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domingo, 23 de março de 2014

Falar do concelho de Penela...



Migalhas no querer falar de Penela, pois há tanto para falar! 
A vila situa-se numa encosta no eixo da via romana vinda de Conímbriga depois da Fonte Coberta nas imediações do Rabaçal se bifurcava em duas variantes -, sendo que uma delas seguia o endireito para nascente ao castelo do Germanelo, seguindo para sul ao enfiamento da Tojeira onde existe um troço de calçada romana catalogada perto do Pontão, já no concelho de Ansião ( não a conheço nem sei o estado de conservação) até Tomar, sendo que a outra variante passaria pelas imediações da atual Junqueira, Santiago da Guarda, Vale Boi com outro troço catalogado(atulhado de lixo e vegetação por falta de cuidado da autarquia de Ansião ), Façalamim , Escampados, Almoster , Ourém, Santarém  e Lisboa...

Penela teve o seu primeiro foral antes da nacionalidade em Julho de 1137. 
  • O castelo ergue-se sobre um penhasco sendo depois do de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que resta da linha defensiva do Mondego. 
Ressalta da longa história do concelho segunda reza a história de um episódio bastante peculiar do apoio popular com que contou D. João -, o Mestre de Avis, na crise de 1383/1385, sendo então o senhor de Penela o Conde de Viana do Alentejo, D. João Afonso Telo -, claramente a favor de D. Beatriz, casada com o Rei de Castela . Decidiu o povo defender e apoiar o seu Rei amotinando-se, sendo célebre um tal Caspirro, por ter assassinado o Conde. Logo a seguir, Penela envia os seus procuradores às Cortes de Coimbra de 1385, a fim de elegerem o Mestre -, o futuro D. João I. Mais tarde ao fazer doações aos seus filhos, criou o título de Duque de Coimbra para o seu filho D. Pedro -, destinando-lhe Penela e o seu termo. 
O património arquitetonico de relevância retrata-se  no quadro do belo castelo amuralhado e da sua  linda igreja de orago a Santa Eufémia ladeada na frontaria por duas cabeças de patrícios romanos no portal, como outras se vêem em Caminha e Évora. 
Um belo exemplar de pelourinho
 Existe um fontanário  em pedra desnivelado com o tempo em afundamento.
No limite da saída para sul na vereda entre duas estradas o Convento de Santo António fundado em 1578, sendo que a  igreja,  área residencial e anexos datam do séc. XVIII propriedade de particulares desde 1834, ano em que a Ordem Franciscana foi extinta, em elevado estado de degradação, neste agora com algumas obras de restauro.

Sempre me deslumbrou pela fileira de janelinhas pequeninas que avistava da variante da estrada nova que circunda a vila presépio. 
  • Cheguei a conhecer uma velhota, a  D. Flávia nesta terra nascida, que aqui um dia entrou com a sua mãe para visitar a última senhora de linhagem (?), a dona, que aqui morava, enferma. Contava-me para meu regalo “tinha um grande claustro cheio de arcos atulhados de lenha”
  • As duas portas de cúpula fazem lembrar as do paço do Bispado de Coimbra na Granja no Concelho de Ansião.
Um dia aventurei-me em conhecer a Pedra da Ferida...
Queda de água  da Ribeira da Zenha no desfiladeiro talhado como se o fosse a escopro e martelo, incomensuravelmente fendida em golpes lisos de placas de lousa e ardósia em brilho se maravilha na drástica queda do véu da noiva que em voo esvoaçante de de espuma, a bater de pedra em pedra, se mostra no desfile airosa, e bela para delicia dos amantes da natureza, sobretudo quem se dedica à escalada , por a sentirem de perto, na sua grandiosa e abrupta pressa das águas a saltar pingos que os molham, há vista  apresenta-se como se fosse uma ferida de alto a baixo talhada  na rocha por onde a ribeira corre -, assim conhecida por este nome forte e doce que o povo a quis fidelizar.
Percorri estradas com bermas de silvados altos a sussurrar águas,  entrei por entre eucaliptais, perdida por terra batida com pedrinhas de xisto, estaria perto, mas com medo de um furo, e para calar os que me amofinavam, decidi desistir da aventura  que não se mostrava deliciosa para todos, julgo só para mim...

Um ano destes vi-me desgraçada para chegar à praia fluvial da Louçainha, pela deficiente sinalética com uma rede de estradas (entremeladas, a precisar de redefinição).Local aprazível.

  • Uma foto de uma ribeira na paisagem bucólica verde de fetos e musgos a lembrar Sintra.
Penela concelho na extrema com o de Ansião a poente no limite Chão de Ourique onde alguns historiadores aventam foi campo da Batalha de Ourique e não no Alentejo como rezam as crónicas, porque D. Afonso Henriques estaria em Coimbra a escassos quilomeros, e não além Tejo, também porque aqui é terreiro de achados em ferro...
Na mesma fronteira concelhia existe o sistema espeleológico do Dueça  na Gruta do Algarinho que dela se falou como sendo enorme inserida no Maciço de Sicó, das maiores alguma vez conhecidas, por explorar -, do algar  nascem rios e ribeiros, na vertente a nascente nasce o rio Dueça , no verão a gruta julgo pode ser visitada através de contato prévio com a autarquia, um dos poucos rios que corre de sul para norte, banha Miranda do Corvo e desagua no Mondego.
Nota-se um interesse na recuperação de aldeias de xisto nos concelhos do Pinhal Interior.  Neste é evidente a aldeia  Ferraria de S. João, de caraterísticas serranas de arquitectura rural típica bem preservada que pertence à Rede na Freguesia da Cumeeira.

O castelo Germanelo será um castro romanizado erguido por D. Afonso Henriques, entre 1140-1142 dele se avista uma paisagem deslumbrante sem ser luxuriante, antes depenada de secura quase insípida, e dos outeiros em cone sobre o vale do Rabaçal que desde sempre me deslumbraram, o mesmo da lenda dos irmãos Germanelos que já contei noutra cronica.Conheci o local num Volkswagen carocha com 22 anos na companhia do meu marido, vimos jeito de o carro não subir o caminho íngreme e saibroso pós sair da estrada, só o conseguiu engatado em primeira -, ainda sinto os escapes a latir com as rodas a rolarem pedrinhas...
Sensação extraordinária de estar naquele local emblemático por entre ameias, depois de tanto o mirar da estrada a caminho de Ansião ou na vinda de Coimbra.
Penela é circundada por serras de barro muito vermelho, na transição do calcário para o xisto fértil em solos onde as vinhas, nogueiras e oliveiras são predominantes -, apanágio do ganho pão destas gentes em paralelo com o queijo em todas as aldeias semeadas em terreiros soalheiros, algumas típicas como Alfafar e Alcouce de reminiscências árabes -, nesta última degustei um arroz de pato servido num grande pratão de barro coberto com couve e enchidos, de perder e chorar por mais, as entradas de pão artesanal no forno da tasca, depois de aberto, dentro dele amêijoas à Bulhão Pato, com o molho a ensopar a côdea. Repasto apetitoso num fim de tarde veranil oferecido pela minha irmã em presentear a família, o dono fazia de empregado de mesa além de um bom contador de estórias do mundo por onde andou, ainda tocava viola, e dava jeito a cantorias…”rir a bom rir até cair de cú…”.
Aldeia das Cerejeiras, a fartura delas ditou-lhe o nome, onde também se come o bom leitão, levado um dia pela prima do meu sogro -, uma Coimbra, de Vale Tábuas que aí assentou arrais depois de casada.

A caminho de Miranda do Corvo e da Lousã a indicação de Godinhela, onde diziam haver uma “bruxa” e ainda hoje há uma bruxita ativa...Tema que também já abordei em crónica temática.

A vila do Rabaçal com a sua bela vila romana, paisagens e o Museu. A história dos Santos de pedra enterrados na frente da igreja pelo povo para os proteger de roubo pelos desertores do Buçaco há dois séculos, só foram descobertos há meia dúzia de anos, em obras camarárias.
No Museu gostaria de ver a coleção da senhora que foi sua vizinha-, na menção a cortesia da doação, e do seu nome perpetuado -, senhora de belo olhar azul que viveu de paredes meias com a igreja num casarão com ares de senhorial, natural do Alvorge, entretanto falecida que conheci pela mão da minha irmã para comprar queijos, pois era queijeira certificada.
Recebeu-me na sala onde expunha a sua coleção de velharias à mistura com pedras achadas aquando do pastoreio, de beleza extasiante, pela erosão algumas e outras reminiscências do mar por aqui na zona ainda muito visíveis, além das afeiçoadas pela mão do homem.
Por achar interessante o gosto por pedras, o mesmo que o meu , perguntei-lhe o que a inspirou no mote em se decidir achá-las...A que me respondeu com um sorriso matreiro ao mesmo tempo que pegou nela para me mostrar -, irresistível foi pedir para a tocar, sentir um garboso aparelho genital masculino, completo de pénis ereto com os testículos, do neólito(?)...
Brutal sensação ali aos meus olhos assim a primeira!
A  bela serra de Janeanes, com a paisagem serpenteada por lagoas cársicas onde predomina o pastoreio, e a feitura da tradição do queijo que lhe ditou na história a fama.
  • Temática já por mim mereceu cronicas distintas, o mesmo com o novo hotel instalado numa antiga fábrica de lanifícios na beira da antiga estrada real, que sempre conheci fechada na beira do Dueça onde existe um belo fontanário de carranca em pedra.

 Hotel à beira do Dueça onde outrora foi uma fábrica de tecelagem, de papel e,...
Há muitos anos despertou-me a curiosidade em visitar o que restava do inacabado palacete edificado pelo Prof. Dr. José Bacalhau, eminente médico e professor da Universidade de Coimbra, cujo sonho era construir uma unidade hoteleira de luxo no desertificado interior, dinamizando dessa forma o turismo na sua terra. Projeto iniciado nos finais dos anos 50 no Monte Calvário.Supostamente por ter encontrado oposição local, acabou por decidir construir no sítio do Penedo Gordo, na Serra de Santa Maria no Espinhal. Adquiriu peças de cantaria e estatuária oriunda de várias demolições, entre as quais do Hotel Avis, onde Calouste Gulbenkian viveu em Lisboa, o que daria a este edifício um cariz erudito, também do antigo hotel Sherton e de um palacete na linha do Estoril. Obras iniciadas nos anos 60, nunca chegaram a ser concluídas por falta de capacidade financeira tiveram honras de singela inauguração no dia 23 de Maio de 1968, numa Quinta Feira da Ascensão houve aqui uma reunião de confrarias da região, presidida pelo Bispo - Conde de Coimbra, tendo sido um sucesso social. Após o 25 de abril e com o desaparecimento do Dr. Bacalhau começou o saque (?) de tudo o que era possível retirar do palacete: maior parte das ferragens, estatuária, estuques decorativos dos tetos, espelhos, mosaicos, madeiras, materiais de construção e, … 
Estrategicamente construído na aba da serra com uma vista deslumbrante sobre os outeiros do Rabaçal e Ateanha, quando visitei o local há anos, deparei-me com um grande portão a fazer lembrar o século XVIII, no meio do terreiro uma grande fonte em pedra que muito me fez lembrar as que existem no Rossio em Lisboa, ao redor do lado esquerdo, aglomerado em banda que seria para o complexo turístico, ao fundo uma escadaria monumental ladeada por colunatas encimadas por vasos em pedra, ao cimo o avançado da frontaria numa imitação de panteão romano com óculo -, ao entrar deparei-me com tamanha ruína de fazer dó, estuques trabalhados tinham sido cuidadosamente retirados tal qual mosaicos e azulejos, o que mais me impressionou, a magia como os arrancaram estando cravados no cimento, vi as marcas no rivalizar esculturas contemporâneas. O salão de baile deveria ter sido fantástico tal a beleza do estuque trabalhado a relevos com grinaldas nos tetos e por cima das portas, paredes copiosas numa imitação ténue a marmoreados, vitrais, ferros forjados em desenhos modernos de extraordinária beleza, espelhos, fez-me recordar o salão do palácio de Queluz, virado a sul uma torre encimada com pedras trabalhadas a imitar ameias, ainda um pequeno lago a contornar o rebordo da serra ladeado de pedras com buraquinhos, memórias do passado marinho que neste concelho e de Ansião ainda são muito notórias. 
Nos finais do passado século, instalou-se no espaço o Patriarche, uma instituição para recuperação de tóxico dependentes que se propuseram a recuperar o local, conseguiram, apesar de sol de pouca dura ao saírem voltou ao abandono novamente. 
Recentemente entregue à Associação Portuguesa de Medicina Preventiva , sem fins lucrativos, com todo o mérito e esforço está neste momento a recuperar todo o complexo, prevêem a instalação de uma clínica de medicinas tradicionais, o projeto pretende incluir: 25 quartos; consultórios médicos; gabinetes de fisio terapia e hidro terapia; sala de conferências; restaurante vegetariano; piscina coberta para hidro ginástica; Ginásio e Capela. Finalmente o espaço idílico fará justiça ao projeto inicial, igual orgulho de sonho realizado sentirá o Dr. Bacalhau onde quer que esteja algures no horizonte a velar pelo seu sucesso!
Fortemente impressionada pelo meu grande poder de observação, ao subir a estrada do Espinhal reparei nalgumas casas baixas, sem qualquer graça, nos jardins grandes vasos em pedra -, tal desenquadrando, descomunal, só percebi ao chegar ao palacete, segundo se fala, sabe-se que o paradeiro de parte do espólio anima de facto alguns jardins de particulares... Pior a Junta de Freguesia nada faz para os recuperar... 
Vila Presépio no seu melhor em anos consecutivos com a apresentação dele animado que já apreciei em Penela, e no Espinhal ,em estilo diferente. O mesmo êxito a Feira Medieval e a Feira anual das nozes pelo S.Miguel a mais antiga de todas e das minhas lembranças. 
Tenho saudade de ir beber um cafezinho a Penela! 
Fecho a cronica com uma curiosidade, numa feira de velharias em Évora encontrei bilhetes-postais dos CTT de 1895, que circulavam em Portugal e Espanha com a imagem de Santo António ladeado de um ramo de açucena, brasão com as quinas de Portugal e o preço dez reis, endereçados a Adriano Manuel Freire de Andrade do Espinhal, Penela, Coimbra, remetidos de Leiria, num tempo sem telefones a missiva só dizia que estavam em casa todos bem... 

Pelo que consegui ler os escreviam diariamente a contar as cenas do quotidiano das suas vida!

Fontes:
Fotos retiradas da net, vejam outras https://www.flickr.com/
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=epKdsD36chA

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