domingo, 17 de dezembro de 2023

Em Lisboa não há nada disto... Na voz do meu neto Vicente de 9 anos

Crónica com resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em dezembro de 2023

Arrebata muitos parabéns a CAAS pelo êxito do trail da Amizade

Ovos mexidos ao pequeno-almoço e, o melhor pão do concelho.

                                    

Arranque do trail com ferrari!

                  
Diferenciou o colossal impacto ao chamar um novo público nas redes sociais, interessado em contextos de valor histórico e patrimonial, sem paralelo. Acresce o talento na aposta de trilhos a predominar a excelência às Coisas que eu Gosto! Privilégio à descoberta do desconhecido património cársico, à exaltação - o belo!
Dirijo convite ao leitor ao meu desabrochar de emoções pelo mundo, sem arredar pé de Santiago da Guarda. Tão vaidosa era a mostra da lúdica Sintra da Guarda, sem jamais merecer publicidade. Belos túneis frescos de altas urzes, medronheiros, carvalheiros, aroeira, salsaparrilha, carvalhos, sobreiras seculares, e olival, típico de Sicó. Riqueza a deleite da aguarela em costados debruados a muros de pedra seca, e pintura naïf a verde musgo; lembra presépios, lembra Natal. 
                   
       
Trilhos com passagens de pedra em garganta a ecoar a Pedra Ferida, em Penela
                  
Na Cabeça, a toponímia Rua dos Moinhos, ainda existem as suas eiras? 
                                    
Sobre a tradição do palco da matriz da Orada, não creio, o que não invalida não ter existido um local de culto. 
Casario antigo de sobrado, uma em requalificação, julgo foi a padaria onde a minha mãe comprava pão quando viveu no prédio da JFSG, com o seu primo José Lucas Afonso, então Regente escolar.
Outra casa beijada a sul por varanda corrida e colunatas, presume foi perdida a grade de pedra, ainda a gáudio na Lagarteira. 
E, portal, outra caraterística da arquitetura ancestral, que se deve manter, análoga ainda no Curcialinho. A ferrugem da betoneira instiga que a sua requalificação merece cuidado, sem perder a traça.
Eiras de lajedo
Emaranhado enlaçe de ramos com fetos, em infinitos abraços. 
Já a gilbardeira de bolinhas vermelhas, é espécie protegida na Europa. 
                  
Surreais as Buracas, à laia são anãs das Buracas de Casmilo, em Condeixa, de que distam poucos km. Uma buraca enorme de teto abatido com novas em formação. 

Sôfrega que mais aquele chão escondia? Serpenteado a brutais lajedos! Auspicia indagar se houve reaproveitamento em sepulturas, dado o concelho ainda ser o único nas redondezas, sem nenhuma localizada. A norte da Moita Negra, algures entre a Charneca e a Pisoaria, chão semeado a penedos altos e finos, um descadeirado de pedra fragmentada, no meio da folhagem, à laia Angkor, no Camboja, uma pirâmide de civilização antiga. E, logo outro de cúpula arredondada a imitar um cogumelo, a jus aos que avistei desfeitos. Absorta em contemplação, a tão brutal miragem, mais um passo, e na minha frente, o mano – afinal eram dois!

Num segundo viajei à América, aos filmes da minha adolescência do grande canyon, com penedos iguais, mas, em argila. Viajava com a minha mãe de Alvaiázere, para a Freixianda, quando nos deparámos com dois penedos a ladear a estrada,  que  imortalizei no meu blogue: Portas de Alvaiázere. 

Megalapiás  

Modelado cársico, e dolomítico do Jurássico Superior, que dá formatos diferentes, em estruturas de vários metros de altura, são resulto da ação da água, que dissolveu a rocha calcária, abrindo fraturas e depressões, escavando e esculpindo o relevo, dando origem a uma geomorfologia cársica com estética graciosa. 

Aos meus olhos as Portas de Alvaiázere agora na Mó de baixo, a brilho na Mó de cima, os manos cogumelos de Santiago da Guarda. 
               
Perturba a mancha de eucalipto na paisagem de beleza ímpar. Deve haver contenção! 

Falta apurar a escritura para identificar o nome do prédio rústico
Como é possível ninguém de Santiago da Guarda partilhou ao mundo tanta beleza incomum das megalapiás? 
Incrível ter sido esta terra abençoada com o Instituto Vasco da Gama, com docentes do concelho, debalde, algo falhou! 
Cúmulo de beleza natural, a maior maravilha no concelho de Ansião!
À fonte da Cabreira, que é um poço de chafurdo
A regalo outro na Várzea, a brilho, a portinhola. Heranças da arquitetura romana. Estruturas conhecidas de muitos, porém, desconhecida a sua função e propósito da escada que possibilita a entrada à medida que a cota de água desce. Notável património. Alerta a um novo corredor romano pela Moita Negra e Melriça, vindo de Ega.
Outro poço de chafurdo na Varzea
A lagoa cársica da Sobreira, a jus de outras a merecer atenção a sua preservação, cadastro, e mais nenhuma assorear, como as eiras em lajedo, do legado Al-Andaluz. 


Património a complementar o já rico roteiro turístico de Santiago da Guarda. Panorama propício à criação de uma nova rota turística em paralelo com a da romanização. Nas Degracias, os romanos exploraram o lajedo natural liso, na escorrência da chuva por calhas, para cisternas. Com as pias no lajedo, na Mata de Cima, no Alvorge, buracas, os manos cogumelos, moinho de lata e, o moinho da Melriça.



Moita Negra

O prefixo Mouta é muito antigo

Vivo na Rua da Mouta, na Lagarteira, a minha amada Mouta Redonda, em Pousaflores, e a Quinta da Mouta de Bela, em Chão de Couce. 

Com fidelização em oi; Moinho das Moitas em Ansião, e em Santiago da Guarda; Moita Santa e Moita Negra. Topónimos com sufixos antónimos: Santa e Negra. O eco, ao melhor e ao pior chão arável, ou falta dele, e da força do vento.


Nas memórias paroquiais de 1769; o Lugar da Mouta Negra Antónia Maria molher de Manoel Mendes há muitos annos que se trata com pouca amizade com sua irmaã Bernarda dos Santos molher de Francisco João do mesmo lugar

Sem menção à capela que deve ser após a Republica. Guarda bonitas molduras de pedra encastradas sob o altar. O orago é S. Miguel Arcanjo. 
                   
No adro, uma casa de sobrado de beirado duplo, com belo portal, centrado com a Cruz de Cristo. Estranhei a sua simbologia e abordei um grupo de homens que aludiram foi colocada recentemente. 
De onde teria trazido a pedra ? Acrescentar património, sem origem fundamentada na região, perturba a investigação ao nosso passado.                                                 
                
   Fausta eira com a casinha branca a barras azul celeste, e a norte a lareira da casa primitiva…
Já a Rua do Toco, ecoa ao topónimo Touco, a sul de Ferreira do Zêzere, a caminho do açude do Pego de Pias, explica a migração interna à procura de melhor qualidade de vida ou casamento na origem à replicação de nomes dos seus afetos, nas terras de adoção.

Reforço
Cheguei atrasada ao reforço, as tesas estaladiças batatas fritas o frio amolecera …
Salvou-se a excelência do chouriço assado, de sabor ao ancestral tempero, salgados, presunto e queijos. Ao almoço a sopa; tranca da barriga, arroz solto de legumes, carne estufada de porco e fruta.
                                          
                     
O moinho de lata da Moita Negra
Dei corda aos sapatos e subi o outeiro. Um moinho em lata, cópia dos dez, nas Corujeiras, em Abiul. Modelo trazido por um emigrante inspirado nos tradicionais moinhos de tirar água, americanos. Restam cinco, com um reabilitado pela JFA. Os mais recentes em Sicó, únicos na Europa, a merecer preservação à sua identidade no costume da moenga. Domina o horizonte da Moita Negra, quem o teria introduzido? A impulsionar o contributo turístico, dado o reduto patrimonial característico que teve na paisagem em tradições perdidas. 
                      
                                        
          
                                                    

               

Murta e murtinhos
Abundante produção, os murtinhos, da cor do mirtilo, com coroa. 
Cuja receita de licor, se estima perdida, e devia ser aposta. 
Almoço
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Grande Maria Isabel Coimbra 👏👏 Fantástica na chegada do trail da Amizade 🏅🏅 muito obrigada pela sua participação, pela dinamização da família, especialmente dos netos e pelo maravilhoso texto editado do jornal Serras de Ansião 👏👏 Bem haja 🏅🏅 beijinhos 😘😘
Claudia Batista Melriça querida amiga, muito obrigada pela foto incrivel e pelo elogio, o incentivo de continuar a falar da nossa terra. Lá diz o ditado popular quem corre por gosto, não se cansa. Ao meu cariz honesto, frontal e justiceiro, junto o olhar peculiar à panoplia cultural que adquiri na vida, e do quase nada levanto historia a coligir patrimonio, ao sabor do que foi o nosso passado, tão esquecido. Tudo me sai naturalmente, sem artificios, nem medo, a prazer de engrandecer, sem olhar a quem. Foi o que aconteceu. Mudei a temática da cronica , pelo fascinio que senti a par os meus netos. Decorreu o evento assente numa organização com escolhas assertivas, sobretudo nos trilhos , ao proporcionar atratividade desconhecida. Porque há momentos incriveis que devem ser ressaltados, imparcialmente, porque sim... é o meu estar! Bjos

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