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segunda-feira, 2 de abril de 2012

1ºdomingo de abril na feira de velharais de Montemor o Novo

Dia 1 de abril, podia ser uma mentira, mas foi verdade. Feira bimensal de artesanato e velharias. Recordei nesta terra aqui parar pela primeira vez quando era ainda adolescente no verão de 75 - ano da efeméride da liberdade. Lugar de eleição para se comer e verter águas a caminho dos Algarves. Tanta afluência de gente que aqui parava - enchia cafés e restaurantes, ainda dava tempo para apreciar o bom artesanato em cobre, latão e cortiça. Falo de Montemor o Novo com o centro histórico altaneiro e vista fabulosa sob a planície alentejana. Voltei outras vezes, fiz as mesmas coisas, aqui  haveria de voltar para comemorar o meu aniversario - 45 primaveras, desta vez em caminhada percorri ruas e ruelas desconhecidas do burgo, subi a grande escadaria a caminho do castelo, uma vez  lá, deambulei de um lado para o outro a ver a paisagem, as ruínas, o jardim e,...deleitei-me nas muralhas a sonhar com uma papoila nas mãos. Adorei conhecer o monte histórico, julgo que na altura a única coisa que me fez confusão foi ver num dos  conventos uma discoteca...passei o tempo a abaixar-me na louca procura de caquinhos de faiança do século XVIII e XIX - a terra lavrada deixou-os à vista  - sem rodeios em dia de aniversário dei uma prenda a mim mesma: fingi que estava magra!
Em rota de despedida do monte altaneiro pela estrada  vislumbrei o Museu aberto, senti que  tinham vontade de fechar para almoço...sem ter batido as badaladas!

Ontem na feira só vi trapologia e objectos em prata, será que veria mal?
Velharias - essas sim, muita coisa e boa!
A feira desenvolve-se em lugar estratégico, depois do cruzamento para Ponte de Sôr a seguir à Rodoviária o recinto acompanha o passeio ao longo da estrada principal, com bom parque de estacionamento, casas de banho, uma mais valia, limpas - falta sabão.
Na boca do Sr. Custódio - "se não houver lugares, entra-se pelo cemitério adentro"...organizador da feira - homem de cabelos grisalhos, uma simpatia, melhor impossível, dá uma palavrinha a todos, pergunta como está a correr o negócio, e ainda o vi a tomar conta das bancas do Sr. Carlos e da esposa D. Maria de Lurdes enquanto foram almoçar. Um homem baixo, mas alto em personalidade!
Tomei conhecimento do certame através da Luísa na feira de Vendas Novas, funcionária na Câmara, mal a fui cumprimentar ofereceu-me a mim e aos demais, inclusive a um casal de potenciais compradores que passava no momento, fatias de bolo de iogurte com banana que fez de véspera, apesar de ter vindo a Lisboa participar na manifestação da abolição de Juntas de Freguesia. Fez-me lembrar o  Pão de Ló, húmido, doce da minha mãe. Pequena de estatura mas grande mulher, o tempo dá-lhe para tudo, é muito despachada, tal e qual a comparo com a minha comadre Odete!
No entanto, a 1ª pessoa que estabeleci conversa foi com o colega  David que conheço das feiras de Paço D'Arcos e Algés, estava ao telemóvel, na minha mania de inventar "acredito que a conversa era com o Nuno,  perguntava -lhe se a mãe dele aparecia em Oeiras para montar banca" - respondeu " que ela não pensava ir!
Revi o Sr. Carlos e a esposa D. Maria de Lurdes, sempre simpáticos e atenciosos. Reconheci outro colega que não sei o nome, vende prata. Comprei uma miniatura de uma sanita a fazer de cinzeiro, um saleiro de duas covinhas e asinha ao centro e uma moldura ladeada com a beata Saozinha e um crucifixo.
Conversei com o Sr. António, alentejano de gema, boa figura, 58 anos, cara tisnada pelo sol da feira de Estremoz e de outras, já que não usa chapéu, vale-se da forte cabeleira . Gosto do ver vestido de bata cinzenta na arrumação do estaminé - muita calma , sem pressas, depois de tudo exposto veste o seu lindo casaco de antílope - um homem charmoso. Se há coisa que adoro ver vestida num homem é - antílope.O Sr António - para os amigos Igrejinha, agora anda com um caozito lindo - grande o carinho como dele trata, nunca se esquece de por uma malga com água à sombra para ele se refrescar. Um senhor - sempre na companhia do seu fiel amigo Óscar!
Talvez por isso mesmo ultimamente tem sido a estrela escolhida nas reportagens televisivas feitas sobre o negócio de velharias.  No meu giro após o almoço ao passar pela mesa improvisada onde ele e outro amigo, o Laureano degustavam couvetes compradas no  Pingo Doce: feijoada de choco, bem servida, acompanhada com vinho do melhor, uma pomada de 14º de Évora, ainda tinham uma palete de queijos estrangeiros,vteimaram para comer, provei o roqueforte, e saboreei o nétar do tinto, apesar de só cobrir o fundo do copo numa de os acompanhar - sim nestas coisas alinho sempre, nunca me faço de rogada!
O Sr. Laureano, outro alentejano, louro, sardento, igualmente alto e chapéu à cowboy, muito falador, a esposa não alinha, vi-a atrás da  banca sentada, quando a instiguei para se juntar à festa disse-me" ele só quer vinho". A fazer parelha na conversa do almoço - o "Manel Ourives" estava de pé , disse que gostava de fazer a feira de Tomar onde tem um contato que lhe arranja rodas de carroça. Muito boa gente. Vendem sobretudo quinquelharia em ferro, latão, cobre, madeira e loiça. Bem - com o trago do néctar, deitei o copo  num saco de plástico que estava no chão...naquilo a Ana Rita disse-me "é para fazer companhia às bananas"...reparei o erro - pedi desculpa, o raio do caixote do lixo estava a um metro, afinal. Isto do álcool subir à cabeça é do Katano!
Abanquei entre dois colegas que já tinham as suas bancas armadas e compostas com a mercadoria. De um lado um casal na casa dos 40 de Carcavelos - Isabel e o Rogério. Tinham artigos variados: livros, loiças e bijutaria, tudo bem distribuído nas bancadas com os preços. Venderam bem.Simpáticos e afáveis.
Do outro lado igualmente outro casal da minha faixa etária vindos da Marinha Grande - Henrique e Ilda, grandes bancadas com vidraria, na frente roupas e algum  mobiliário, ainda tinham para venda um triciclo anos 60 igualzinho ao da minha irmã que acabou em trator da nossa mini horta atrás da casa, um canteiro que o nosso pai nos disponibilizou para as nossas sementeiras - na verdade as primeiras batatas a comer em casa eram as nossas, e o feijão verde igual..

Boas as conversas quando não havia fregueses...falou-nos do seu tempo que trabalhou no vidro,como era feita a cor " casca de cebola" a temperaturas muito altas. Explicou-me que os filamentos pretos da aba do cestinho que eu tinha na banca  eram fios de cristal. Ainda falou sobre a arte do vidro branco e azul da fábrica Irmãos Stephans numa de imitar Bacará, disse o nome...
O Simão - "rapaz" de chapéu de palha rotooo...vende livros, parou ao passar na minha banca.Instruído, sabe o que diz, não come carne, só peixe, muito menos de porco, quando o meu marido lhe disse que tinha comido uma bifana à maneira, nada haver com a que tinha tragado em  Vendas Novas - enfezada, fina, esta grossa e saborosa! O Sr Carlos, lastimava-se da carestia do bitoque, 6€...como sempre levei farnel onde não faltaram morangos, chocolate ,amendoins, água e pão de forma integral com frango.
Reparei que a Luísa foi almoçar, deixou apenas a banca exposta, o terrado do chão já o tinha vendido, apenas uma saladeira de Sacavém saltou para a banca. Enfeirou bem, é da terra, sabe quem tem dinheiro!

Reparei também nuns pratões de faiança de Coimbra a muito bom preço, dois foram vendidos ainda de manhã.Ainda uma linda travessa oitavada com motivo casario e uma maravilhosa e resplandecente terrina que me ficou na retina - o pé não é raso como os demais, é aberto, denota um fabrico com sabedoria, não é coisa normal, sim refinada, agora saber a origem?. O motivo cantão popular numa versão com semelhanças a Miragaia em tonalidade escura. Noutra banca vi um conjunto travessa e terrina mesmo motivo, pasta muito grosseira e pesada e tonalidade azul clara. Na banca da D.Isabel apreciei uma escarradeira de Sacavém , branca, o preço apesar de o ter baixado, ainda caro para mim, não a trouxe comigo!
Noutra banca havia bilhas das Caldas e púcaros de duas asas, lindíssimos.O estaminé do David  "pobrezinho" nada comparado com o que conheço  por aqui...sorte a dele, ficar ao lado do Nuno onde compra barato peças excecionais, enriquecem qualquer banca como a da Luísa , seu fornecedor.

Podia ter feito "uma boa feira"... vendi um pratão de Sacavém e outro do cavalinho, caixinhas de miniatura, fósseis do Cristo Rei, livros e até rótulos do vinho Benfica do Arialva. Mesmo assim fiz o dobro de Torres Novas. Deixei de vender peças ( bule, jarra, terrina e...) porque "quem tudo quer tudo perde"...vou ter de aprender a ser mais esperta, fazer o preço a contento do cliente com a dica " é para ficar freguez"...
Gostei muito de ter ido à feira de Montemor o Novo. A meu ver a Câmara que sei vai legislar a mesma e cobrar pela utilização do espaço, no meu entender deveria ser mensal, para o cliente se habituar a enfeirar e também o vendedor se fidelizar, já que com o intervalo tem de arranjar alternativa!

Andava na feira uma senhora de boa estirpe cheia de compras...perguntou-me se sabia de um vendedor que vendia quadros...que lhe tinha vendido um "Pé- curto"(?) cuja  certificação, aguarda há mais de 6 meses e,...bem, vi um elemento GNR a acarretar sacos para o seu Mercedes!
Ameaçou chuva, ainda recolhi os livros, esqueci-me de levar o plástico.
Na vinda a 5 mn de caminho a berma da estrada estava cheia de "escardoça",assim chamada por terras de Ansião,  vulgo granizo!
Espero que o Sr António que ficou sem vontade de arrumar não tivesse sido surpreendido com a trovoada!
Disse-me que não tinha pressas " não tenho mulher à espera"...remendou " até tenho"...
Dizia-me o Sr Lauriano  - "então domingo vamos comer uma sopinha de tomate a Évora", respondi, tenho de convencer o meu marido, se estiver bom tempo, até sou bem capaz de ir.Também a Isabel me perguntou a próxima feira onde vou, falou-me de Ponte de Sôr, sobre a das Caldas disse que havia muita areia, sujava-se tudo.O Sr Henrique e a esposa ponderavam fazer a feira anual de Figueiró dos Vinhos, este ano como não vou à terra não a  faço.
No recinto vi andar uma senhora com uma máquina de filmar. De longe julgo que me apanhou, fazia-me também para os planos das minhas fotos!
Ao chegar a casa depois do duche sentia a cara quente. Culpa deste chapéu esburacado, tenho de comprar outro de aba mais larga.
Coisa para voltar!

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