Mostrando postagens com marcador Rectrospectiva de Portugal antes e depois do 25 de Abril. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rectrospectiva de Portugal antes e depois do 25 de Abril. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Rectrospectiva de Portugal antes e depois do 25 de Abril

Uma retrospectiva do Portugal de ontem e de hoje -, ou seja antes e depois do 25 de Abril de 1974.
A revolução dos cravos derrubou o governo fascista de Salazar. 
O povo vivia até então em opressão, 40% da população era analfabeta, a rede de escolas não cobria todo o país, dispunham de poucas condições como refeitórios e ginásios para aulas de educação física, apenas disponível em poucas cidades.
Foi o fim da clandestinidade daqueles que não aceitavam o regime, da guerra colonial e do isolamento internacional.
Enquanto nos países europeus depois da 2ª guerra floresceram novas indústrias, comércio, serviços, apoios estatais à educação, saúde e condições de vida para as suas populações, por cá, o país estagnou com o regime fascista, a discrepância na sociedade entre ricos e pobres era abismal.Os ricos senhores de grandes rendimentos de terras, casas e fábricas, exploravam a mão-de-obra muito barata, pagavam salários muito baixos, um dia de jornada de um sapateiro que se deslocava à casa do senhor era pago com uma broa (pão de mistura de trigo e milho). Havia escalões de jorna (salário) diferenciados para homens e mulheres, incrível que ainda hoje existe essa diferenciação nos trabalhos mais precários na vida rural e fábricas. Esses mesmos senhores com nome de família, fomentavam o abuso de mulheres, e elas para sobreviver, sujeitavam-se à devassidão. Por todo o Portugal nasceram muitos filhos “incógnitos”, uma verdade reposta com o 25 de Abril, cada nascimento obriga a paternidade, em alguns casos recorre-se a exames de ADN.
As famílias geralmente numerosas, levavam uma vida muito difícil, havia muita pobreza e fome, os pais viam nas crianças uma ajuda nas tarefas da lavoura, muitas não iam à escola, geralmente as raparigas eram precisas em casa para ajudar a cuidar dos irmãos mais novos e das tarefas de casa, já alguns rapazes saiam logo que fizessem a 4ª classe, poucos eram aqueles que continuavam os estudos, até porque só existiam liceus nas grandes cidades.
Excertos dessa ruralidade de extrema pobreza onde todos comiam da mesma malga ou tigela de faiança em redor do lume com garfos de ferro -,  couves com feijões ou feijões com couve galega migada ou nabos, conforme a época do ano com chicharo, feijão-frade ou feijão da velha, broa e uma sardinha dava para três quando não era para sete… Gastronomia  que viria dar origem às migas, à sopa de pedra na altura e do fertungado, que não é mais do que um requentado do aferventado de nabos da véspera no tacho de barro com azeite, alhos e louro. Só nos dias de festa se matava o galo ou um coelho. Viviam sem quaisquer condições, chegavam a dormir na mesma cama de ferro quatro -, dois à cabeceira e os outros aos pés, sem água canalizada enchiam cântaros nos poços e fontes, não tinham casa de banho, alguns uma retrete a céu aberto feita em madeira, não havia electricidade, o candeeiro a petróleo e candeias de azeite iluminavam as noites, sem estradas asfaltadas e poucos transportes, andavam a pé ou em carros de tracção animal porque andar de bicicleta, já era ser remediado.
O povo massacrado viu a sua liberdade restituída depois de 48 anos de tortura perpetuada pela polícia política do governo -, a PIDE e da rede de informadores, chamados na gíria de “bufos da pide”.
Até 1960 Portugal era tipicamente um país rural. Com a 2ª guerra mundial agudizou-se a miséria com o racionamento de bens essenciais, nessa altura muitos fugiram das aldeias recônditas dando origem a um movimento chamado êxodo rural e rumaram para o litoral. Os vieiros de Leiria vieram para as margens do rio Tejo onde construíram casebres de madeira suspensos por estacas, para Lisboa vieram trabalhar outros nos serviços, construção civil e as mulheres como criadas de servir, cozinheiras, governantas, mulheres-a-dias e caixeiras. Muitas dessas mulheres com os namorados e maridos na guerra no Ultramar, viram-se obrigadas a procurar trabalho fora de casa, inicialmente nas fábricas, outras apostaram na sua formação, estudando. Apenas com o ciclo preparatório podiam ser regentes escolares. Os correios foram das primeiras empresas públicas a admitir mulheres com o 5º ano dos liceus, durante décadas o histórico de colaboradores foi maioritariamente feminino. Na actualidade o número de alunos universitários do sexo feminino já é superior ao masculino, uma variante pela primeira vez alcançada.
A mudança em Portugal nos últimos 35 anos no que diz respeito a valores democráticos foi bastante significativa para o país, ganhou-se o direito à expressão, ao salário mínimo, 8 horas de trabalho diário, direito a férias, assistência médica e medicamentosa, à educação, entre outras das muitas vitórias alcançadas. Sobretudo para as mulheres que ganharam o estatuto de igualdade para com os homens, até à revolução não exerciam o direito ao voto e também não podiam ter contas bancárias. A sorte era ditada à nascença, aprender os serviços da vida doméstica e da lavoura de subsistência. O objectivo das suas vidas era o casamento e com ele o dever de ser esposa fiel, cuidar do marido, e dos filhos, sobretudo ser uma boa dona de casa, sem outros direitos, o marido é que mandava, esta devia-lhe obediência, só podia sair do país se ele o autorizasse. A violência doméstica era abafada, as vezes que foi exercida, o homem acabou por ver a justiça a seu favor com penas suspensas, porque o sistema era fechado e machista sendo que a mulher  não tinha quaisquer direitos porque a lei era fechada em relação a ela, o homem podia ser adúltero, porém, ela se o fosse via a sua imagem denegrida, enxovalhada, tratada como uma prostituta, sem serem apuradas as razões porque praticara tal atitude. À mulher era vetado tudo, até de sentir prazer…Para pensar!
Os valores democráticos foram consagrados na Constituição
A revolução alicerçou-se na democracia com o contributo de novos estatutos jurídicos fundamentais e primários, o País tornou-se numa sociedade aberta, mais tarde com a integração na União Europeia veio o crescimento económico, muitas verbas a fundo perdido para adjudicação das grandes obras públicas, o livre-trânsito de pessoas para trabalhar entre os Países da União, uniformizou-se a moeda com o euro.
A tolerância para aceitar diferentes formas de ser e de estar na sociedade foi uma mais-valia alcançada. Imprescindível observar a mulher integrada na sociedade conquistando o espaço que merece, ajudando e participando na construção de um país sem descriminação, onde homens e mulheres se deveriam completar na procura de um bem-estar conjunto, fazendo força nessa união. Cargos de responsabilidade em empresas com histórico de homens no comando tem vindo a inverter-se, são cada vez mais mulheres que tem vindo a ocupar lugares de chefia e a alcançar o sucesso num mundo que sempre fora dos homens. As mulheres além de femininas, mulheres, mães, donas de casa, são na vida laboral um exemplo de profissionalismo, desempenho, criatividade, perspicácia, audácia, rigor, e poder de iniciativa invejável, conseguindo coordenar várias tarefas em uníssono e executá-las com sucesso. As mulheres têm conseguido enfrentar as adversas dificuldades, tendo em conta os preconceitos formais da sociedade machista que ainda vigora, mas todas as suas vitórias são uma conquista de Abril com a implementação da democracia, não há profissões fechadas às mulheres.
As cidades cresceram rapidamente com a emigração rural e os retornados das ex-colónias, com a descolonização. Proliferaram subúrbios como Almada e Amadora que rapidamente se transformaram em grandes áreas metropolitanas, rodeadas de bairros de lata, barracas com telhados em folha-de-flandres, em zonas protegidas junto ao litoral como a Fonte da Telha, ocupação de prédios inacabados abandonados pelos construtores, exemplo a Quinta do Mocho ia ser mais um bairro chique nos subúrbios de Lisboa, um desentendimento entre sócios e o projecto foi abandonado, vieram a ser ocupados por imigrantes que, deste modo, evitavam pagar o aluguer das casas. A Brandoa chegou a ser o bairro clandestino maior da Europa, com os esgotos a correr a céu aberto. No entanto as autarquias continuaram na aposta da construção social iniciada no regime fascista pelo Instituto Nacional Habitação Social, o IGAPHE. Nasceram muitos destes bairros sociais, Pasteleira, Cruz Vermelha, Bairro do Pica Pau Amarelo, Bairro Branco, Chegadinho, para o realojamento de muitas pessoas que se encontram em situações de exclusão social.
Foram incrementadas nos anos 80 e 90 grandes obras de infra- estruturas, para apoio à explosão habitacional. Havia muita habitação clandestina e especulativa, construção sem planeamento. Só a partir dos anos 90 é que as autarquias começaram a apostar nos Planos directores do ordenamento do território.No entanto muitos autarcas não respeitaram estes planos directores de ordenamento, porque a sua tramitação e despachos são morosos, e muitas vezes sem concursos públicos decidiram com suborno nas estâncias próprias apressar a construção de bairros onde foram empregues materiais mais baratos cuja durabilidade forçosamente será por isso menor. Hoje estes bairros encontram-se totalmente degradados, a sua recuperação e manutenção exige por isso um custo superior ao investimento inicial.Os objectivos das autarquias nos projectos de habitação social deveriam passar por uma política de habitação condigna e planeada com cursos de formação sobre noções básicas de salubridade, economia do lar e cidadania, antes da entrega da chave. Também de estudar meios de redução até à eliminação de fatores de conflitualidade, colaborando na promoção social dos indivíduos, qualidade de vida de todos os agregados residentes nesses bairros sociais garantindo a integração de todos e uma correcta utilização das habitações. O problema da habitação social é preocupante, ainda não se chegou a uma matriz para a boa convivência entre etnias que vivem nesses bairros, que por terem culturas diferentes, geram violência e má vizinhança. Não basta dar casas às pessoas, há que trabalhar condignamente como qualquer cidadão para ver os seus direitos assistidos, e saber agradecer essa bênção com cuidados de manutenção da mesma, do prédio e dos espaços envolventes.
Viver em democracia é ter igualdade de direitos e respeitar os outros, sendo que mui-tos desses outros tenham culturas diferentes, não esquecer que somos todos humanos!

Seguidores

Arquivo do blog