quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O solar em Ansião mandado construir por Pascoal José Mello Freire dos Reis

O mais notável jurisconsulto ansianense de todos os tempos por ter sido o pai da Jurisprudência Portuguesa e da História do Direito Civil Português, além de Desembargador da Suplicação e Professor da Universidade de Coimbra no tempo da Reforma Pombalina (a ele se deve o fim das penas cruéis em Portugal como, por exemplo, o talhamento de membros que Rui de Abreu da quinta da Boa Vista ao Senhor do Bonfim de Ansião foi infringido em 1697).
Pascoal José de Melo Freire dos Reis
Registei esta foto do seu quadro a óleo no Arquivo municipal de Ansião 
O rosto evidencia um nariz comprido, olhos grandes, lábios finos, bons cabelos e grandes mãos, a reivindicar genes no povo arábico da antiga Pérsia (?).
Citar excerto Ansianenses Ilustres 1 de Ansião, 2002 Dr Manuel Augusto Dias
"Nos finais do século XIX, Júlio de Lemos Macedo (op. cit., p. 177) escrevia que em Ansião já não vivia qualquer parente conhecido de Melo Freire, apenas em Almofala de Cima, ainda pertencente à Comarca de Ansião, vivia um seu sobrinho (...) é ainda o mesmo autor que nos informa que «Pascoal José de Melo Freire mandou construir em Ansião um bom edifício de vivenda que não chegou a ver concluído. Esse edifício, em estado de ruína, foi vendido por José de Melo Freire, de Almofala de Cima, filho de Bernardo Freire de Melo, capitão-mor das extintas ordenanças, um primeiro e outro segundo sobrinho do eminente jurisconsulto, ao pai de quem escreve estas linhas, José Luís de Macedo, que o fez reconstruir, aproveitando-lhe as paredes e a cantaria, e que do mesmo faz sua casa de habitação». Segundo o que conseguimos averiguar, esta casa ainda hoje existe, precisamente na Rua da Vila que ostenta o seu nome».
O autor apenas deu azo à transcrição da documentação sem sair da base de conforto para abordar o sitio da casa...Graças ao testemunho deixado pelo jurista que foi notário na comarca de Ansião o autor apenas se dirige a ele sem lhe atribuir qualquer cargo. O seu pai é que comprou a casa aproveitando as cantarias para nela habitar e depois herdada pelo filho Júlio de Lemos Macedo.Obviamente a casa só pode ser esta, nem falou de suposta descendência, tomando como certa a informação citada (?)!
Ansião em foto anterior a 1937 possivelmente de 1908
O solar na esquerda da foto

Não conheço outra foto mais antiga do que esta, na esquerda o solar do Pascoal José de Melo Freire dos Reis com um muro alto para sul com vegetação e pilares de pedra do jardim. Ao fundo distingue-se o solar conhecido pela casa do "Sr.Zé Piloto", erradamente, porque era pertença de dois particulares, dele e do Sr. Virgílio Courela pai entre outros da D. Alda Gaspar, o que há partida dita o quintal devia com este extremar (?).Na expropriação  do belo jardim do solar em 1938 foi feita a Praça de Peixe e duas transversais.
O solar Pascoal de Melo Freire dos Reis aos dias d'hoje
Mostra-se ainda um solar imponente apesar na fachada terem sido alteradas a sul as três janelas  por duas portas ficando apenas uma janela. De resto mantém-se a entrada com escadaria em meia lua em pedra que dá acesso à porta principal que faz a ligação do r/c ao 1º andar por uma escadaria lindíssima debruada a pedra que termina ao cimo em arcos, no salão da frente as portas com banquinhos namoradeiros, e na frente varandim com ferro forjado. No tardoz a varanda em pedra de cantarias semelhantes às da quinta das Lagoas que foi restaurada em finais de 800, suposto afirmar tenha sido a mesma data que também este foi concluído. Porque as pedras saíram da mesma cantaria, no meu opinar. A varanda acompanha quase todo o solar, sendo a maior parte do Clube e a remanescente dos herdeiros do Sr. Mouco.
Há poucos anos quando a parte do Clube foi objecto de obras ao abrigo de um Fundo comunitário que não me ocorre o nome, afixada a placa no r/c . Por essa altura falou-se que a autarquia  tentou com os sócios em parceria agilizar consenso no acordo com os herdeiros do Sr. Mouco para a aquisição da parte remanescente do solar, por troca de um andar e,...
O que francamente me deixou a pensar!
A ideia pareceu-me muito bem, diria fantástica!
Porque uma coisa é os  proprietários valorizarem em demasia o seu património, outra coisa bem diferente a capacidade financeira para o reabilitar, por isso o bom senso no equilíbrio dos pratos da balança, para avaliar encargos e se afinal o compensa manter!
No meu opinar com franqueza, a venda se mostra sempre nestes casos a oportunidade de se melhorar em qualidade de vida e de menores chatices. Quem sabe se além da proposta ao tempo formalizada se lhe acrescentarem um emprego, apesar de desconhecer se quem o habita está ou não empregado (?)...
Não devia ser descuidada nova tentativa!
Fachada sul propriedade dos herdeiros do Sr. "Freire Mouco"
No r/c havia uma loja do ferro ferro do homem da Gramatinha, se não me falha a memória.

 O tardoz mostra a parte restaurada com a varanda e a parte por restaurar

Argola de ferro para prender as bestas e um pial de pedra na quina que não sei a serventia.
Imponente a alta chaminé no tardoz.

Desatino parte do solar a definhar!
Aos proprietários da parte particular a sul se deve esforço se assim o quiserem para se unir o solar como o foi no passado pela sorte de ainda existir na menção maior em  ser reabilitado para Ansião prestigiar o seu passado, tão esquecido. Se em Santiago da Guarda houve consenso para indemnizar pessoas do Complexo da Casa Senhorial do Conde Castelo Melhor, aqui não deve ser difícil, por carecer de obras urgentes. Perante balanço de contas no peso da balança, as pessoas tomam decisões, sendo certo que muitos avaliam o seu património levianamente em milhões, quando na maioria o tem apenas parca valia, atendendo ao valor necessário para a sua reabilitação, ou seja, para o aguentar dignamente consolidado , por isso não basta ter património é preciso mantê-lo de pé com altos custos.
Na minha opinião com o devido respeito aos envolvidos no meu opinar no meu direito de cidadania.
Visionário seja aquele que neste solar faça nascer o que tarda - Um Museu de Ansião!
E altere o nome da Rua muito incompleto e na Escola C+S em que descendentes ainda a viver em Ansião não se identificam com o seu ilustre ansianense!
Se for aposta o Museu em Santiago da Guarda tudo farei pela palavra em desvirtuar !
Um Museu merece dignamente Ansião, na sua vila!
Não deve ser difícil agilizar a contento os envolvidos para que o solar venha a ser património de todos, de Ansião!
Pascoal José de Mello Freire dos Reis morreu aos sessenta anos na sua casa em Lisboa.. Ao ter deixado Ansião tão jovem apenas com 12 anos, sem ter deixado memórias escritas da sua família, dos momentos da sua infância, do que aqui viveu e testemunhou, tão pouco os muitos irmãos, a ditar precisamente o fecho que a sua família viveu de carisma judeu, pese ter sido escolha esta terra de Ansião para construir o seu solar onde supostamente pensou vir morar o final da sua vida, debalde a morte em idade precoce não lhe permitiu realizar o sonho de o ver finalizado, pior, nenhum dos herdeiros o valorizou, antes vendeu, no pior e triste constactar!

Deslindar genealogia de Almoster em terras de Sicó

Gosto em demasia da região de Sicó, sem jamais me cansar de abordar terras salpicadas de pedra calcária imensamente branca ou enegrecida pelo tempo sem me cansar da paisagem verde crespa ornada a carvalho português-cerquinho, pinhal, eucalipto ou medronheiro, em paralelo com outras semi áridas, semeadas a cascalho, em chão de olival, vinha ou carrasco, à toa florida de orquídeas e erva de Santa Maria em abril, no  frenético gosto de querer saber mais dos seus primórdios, das  gentes, tradições e o que foram os seus costumes. 
Em destaque  a minha análise à  publicação em setembro do 13º Cadernos de Estudos Leirienses do investigador Miguel Portela sobre a capela de S.Salvador do Mundo de Almoster entre os séculos XIII a XVI. Apontamentos para a sua História
Na verdade a publicação de documentos é sobejamente importante para mais se saber do passado das terras. A referenciar em lamento a limitação à transmissão original da documentação investigada, em geral em português arcaico, com algumas palavras imperceptíveis para a maior parte do leitor, sem tradução  que se mostra embaraçoso.Também há historiadores e investigadores que dificilmente saem da base de conforto, para vaticinar opinião do quer que seja, só o fazendo quando a matéria se mostra bastante clara já dissecada por outro...No meu opinar, sem peneiras, desatar a falar em ímpeto desta paixão que me comanda sobre mais saber dos primórdios destas terras a que junto memórias, ao jus do pensamento de Aristóteles - " A memória é a escriba da alma", assim nasce naturalmente a crónica ao correr do vaticínio lacunar que ainda se mostra em falta deste passado de Almoster, apesar da falta de prova fatual, o lema seja questionar, correlacionar fatos, agregar informação e teorizar hipóteses verossímeis, no cúmulo plausível de mais se saber, sem receio de errar, antes o deve ser valorizado, pelo interesse de mais se teimar alcançar deste rico passado, sendo verdade mesmo em história tal como na vida nem sempre aparecem as provas, e disso na justiça não é sinal impeditivo de condenação ou aceitação.

Excertos do 13º Cadernos de Estudos Leirienses « (...)região de Almoster, hoje freguesia que integra o concelho de Alvaiázere,esteve no século XIII, na posse do Mosteiro de Lorvão e do prior de Abiul, muito particularmente a albergaria que aí existia, conforme se pode apurar numa inquirição de D. Afonso II, de cerca de 1220, onde se alude que o « Prior de Abiul accepit Albergariam de Almoster cum suis terminis que erat regalenga.»

«(...)de acordo com Salvador Dias Arnaut, «a comunidade lorvanense esteve de posse dela na primeira metade do século XIII; no reinado de D. Afonso III voltou, porém, por sentença, para a coroa; e isto que terminou um pleito que já vinha do tempo de D. Afonso II, foi antes de 5 deJulho de 1266 – data em que a albergaria tinha seis leitos quehos que hora hi sijam. »

« (...) na integra, uma carta de doação de D.Afonso III a Fernão Pires, morador em Almoster, lavrada em 5 de julho de 1266, onde esse habitante rogou ao rei para que lhe « fizesse merçee em lhe dar a dicta albergaria assi como a ante tinha e que faria hi mais bem feictoria e poria hi mais leitos quehos que hora hi sijam. E uemdo como el trabalhou pera se uencer a dicta albergaria e casaes pe veemdo como hi quer afzer huma casa e de seis leitos que hora hi a quer poer dez e dar aos pobres fogo e água e conduito e se adoeçerem pensar delles e darlhis ho que ouuerem messter e se morrerem darlhi ceira e pano de linho.»

«(...) Num traslado de obrigação, lavrado em 21 de setembro de 1318, que fez a abadessa do Mosteiro de Lorvão, pela qual se obrigava a guardar e conservar todos os bens dos pobres dessa albergaria, e numa carta de doação da dita albergaria, feita pela abadessa desse mosteiro a Fernão Pires e a sua mulher, em 10 de março de 1319, ou mesmo numa carta de sentença de D. Afonso IV, lavrada em 5 de julho de 1326, através da qual o rei saiu em favor de Fernando Pires de Almoster, contra a abadessa do Mosteiro de Lorvão »

«(...) Uma carta régia, lavrada em Santarém, em 4 de março de 1437, diz-nos que a pedido do infante D. Henrique, foi entregue a Martim Gonçalves, escrivão da câmara do dito infante, a capela de S. Salvador de Almoster, a qual havia sido confiada pelo rei D. João I, a Martim Lourenço, clérigo, morador em Leiria com « certa renda de pam e vinho o dicto Martim Lourenço cce há de cantar mjsas ou fazer cantar, segundo determjnaçom do bispo ».

«(...)Percebemos, por uma outra carta régia, lavrada em Lisboa, em 22 de julho de 1454, que a administração dessa capela de Almoster, havia sido concedida a Martim Gonçalves, morador em Pombal, tendo seu filho Martim Leitão, rogado a dita administração por esta se achar vaga por falecimento de seu pai. »

« (...) José Barbosa, nas suas “Memorias do Collegio Real de S. Paulo da Universidade de Coimbra ”, tece um conjunto de respeitáveis considerações no que concerne à Capela de S. Salvador do Mundo de Almoster, as quais, pela sua relevância, seguidamente se transcrevem: « Tinha mandado o Serenissimo Fundador aplicar, e unir para sempre ao Collegio de S. Paulo a Capella de S. Salvador de Almoster, distante sete legoas da Cidade de Coimbra adiante de Ancião pela estrada de Lisboa. Estava vaga esta Capella, por morte do último Administrador; e como pela intempestiva morte do Senhor Rey D. João III, se não houvesse passado ao Collegio Titulo, ou Provisão, seu neto ElRey D. Sebastião fez mercê da dita Capella a André da Sylva Coutinho, Fidalgo da sua Casa, e a sua mulher D. Francisca de Castro, em suas vidas, por Provisão de 30 de Agosto de 1558. Havendo porém atenção ao que por parte do Collegio se lhe representou, e ao que o dito Rey seu avô havia determinado, foy servido declarar, que por falecimento do dito André da Sylva Coutinho, e de sua mulher, unia, e aplicava logo para sempre ao Collegioas rendas, e administração da dita Capella, confirmando a doação, que fizera seu avô ElRey D. João III, e disto mandou passar Provisão em Lisboa, a 14 de outubro de 1559, confirmada depois por ElRey D. Filippe, por Alvará seu passado em Madrid a 20 de Novembro de 1586, de que se mandou passar Padrão, e Titulo em Madrid a 4 de Mayo de 1591. Quem fosse o Instituidor desta Capella, qual o tempo, e a fórma, em que se instituhio, não consta; porque na falta de documentos excede a sua antiguidade a memoria dos homens; porque já no Reynado delRey D. Affonso III, se não pode descobrir; mas sabendo-se no anno de 1304 que as Religiosas de Lorvão a trazião usurpada, ElRey D. Affonso o IV, fez della mercê a Fernão Pires, que a denunciou por vaga à Coroa; e como não havia noticia da sua instituição, para se saberem as obrigações da administração, e sómente se conservava huma tradição, de que ouvera nella huma Albergaria para hospicio de pobres, e peregrinos, lhe impoz a obrigação de ter sempre dez leitos preparados para este fim, ministrando aos peregrinos agua, e fogo. Por falta deste Administrador a possuhio Duarte Borges, e por sua morte Amdasim Fernandes no ano de 1474, por mercê delRey D. Affonso V. No anno de1498, teve esta administração João Zuzarte, por Carta delRey D. Manoel,sem que nella se falle na obrigação dos leitos; mas só na de cincoenta e duas Missas pela alma do Instituidor; porque se descobrio huma memoria, de queno anno de 1430, a déra com esta pensão ElRey D. João o I, a Martim Lourenço Clerigo, concedendo-lhe faculdade para a renunciar em Martim Gonçalves Escudeiro, que com effeito a administrou. E estando ultimamente vaga em tempo delRey D. João III, se unio ao Collegio no modo já referido, com a obrigação de se mandarem dizer cincoenta Missas pela alma do Instituidor, para o que nomea o Collegio Capellão, dando lhe certa confrua, como constado Padrão, que se lhe passou. De todas as terras desta Capella, que são muitas, e todas estão demarcadas, se pagão rações de todos os frutos, e novidades, que produz; como tambem frangãos, gallinhas, e outras cousas semelhantes, além do Direito Real, que chamão Teiga de Abrahão, que he de quatorze quatro. O Duque de Aveiro se oppoz a esta administração, pertendendo ter a ella direito contra o Collegio, em virtude das suas grandes doações; mas correndo litigio, alcançou o Collegio sentença a seu favor no Juizo da Coroa, dada pelo Doutor Lopo de Barros em 27 de Abril de 1597, Escrivão da causa Agostinho Rebello. No anno de 1624, perturbou em parte a posse do Collegio o Vigario Geral de Coimbra, sobre a faculdade de appresentar Capellão; mas interpondo-se hum Aggravo para o Juizo da Coroa, se proferio nelle sentença a favor do Collegio, em 24 de Mayo do mesmo anno, pelo Doutor Antonio de Abreu Coelho, Juiz da Coroa, Escrivão Filippe Jacome. Ultimamente no anno de1700, pertendeo o Provedor da Comarca tomar contas da administração desta Capella, e fazendo sequestro nos seus rendimentos se lhe mandou levantar, e foy absoluto o Collegio por sentença de 12 de Julho do dito anno, e seregistou no liv. 2 das Capellas da Coroa a fol. III; e no liv. 3 da Torre do Tombo a fol. 116 ».  

Dos excertos retirra-se referência às primeiras datas relacionadas com a posse da capela e da albergaria de Almoster
« (...)Na posse do Mosteiro de Lorvão e do prior de Abiul, em particular a albergaria , cerca de 1220."

" (...)Antes de 1266, a sua albergaria já tinha seis leitos era de Fernão Pires, aparecendo também escrito Fernando Pires».

«(...) Em 1304 as Religiosas de Lorvão a trazião usurpada, El Rey D. Affonso o IV, fez della mercê a Fernão Pires, que a denunciou por vaga à Coroa.»

« (...) A albergaria e “capeella d’almoester ”, reconhecemos que as mesmas foram doadas em 12 de julho de 1364, por D. Pedro I, a Gomes Lourenço".

" (...) Em 1430, a déra com esta pensão ElRey D. João o I, a Martim Lourenço Clerigo, concedendo-lhe faculdade para a renunciar a Martim Gonçalves Escudeiro, que a ddministrou.»

«(...) A carta régia, lavrada em Santarém, em 4 de março de 1437, diz-nos que a pedido do infante D. Henrique, foi entregue a Martim Gonçalves, escrivão da câmara do dito infante, a capela de S. Salvador de Almoster, a qual havia sido confiada pelo rei D. João I, a Martim Lourenço, clérigo, morador em Leiria .Antes a capela de S. Salvador do Mundo de Almoster, a qual havia sido confiada pelo rei D. João I, a Martim Lourenço, clérigo, morador em Leiria com certa renda de pam e vinho o dicto Martim Lourenço e há de cantar mjsas ou fazer cantar, segundo determjnaçom do bispo ».

A discrepância do nome - Gomes Lourenço e Martim Lourenço em se alvitrar se tratar da mesma pessoa, em virtude de ter sido clérigo (?), ou teria os dois apelidos...

« (...) Em 1454 a administração da capela concedida a Martim Gonçalves tendo seu filho Martim Leitão, rogado a dita administração por esta se achar vaga por falecimento de seu pai.»
« Por falta deste Administrador a possuhio Duarte Borges, e por sua morte Amdasim Fernandes no ano de 1474.»

«(...)  Em 1498, teve esta administração João Zuzarte.»

«(...) A administração da Capella a André da Sylva Coutinho, Fidalgo da sua casa, e a sua mulher D. Francisca de Castro, em suas vidas, por Provisão de 30 de Agosto de 1558.»

Qual seria a origem desta gente de Almoster?
Revelam as transações da capela e da albergaria nomes e apelidos do tempo da reconquista cristã com povoadores  provenientes do sul da Galiza ; celtas, moçárabes, povo franco, judeus sefarditas e mouros que se deixaram ficar escondidos e se cruzaram a que se juntaram judeus asquenazes, sobretudo depois de 1492, quando foram expulsos de Espanha obrigados a ser converter em cristãos novos.
Apelidos nas transacções da capela e da albergaria de Almoster
Pires; Lourenço; Gonçalves; Borges; Amdasim ; Fernandes; Zuzarte; Silva; Coutinho
Apelido Pires ou Peres deriva do latim, oriundo da Galiza de Vímara Peres.
Apelido Lourenço, deriva de " Laurentius "de Itália
Apelido Gonçalves de origem visigótica. Os nobres portugueses descendem do navegador português Antão Gonçalves, que viveu no século XV, o primeiro europeu a comprar africanos como escravos após o início das grandes navegações.Comendador na Ordem de Cristo e Alcaide-mor da Vila de Tomar.
Apelido Borges, deturpação do nome espanhol de Aragão S.Francisco de Borja ou de uma cidade de França, Bourges.
Apelido Fernandes, origem germânica, significa ousado e alto.
Apelido Amdasim, não sei a que nome reportará hoje...
Apelido Zuzarte no excerto de https://geneall.net/pt/forum/160521/zuzarte-judeus/ " (...) Em Espanha na Catalunha a forma Lizarte ou Lisarte (certamente corruptela de Lizuarte) tem ainda hoje ampla divulgação. Essa mesma forma Lizarte é referida por Felgueiras Gaio quando começa a geração deste apelido num conde “Elli Juzarte ou Lisarte “, vindo de Inglaterra ou de França, que seria pai dum Gaspar, ascendente dos Juzartes de Monforte, e dum Rui, antepassado dos de Montemor-o-velho."
"XVII em Ourique (será Chã de Ourique?), um Gaspar Zuzarte, lavrador e capitão de Infantaria, c.c. Brites Lopes ..."
Apelido Silva " (...) do latim significa selva, floresta , mata.Em Portugal a origem na Torre da Silva perto de Valença. Apelido usado pelo filho do príncipe dos Godos D.Guterre Alderete de Silva que se casou com uma descendente da Casa Real de Aragão , anterior à nacionalidade portuguesa no século X."
Apelido Coutinho nome português deriva de terra privilegiada, coutada, diminutivo de couto.
Apelido Rebelo de origem alemã de antigos povos francos. Ainda vivo em Ansião.
Doutor António de Abreu Coelho Juiz da Coroa.Apelido "Abreu"  oriundo da Aguda .
O apelido  "Coelho " com raízes em Ansião e Avelar.

Excerto do 13º Cadernos de Estudos Leirienses "...em 1527, como “aldea de Almoster ”, a qual tinha 41 vizinhos (famílias) e pertencia ao termo de Coimbra"
A título de curiosidade, o Mosteiro de Santo Tirso por duas vezes pertença da Quinta de Cima em Chão de Couce, cujos rendeiros usam na maioria apelidos como era uso em Almoster
Afonso Anes
João Martins
João Fernandes
Pero Vaz
Gonçalo Luís
Gonçalo Pires
Gonçalo Gomes

Dissecar a partir do histórico e de memórias
No caso da demarcação dos bens afetos ao Convento do Lorvão e ao Colégio de S. Paulo de Coimbra os bens da abadessa do convento do Lorvão segundo os trechos abaixo seriam;
« (...) Da Igreja Parochial aonde ouuem missas os moradores deste Conselho he padroeiro o Senhor Saluador do Mundo e fabrica mayor della a Madre Abbadeça do Real Conuevnto de Loruam e como tal apresenta em a dita Igreja os Prochos e he Senhora dos dízimos desta freguezia»

«(...) juiz do referido tombo, como procurador da abadessa do Lorvão D. Bernarda Teles de Menezes, e das mais religiosas que « ele não tinha duvida a devizão que comfina da dita capella com as terras do dito Comvento de Lorvão, e que requeria que no tombo se fizese a mesma declaração que no tombo velho se avia feito porquanto a Ribeira fazia devizão das terras de hum e outro senhorio ».

«(...) o dito procurador a elle doutor juiz do tombo que a sua notisia lhe veyo que alguns cazeiros da capella de Almoster de que a Madre abadesa do Rial Mosteiro he fabricaria a que toqua a aprezentasão da dita Igreja leva os dízimos in solidum primeiro de que o Colegio Rial de São Paulo da cidade de Coimbra se lhe pague teiga...»
No pressuposto de ter feito a leitura correta a fronteira da divisão das terras em Almoster fez-se naquele tempo pela Ribeira de Almoster, sendo as terras pertença do convento do Lorvão sitas a norte da ribeira e a sul da mesma pertenciam ao Colégio de S.Paulo de Coimbra.
O que falta saber?

Segundo o historiador Salvador Dias Arnaut abordado nos 13º Cadernos de Estudos Leirienses
Ao dizer "comunidade lorvanense" não sendo claro na hipótese de em Almoster ter havido um pequeno mosteiro de frades beneditinos do Lorvão.Segundo o autor, " esteve de posse dela na primeira metade do século XIII do tempo de D. Afonso II, antes de 1266". E também não fala da capela. Falta apurar se antes de 1220 Almoster teve um pequeno mosteiro masculino de frades beneditinos.Porque o nome Almoster deriva do árabe al munastir que significa "mosteiro". E ainda quem construiu a capela de S. Salvador do Mundo em Almoster, a sua razão de implantação naquele local e em que altura. A documentação não aborda a origem da fundação da capela de Almoster . E isto desencanta uma estranheza do seu orago ao Senhor Salvador do Mundo por não ser nada comum em Portugal olhando a outras Imagens!
Salvator do Mundi 
«Quadro pintado entre 1506-1513 por Leonardo da Vinci com o Cristo a segurar um globo de cristal. A odisseia deste quadro pintado para o Rei D. Luís XII de França, possivelmente na altura da revolução francesa com os saques foi roubado tendo ido para Inglaterra (?), vindo a ser pertença de dois Reis ingleses.» Acredito, sendo o quadro pintado com um Cristo católico em terra de religião inglesa anglicana, devia estar guardado para ter desaparecido do palácio para ser vendido por 50 dólares e voltar a para passar de mãos para um colecionador russo por 100 milhões, e agora de novo na leiloeira Christie’s, arrematado por um valor recorde superior a 450 milhões de dólares em 15.11.2017...
Citar excerto da Wikipédia do Mosteiro de Lorvão
"(...) A época da fundação do mosteiro do Lorvão tenha sido aventada ao século VI, a data mais provável dessa fundação será na sequência da primeira reconquista cristã de Coimbra, em 878.O mosteiro era originalmente um mosteiro masculino e um centro de produção de manuscritos iluminados do jovem reino. Destacam-se entre a produção do scriptorium do Lorvão o Livro das Aves, executado no final do reinado de D. Afonso Henriques (1184), e o Apocalipse do Lorvão, executado já durante o reinado de D. Sancho I (1189). No ano de 1206 o mosteiro passou para a Ordem de Cister, e passou ao mesmo tempo a ser um mosteiro feminino, tendo agora por invocação Santa Maria."
Apesar de não haver prova da fundação da capela de Almoster seja verossímil que a mesma possa reportar agregada a um pequeno mosteiro de frades beneditinos, ou não e o foi pela mão de uma pequena comunidade judaica que ali se fixou nos primórdios da nacionalidade  com um albergue, capela , e quiçá enfermaria, como teve a de Ansião, e outra houve no Rabaçal . A escolha do local de abundância de água em vale fértil na beira da estrada real, vinda de norte com bifurcação para oeste, sul e este, onde pernoitariam Reis, comitivas reais, nobres, religiosos, viandantes e,...O que existiu não um pequeno mosteiro, mas sim instalações de frades serviçais de cobrar os foros aos arrendatários , mas por o  mosteiro do Lorvão,  ser masculino, e  passar a ser feminino em 1206, altera a sua natureza e o seu abandono, mas estando na rota da estrada medieval foi reaproveitado para albergue para acolher viandantes, pobres e doentes no meu opinar. Verossímil em finais da centúria de 500 é decidido no seu local fazer a igreja matriz e a estalagem muda-se para norte na Venda da Gaita , que já existia em 1669,  seguiu-se a "Casa da Rainha" para sul, cuja referência aparece em documentação, topónimo hoje conhecido por Casal da Rainha, o topónimo "Alvergarias" também ainda existe na região e mais recentemente no século XIX existiu outra albergaria ou estalagem no Murtal  e na estrada de Coimbra existiu uma na Venda do Negro e mais tarde outra na Gramatinha. Sobre a de Almoster não existe outra data anterior a 1220 na documentação mais recente publicada! Esteja a chave desse passado na interpretação do Mapa de rendas de Almoster de 1598 do Arquivo da Universidade de Coimbra do Colégio de S. Paulo, ilustrado no 13º Cadernos de Estudos Leirienses, com o rotulo de reprodução proibida. No mapa é bem visível o vale abundante de água cortado por estradas tendo ao meio apenas três blocos habitacionais bem distintos- um será o da capela sem torre, quase ao lado outro maior foi ocupado pelo albergue. Hoje nada desse passado existe por ter sido no sitio reconstruído novo casario, a metros azenhas que ainda se mostram de pé a pedir que olhem pela sua valorização.
As pedras ao género de marco com a inscrição "CR" que tem aparecido junto da igreja velha (sitio da primitiva capela) podem reportar ao tempo que Almoster foi um Couto Real da Coroa, até à sua doação pela divisão das terras- a parte norte até à Ribeira de Almoster pertença do Mosteiro do Lorvão e a parte para sul do Colégio de S. Paulo de Coimbra " (...) todas as terras desta Capella, que são muitas, e todas estão demarcadas, se pagão rações de todos os frutos, e novidades, que produz; como tambem frangãos, gallinhas, e outras cousas semelhantes, além do Direito Real, que chamão Teiga de Abrahão, que he de quatorze quatro" .
Por fim a publicação citada deu uma nova luz ao falar no termo Capela, sendo bem diferente de se dizer que nasceu inicialmente como Igreja Paroquial. Contudo, o investigador sobre isto nada adiantou...Tenha-se perdido a designação ancestral de Capela para vingar a sua ampliação em Igreja quando passou a Paróquia de Almoster no Concelho de Alvaiázere antes de 1620.Freguesia de invocação - O Salvador do Mundo que em determinada altura teve como orago São Sebastião, para voltar a ter o primeiro.O orago a S Salvador do Mundo indicia não ter sido obra de frades nem do mosteiro e sim de um estalajadeiro judeu, que reaproveitou as ruínas do que tenha sido um habitat romano, que nunca foi estudado, e aponta para essa direção. Na verdade atendendo aos apelidos mencionados acima dos casais quer para tomar conta da albergaria e das terras me parecem ser de origem judaica . Por isso a grande questão a ser explorada, e antes jamais enxergada!

Enxertos do 13º Cadernos de Estudos Leirienses « (...) em 29 de novembro de 1713 foi passada uma certidão pelo escrivão do Tombo da Capela de Almoster , Manuel Mendes Siarra,« de que he dereito senhor e proprietario e ademenistrador o Colegio Rial de São Paulo».


«(...) Requerida pelo juiz do referido tombo, como procurador da abadessa do Lorvão D. Bernarda Teles de Menezes, e das mais religiosas que « ele não tinha duvida a devizão que comfina da dita capella com as terras do dito Convento de Lorvão, e que requeria que no tombo se fizese a mesma declaração que no tombo velho se avia feito porquanto a Ribeira fazia devizão das terras de hum e outro senhorio ».

Refere esse documento:« (...) o dito procurador a elle doutor juis do tombo que a sua notisia lhe veyo que alguns cazeiros da capella de Almoster de que a Madre abadesa do Rial Mosteiro he fabricaria a que toqua a aprezentasão da dita Igreja leva os dízimos in solidum primeiro de que o Colegio Rial de São Paulo da cidade de Coimbra se lhe pague teiga e por que esta não prejudicar a suas constetuinttes alguns reconhesimentos que hajão feito e o quer justifiquar quando se empugne ocontrario o doutor procurador do Colegio .
Da Igreja Parochial aonde ouuem missas os moradores deste Conselho he padroeiro o Senhor Saluador do Mundo e fabrica mayor della a Madre Abbadeça do Real Conuevnto de Loruam e como tal apresenta em a dita Igreja os Prochos e he Senhora dos dízimos desta freguezia» A Capela de S. Salvador do Mundo de Almoster e o Real Colégio de S. Paulo em Coimbra: bens e rendimentos.
« O rendimento que permitia a sua subsistência provinha da administração de bens patrimoniais, situados em Vale de Remígio (c. Mortágua), Almoster (c. Alvaiázere) e Coimbra, aos quais se associavam as rendas do Hospital dos Banhos de Lafões (c. S. Pedro do Sul) e o trigo saído do celeiro do Alvorge (c. Ansião) pertencente à Universidade de Coimbra. Tudo tivera origem em doações régias»

« (...) em 21 de outubro de esclarecia a o provedor da Comarca de Coimbra, que «Em este Conselho de Almoster ha huma Capella com sincoenta missas de obrigaçam todos os annos de que he prepetuo administrador o Real Collegio de Sam Paullo da Cidadede Coimbra por merçe que lhe fizeram os Senhores Reis antigos deste Reino e se paga ao Capelam que dis as ditas missas sincoenta alqueires de trigo edes de seuada e ao dito Collegio pagam todos os moradores do dito Conselho reçam de pam vinho e linho.» (…) Da Igreja Parochial aonde ouuem missas sos moradores deste Conselho he padroeiro o Senhor Saluador do Mundo e fabrica mayor della a Madre Abbadeça do Real Conuevnto de Loruam e como tal apresenta em a dita Igreja os Prochos e he Senhora dos dízimosdesta freguezia»
Da documentação do Colégio de S. Paulo, inventariada pelas citadas autoras, constam vários tombos, e escritos alusivos à Capela de S. Salvador do Mundo de Almoster, sendo de salientar a carta de D. Filipe, lavrada em 4 de maio de 1591, confirmando o alvará de D. Sebastião, de 14 de outubro de 1559, concernente à anexação desta capela a este colégio. Consta ainda dessa documentação vários autos relativos à « questão havida com o duque de Aveiro, D. Álvaro de Lencastre, sobre a posse dos bens que saíram da Coroa para o Colégio, da capela e igreja de Almoster (1594-96). Engloba, sobre a mesma capela, cópias autênticas de documentos existentes na Torre do Tombo, certificadas, em 1757, pelo guarda-mor Manuel da Maia ”, assim como “ (...) Libelos e sentenças cíveis em que são réus Mateus Gonçalves, António Gonçalves e Manuel Fernandes, de Almoster, sobre bens da capela de Almoster (c. Alvaiázere) administrada pelo Colégio (1713-1728) »

«(...) em 29 de novembro de 1713 foi passada uma certidão pelo escrivão do Tombo da Capela de Almoster Manuel Mendes Siarra,« de que he dereito senhor e proprietario e ademenistrador o Colegio Rial de São Paulo».
O apelido "Siarra" o seja hoje "Serra" muito comum na época na região, nomeadamente no Casal Soeiro, Ameixieira, Escampado de Belchior em Ansião e Casais Maduros, tenha presumível origem em Pontevedra (?).

Autos e tombos de demarcação e reconhecimento atinentes à Capela de Almoster e compreendidos entre 1560 e 1737
«1560 – Cópia do título dos bens e heranças que pertencem à Capela de S. Salvador do Mundo de Almoster (c. Alvaiázere). Arquivo da Universidade de Coimbra, Colégio de S. Paulo – Autos e Tombosde demarcação e reconhecimento. Títulos dos bens e heranças que pertencem à Capela de Almoster, AUC - IV-1.ª E-7-1-11, fls. 1-7v.»

« (...) são de importância manifesta um Tombo de Almoster , lavrado em 13 de setembro de 1560 e duas cópias do mesmo, sendo uma de 1560 e outra de 1761.»

Os bens em Almoster (c. Alvaiázere) e os proprietários confrontantes, em 1598
«(...) Duque de Aveiro, do Duque do Cadaval e Conde de Tentúgal, assim como o «Infantado de Pousaflores», ou seja Pousa Flores (c. Ansião) que pertenceu à Casa do Infantado; ainda em Almoster, a sesmaria da Macieira, de que foi cabeça Eusébio Luís e que passou para José Gomes, morador no Casal Velho (1713-1717).»

«(...) Os tombos ficaram redigidos de forma esclarecedora, não restando dúvidas quanto aos direitos do Colégio sobre as propriedades. (…) »

«(...) Outras instruções destinavam-se a suporte probatório, na elaboração de autos e tombos de demarcação e reconhecimento ou na resolução de questões judiciais, como a que envolveuo Colégio e o duque de Aveiro, nos finais do século XVI, sobre a posse da capela do Salvador de Almoster, ou a contestação dos foreiros e rendeiros, de bens da referida capela, ao pagamento das rendas nos inícios do século XIX »

«(...) a sesmaria da Macieira, de que foi cabeça Eusébio Luís e que passou para José Gomes, morador no Casal Velho (1713-1717).»
Portela de S. Lourenço em Pousaflores
Existe uma casa comprada por estrangeiros com data de 1756  ladeada por Cruzes.
No Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes "Pousaflores com o seu padroado foi chão de Dom Fernando de Noronha  que por seu falecimento a sucessão  ao seu filho Dom Pedro de Menezes, entre outras doações com a quinta de Chão de Couce, Maças de D. Maria, a quinta da Mouta Bela, os casais da Meixieira, a Aguda com o seu padroado, a Rapoula e o Avelar..."
Segundo o investigador Miguel Portela no 13º Cadernos de Estudos Leirienses  «Na representação de Almoster e as suas terras  a foro em 1598 a Portela pertenceu a Domingos Alveres

Falei como o José Maria Marques dos Reis morador na Quinta do Martim Vaqueiro
Disse-me que o seu bisavô da Ameixieira tinha comprado a Quinta onde veio a morar o seu avô e pai. Herdou parte que dela resta com um irmão, onde ainda mora. O nome da quinta possa derivar do foreiro que tratava de bois e vacas dos Fidalgos de Condeixa, Colaços (?)e da Casa de Pereira, também tinham um Morgadio na Sarzeda outro na Sarzedela, em Ansião. Faz sentido que tenha sido adquirida por altura da guerra liberal porque os nobres de um modo geral tomaram partido miguelista e para fugir dos liberais do que eles lhes podiam fazer venderam as terras.Ou não e foi com a extinção dos morgadios no tempo do rei D Luis.

Excerto do 13º Cadernos de Estudos Leirienses" (...) Na Demarcação /Primeiramente começa hum Marco Agua do Vidual terras do Marquez; outro a Barreira Viuva e a Cabeça da Fonte e ao Penedo do Porquo e a Cabeça da Borralha e as Heiras da Gramantinha ao pé da Loureira com outro marco que divide a terrad’Albergaria e Terra do Marquez"

O ex deputado de Ansião - Dr. Fernando Ribeiro Marques
Natural da Gramatinha a viver em Ansião, meu colega do Externato e de outros de Almoster, a sua mãe de apelido "Ribeiro" na voz do povo da família dos "Fidalgos" da Lagoa da Ameixieira. Não seriam  fidalgos da fidalguia, supostamente alcunha, fidelizada no tempo da Republica em apelido, supostamente com origem na Aguda nos fidalgos Abreu (?) nalgum filho incógnito alcunhado "fidalgo" porque o seria filho de fidalgo...Há gente com este apelido na Aguda, Almofala e na Lagoa da Ameixieira. De Almoster até à Gramatinha era a jurisdição do Marquez. Óbvio sugere mais investigação.

Continua ainda a faltar
Estudo dos séculos seguintes (XVII ao XIX) para se saber a sorte dessas terras que foram do convento do Lorvão e do Colégio de S. Paulo de Coimbra, a forma de angariação até aos dias d'hoje para nobre e outras famílias importantes. A meu ver determinada pela extinção das Ordens Religiosas e da Guerra Liberal em 1834. Os bens afetos ao Convento do Lorvão e ao Colégio de S. Paulo de Coimbra foram-lhes confiscados e passaram para a Coroa, por outro lado sobretudo os nobres apoiantes Miguelistas, derrotados tiveram de vender à pressa as suas terras e fugir dos liberais, o que seja suposto afirmar que aconteceu em Almoster para as terras terem sido compradas baratas...

Chão do Vale d' Água
Fértil, onde foi fundada uma capela e uma albergaria na beira da antiga via romana, depois estrada medieval vinda de Ansião para a Freixianda, entroncava noutra que passava pelas azenhas para Almoster passava a ponte da ribeira na direção do Vale da Couda e Álvaiázere (?).
A estrada Coimbrã vinda de Ansião por Casal Frias , Venda do Negro, Ariques e Alvaiázere.
Em temporada da apanha da azeitona aconteceu no domingo antes do Dia de Todos os Santos visitar o cemitério de Almoster, a tarde mostrava-se iluminada de sol imensamente doce e brilhante a incendiar verdes, dourados e carmesins da folhagem outonal do vale húmido, do que dele resta e sempre lhe chamei lameiro, e o imaginei semeado noutros tempos de linho florido de azul...
No passado se chamou Chão do Vale da Água, hoje não sei se mantém esta designação.
Espaço a pedir requalificação
Não sei quem é o dono. Basta ir à Freixianda, ver o que foi feito em cenário semelhante.
Por volta de 1897 as obras das novas estradas de Ansião para Alvaiázere  e em meados do séc. XX da nova variante do cruzamento de Santa Cruz para o Arneiro, subiram o asfalto e cortaram parte do vale de lameiro. Hoje uma parte deste chão d'água encontra-se na esquerda da estrada Ansião/Alvaiázere e duas partes, a norte e a sul da estrada Almoster/Arneiro. Pelo menos estas últimas duas porções de chão deveriam merecer atenção, não sei se é chão particular ou da JFA. Seja esta terra da região de Sicó a única que conheço depois de um ano de brutal seca, a maior nos últimos 100 anos que se mostra de água farta a correr, e que buliço senti em correria pelas desativadas azenhas envoltas de silvedo, só as telhas mouriscas se enxergam e pouco mais, delas me abstrai para sentir a velha estrada de Almoster a subir a pequena colina de Santa Cruz reconvertida em trilho histórico limpa das malditas silvas com as azenhas recuperadas a dar nova vida à água farta que se perde e não devia, por ser preciosa! 
O lameiro, o chão d'água, ao ser decepado pelas duas estradas ainda guarda resquícios do seu passado rico que merecia voltar ao esplendor pelas valências; água, azenhas, ponte, aquedutos, em local de passagem de peregrinos do caminho de Santiago de Compostela, Fátima e demais viandantes, sem ter espaço para se deliciarem com a fresquidão em ambiente bucólico da ribeira, e das azenhas, onde pode coexistir um parque de merendas,  parque infantil, e outras estruturas como estacionamento, e um bar na parte ruinal a seguir à ponte com salão para festas e bailes, tudo a acontecer na sala de visitas de Almoster, o ex-libris, a lembrar o antigamente. Haja bom arquiteto para fazer a ligação dos percursos pedonais pelas azenhas a Santa Cruz, descer à Igreja velha, seguir para a ponte, terreiro do cemitério , poço onde nasce a água e,... Almoster em Grande!
Tamanho potencial, basta haver iniciativa em pôr a terra no Mapa de Portugal e do Mundo!
Azenhas em Santa Cruz, Almoster
Encosta de Santa Cruz por onde passou o caminho real envolto no silvedo pelo menos duas azenhas, mas podem ser mais...

Na documentação encontrei a denominação de Vale da Comida, supostamente se perdeu, ou existe e nunca ouvi falar. A olhar as confrontações ficava cima do Coirado do Moleiro (onde estão as azenhas) o que faz sentido (farinha sinónimo de pão, comida) e de suão com a Baregua da água ( portanto a probabilidade de ser o vale fértil, o Chão do Vale de água.
Lado poente onde se mostra evidente o desfasamento do terreno com a construção das novas variantes; Ansião/Alvaiázere e Almoster/Arneiro. Deixo aqui outro recado. Nesta valeta está prostrada no chão a velha placa pintada de branco com letras pretas - Almoster. Seria interessante a sua recuperação para quiçá colocar junto da Igreja velha, ou em mostra de espólio antigo de Almoster.
A água que desce de Santa Cruz com a nova estrada foi encanada para o Chão d'água que chamo lameiro sul, onde ainda persistem restos de aquedutos de colunatas redondas antigas que a levavam para irrigar terrenos mais longe, e claro apresentam-se belas pela singularidade do dorso repleto de pedras secas a fazer de degraus, típicas na região de Sicó também usadas para se subir aos terrenos e dentro de poços de chafurdo. 
Aquedutos no lameiro
 
Outro aqueduto de porte menor
Reutilização de pedra calcária escavada, o rego inicial do aqueduto virado ao contrário depois de ser alteado com a subida da estrada (?).
Desci ao Chão d'água 
Junto de uma coluna do lameiro, apesar de recentemente limpo, já rebentam silvas e arbustos com muitas árvores frondosas a necessitar de poda na margem da ribeira de Almoster.
Ao fundo enxerga-se o arco da ponte velha da ribeira de Almoster
 A conduta que passa debaixo da estrada onde passa a água
A ribeira de Almoster 
Nasce julgo num grande poço no costado a nascente atestado na toponímia - Rua da Fontinha, que alimenta também a fonte, que antes foi de chafurdo. Noutra altrura parei , subi o caminho, a madeira tinha sido cortada, desci todo o costado, mas não o localizei, ao dirigir-me para norte quando o poço será mais  para sul, faz parte do vale aquífero do Nabão.
                        
Ponte velha, não sei a sua origem, será romana ?
Recentemente requalificada e já envolta de vegetação...
Ao caminhar da ponte até ao cemitério distingui tanto cascalho fragmentado ao longo do caminho que me passou pela cabeça poder ser um troço de via romana ,o que ninguém ainda se debruçou e devia, se a ponte for classificada romana, então é mesmo a via romana.
Caminho da ponte velha para o cemitério
              
              
Um dos poços no lameiro
Chão do convento do Lorvão em chão fértil de água, onde pelo menos distingui dois pequenos poços empedrados, além dos aquedutos que levavam a água para o regadio das terras.
Se aludir ao topónimo Almoster dado a um pequeno mosteiro, se alvitra a existência de um pequeno fundado por frades beneditinos, o tenha sido na beira da estrada depois da ponte, abençoado pela ribeira com água bastante para cultivo, e após o abandono dos frades foi reaproveitado para arrumos e afins dos proprietários do lameiro, e que arqueólogos de Alvaiázere deviam apostar em explorar, no meu opinar.
Vista do chão d'água e a ribeira de Almoster a caminho da ponte
Seriam casas do Colégio onde guardavam os bens?
Vista de sul da estrada que vem da ponte
Pormenor do portelinho 
O  acesso ao lameiro e ao poço cujo remate das pedras da ombreira com o lintel se mostra fino deitado reporta a uma tradição muito antiga. As duas pedras depositadas em cima do muro sejam de algum marco da antiga propriedade que foi do Colégio de S. Paulo de Coimbra.
Aguarelas de Baldi presentes na exposição do Museu Mário Soares Nas Cortes em 2013
A preto e branco juntas pelo que não consegui a separação.
A primeira é de Tomar e a segunda da Estalagem da Gaita em Almoster

Por onde entrou a comitiva do principie Cosme de Médicis?
Fez-se hegar a Almoster de sul. Ou vindo da Freixianda ao Arneiro tomou a Estrada Real até à Estalagem da Gaita , ou não e veio de Alvaiázere que aventa ser na aguarela onde caminha  um burro vagaroso com um homem sentado no seu dorso vestido de casacão e chapéu, no arreio preso a manta enrolada seguindo a direção da Estalagem. Julga-se que esta se apresenta abençoada de alpendre , ao mesmo endireito surge mais casario, sendo o último com alpendre a cavalariça, pelos cavalos. Debalde não se avista nenhuma Igreja. No terrado da frente da Estalagem da Gaita vê-se ainda uma liteira apeada com um homem a segurar os varais e mais cavalos e ainda um viandante a caminho do poente da Freixianda, aqui e ali árvores de porte alto esguias e dois choupos pelos nós no tronco ligeiramente cruzados, árvores que gostam de água , será do ribeiro que alimenta as azenhas?
Parti ao encalço da Estrada Real para entender onde passou a comitiva...Depois de passar pela Igreja velha que já se encontra coberta por plásticos para não se degradar mais tomei à direita a estrada de ligação a Santa Cruz, sempre a subir sem distinguir jeito nem maneira do sitio onde foi a Estalagem, pois já lá vão 348 anos ...
Entroncamento da Calçada do Cruzeiro 
Casario ao género ancestral, com telheiro
Olhando para nascente a poucos metros encontrei outra semelhante 
Nesta foto as duas casas
O que me chamou a atenção foram os contrafortes laterais usados em tempos de antanho, debalde o Fausto Mendes recorda-se de terem sido feitos, portanto recentes
Outro pormenor foram os degraus em semi lua das duas portas, não reparei bem mas podem ser de Mós de moinhos de vento, reutilizadas
O antigo trajeto da estrada real de Almoster para Ansião segundo Fausto Mendes é perpendicular com a Calçada do Cruzeiro e a estalagem da Gaita era no planalto na zona do lagar
Legendagem da aguarela de Pier Baldi de 1669 por Fausto Mendes partilhada no Grupo Facebook de Almoster por Henrique Dias
Debalde tenho dificuldade para identificar a legendagem, porque apenas sei onde é o Fojo.
Ainda não deslindei o planalto ond efoi localizada a estalagem. No meu opinar olhando a aguarela de Pier Baldi pintada em 20 de fevereiro de 1669 da "Estalagem da Gaita" onde a  comitiva do príncipe italiano Cosme de Médicis pernoitou sendo que  não passou pela ponte nem pela Igreja, o que explica não a ter deixado retratada, pode alvitrar duas coisas, das duas uma, ou passaram e Pier Baldi negligenciou retratar a Igreja ( em Ansião também não deixou imortalizada a igreja matriz onde a comitiva ouviu missa antes de sair para Coimbra) em prol do sitio da Estalagem onde foi bem acolhido e melhor servido, mas porque a comitiva veio de poente pela Estrada Real da Freixianda e assim de fato não a enxergavam apesar de ser um sitio alto em relação à torre da Igreja ...O novo traçado da estrada Ansião/Alvaiázere abandonou muitos dos troços da Estrada Real tendo sido novos roteados mais abertos, outros não, e a Gaita o local da Estalagem foi um dos abandonados, em prol do novo traçado mais a nascente que veio limitar em parte o vale do lameiro na direção ao Casal da Rainha. Uma nova Estalagem no Murtal, que ainda existe o complexo, quase no final do povoado à direita.

Mudança do topónimo Gaita para Venda da Gaita e Santa Cruz 
Em 1699 apenas se chamava "Gaita" assim referida pelo cronista e aguarelista do Príncipe Cosme de Médicis, cujo nome lhe advêm por denunciar a passagem periódica de carruagens com pessoas e correio, anunciada pelo toque duma gaita (corneta). 
Nos séculos seguintes alterada para Venda da Gaita, porque teria um estabelecimento onde se vendia o petrolio, açúcar e café na beira da estrada nova (?)...

Segundo a Lucília do Carmo
Aquem gentilmente agradeço a partilha " foi a Srª Dª Perpétua com o Sr. Padre Abel que conseguiram a mudança sei que foi muito complicado, lembro-me bem !"

Luís Farinha  deixou um comentário dizendo que foi o Arciprestre Gonçalves Serra
Pois o tenha sido quem iniciou o processo e depois o padre Abel...
Ficando por saber a razão da atribuição do nome Santa Cruz . Obviamente deve haver na Igreja documentação de suporte a solicitar a alteração ao Governo Civil.

O cemitério de Almoster
Num pulo cheguei ao terreiro do cemitério enfeitado por duas oliveiras com alguns carros estacionados a esmo para em primeiro olhar deixar um recado-, cabe à JFA o alindar, afinal é uma sala de visitas de Almoster, como bem merece o seu povo e a memória dos defuntos, as oliveiras ou são do baldio ou da Irmandade mereciam ser podadas em redondo como agora é uso se verem em recintos públicos, e o chão marcado em piso condigno. O terreiro emboca com a estrada que vem da Ponte Velha, não sei se é romana, sofreu obras de requalificação nos varais em pedra, cujo trajeto em terra por ser curto devia ser limpo e que bonito o seria para Almoster nele se caminhar até ao cemitério, sem dar a volta pela estrada alcatroada.
Do terreiro do cemitério avista-se a fonte sita a nascente da estrada nova para Alvaiázere que antes de ser remodelada era um poço com fonte de chafurdo, que não devia ter sido desvirtuada por ser uma tradição em terras de Sicó ( numa crónica sobre poços de chafurdo a Lucília do Carmo teceu o seguinte comentário "Havia uma fonte de chafurdo junto ao Casal da Rainha, perto de Almoster, deixou de o ser porque me lembro de o meu Pai como estava na Junta de Freguesia, de terem feito as ditas obras, isto por volta de 1949/50 não sei ao certo !"
Os poços e fontes de chafurdo são ainda uma caraterístico na região de Sicó com alguns no enfiamento da estrada medieval Coimbra/Ourém, já desapareceram este e outro em Ansião.
Corre ao lado da fonte para nascente a atual Rua da Cumeada onde me interrogo se não seria o caminho antigo de ligação da ponte velha ao Vale da Couda /Alvaiázere atendendo à Rua de São Pedro no Vale da Couda se situar no interior do povoado . Desloquei-me ao Vale da Couda e me pareceu lógico que a nobre Leonarda Magdalena D'Alarcão que lá viveu ter casa e capela na beira dessa via de comunicação.
Hoje as atuais vias de comunicação vieram anular troços da via romana e da Estrada Real.

Entrada do cemitério de Almoster com data de 1925
Gostei do ferro forjado do portão, mas sobretudo do portal em pedra e dos seus remates com a tradicional dupla em caracol ou espiral, na foto não é bem visível pelos líquenes, quiçá não seja de origem e aqui reaproveitada (?). Teima o tempo em lhe dar a devida limpeza que o enalteça e o devia, quiçá devia ser pintado no tradicional azul que a igreja velha também exibia , os resquícios deste povo no passado desta cor gostar.
Logo na entrada na direita o talhão dos padres da freguesia e ao fundo as crianças.
Em nenhum outro similar assim encontrei " inocentes juntos", considerando que estes padres o foram (?) Depois entendi, a maioria foi trasladada do adro da igreja velha para aqui...
Havia muita luz, a sombra das campas em contraste criaram um duplo efeito que gostei.
De todas as sepulturas de padres destaquei apenas a do Arcipestre Manuel Gonçalves Serra
Por o apelido "Serra" ou "da Serra" ser comum em Ansião; Ameixieira; Casal Soeiro, Escampado Belchior e Casais Maduros.
Em Ansião paroquiou o Padre José Fernandes da Serra, em 1769.
 
Jazigo da Família de António Freire
Apelido que apareceu em Ansião na centúria de 500, aventa ser de origem judaica.
Jazigo ao formato de capela da nobre D. Leonarda Magdalena de Mascarenhas de Vasconcelos Sarmento de Alarcão. Belo exemplar austero em pedra .

Excerto de Henrique Dias na pagina do Facebook de Almoster
«(...) O livro "Espinhal 800 anos de história" foi decisivo para entroncar esta família que vem aí referida, mas curiosamente apenas revela o nome dos filhos varões. A Leonarda nasceu em 1795, portanto entre o irmão José e o Cristóvão.»
Segundo o comentário na página da Igreja de Almoster do Dr Mário Rodrigues «(...) Quando os enterramentos foram expulsos das igrejas, pelos decretos de 1835 e 1844, foi necessário criar ou recriar uma nova arquitetura funerária. Uma dessas formas foi o jazigo-capela, que como o nome indica, reproduz a forma de uma capela, transpondo para o cemitério público a imagem protetora da igreja. Estas construções tenderam a adquirir a forma de uma casa: a casa de morada de uma família. Este exemplo é extraordinário porque tem a forma perfeita de uma capela. E protegida dentro da capela, exatamente como seria na antiga igreja, foi inumada a D.ª Leonarda, não dentro de um caixão de chumbo, mas debaixo da terra. Não restarão muitos exemplares como este!...»
A Igreja velha de Almoster foi desativada em 1966, e bem antes da oficialização dos cemitérios os enterramentos eram dentro das Igrejas e no seu adro, onde julgo ainda existem pedras sepulcrais.

Jazigo em altura que se encontra de porta aberta , mal entrei, por ser privado, distingui no seu interior uma pedra rasa sepulcral com inscrição, embora o primeiro nome para mim impercetível por a pedra se mostrar picada, ou o foi depois de aqui posta ou seja original (?).O segundo jazigo que conheci nestes moldes, o outro encontra-se em Ansião de um familiar sem pedra rara, todo em gavetões.
A inscrição da pedra
Aqui jaz
D Leonarda Magdalena de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão
Filha de D. José de Mascarenhas Velasques Sarmento e de Alarcão e de D. Maria Lucina Monis de Gouveia Rangel. Nascida em 16 de agosto de 1795, baptizada em S. Miguel da Comarca de Penela e falecida em 30 de maio de 1877 na sua caza doValle da Couda.
No interior o nome na lápide não é igual ao da frontaria

Todo o jazigo aventa ser de época mais recente, talvez tenha sido construído antes ou depois de 1925 (?) disso é notório a forma das letras esculpidas e do português (Madalena e na lápide Magdalena).
Na frontaria menciona D. Leonarda Magdalena de Mascarenhas de Vasconcelos Sarmento de Alarcão e a pedra sepulcral  menciona  Leonarda  Magdalena de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão. Apesar do nome Leonarda não se perceber.
O portal do cemitério ostenta a data de 1864 e se a nobre faleceu em 1877, quer dizer que já aqui existia há pelo menos 13 anos. A data que aparece por baixo de 186 - 1925, volvidos 61 anos, deve ser de uma requalificação do mesmo, ou quando lhe puseram o portão (?). 
A discrepância de apelidos ( Vasconcelos em vez de Vellasques ? Ao tempo o apelido Vasconcelos foi apelido importante de Figueiró dos Vinhos, Podentes e dos Condes de Castelo Melhor de Santiago da Guarda, em Ansião. Não há dúvida que se trata de Vellasquez, foi engano.

Pesquisa do registo de batismo da nobre feita por Henrique Dias 
retirada de  http://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=43513&FileID=410739 em 10.09.2018

Tive a grande ajuda na genealogia desta nobre por um seu descendente Alarcão
Deslindei o jazigo de Ansião de um familiar desta nobre .Mais tarde um  sobrinho de apelido Alarcão que vive no Porto cuja mãe herdou uma casa de família em Penela gentilmente me deixou em comentários noutra crónica estas informações que muito agradeço. 
Filha de José de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcao e sua mãe Dona Maria Lucina Monis de Gouveia Rangel que viviam em Penela onde nasceu a nobre Madalena a 16 de agosto de 1795e foi batizada, mas no registo de batizado de 9 de Fevereiro de 1796 agora disponibilizado aparece 16 de Setembro de 1795.
Jazigo em Ansião de Dom João de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão 
Filho de  Dom José Casimiro de Mascarenhas Velasques Sarmento de Alarcão 
Mãe D Maria Delfina de Lima natural a vila de Ansiao filha do Doutor Francisco José Mendes Lima, Barechel em Medicina e sua mãe era Dona Anna Umbolina Godinho Freire eram naturais de Ansião.
Teve uma única filha Dona Maria Mascarenhas Sarmento Velasquez e Alarcão  que não teve filhos, aquando da sua morte em testamento deixou os  três jazigos aos sobrinhos (Ansião, Penela e Almoster).
Excerto http://www.uc.pt/auc/fundos/ficheiros/GCC_RegistoVincularDistritoCoimbra
" (...) Pedido de Registo Vincular nº 17 Dom José Casimiro de Mascarenhas Velasques Sarmento de Alarcão, da Quinta de Além da Ponte, concelho de Ansião para três capelas e três morgados de que é o atual administrador, senhor e possuidor, em 21 de Fevereiro de 1863.
Filho de: Dom João Casimiro Mascarenhas Velasques de Alarcão Sarmento. Este vínculo é constituído por três morgados e três capelas, todos no concelho de Penela."
I Morgados
a) o instituído por Gaspar Coelho Mascarenhas, em 17 de Junho de 1691;
b) o instituído pelo reverendo padre Dom Pedro Coelho Sarmento Mascarenhas, por escritura de 3 de Fevereiro de 1692;
c) o instituído por Dom Manuel Velasques Sarmento, em 7 de Setembro de 1713.
II-Capelas
a) a instituída por Pedro Fernandes de Pontes, em 3 de Abril de 1607;
b) a instituída por Dona Margarida Simões, em 14 de Março de 1641;
c) a instituída por Dona Isabel de Mascarenhas, em 2 de Fevereiro de 1676.»
Outros ramos familiares
Excerto do Arquivo da Universidade de Coimbra «Registo Vincular do Distrito de Coimbra  i) o que instituiu António(a) de Almeida, bens situados no concelho de Montemor o-Velho. 1862, 280x420 mm, Liv. 2, fl.1 a 38 REGISTO nº 10 João Maria Colaço de Magalhães Velasques Sarmento
(1806-1871), Visconde de Condeixa, Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, pede registo dos Vínculos dos Colaços em um só, a 24 de Fevereiro de 1863, na qualidade de herdeiro e sucessor nos direitos de seu pai.
Filho de: João de Magalhães Colaço Velasques Sarmento.
O primeiro vínculo denominado dos Colaços, situado em Penela e Chão-de-Couce, foi instituído por testamento do Doutor Manuel Colaço, Desembargador da Casa da Suplicação, Ouvidor dos feitos dos crimes e Juiz dos feitos da Santa Casa da Misericórdia e Hospital, Comendador da Ordem de Cristo, em 30 de Abril de 1594, na cidade de Lisboa. O segundo foi instituído pelo Doutor António Gomes Colaço de Magalhães Teixeira Sarmento , em bens no limite da cidade de Coimbra e de Cernache.
Escritura de reunião dos Vínculos de Colaços, que entre si fizeram o Visconde e Viscondessa de Condeixa e seu filho primogénito e sucessor João de Magalhães Colaço Moniz Velasques Sarmento (1839-1896), em 14 de Fevereiro de 1863, e que é atual administrador o Visconde de Condeixa.
Sobre este vínculo levantou-se um litígio sobre a sucessão, entre seu tio, Jerónimo Colaço de Magalhães e Dona Maria Teresa de Magalhães Castelo-Branco Colaço, de Cernache  que dividiram entre si o usufruto dos bens do vínculo, ficando Jerónimo Colaço de Magalhães com os bens a norte do Mondego, e Dona Maria Teresa com os bens a sul, mas sem perderem a natureza vincular e com a clausula de se reunirem em poder do administrador do vínculo que o fosse por falecimento de Dona Maria Teresa.
Jerónimo Colaço Magalhães institui por seu herdeiro seu sobrinho, José Telo de Magalhães Colaço, que deixou como herdeiro seu irmão João de Magalhães Colaço Sarmento, pai do visconde de Condeixa.» Mais tarde encontrei outro familiar D. António Velasques Sarmento  natural de Penela e morador em Abiúl, era fidalgo da Casa Real.
Em resumo
Existe parentesco entre a nobre D. Leonarda do Vale da Couda com D. João de Ansião e D. António de Abiul. Em virtude dos três jazigos (Ansião, Penela e Almoster) diz-nos que a D Leonarda de Vale da Couda não tive descendência direta como em Penela, em que a filha de D João D Maria Mascarenhas Sarmento Velasquez e Alarcão foi herdeira dos 3 que os deixou em testamento aos sobrinhos.
O sobrinho que me forneceu as informações diz ter a árvore genealógica da família, mas não me disse se esta ascendente teve descendência, não lhe a pedi nem se predispôs a facultar a partilha. Pelo que alvitro que não a tivesse para a casa, terrenos e o jazigo terem sido herdados por uma tia de Penela.
Voltar ao Cemitério de Almoster
Havia muita moldura humana em lavagens de campas e enfeites. Por não ser conhecida apenas fotografei o mínimo, sendo sempre a pedra e antiga a privilegiada, excetuando o moderno com apelidos que apelam à genealogia de famílias importantes e nobres do passado das suas gentes.
Quase na entrada um grande jazigo cujo apelido "Grego" me deixou a falar alto , as duas senhoras que o limpavam disseram-me que se trata de alcunha. Muito interessante o uso das alcunhas na teima de as deixar no nome como se fosse de facto o apelido. Curiosa a razão de ser chamado de "grego"...  

Campa rasa de José Gomes Vaz da Dedona (?) trasladada por ter falecido em 1897.
O apelido "Vaz" o encontrei no cemitério da Aguda e Ansião.

Duas campas de cariz moderno apenas pela menção do apelido "Abreu" com origem nobre na Aguda

Campa de Manuel Marques
Dos Ariques falecido em 1964
Interessante a família a ter mandado fazer à moda antiga.No cemitério de Ansião há uma assim igual. Onde teriam sido esculpidas?
Exemplar de rara beleza, rica em pormenores graciosos pelos remates dos caracóis ou espirais do pedestal da Cruz, o picotado dos rendilhados na meia lua do pedestal, a elegância do leque, o laço belíssimo e as colunas da pequena capela. Adorei. 
Campa de António Castelão Rita
Do Vale da Couda. Muito interessante os apelidos, "Castelão" já conhecia, o "Rita" não.
Campa de José Marques Fernandes
Pedestal com pórtico com os nomes encimado por dois ramos de flores e a Cruz 
Campa de Maria José Marques Fernandes
Pedestal em forma de capela com ramos de flores e menção do nome encimada por telhado lajeado e ao meio a Cruz.
Campa de José Marques
Dos Ariques cujo pedestal encimado por dois ramos florais e menção do nome terminando de forma graciosa ondulada e relevada encimada por Cruz de trevo e ao centro esculpida a sua folha.Bela escultura 
Em último olhar distingui apelidos "Pisco" e "Farinha" supostamente atribuídos à vida do quotidiano (?).
O cemitério pareceu-me arrumado em talhões. Os WC  segundo ouvi no recente incêndio alguém teve de lá ir lavar à pressa os sanitários para os bombeiros as utilizarem...Quando o certo é terem manutenção de limpeza e higiene.No meu ponto de vista o padre que decidiu trasladar sepulturas não o deveria ter feito, deviam ter permanecido no chão onde foram sepultados para memória viva do seu passado que devia ser respeitado para os vindouros. 
Uma coisa foi o primitivo cemitério de Almoster no adro até 1925. 
Os enterramentos nas Igrejas dentro e no adro findaram após o célebre decreto do governo de Costa Cabral de 28/09/1844 que deu origem à revolta da Maria da Fonte.

Excerto https://www.facebook.com/ de Henrique Dias 
Óbito de  15.12.1821 de Maria Marques dos Reis
Dos Ariques, trisavó do Dr. António José da Silveira e Castro, médico e Presidente da Câmara de Alvaiázere:
Do lado de fora do cemitério distingui em paralelo com a estrada para o Casal da Rainha uma vedação, desconheço o que ali vai ser feito.

Outros apelidos na documentação "Mendes e Bras" Simão Mendiz com sua molher Maria Bras" moradores no Rebelo termod’Abiul e disserão que elles trazião da capela hmas terras e matos que jazem na Ribeira de Ançião termo da dita çidade de que paga de foro a dita capela cada anno hum capão e huma galinha de reçeber e do mais paga de dez hum de toda anovidade que ouver nas ditas terras com teigas d’Abrão."

No Vale da Couda viveram várias famílias importantes 
Excerto do Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
"(...) 1721 na lista de terras em que o Provedor da Comarca de Coimbra entra em Correição redigido pelo Dr Bertolameu de Macedo Malheiro menciona os Lugares do termo da Cidade que tem juízes: Almoster, e Val da Coyda"

Excerto retirado de http://geneall.net/pt/forum/71597/genealogia-das-cinco-vilas/Paroquiais de Almoster (Alvaiázere) Vale da Couda 30/08/1756 " (...) Casamento efetuado na capela da Quinta da Castanheira (Arega) o Dr. Manuel Filipe S. Tiago Teixeira - Capitão da Arega filho leg. de de Manuel de Andrade (Almoxarife) e de Thereza Maria (moradores na Quinta da Castanheira - Arega) cc D. Maria Luísa de Brito Caldeira de Amorim (Vale da Couda) filha Leg. do Capitão Alexandre Marques Nunes e de D. Maria Luísa de Brito de Amorim. Test: O Capitão-mor Joaquim da Silveira Furtado e o Padre António Maria, desta freguesia".
Diz-nos que em 1756 vivia em Vale da Couda o Capitão Alexandre Marques Nunes cuja filha casou e foi viver para a Arega.
Apelidos "Marques e Nunes" comuns em Vale da Couda e Almoster.

A nobre Leonarda Madalena d'Alarcão veio a casar com alguém do Vale da Couda, pode ter sido com um neto deste Capitão (?), ou de outra família importante que vivia em Vale da Couda, disso parece não haver dúvida, ou então veio para aqui para um Morgadio de família, por isso a capela, tem de se ler as Memórias Paroquiais para mais se saber. Se teve descendência direta não deslindei ninguém que carregue o seu apelido, mas não deve ser desprezado a possibilidade de haver parentesco por bastardia (?), sendo ingrato afirmar isto, como se explica que o altar da capela de S. Pedro que dizem era muito bonito e um familiar o guardou e julgo existem parentes de apelido "Gomes" e quiçá outros... Falta mais averiguar!
Outros apelidos em Vale da Couda com ramificações a Ansião
Reis
Freire
Caseiro
Marques
André
Dias
Gomes
Excertos do 13º Cadernos de Estudos Leirienses sobre apelidos em Almoster e Vale da Couda
Apelido Gomes "(...) O Mosteiro de Lorvão, manteve e assegurou ao longo de séculos o interesse e domínio sobre o território de Almoster, chamando a si as rendas da dita capela, conforme podemos asseverar no contrato de arrendamento da renda de Almoster, por dois anos, celebrado em 25 de abril de 1684, no dito mosteiro, entre essa comunidade e Manuel Gomes, morador « na Bemposta termo da villa de Alvaasere.
Em 23 de maio de 1684, Manuel Gomes procedeu ao contrato de fiança a que estava obrigado, celebrado nas casas de João Moreira em Abiul, tendo apresentado como fiadores, Manuel Antunes da Venda da Gaita e sua mulher Jerónima dos Santos, assim como Lourenço de Matos e sua mulher Maria de Barros, moradores em Ansião."
Aparece também o apelido "Gomes" num morador em Casal Velho.
Apelido Diaz
«(...) Simão Diaz, o moço, com sua molher e annos moradores no Vale da Comida termo de Coimbra, aos quaes o dito provedor deu juramento dos Sanctos Evangelhos em que poserão suas maõs dereitas que bem e verdadeiramente dissessem e declarassem todas as propriedades e assi quaisquer outras cousas que trouxessem o que dereitamente pertençe a dita capella, os quais o prometerão assi fazer e disserão que traziam tres talhos de terra, dos quais hum ouverão de erança e dous que comprarão que estão hum ao penedo que parte do aguião com Bras Gonsalvez e do soão com Dionizio (?) Diaz da Bairada e logo acima está outro que parte da travessia com Dionizio (?) Diaz e do soão com Bras Gonsalvez a qual terra tem outo pés de chantoeiras d’oliveiras e outro mais acima que tem sete pés de chantoeiras d’oliveiras que parte da trevessia com Andre Fernandez e do soão com Bras Gonsalvez; e assi declararão mais que tinhão hum talho de terra que está açima do Coirado do Moleiro, que parte da travessia com terra de Pedro Diaz, e do soão parte com a Baregua da agoa dos quais quatrotalhos de terra com o dito he disserão que pagão cada anno huma galinha de foro e assi de toda a novidade que colhem de dez hum, com suas teigas de grão conforme ao rito das mais terras e que isto paga a dita Confraria do Salvador e administrador della e disserão que não tinhão de dous talhos acima ditos somente averão nos por via de suscessão e os outros dous compraram de que tem conheci- mento e ho dito provedor com o dito Pero Diaz assinou. Antonio da Sylveira morador em Abiul e por não saber assinar a seu rogo Antonio Diaz tabeliam que estosprevi,(a) Antonius, por ella. (a) Antonio da Sylveira. (a) Pero Diaz.»

Fernão Dias 
«(...) morador na dita cidade de Coimbra, e disse que trazia da dita capela hum quarto de casal que jaz no Vale da Couda do qual paga de foro em cada hum anno dous alqueires de trigo e asi mais de dez hum com suas teigas d’Abrão de toda a novidade que Deus der e assi paga mais cada anno a dita capella e administrador della huma galinha por dia de Natal boa e dereceber e hum alqueires d’azeite a çafra. Declarou mais o sobredito que elle he tutor de seus sobrinhos filhos que forão de Alvaro Fernandez defuncto os quais trazem outro quarto de casal de que pagão outro tanto como o acima dito.»
Apelido Anes 
« (...) Leanor Annes, viuva molher que foi de Alvaro Fernandez morador no Val do Coude termo da dita cidade a qual o dito provedor deu juramento dos SanctosEvangelhos em que pos a mão que bem e verdadeiramente declarasse as propriedades e cousas que traz da dita capella e ella assi ho prometeo fazer e disse que trazia da dita capella huma Albergaria com suas terras e arvores que nellas estão que jazem no dito logo de Vale do Coude termo da dita cidade que pertençema dita capella que partem do aguião com terras dos herdeiros que forão de Jacinto (?) Fernandez da travessia com Dionizio (?) Fernandes.»
Este relato fala em Vale do Coude, o que alude na origem tenha sido o nome de uma pessoa (Couder), de um seu primeiro habitante de origem franca (?), na verdade francos ( franceses e alemães) também habitaram a região.O restante texto tenho dúvidas a decifrar - se Álvaro Fernandes teve uma albergaria em Vale da Couda? O que me apraz dizer que sim !
Apelido Afonso 
«(...) Violante Afonso viuva molher que foi de Pero Gonsalvez morador noVale da Couda termo da dita çidade de Coimbra a qual elle provedor deu juramen-to aos Sanctos Evangelhos em que pos a mão dieirta pera que declarasse as propriedades e herdades e cousas que trazia da dita capella a qual assi prometer fazer e disse que trazia humas terras forras, e tres de cesmaria que jazem no limite do Vale da Couda termo da dita çidade onde se chama o Marco do Corregedor que parte de hum cabo com o termo de Alvaiazere e dahi vai ter comba abaixo ao Cabeço sobre o Vale das Porcaricas de que paga de foro em cada hum anno a dita capella e administrador della de dez hum com suas teigas da qual amostro tittulo d’aforamento em que se contem o dito foro açima dito e o dito provedor assinouaqui pola dita Violante Afonso assinou o dito Antonio da Sylveira a seu rogo por não saber assinar Antonio Diaz tabeliam o sprevi,(a) Antonios por ella. (a) Antonio da Sylveira.»
Apelido Afonso
« (...) Amador Afonso com sua molher Anna Anes morador em Vale da Couda termo da dita çidade disserão que trazião huma terra de cesmaria que jaz no Carvalhal da qual paga de foro a novidade de dous em dous annos e por dia de Natal huma galinha boa e de reçeber e de todo o que ouver na dita terra de dez hum com suas abrores da qual terra disserão que não tinhão scriptura. Declararão mais que trazem huma terra que jaz ao Penedo da Sylva da dita capella da qual paga de foro a dita capella de dez hum com suas abrãos».
Apelido Pires 
« (...) Alvaro Pirez com sua mulher Catarina Pirez moradores na villa da Couda termo da dita cidade dos quais o dito provedor deu juramento dos SanctosEvangelhos em que // [fl. 4v] poserão sua mãos pera que dissesse e declarassemas propriedades ho erdades e todas as cousas que pertençem a dita capella e ellesassi o prometerão fazer, as que trazem e diserão que trazem suas terras que forão matos manihos que estão onde chamão a Louba termo da dita cidade e parte dos oão pella Barroca abaixo e dahi vai partir com o Carreiro das Fetorias, e dahi té a Eira que foi de João Fernandez do Valle da Couca e dahi ao Possilgão das Porqu as de Isabel Vaz das quais paga de foro de dous em annos a dita capella e administrador della duas galinhas por dia de Natal e de dez huma com suas teygas e de todaa novidade que ouver nas ditas terras segundo se contem no titullo d’aforamentopera sempre que lle appresentou ao dito provedor e que se não tem as ditas confrontaçõis e foro açima declaradas, e assi declararão mais que tem da ditacapella humas terras que forão matos que jazem onde se chama a Rouçinha termo da dita cidade, de que paga de foro á dita capella de dez hum com suas teigas segundo se contem na dita scriptura. » 
Apelido Nunes 
«(...) Fernando Anes com sua molher Ilena Nunez moradores em Vale da Couda da dita cidade de Coimbra disserão que trazião da dita capela humas terras que forão matos maninhos silvados onde chamão o Pinhal termo da dita cidade e começão do caminho que vai do Chão do Vale d’Agoa da parte do aguião de que pagão de foro a dita capella e administrador della duas galinhas e a novidade que sera digo que he hum anno e outro não as quais galinhas paga por dia de Natal boas e dereçeber e assi paga mais a dita capela de todo o que Deus lhe der segundo o estillod as outras terras da dita capela».
Apelido Luís 
«(...) João Luis, viuvo morador no Valde da Couda o qual declarou logo que trazia huns matos que agora são feitos terras de pão que jaz em o Casal do Lourinho de que paga de foro de dous em dous annos .o anno da novidade humagalinha boa e de reçeber por dia de Natal e assi paga da novidade que Deus lhe der de des hum com suas teigas de Abrão como todo costume do titullo d’aforamento.»
Outro apelido em Vale da Couda - Luís, e a forma de escrita pelo linguarejar Vale em Valde.
«Apelido André 
«(...) João Andre com sua molher Biatriz Fernandez moradores no Vale da Couda, e diserão que trazem hum pedaço de terra que jaz as Heiras de Vale de Coude de que paga da novidade que Deus lhe der da dita terra de dez hum com suas teigas d’Abrão como as outras terras.»
Desconheço os apelidos dos habitantes actuais em Vale da Couda
A referência a Vale da Couca  (Couda) outro apelido  Vaz

Citar http://www.usinadesolucoes.com.br/castelao.html «(...) A primeira aparição do sobrenome Castelão que se tem notícia é de Manoel Castelam (Castelão em português arcaico). Manoel Castelam nasceu aproximadamente em 1640 na pequena aldeia de Ameixeira, freguesia de Cham de Couce (em português arcaico). Casado com Maria Joam (João em português arcaico), tiveram uma filha chamada Luisa Castelam, também nascida em Ameixeira no final do século XVII.Os primeiros relatos deste sobrenome remontam o século XVII, inicialmente na região de Chão de Couce e, posteriormente, em Almoster.»

Apelido Castelão
«(...) O apelido nasceu pela existência de um castelejo ou de torres de defesa que existiram na região, deturpado no apelido pela corpulência do individuo»-, os francos eram gente alta, corpulenta bem entroncada, e seja esse o motivo do apelido se fidelizar na sua grandeza.
Apelido Rita
Apelido de cuja origem é italiana, não sei se do tempo que os romanos passaram por estas terras.
Apelido Coutinho
Pode descender de António José Coutino nascido na freguesia de São Tiago em Almoster ou de André de Sousa (Silva) Coutinho que teve um palácio em Abiul edificado entre os finais do século XV e os primeiros anos do século XV num tempo que Almoster pertencia a Abiul.
Vale da Couda
A toponímia e as geoformas cársicas , as dolinas que o povo chama lagoas
 
Na Rua da Taberna a caminhar na calçada salpicada de bolota gorda do secular e frondoso carvalho...se ouvia gente dentro de uma casa, olhei o quintal, um mimo em tempo de secura .
Vista sobre a Serra de Alvaiázere e as eólicas

 
Travessa de São Pedro deu-me logo o mote que estaria perto
Belo exemplar, a pedra facetada em redondo em cima do muro da propriedade achei-a uma graça
Se fosse leve teria instinto para a roubar...
Portal interessante virado a norte. Quiçá de algum descendente da nobre Madalena d'Alarcão (?).

 
Não falei com ninguém, por isso desconheço de quem seja esta casa

Interessante a ladear a janela dois piais para flores em pedra bem bonitos. Como a casa se encontra rebocada não deslindei nenhuma janela de avental, esta janela aventa pela largura da pedra debaixo haver outra menor, um hábito noutros tempos usar duas pedras mais largas que as das ombreiras.
Na frente deste portal corre a Rua de São Pedro, evidencia ser o ancestral caminho vindo de Almoster para Alvaiázere, por isso a família nobre aqui mandou construir a casa e a capela. A nascente da capela existe uma coluna em redondo, que são raras na região, recordo haverem iguais no Vale Mosteiro num barracão do meu bisavô Elias da Cruz, outra no Escampado dos Calados em Ansião. Há dois anos descobri outras num barracão antigo em Cernache do Bonjardim e claro na estrada nova de Almoster para o Arneiro antes da ponte do lado direito no inicio do costado ainda se enxergam o resto de duas e um palheiro com parede de adube.


Imagens retiradas da net, julgo fizeram parte de um concurso de uma filha da senhora que mora junto do cemitério de Almoster (?).Não distingo na foto se no tardoz da capela foi a casa senhorial, porque tendo a capela a orientação nascente/poente com entrada para um átrio, era habitual as capelas privadas terem ligação da casa à capela e aqui não seria por a parede entestante a nascente ser do altar, a sul entestava com a estrada, pelo que apenas a ter ligação o seria a norte. Quando visitei o local não me lembrei desse facto, por isso não reparei na parede, no que ainda dela existe, se tinha abertura para a capela.O contraste d'ontem e d'hoje em Grande a ruína! Hera que sempre dela ouvi falar no tempo da apanha da azeitona para as cortar uma vez tomando posse da árvore a matam em três tempos...O gradeamento das guaritas cobertas de hera, tudo é um mar de hera!
  
Descobri por mero acaso os degraus de acesso ao átrio do que resta da capela de S. Pedro
Degraus...
Guarita

Guarita

O átrio o que resta de uma coluna...
 
Fachada a poente. Olhando ao tamanho do portal, as pessoas seriam de baixa estatura

 
O rigor do carpinteiro que fez a porta

A beleza dos ombreais e do lintel da porta esculpido a lembrar a porta da sacristia da Igreja velha de  AlmosterA erosão está a dar cabo do calcário do portal , a lembrar a Igreja de Santa Cruz, mas ai é pedra de Ançã. Pelo que seja oportuno alertar na reconversão da velha Igreja de Almoster a porta da sacristia do mesmo modo assim esculpida, se ficar sem proteção daqui a anos se perdem as esculturas...
                             

Excerto https://geneall.net/pt/forum/120079/macas-de-dona-maria/ de  Filipe Pinheiro de Campos de Bragança
«(...) MANUEL MACHADO DE BARROS, nasceu em Vale da Couda (?), filho de João Machado de Barros e de sua mulher Isabel Duarte Martins, natural da Chamusca.
Casou com Mariana Gomes, nascida em Vale da Couda, filha de António Gomes e de sua mulher Mariana Gomes, naturais do mesmo lugar, C.g.
Pelo menos teve a Rosa Maria Machado de Barros, nasceu em Vale da Couda em 16 de Abril de 1751 e aí foi baptizada a 26 do mesmo, sendo padrinhos Manuel Gomes, seu tio materno e Rosa, filha de André de Barros, de Pousaflores.
Casou a 4 de Outubro de 1772 na Igreja do Salvador em Almoster com José de Barros, filho de Manuel de Barros e de sua mulher Isabel Gameiro, naturais da Amieira, freguesia de Abiul, C.g.»

Vale da Couda foto disponibilizada pelo Padre Manuel Ventura Pinho 
Paroquiou 3 anos em Almoster . 
Casa com inscrição "Casa da Rocha" segundo Helena Ribeiro
Sobrado com janelas de avental de gaveto com varandim de colunatas virado a poente, seguida do jardim com acesso à capela a norte, porque o altar seria a nascente e a frontaria se mostra na ruína a poente. Não faz sentido ter de entrar pela porta principal (?).

A pedra com buraco cravada na parede para se prenderem as bestas e os cavalos
No século XXI nasceu nova arquitetura na beira da estrada mais recente para Alvaiázere em misturas; pedra, elementos locais como o moinho em contexto de modernidade, sendo que gosto mais da traça antiga com a pedra da região, contudo para mim a escultura na frontaria, o seu orifício não é natural, pela perfeição, mas o pode ser...


 
Deixei o Vale da Couda para entrar no Casal da Rainha onde distingui em andamento uma escada de pedra seca, como se usavam também nos poços de chafurdo. Deve ser preservada, pois é património.


Mais uma achega do que eu sinto sobre o rico  passado de Almoster!


FONTES
Wikipédia do Mosteiro de Lorvão
13º Cadernos de Estudos Leirienses
https://geneall.net/pt/forum/160521/zuzarte-judeus/
https://www.facebook.com/search/top/?q=igreja%20de%20almoster 
http://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=43513&FileID=410739
Registo de Batismo facultado por Henrique Dias 
Comentário de Mário Rodrigues
Legendagem da aguarela de Pier Baldi de 1669 de Fausto Mendes

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