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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Casais nas serras Alqueidão e Ameixieira em Ansião, tradições e suas gentes


Lugares com casario implantado pelos flancos montesinos por entre pedras, calhaus em laje alva, salpicado de veredas verdes, ao longo do contraforte das serras do Alqueidão e da Ameixieira -, serpenteados nas abas e costados, por ali e além semeados: Sousas, Braz, Viegas, e vereda das Manguinhas. Paraíso construído pela mão do homem com a ajuda das suas mulheres, resguardado de ventos, ares amenos de cheiros a vegetação mediterrânica, onde a alvorada e o entardecer se transforma em cenário idílico para sonhar e viver!
Outro Lugar, assim igual de clima -, só nos Escampados! 
Por aqui viveu muita boa gente, e ainda vive, de cariz religioso -, um dos mais devotos do concelho de Ansião. Do chão calcário ajeitaram montes e montinhos em pirâmide de cascalho a que chamavam “maroços” na vez de dizerem morouços (monte de pedras) para conseguir tirar parco sustento de sequeiro à porta de casa. De regadio tinham as courelas das hortas férteis na margem do Nabão e no Salgueiro ainda a sobressair na paisagem com belos balanços de pé, e noras com alcatruzes. 
Ainda persiste algum casario com balcão, traça antiga em pedra, muito comum no Maciço de Sicó: frontaria com escada, telheiro, varandim e por baixo currais com cobertura a telha mourisca. O progresso está a mudar a paisagem -, que não fere o olhar, de veredas verdes, e muita pedra -, hoje o contraforte dos Casais avista-se no baixio a espraiar-se pelo Salgueiro visto da melhor vista no Escampado da Costa com muita casa grande de cariz minimalista. 
No meu tempo os caminhos eram muito maus, pedregosos, esburacados, íngremes, sempre a subir ladeados por muros de pedra seca -, coitado do “Zé “carteiro” quantos anos a caminho do Correio, beatas a caminho da missa da manhã, cachopos da escola, rapazes e raparigas do turno da CUF, homens de enxada às costas para andar ao dia fora, pedreiros como o Ti Henrique, e …outros vinham de boleia na carroça puxada pelo burro.
Havia o alambique do barbeiro Fernando Calado onde se fez muita aguardente de medronho; ameixa; maçã; figo e claro de uva. 
Lembrar  do Casal S. Brás algumas das suas gentes... 
O Ti ” Zé Pirão”, a mulher Marquitas, e os filhos. Gente muito boa, obsequiadora, sincera, e amiga de ajudar: Fernando (o meu compadre, Carlos foi meu colega de profissão já degustei uma sardinhada em sua casa, Arlindo meu colega no Externato, Alfredo, e o Henrique.

O Ti “João do Sol Posto” e o seu rancho de filhos onde destaco a Genoveva (nome dado pelo pai em alusão ao folhetim no jornal Amigo do Povo em que a protagonista tinha o mesmo nome -, foi minha colega de escola; Amélia, João, Fátima, Adelaide, Manuela, Zé Emídio, Alfredo e Arlinda.

O “ Ti Dias Lavado “ (um dia o Carlos do “Ti Zé Pirão” foi a casa dele dar-lhe um recado e chama – o por “ Ti Lavado” (alcunha que trouxe do Escampado de S. Miguel de onde era natural) …vem a mulher deste, diz-lhe “ não é lavado nem sujo, é Dias “ -, pais do meu bom amigo Dr. Manuel Dias e irmãos Judite, Maria Anália, António Alberto, Maria Otília, Ana Maria, Maria da Luz e João Paulo.

O Ti Zé Carteiro e os filhos: Rosa, Manuel, Carlos, Alberto e Vítor.

O Ti Godinho e os filhos de olhos azuis bem bonitos: Júlio, Toino e Zé Carlos.

O Ti Tomé e as belas e sedutoras filhas: Leonor, Fátima, Alice e Isabel. 

O Ti Calado e dos filhos: Humberto, Fátima e Irene. 

O Ti Murtinho os filhos: Aurora e Zé Manel. 

O Ti António Bicho e os filhos: Luísa minha colega de escola, Armindo, Isaurinda, Olívia e Lucinda. 

O Ti “Zé Mau” e os filhos: Valentina muito bonita, Idalina, Isabel, e Mário. 

O Ti ” Rato” e os filhos: Almira, Saul, Carlos, Albertino, Manuel, Júlio e Henrique que Deus chamou a si tão cedo. 

Os “Pessegueiros do Casal das Sousas e os 4 filhos: Aires,Henrique, Deolinda e,... 

O Ti Henrique pedreiro, mulher Maria Isaura e os filhos:Alfredo e Capitolina.

Mais gente humilde e séria destes Lugares que conheci estabelecidos na vila: a papelaria da D. Arminda, a taberna do Ti Alfredito a mercearia do Ti Daniel.
Colegas de escola Alice, Lucília , Fátima Tomé , Luísa, Genoveva, como chumbei dois anos na foto da 4ª classe só está a Fátima Tomé, a Lucília e a Alice
Colegas do Externato
Lucília alta de mãos frias,  na foto à esquerda ao meu lado
Também foram colegas  o Arlindo , Adriano e o Silvestre

Outros ; Luís Miguel, Armindo, Graça e Fátima; Luís, Isaurinda, Armindo, Laurinda, Luz e João Alfredo; Arménio, Filomena, Luís Miguel, Armindo, Graça e Fátima e, …

Casal das Sousas: Hélder, Filomena e Célia; Mário Cassiano; Isaura, Helena, Afonso e Antero Costa de lânguidos olhares azuis. 

Casal Viegas… Fernando Ladeira. Adelino e, … 

Alqueidão: Sérgio, Rogério, Amândio e Celso Nunes e, … 

Desculpem de quem me esqueci! 

A Capela do S. Bráz continua todos os anos a ser engalanada com um grande arco enfeitado a papel de seda colorido como manda a tradição. 
Amigos de fazer arraial no adro da Capela do S Brás onde se juntam em convívio de encontro e reencontro de gente que daqui partiu na procura de melhor vida, onde não falta o bailarico, comes e bebes e fartura de conversa. 
Em miúda fui a convite de colegas da escola à festa do S. Bras. Passei às Almitas no entroncamento do Casal das Sousas com o Casal S. Bras, falei com a mãe do Helder e da Filomena para aportar ao cimo da ladeira na casa do Ti Tomé, a convite da Alice , lembro-me da escadaria em pedra onde estavam as outras belas irmãs - nem sei se não serão as mulheres mais bonitas dos Casais .Saímos na direção da casa do Zé Murtinho do outro lado do caminho onde conheci um irmão deficiente, que nunca antes tinha visto, nem sabia que existiam -, perturbação que havia de se instalar na minha cabeça anos e anos ao lembrar o tanto azar deste rapaz e de outros que depois me apercebi no tempo acorrerem com maior frequência...
Caminho acima encontrámos a Lucília, alta de mãos frias, num ápice estávamos no adro da Capela onde havia mais gente que conhecia - Silvestre, Genoveva, Fernando Ladeira, João Bicho e... 
Todos me fizeram sentir em casa! 
Falar da Couve-galega... e o seu tributo no sustento em tempos de antanho por terras de Ansião 
Couves galegas iguais a tantas outras que sempre vi pelos quintais de Ansião -, sendo muito maiores, de semente a mesma. 
O sustento das famílias todo o ano na nossa terra - só posta em segundo plano pelos nabos que devem ser semeados na poeira de agosto, também das couves asa de cântaro e tronchudas devem sentir o mesmo luar. Na boa gastronomia ansianense a couve-galega deve ser servida: 
Sopa de caldo verde 
Aferventado onde se acrescenta o que de melhor calhar no verão: feijão de debulhar ou chícharos verdes -, no inverno feijão-frade, feijão “da velha” ou chícharos demolhados, a que se acrescenta rodelas de batata ou de nabo. 
Esparregado ou migas com broa frita na frigideira. 
Saudades hoje, tal como ontem da falta do cheirinho do aferventado que saia da panela de ferro na beira do lume. 
Recordo sobretudo aos domingos de inverno quando chegava a casa depois da missa,mal entrava ao portão sentia o cheiro do entrecosto a grelhar, junto ao lume o fertungado acabadinho de fazer -, iguaria que teimo em continuar a fazer ainda hoje. Ao tempo de miúda era feito ao lume em tacho de barro com o fundo alagado em azeite a estalar dentes de alho e folhas de louro a que se juntava a sobra do aferventado de véspera chamado "escoado" (couve ou nabos migados com migas de broa ensopadas no caldo) com a colher de pau tudo no tacho envolvido, mexido em meia desfeita, até ficar no ponto a ser servido de paladar a alho e a louro irresistível. 
Couves galegas de porte imponente e folhas grandes -, quantas mais se apanham do talo, mais crescem -, verdes, frescas, viçosas, de talhe fácil com a mão no quintal da minha mãe ou agora da minha Dina e do Samuel em plena Lisboa -, sendo a semente do Casal, plantada pelo meu compadre um homem casaleiro -, o Fernando Moreira. 
Nos dias d'hoje no arraial da festa do S. Braz servem-se aos forasteiros couves-galegas migadas com chícharos como se comiam no tempo de antanho em muita casa no concelho.
Gosto desta tradição, de a manterem -, mudou o conduto que passou a ser porco assado no espeto como no tempo medieval -, em cachopa ouvia dizer que na bacia de faiança com o aferventado regado de azeite se punha em cima uma postita de bacalhau, uma sardinha para três, dentes d'alho ou azeitonas, o que houvesse de governo em casa. 
...e boca calada que a fome era negra, em muita casa só se comia couves com feijões e feijões com couves. Os cachopos gritavam com as mães 
Inh'ma mãe onde está a carne ou o peixe ? 
Respondia ela, no fundo da bacia... 
Pois estava...mas pintado! 
Fosse um galo , peixe ou pássaros...o que revela um poder criativo dos pintores de faiança num tempo de extrema pobreza! 
Quem se lembra desta loiça? Adoro! Estas peças são minhas. 

Interessante como se volta sempre a preceitos tão antigos! 
Vivam as gentes dos Casais -, no nosso tempo de cachopos os chamava-mos de Casaleiros-Bons amigos, gente de bom íntimo e coração!

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