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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O velho dormitório da morte em Pousaflores

Foto tirada da Eira da Pedra sobre as vistas sobre a Igreja de Pousaflores e a serra do Anjo da Guarda
Estacionei ao fundo do adro, o cemitério é no tardoz da igreja
Cemitério velho de Pousaflores, onde o meu avô materno José Lucas, nascido em Lisboinha e falecido na Moita Redonda, está sepultado e os meus bisavós-, a avó Brísida no dia do seu funeral uma coroa de borboletas se fez em cima da urna e que logo se apressaram a falar que era "Santa", porque na verdade foi em vida uma boa mulher que sempre cuidou muito bem das netas e as protegeu nas vaidades da parca roupa nova que na casa dela a guardavam por causa da língua afiada da filha, a minha avó Maria da Luz que as incriminava ao meu avô José Lucas, quando este vinha da rota sazonal de paneiro do Alentejo. 
Na década de 50, os filhos compraram campa no cemitério novo na Pedra da Adega, onde mandaram colocar a sua foto com o propósito de trasladar as ossadas, que nunca aconteceu. Na altura dos "Santos" acaso esteja por aqui, gosto de fazer uma breve visita com a minha mãe.Há anos aqui encontrámos o seu tio António do Vale com uma filha, a enfeitar a campa dos pais. Tendo falecido este ano, reparei que na sua campa no cemitério novo, constam também as fotos dos pais, não sei se trasladaram as ossadas (?)...
Julgo foi lamentável ao tempo no início da década de 50 a opção de alguém (?) decidir fazer um cemitério novo, em detrimento de alargar este , que ficaria bonito por patamares, pois o sítio do novo além de longe, se mostra vestido de terra vermelha e barrento, sendo o antigo de terra preta, mais leve e abençoada,  a dois passos do tardoz da Igreja e do seu belo adro.
Portão da entrada do dormitório velho de Pousaflores. Desconheço a data em que foi edificado, provavelmente em finais de 1800(?).
A minha mãe de cabeça baixa em oração...dizia-me "ficou tanta coisa para perguntar aos meus pais e avós"...
Lápide  funerária de um padre no passeio público

Lindo o enfeite de algumas campas de terra rasa a  lembrar a pintura Naif
Aprecio campas de grade em ferro forjado 
O meu avô repousa em campa rasa quase ao fundo do cemitério, ao meio de duas enfeitadas, perdura no tempo a jarra comprada há anos numa feira de velharias de Algés, em que levei a minha mãe e a vimos nova num estaminé de chão, o vendedor, um rapaz espigado, se desfazia de bens superfulos de casa dos pais por terem falecido, ainda lhe comprei um espanador que veio do navio Vera Cruz onde o pai trabalhava.
Depois da rasia do jardim da casa da minha mãe na apanha de flores para a campa do meu pai no cemitério de Ansião, só restou a trepadeira de belas flores azuis com que enfeitei a jarra do meu avô e sobre o leito espalhei pétalas de rosa, porque na verdade o que mais interessa é a intenção, a visita e jamais o esquecimento, apesar de não o ter conhecido, dele sempre me falou muito bem a minha mãe.
Único jazigo neste cemitério com dois bustos na fachada
Neste dormitório da morte existem campas de valor arquitectónico.
Umas tratadas outras em total abandono...que constrange o coração!
Saímos na direção do cemitério novo, na frente da sua bela casa com os raios de sol em pedra a raiar nas paredes, entrava no seu Mercedes, o António Simões, confesso não sei se era a sua irmã Fátima, que me cumprimentou já no cemitério, palpitei que fosse uma irmã mais nova (?) só conheço melhor os seus irmãos, o Miguel e o António. Mas a verdade é que era ela-, afinal me pareceu muito mais nova do que as fotos pelo face documentam. Haveria de lhe deixar um comentário "Assim sendo desculpa não ter falado contigo, estive na conversa com o Leonel Fernandes da Moita Redonda, e uma irmã que vive em Condeixa, em nova foi bordadeira, até me confundiu com a minha cunhada, ao dizer que me tinha bordado o enxoval, a que respondi praseirosamente- antes fosse, que o meu foi bem mais pobre bordado pela Adélia da Portela ,em comparação com o que bordou para a minha cunhada..." ainda confidenciou que se lembra bem de ir à loja dos meus avós  ao Vale comprar o aviado para casa, vinha pelo caminho com o saco a brincar, também do meu avô Zé Lucas ter falecido, teria uns 8 anos, a sua mãe a mandou que fosse levar lá a casa umas fitas brancas para que lhe atassem os pés-, a que responde a minha mãe, era hábito nesse tempo atarem os pés aos defuntos e no ânus punham um carolo de milho...
Após as despedidas tinha em mente seguir pelo antigo caminho de ligação de Chão de Couce a Pousaflores na direção do Pobral, à direita, logo depois de umas casas-,  num ano destes a minha mãe ao andar a pé com a minha filha por aqui atreveu-se e roubou umas flores que se espraiavam no muro para levar para a campa do pai, naquilo chega-se a dona que a maltrata e só se acalma quando se apresenta e diz para quem são as flores, e desata a falar, " bem conheci os  seus pais de quem era amiga " solta em sorrisos até deu mais flores... e este ano não havia uma flor, será que já faleceu?
Ao afrouxar  o andamento para me preparar para mudar de direção, senti receio de ainda ficar empanada, o certo foi decidir seguir em frente.O que fiz.
O certo era o caminho ser largo o bastante e limpo na ligação ao cemitério velho, sendo ancestral, além de dar ênfase ao Cruzeiro que nele existe e ainda não conheço!

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