa Museu João Soares nas Cortes, em Leiria que em 2013 trouxe as aguarelas e gravuras de Baldi produzidas durante a viagem em 1669 na comitiva de Cosme III de Médicis a Espanha e Portugal , a perpetuar  gravuras da estalagem da Gaita onde pernoitou antes de chegar a Ansian (Ansião), a minha terra adotiva.
Em 1824 Florence o pintor e naturista radicou-se no Brasil estabelecendo-se em Campinas onde realizou experiências e invenções, em 1833 fotografou  através da câmara escura com uma chapa de vidro usando papel, sensibilizado a impressão por contato. Ainda que totalmente isolado e sem conhecimento do que realizavam os seus contemporâneos europeus, Niépce e Daguerre, obteve o resultado fotográfico, a que chamou pela primeira vez de Photografie.
Pela descoberta de Florence, o Brasil é considerado um dos pioneiros na Fotografia. 
O abade Louis Compte em 16 de janeiro de 1840 quando aportou no Rio de Janeiro fez uma demonstração a D.Pedro II da daguerrotipia. Supostamente D. Pedro II teria sido o primeiro fotógrafo com menos de 15 anos no Brasil, quando no mesmo ano de 1840 adquiriu um  daguerreótipo, em Paris.

Albert Kahn, um judeu francês milionário viajou em 1ª classe para o Brasil, no mesmo navio seguiam muitos emigrantes para o novo mundo da América do Sul, o mais rico, a Argentina. Aportou ao Rio de Janeiro em 1909 para o fotografar.
Odisseia da emigração  portuguesa  e de outros países para o Brasil
 Desembarque de emigrantes em Santos em 1907
Navio de emigrantes 1939-41 de Sagall  Lasal
ROCCO, Antonio. Os imigrantes, 1910. Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo

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ROCCO, Antonio. Os imigrantes, 1910. Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo

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Tem esta crónica o mérito em tecer um breve paralelismo entre um caiçara Benedito Calixto e um emigrante português- José Marques Pereira, natural da cidade do Porto que emigrou para o Brasil a bordo do vapor Inglês “Magdalena” desembarcando no Rio de Janeiro em 27 de março de 1893. Dois dias depois deu entrada na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo com 26 anos, acompanhado do seu irmão, Abílio Marques Pereira, de 19 anos e algumas centenas de emigrantes portugueses.

Um pintor,
um caiçara,
nascido no litoral paulista,
Benedito Calixto não era pescado
mas amou a natureza
tornando-se seu grande apreciador.
Pintou o mar
com olhar apaixonado
e pintou a cidade de Santos com olhar
detalhado.
Os imigrantes  1910  de Rocco António do Acervo Pinoteca do Estado de São Paulo
A emigração de portugueses a caminho do Brasil teve inicio a partir de 1530, floresceu durante as invasões francesas por volta de 1808 quando partiu a corte portuguesa com nobres e demais pessoal no total de 500 pessoas e não 15.000 como alguns historiadores ditam, por volta de 1821 alguns voltaram. Precisamente a partir desta altura até 1940 o Brasil abriu as portas ao comércio direto com Países europeus pelo que aportaram emigrantes de mais de 50 países de todo o mundo. Os portugueses jamais se consideravam imigrantes, porque levavam na ideia só ir ganhar dinheiro para voltar à sua terra.
A emigração enquanto fenómeno de partida em busca de melhores condições de vida e trabalho seja  aqui abordar estórias com história, ao  retratar emigrantes que partiram sem medo, acreditando num trabalho remunerado nos finais do século XIX a caminho das promissoras terras brasileiras nas plantações de café, feitor ou capataz de fazendas, estivadores e carregadores no Porto de Santos, construção da ferrovia pelo sertão, panificação, e em meados do século XX outros se aventuraram no ramo da construção civil , na arte do chocolate e,... exemplos de emigrantes que conheço do concelho de Ansião, hoje milionários, o último emigrante que conheci de partida já foi no início da década de 70, o David Mouco, pouco mais velho do que eu, ao tempo trabalhador na Câmara foi chamado por um tio, mas teve pouca sorte, já faleceu.
Foi no Brasil onde se empenharam por um lado a fomentar o progresso do País na expansão da ferrovia para o transporte da enorme riqueza do ouro verde, e por outro lado os que tiveram visão para filões de negócios rentáveis neste País imensamente grande em oportunidades, apesar das muitas dificuldades vividas à época se alevantaram talentos; seja o trabalhador português, abnegado, obstinado, sofredor e a arte de um brasileiro caiçara, em retratar a natureza as suas gentes e  costumes maioritariamente de Santos na tela que com a fotografia em cartões postais no objetivo de torna viagem tinham a magia de criar impato com as vistas da cidade em paralelo com as noticias, o que perspetivou sucesso esta arte fotográfica tal como a pintura da cidade de Santos, no início do século XX.Mas também houve gente que por falta de talento se acomodou a viver sem trabalho ou à custa dele sendo mal pago e por isso a viver na míngua miséria,  alguns tiveram sorte de ter ajuda pecuniária para a viagem de volta dada pelo Centro Português de Santos, chegaram recambiados  "com uma mão à frente e outra atrás"...
Havia quem partia com fundos próprios, o avô do meu marido casou para ter dinheiro para pagar a viagem em 1928 com destino à ilha de Fernando Pó, na década de 50 houve quem vendesse os bens para não voltar, e outros que foram e depois de se instalarem com negócios de panificação na família do meu pai de Ansião, os conheci na década de 60 quando vieram vender os bens recebidos de herança. Houve quem partia com carta de chamada de familiares já estabelecidos para trabalhar no mesmo ramo de negócio de cariz familiar, quem não tinha dinheiro tomava partido dum sistema chamado "parceria" idealizado em 1840 pelo Senador Vergueiro, o sistema consistia no pagamento de todas as despesas do emigrante; viagem, comida, apoio à chegada com alojamento, lote de terreno para cultivo da horta de subsistência com uns pés de café, e ferramentas. Quando o café começasse a produzir o fazendeiro seria ressarcido da despesa e juros que tinha despendido com a vinda do emigrante e ainda metade da safra do café, obviamente que raramente o emigrante conseguia saldar a dívida, por isso ficava preso à fazenda, originando conflitos e tensões com os patrões, seja uma das razões de uma maioria destes portugueses não ter voltado a Portugal, a sua odisseia foi um fracasso, só trabalho árduo...os imigrantes que conseguiam saldar a dívida com os fazendeiros eram livres de sair da fazenda, mudar, ou estabelecer-se por conta própria.Relações que ajudam a perceber os imigrantes portugueses que vinham em geral sozinhos para ganhar a vida no porto de Santos como estivadores e carregadores de sacas de serapilheira com café das carroças para os porões dos navios.No início do século XX alguns regressaram realizando o velho sonho português de voltar à terra com o " pé de meia" no bolso para construir a sua casinha e montar um negócio, chamaram-lhes os novos ricos, no norte e centro de Portugal construíram casas diferentes, ao género de chalet ao estilo art deco, arquitetura modernista que já se usava no Brasil, como sinónimo da sua riqueza, ainda hoje se mostram lindíssimas. Nos anos 30 na aldeia da minha mãe, Moita Redonda, chegou o "ervilha" vestido de meia de seda, bolsos cheios e pela mãos dois mulatitos...

O aumento excomunhal das vendas de café para a Europa faz crescer outro negócio no início do século XX as lojas comerciais de "fazendas, armarinhos, secos e molhados" e de vários produtos ligados ao consumo urbano ditado pela moda europeia. Segundo Mello e Saes, em 1890, havia 292 destes estabelecimentos na cidade de Santos, enquanto existiam 141 casas comissárias de café (LANNA, 1996, p. 68).

O avô do meu amigo Luiz Fernando também era português, natural de Vale Longo no distrito de Leiria, teve a infelicidade de ver os pais falecerem com a gripe espanhola pelo que órfão em 1908 parte para o Brasil, ao chegar ao porto de Santos deixa o baú de madeira com correias de cabedal no cais para procurar o seu primo para voltar no dia seguinte onde o baú ainda estava no mesmo lugar onde o tinha deixado. Dias depois seguiu para o Alto da Serra (Paranapiacaba) para trabalhar com o engenheiro inglês Dr. Wellington na medição e assentamento dos dormentes do caminho de ferro S.Paulo Railway que ligaria Santos a São Paulo.Após vários anos deixou este serviço por falta de saúde e começou a trabalhar numa padaria, anos mais tarde abriu o seu próprio estabelecimento em Santos.
A imigração iniciou-se no nosso país baseada em um sistema chamado “parceria”, idealizado por um grande fazendeiro, o Senador Vergueiro, na década de 1840. Por esse sistema, o fazendeiro pagava as despesas da viagem do imigrante, fornecia a alimentação a crédito, as ferramentas, alguns pés de café e um lote de terra para que plantasse gêneros de subsistência. Quando os pés de café começavam a produzir o imigrante deveria ressarcir o fazendeiro, pagando-lhe o capital investido com jurus, além de entregar metade de sua produção de café. O imigrante dificilmente conseguia pagar o fazendeiro e ficava preso à fazenda, o que causava tensões e conflitos entre trabalhadores e patrões. O sistema de “parceria” não deu certo, muito embora tenha sobrevivido por um longo tempo no campo brasileiro. Os imigrantes exerciam diversas funções em seus países de origem, eram artesãos, trabalhadores da indústria doméstica e, mesmo sendo camponeses, não sabiam cuidar dos pés de café. Além disso, recebiam dos fazendeiro as piores terras, pouco produtivas, e viviam endividados. Entretanto, o problema mais grave da imigração residia no tratamento dispensado aos imigrantes pelos fazendeiros que, acostumados com a escravidão, tratavam os trabalhadores como se fossem escravos. Por isso tudo, várias revoltas eclodiram, o que aconteceu inclusive na fazenda Ibicaba, de propriedade do idealizador do sistema de parceria.

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Pintura de Santos no inicio século XX
Igreja do Convento do Valongo
 
Porto de Santos em 1882 com veleiro ancorados

Antigo Chafariz, na atual praça da República, Calixto  Páteo Interno da Cadeia de Santos, 1875
As difíceis condições de transporte do café das fazendas para o porto de Santos
O Porto de Santos em 1892 não se encontrava organizado, sendo que já havia necessidade de embarcar o ouro verde dos fazendeiros, apesar das condições rudimentares os carregadores transportavam as sacas de café de 60 kg às costas sob pranchas de madeira para os porões dos navios. O que faz crer supostamente José Marques Pereira começou aqui por arranjar trabalho (?). Alguns imigrantes portugueses e outros europeus levavam não uma, mas duas, três, quatro e até falam que havia quem aguentasse cinco sacas de uma só vez, num total de 300 kg (?), em concursos de resistência.

O tio do meu pai "Canhoto" de Ansião também veio a Santos transportar as sacas de café, regressou a Portugal, para voltarem mais tarde os filhos para o ramo da panificação.

Segundo Pietro Amorim, historiador do Museu do Café, em Santos, o mito do Jacinto, o carregador que levava 5 sacas só com a força do corpo às costas. "Pouco se sabe sobre esse personagem, a sua história foi apropriada e reproduzida de diferentes formas ao longo do tempo, "Jacinto" com alcunha " Sansão do Cais", uns dizem ter sido português outros espanhol (?), mas o nome e a força dita ter sido português(?), a pensar nos salineiros que levavam descalços canastras de sal à cabeça... . se realmente existiu, ninguém o sabe, mito fictício ou real, o personagem tem muito a ensinar: "se considerarmos a exaustiva rotina desses carregadores de sacas de café de 60 kg, por trás da imagem de Jacinto, podemos ver homens que iam aos extremos de sua capacidade física para sobreviver", porque seriam pagos à saca .
No entanto estivadores e ensacadores de hoje tem opinião que o máximo de peso suportado por uma pessoa é de 120kg (duas sacas), por isso alguns deles levantam a dúvida se as sacas eram, de fato, de 60kg, ou melhor se seriam de outro produto mais leve... as fotos não enganam...
 Foto a cores
Raro cartão postal de 1906, editado por M. Pontes e Cia para a sua loja Bazar de Paris, num dos concursos de força à época da estiva Santista que a organizava entre si .
 Foto de José Marques Pereira do porto de Santos
Foto de Francisco Carballa  embarque do café em Santos
Foto de José Marques Pereira de 1902 do vapor alemão Sílvia, carregado com 130.136 sacos de café, o maior carregamento saído do Brasil
 Em 1908 entraram novas medidas portuárias no porto de Santos proibindo a entrada de carroças
Não se sabe como José Marques Pereira se tornou dono da loja "FAMA" de armarinhos, fazendas, perfumes etc, na cidade de Santos, numa das principais ruas do comércio, na Rua na XV de Novembro , o mais importante boulevard da cidade que ligava o porto à cidade antiga. Homem de visão, amador de fotografia engalanava a montra com os produtos para venda;trajes masculinos e femininos com os postais da cidade para seduzir e chamar a clientela.(BARBOSA, 1999).
Foi membro número 166 do Centro Português de Santos no ano de 1896 onde se promoveram escolas de dança, música, grupos de teatro; se fundou a escola primária e secundária João de Deus, além de prestarem ajuda pecuniária na repatriação de imigrantes lusos, importante para aqueles que partiram, trabalharam, mas não tiveram sorte em o amealhar...
Desconhece-se onde José Marques Pereira aprendeu o hobby fotográfico, supostamente teria sido nesta associação (?) pelo que rapidamente a sua loja "Fama" passa a ser "Photographia União".
A maior coleção até hoje editada no Estado de São Paulo com 70.000 cartões postais impressos por José Marques Pereira sobre aspetos da cidade de Santos haviam de viajar pelo mundo informando, consolando e saudando os seus remetentes. A leitura que faziam alguns admiradores das suas fotografias reforçava esta memória da cidade, como em 1906 a descrição de Vitaliano Rotelline em “Il Brasile e gliitaliani”sobre o trabalho de José Marques Pereira.
"Para este artista egrégio-, Santos e sua bela baía, a vizinha São Vicente e a ilha de Santo Amaro, com a atrativa Guarujá, não tem nenhum mistério: cada local que ofereça encantos naturais foi focado pela lente do bravo fotógrafo. Marques Pereira, um jovem gentil, afetuoso, sem pretensões, possui hoje um belo estúdio fotográfico na Rua 15 de Novembro onde o visitante poderá passar momentos deleitosos diante das numerosas vistas que constituem o seu patrimoniado artístico, porque produz a fotografia com arte, não como um ofício, obtendo resultados de notável beleza. (ROTELLINI, 1906: 728) "
Este autor procura explicitar que as suas fotografias foram feitas como se fossem obras de arte e não como simples ocupação.Tal pensamento é recorrente na história da fotografia visando aproximar os trabalhos de alguns fotógrafos dos valorizados pintores e diferenciá-los, como artistas, da numerosa concorrência.Sem querer discutir a respeito da fotografia como obra de arte apenas confirmar a estratégia de valorização das fotografias de José Marques Pereira, as qualificando como inegáveis obras de arte. Em 1907 o livro propagandista “Le Brésil” diz algo semelhante sobre o trabalho de José Marques Pereira:
José Marques Pereira é antes de tudo um artista que ama o seu ofício e que soube criar um renome justamente merecido. Pode dizer-se que é devida a ele a divulgação dos pontos mais interessantes da cidade de Santos e felicitá-lo por ter contribuído para destruir a lenda que situava Santos numa região que não atrai o turismo. De fato, as vistas de Santos por ele obtidas não somente constituem verdadeiras obras de arte, mas ainda têm revelado que o porto principal do Estado de São Paulo, além de importante centro marítimo e comercial, é também uma estação balneária de primeiro nível. Os trabalhos de José Marques Pereira, vistas naturais e fotografias de grupos, são universalmente apreciados e destacados pela perfeição da execução que transforma todos os seus trabalhos em verdadeiros documentos artísticos. (HÜ, 1907)
Ao explorar o cartão-postal produzido por um único autor, o fotógrafo e editor José Marques Pereira neste trabalho possibilitou visualizarmos um discurso específico onde foram eleitos e elaborados alguns espaços e atividades que figuraram no imaginário do grande público no início do século XX. Estes postais que traziam impressas as fotografias de José Marques Pereira, também foram utilizados para comunicação entre parentes, amigos, amantes, enfim aqueles que tinham necessidade de informar, consolar e saudar os destinatários ausentes, que os receberam com mensagens dos seus entes queridos com imagens e aspetos do buliço da cidade de Santos. A consolidação da memória visual da cidade passava, portanto, pelos emissores e destinatários dos cartões-postais ao ser enviados e guardados pelos destinatários os postais recebidos, colaboraram para preservar pequenos fragmentos cheios de lembranças. O trabalho de José Marques Pereira é uma importante fonte de pesquisa que colaborou na formação de uma memória visual da cidade de Santos e seus habitantes, revelando cenas e fazendo história, construindo através das imagens uma nova cidade, mostrando os novos agentes em novas relações sociais
Fotos de cartões postais de José Marques Pereira

Construção do Cais e Antigo Mercado em 1890, em foto de José Marques Pereira (albúmen com 12,0 x 16,7 cm - acervo Gino Caldatto Barbosa)
Em paralelo nasceram outros serviços e empresas como os Corretores da Bolsa de Café na mesma Rua XV de Novembro onde era a loja do José Marques Pereira.
Naquela época os Corretores para mostrarem que tinham muito dinheiro vestiam-se todos de ternos em branco, confeccionados com um tecido praticamente impossível de se passar ferro, alinhado, dando aspeto de amassado.
Esta crónica acabou por despoletar a lembrança do bisavô Manuel Freire dos Santos de outro bom amigo Renato Freire da Paz, tambémele imigrante no Brasil onde esteve uns anos para regressar e casar.
Montou a Casa de Fotografia Santos em Ansião em finais do século XIX.
O seu diário com a data de 1897.
O que evidencia que esta arte da fotografia foi aprendida no Brasil, em Santos(?) na mesma altura que o José Marques Pereira (?). Curiosamente o avô do Luiz Menezes e este são do mesmo distrito, Leiria.
O Manuel Freire dos Santos deixou basicamente fotos de família e da vila de Ansião. Supostamente por ser de origem judia, muito avarento, não fotografou mais (?)... tesouros na posse de familiares, sendo que uma maioria de fotos em chapas de vidro guardadas décadas no baú que foi ao Brasil com a humidade se estragaram...o que existe merece destaque numa ala fotográfica no futuro Museu a abrir em Ansião, que dele tão deficitário se encontra o concelho!
Seja fácil encontrar a mesma arte nos dois fotógrafos portugueses na semelhança a coincidência de datas no Brasil quase no início da fotografia.
A Casa Santos usava molduras, chegou a ter um atelier para fotografar com cenários como a foto baixo de 1900 com um pintor desconhecido rodeado pelos quadros e os cães.
Menina com 14 anos de Maças de D Maria
Familiares em 1912 a saudar a República
Quando a casa do primeiro fotografo da vila de Ansião-, a Casa Santos e depois Paz, foi demolida, nos escombros um primo meu recolheu algumas chapas com crianças na época de 60, que se tiravam para enviar para África, Europa e Brasil onde os pais estariam imigrados...
Aqui de mão dada com a minha irmã Mena, vestidas de igual com reforço de golas em plástico brancas com bolinhas vermelhas, pelo chão resquícios de palha , foto tirada num alpendre para enviar às tias de Angola.
Numa feira de velharias em Évora encontrei num estaminé de chão postais ao género de José Marques Pereira com data de 1947.


FONTES
 http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0220a.htm
Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, Rio de Janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia_no_Brasil
http://mestresdahistoria.blogspot.pt/2011/04/saiba-mais-sobre-imigracao-para-o.html
http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos091.htm
http://www.mexidodeideias.com.br/viagem/a-lenda-de-jacinto-o-carregador-de-sacas-de-cafe/
http://visistasantoscomex.blogspot.pt/
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364700434_ARQUIVO_Texto_ANPUH_2013_MemoriaeRepresentacao_Mauricio_Lobo.pdf
https://soulsantos.wordpress.com/tag/cafe/#jp-carousel-57
https://familysearch.org/wiki/pt/Brasil_Emigra%C3%A7%C3%A3o_e_Imigra%C3%A7%C3%A3o


2 comentários:

  1. Estou pesquisando sobre JOSE RODRIGUES VALENTE que veio para o Brasil em 1892 e desembarcou no Rio de Janeiro, era filho de Jose Rodrigues Valente e Josepha Maria, pelo passaporte vi que ele era natural de Ansiao, e residia em Pombal, fiquei emocionada ao ler teu blog, poderia me ajudar? Os Rodrigues Valentes tem alguma origem judaica, porque o filho desse Jose que veio para o Brasil era Jacob Rodrigues Valente.
    Att.
    Nadya Jacob

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  2. Cara Nadya Jacob muito obrigada pela cortesia da visita e pelo pedido de ajuda. Curiosamente o meu avô paterno tem o mesmo nome - José Rodrigues Valente, natural do Canto na vila de Ansião. Comecei por tentar fazer a árvore genealógica dele, debalde fui descobrindo outras coisas tenho-me dispersado noutras temáticas sobre Ansião. O que encontrei? Houve e ainda existem muitos homens com os dois apelidos - Rodrigues Valente- de ramos familiares diferentes - talvez para se distinguirem como outro apelido mui comum em Ansião - Freire. Também descobri que o apelido Rodrigues é dos mais antigos e também aparece Roriz- espanhol, este hoje existe em descendentes que vivem fora de Ansião. Também descobri que são apelidos com origem judaica, que tento compilar em livro as pequenas comunidades de judeus aqui aportadas em duas fases distintas - uma após a consolidação do Condado Portucalense, viviam na Galiza, os judeus sefarditas e tendo sido o sul da Galiza o que veio a ser Portugal tomaram as únicas estradas romanas na ligação do norte para sul e se foram fixando na sua beira com estalagens e tabernas, Ansião não foi exceção, por estar na beira dessa estrada principal.Depois do êxodo de 1492 muitos judeus asquenazes entraram pelas Beiras na raia espanhola onde fundaram grandes comunidades como Belmonte entre outras com alguns mais aventureiros a se dirigir a caminho do litoral se tendo fixado no centro - Lousã, Góis, Pedrogão Grandes, Figueiró dos Vinhos, Ansião,Abiul, Pombal etc.Nas minhas investigações julgo que o apelido Rodrigues veio nesta centúria de 500 e o apelido Valente mais tardio- desconheço a razão, encontrei julgo uma senhora de raiz nobre que o ostentava, se deriva dela ou de alguma valentia, não sei, o que parece se adensa no século XIX.Nos próximos tempos vou estar muito atarefada com gémeos que a minha filha vai ter e sem tempo para as minhas investigações. Não perca de vista o blog, e tudo o que venha a saber da sua família partilhe para eu juntar e assim se apurar mais.O meu email-Isacoy@hotmail.com.
    Em Ansião também na centúria de 500 apareceram judeus com origem na Grécia e fenicios, que eram mercadores,vieram do litoral da Figueira da Foz para o Maciço de Sicó onde deixaram marcas como os moinhos de vento e de água, o plantio da pinheira e do pinhão.Tinham grandes sobrancelhas e aspecto pesado como os que ainda vivem na Grécia, em Almoster num jazigo ostenta o apelido Grego - tenha sido dado pelo aspecto alcunha que a fidelizou em apelido. Como vê já tenho uma grande abrangência mas falta ainda muito. Obrigada.Um abraço Isabel

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