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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Peregrina ao Santuário de Fátima em 1972

Já lá vão 38 anos!
Decorria o ano de 1972, frequentava o colégio religioso as Salesianas no Monte Estoril.
Romaria a Fátima em excursão,no dia 12 assisti à procissão das velas sentada no chão com as minhas colegas e Irmãs.
No dia seguinte, dia 13 , lembro de ter descoberto o meu pai junto à capelinha das Aparições, silhueta que se destacava dos demais, muito pelos seus mais de 1,96 m de altura de fato escuro e óculos Ray Ban de lentes verdes e aros dourados, procurava por mim.
Velhos tempos, tantas recordações, faleceu nesse ano em Setembro, vitima de cancro do pulmão, fumava desalmadamente.Mote para lembrança de um episódio passado lá em casa.
Tínhamos à época apenas uma casa de banho, grande e completa, com mesinha e cinzeiro, nele beatas, até a criada o limpar todas as manhãs.
A minha única irmã, mais nova, "meio rapaz" como dizíamos, só gostava de pistolas, carros e cabelo cortado. Ainda solteira. Não foi falta de pretendentes, isso teve mais do que eu!
Ela, muito à frente, gozava reacendendo as beatas com o isqueiro, e fumava-as ali mesmo na casa de banho.
Um dia, o nosso pai, visivelmente acordou mal disposto, foi mais do que uma vez à casa de banho,nesse entretanto reparou que as beatas não estavam no cinzeiro,o corropio de entrada e saída de manhã era grande, perguntou à criada se já o tinha limpo, ao que esta delicadamente respondeu "não Sr Fernando, ainda não tive oportunidade, as meninas sabe como se demoram"...
Começou o inferno!
Fugimos às perguntas,de bicicleta fomos para o colégio, ele para o Tribunal.
Ao fim do dia questionou-nos novamente quem era a fumadora, como as duas dissemos que não, quis no momento tirar a prova dos nove.
Inverno, a lareira estava acesa, meteu-nos encostadas à parede, o lume crepitava, nele pôs o espeto em ferro a queimar em brasa.
  • Nas nossas bocas pôs um cigarro. Queria testar a fumadora,claro.
Bem, eu nervosa só me lembro que o fumo me saia pelo nariz, ouvidos e boca, engasguei-me de tal maneira com o sabor amargo que logo ali viu que não era eu...
Quanto à minha irmã,atrevida gozava o momento, dizia, "Paizinho, quer que inale o fumo para dentro ou faça bolinhas?"
  • Visivelmente furioso. Tinha-se enganado, achava ele que eu por ser mais velha seria a prevaricadora, apressou-se a desculpar a minha irmã, por ser a sua menina rapaz, caçoila, meio kilo, contrapeso, meio tostão -, as alcunhas da sua menina dos seus olhos, e ali lhe perdoou naquele momento!
Lamentavelmente para nos amedrontar o espeto de ferro continuava ao lume incandescente.Mote para se dizer a verdade.Sabe-se lá o que faria se fosse eu a fumadora,ainda bem, caso fosse perder o bom senso, o que acontecia num virote, nem é bom pensar o que faria.Atenta a minha mãe quando se apercebeu, em pânico, enfiou-lhe uma panela na cabeça, antes que ele fosse acometido com um ataque tresloucado.
Fumar. Eu?
Lembro-me dos charutos de Cuba, em caixinhas de madeira com letras vermelhas. Ofertas de alguns amigos vindos do Brasil,os compravam nas Caraíbas, revestidos com papel celofane e fitinha vermelha para abrir.
Quem os fumava eu e a minha irmã. Verdade seja dita, mal os conseguíamos pôr na nossa pequena boca...
Gostávamos do cheiro, suave e forte,abri-los para apreciar as folhas hermeticamente prensadas, um trabalho manual de requinte.
Uma delícia vivida na sala de visitas, sentadas nos cadeirões de molas duras e costas de madeira com corações, perna trocada,ouvir rádio, "os Parodiantes de Lisboa"!
Dia de boas recordações em Fátima. Pior dormir no autocarro.Emoções de ver a imagem de Nossa Senhora e dos Pastorinhos.
  • Também já fui peregrina a pé, pena que num pequeno trajecto de 45 km, o tive de fazer por duas vezes, as pernas não aguentaram e os braços também não, saímos de Ansião de chapéu aberto até à Freixianda, todos ensopados, os carros davam-nos banho e de que maneira.Farnel mal aviado, não havia tasca para se comer. Passámos mal, a minha mãe ao beber água num fontanário parou-lhe a digestão, vimos o "caldo mal entornado".
Voltámos ao mesmo local para recomeçar a última etapa. Mais interessante, mais gente, muitas flores que apanhei e as deixei aos pés de Nossa Senhora.
Experiência enriquecedora, em Maio e Outubro de 2002.
Sempre tive esse sonho de a realizar!

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