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domingo, 9 de outubro de 2016

Museu de Música mecânica em Arraiados no Pinhal Novo

No Montijo encontrámos na feira de velharias um grande amigo, o Manuel Vital que nos dirigiu convite de graça na retórica "vocês vão gostar" e ainda com a dica  da oferta de um panfleto com direito a uma entrada para uma uma pessoa, que gentilmente foi buscar ao carro para  se visitar o MMM - Museu de Música mecânica, recentemente inaugurado no Pinhal Novo na estrada a caminho do Poceirão, e ainda do restaurante para almoçar bom peixe assado, pelo que saímos apressados na direção indicada, fácil foi nos perdemos por deficiente sinalética no centro de Pinhal Novo na bifurcação perigosa na frente do jardim onde já deveria há muito existir uma rotunda, só depois da curva na saída é que aparece o único sinal alusivo ao Museu, passamos a linha do comboio e já a caminho de Palmela distinguimos a custo sinalética para a Palhota e Poceirão- verdade seja dita, não existem mais placas sinaléticas alusivas ao Museu no Pinhal Novo, na Palhota tivemos a sorte de perguntar a uma mulher que nos facultou a orientação certeira, sem a qual seria dificil em o enxergar  pela imensidão da charneca plana a perder de vista onde o caos marca intensamente  em desagravo a paisagem pelos fios da EDP e telecomunicações desnorteados sem estética, salpicos de vinhedos e casario tradicional , ainda o emergente de ostentação de novas quintinhas, deslaçada por caminhos de areia, os aceiros e estradas secundárias de parco alcatrão e sem bermas, em Arraiados, finalmente localizei o Museu com a ajuda fulcral de outra mulher apeada da sua bicicleta num entroncamento sem qualquer sinalética. 
Vinhedos em terrenos arenosos já vindimados

O sol já passava do meio dia pelo que decidimos ir almoçar , fácil foi encontrar o restaurante pelo número de carros estacionados nas bermas da estrada . Optamos pela esplanada debaixo do telheiro onde degustámos uma boa  sardinha assada, a melhor que saboreei este ano, fresquíssima, a dose com 7 unidades,  salada  sem pimentos nem pepino como adoro, ainda assim bem regada com bom vinho e merendeira de bom pão saloio que gostei de molhar no azeite groumet saboroso,- Oliveira da Serra. Assisti ao desfile de empregadas com travessas nas mãos com corvina escalada para 5 pessoas, deveria ser uma maravilha pelo aspeto suculento, e de pargo ou cantaril para duas pessoas, peixe espada, sargo e,... tabelámos conversa com 3  homens com quem partilhámos a mesma mesa corrida; o serralheiro e o ajudante que fizeram as grades para a frente mural do Museu, o outro um ciclista solitário de Setúbal, vindo da sua volta matinal aqui se apeou para almoçar, simpático e dorido com a vida, depois do acidente que partiu as pernas e os pés e da estada de 3 meses no Hospital do Outão, em que os médicos não lhe ditavam melhoras para voltar a andar, o mandaram ciclar 15 minutos, mas a sua teimosia ditou pedalar mais, por sentir substanciais melhoras, mentindo aos médicos e volvidos 10 anos, sente-se bem, melhor que a andar que só aguenta uns 10 minutos por o peso do corpo assentar nas pernas e nos pés cheios de ferros e parafusos, enquanto que na bicicleta vai sentado.Homem de cariz humano, viúvo, acolheu em dificuldades uma irmã casada em sua casa.O que me chamou a atenção foi ter bebido meio litro de vinho branco fresco com a refeição para depois de degustada ter pedido mais meio litro, atrevida perguntei-, então bebe o vinho sem comer mais nada? A que me respondeu que sim...pois o deve saciar  em gole bebido fluído em quantidade, e foi em dois ou três goles, o tempo que fui lavar mãos e entrar no carro, quando olhei já não estava sentado à mesa...será que os ciclistas não assopram no balão?

De volta ao Museu, os primeiros a entrar, afinal o panfleto não era aquele...era outro de igual tamanho mas em rodapé diz Oferta de uma Entrada, pelo que tivemos de pagar dois bilhetes-, 10€. Iniciámos a visita pela antecâmara  ao género de preâmbulo com uma exposição de fotos da pequena casa onde a coleção começou por nascer no seu espaço museológico para mostrar a amigos, que a Câmara de Palmela  ao se aperceber do valor das peças  incentivou o colecionador a fazer um Museu a sério, por distar pouco mais de meia hora da capital  a quem aqui chega vindo pela Vasco da Gama, em detrimento de Lisboa, onde o metro quadrado é muito caro, sendo que é dono desta propriedade tendo outro hobby-, os cavalos, detendo também um Centro Hipíco, fatores bastantes que justificaram a  demolição do pequeno espaço museológico, para fazer nascer uma obra de raiz  nas variantes da sua evolução arquitetonica, acompanhada de pequena brochura dos vários problemas; impedimentos e dificuldades com a burocracia, nomeadamente com o PDM e os dois anos com as medidas preventivas para o aeroporto de Rio Frio, no total foram 11 anos desde que pensou na obra para em boa hora se desbloquearam, ao que parece o PDM foi mesmo alterado pela câmara de Palmela, para o projeto ser aprovado. Edifício ultra moderno, ergue-se na paisagem em altura, de arquitetura quadrada, escuro de fachadas, rasgado apenas pela porta, com jardins interiores e claraboías para o abençoar de luz natural, deslinda-se na charneca onde está inserido como sendo um pavilhão estranho (?) mas que ao se entrar e entranhar se gosta e aprecia a arquitetura.
O Museu com parque de estacionamento encontra-se inserido na Quinta do Rei, propriedade do colecionador pintada na cor tradicional do Ribatejo; branco e azul, com remates em espiral aberta ou caracol, o portão abre-se para alameda ladeada por laranjal e horta protegida, e ao fundo casario disperso e um alpendre alto carateristico onde distingui na parede duas peças em cerâmica encrastadas, ao lado um campo de jogos. Faz a delícia dos amantes de quintas. A caseira, mulher simpática e desembaraçada, além de cuidar da horta e da casa, pelo que assisti coze pão duas vezes por semana, à quarta e ao sábado, porque nas duas vezes que me cheguei ao portão chegava gente para o vir comprar. Cozedura à conta dos fregueses habituais, quando perguntei se ainda havia, a pensar que também comprava um, debalde me fiquei a pensar no seu gostinho na boca... agora, ganhou uma nova tarefa da parte da tarde defende o bar da cafetaria do Museu, onde distingui dois belos bolos.
O GPS do carro do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa deve estar sempre atualizado, para não se ter perdido no marasmo de planície desabrigada do vento norte e quente de abrasar no pico do verão onde ao longe apenas se avista o promontório do morro de Palmela e do outro lado se adivinha espraiado o Sado -, o convidado ilustre para desterrar a lápide no dia 4 de outubro, o da sua inauguração para daqui ter seguido para outra , a inauguração do Maat em Belém. Lamentável os jornalistas que o acompanharam na vez de dar ênfase na entrevista para o telejornal o absorveram com problemas do País que nada tem haver com o evento, o jornalismo caminha para o desgaste, na vez do enfoque da notícia certa!
O colecionador que já editou dois livros temáticos-, um com prefácio do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e outro do Maestro Vitorino de Almeida, ambos estiveram presentes como outras individualidades e amigos, uma casa cheia. A entrada é paga, abre às 14.30.
A coleção inspira-se numa suposta lembrança de infância vivida na casa dos pais em Miranda do Douro onde havia uma caixa de música, que na sua traquinice de criança com 7 anos a abriu para ver o que tinha dentro e assim a estragou, anos mais tarde ao encontrar uma igual lhe ditou quem sabe(?) o mote de outras colecionar (?), dando voz a esse chamamento de infância, também dos seus pais e de Trás os Montes(?). 
Luís Cangueiro, mexe nas máquinas com a mestria de um relojoeiro, desvenda e desencanta emoções ao visitante, mostra pássaros cantores-, quem fechar os olhos ouve claramente um pássaro a cantar, se os abrimos vemos o movimento de uma pequena ave que se move em mecanismo mecânico.
Reúne peças adquiridas durante 30 anos, do final do século XIX até à década de 1930. Cerca de 600 peças, incluindo caixas de música, gramofones e grafonolas, pianolas e,... espólio de alto valor credetício e monetário, em muitíssimo bom estado, todos a funcionar, tivemos o privilégio de ver algumas peças a tocar...o Museu desenvolve-se pela ordem de aparecimento destes instrumentos mecânicos em que o visitante vai accionando botões azuis para ouvir as suas diferentes músicas. Um dos últimos que acionei dei comigo a dançar,- amei...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
Deliciei-me com um autómato que o colecionador exibiu para nós-, a menina abre a cancela para o rato sair...
 
 
Instrumento musical de rua
 
 
 
 
 
 
 
 Venda de livros temáticos e outros souvenirs alusivos
Ao fundo o Bar

Escadaria de acesso ao 1º andar em betão numa cor não tradicional em detrimento de outra em manganês, muito interessante nestes novos espaços, e ainda a luz  natural através de clarabóias

Um pequeno auditório devidamente apetrechado e uma sala para aluguer
  Sala Edison onde decorre uma exposição fotográfica a preto e branco
 Vista para jardim exterior
Bela foto com o peito descaído na boca da criança ...
Cancelas de madeira sempre me fascinaram...

A minha impressão do acerbo deste Museu foi extraordinária pelo gosto e requinte em adquirir soberba coleção. Sendo que em tanto instrumento não vi, mas podem existir na coleção, aqueles que em miúda via a tocar nos bailaricos, o harmónio com botões grandes a lembrar uma sanfona ou concertina  que também se tocavam pelo Entrudo, e nas feiras, o harmónio de fole que era enfiado nas mãos uma de cada lado, como aliás está pintado num azulejo numa vitrina, sendo estrangeiro, por cá eram mais rudimentares, a fazer música mecânica.
O meu instinto ditou sobre o perfil do colecionador homem natural do planalto mirandês de estatura mediana, olhar calmo, descansado e lânguido, que me inspira a fantasia em aventar a suposta descendência da comunidade judaica que habitou o nordeste transmontano, ainda tão visível hoje, a que acrescento o apelido "Cangueiro" homem que faz com madeira cangas para serem usadas pela junta de bois (?) profissão usada como outras regionais para apelidos, em prol dos seus, para não serem descobertos pela inquisição, quando se tornavam cristãos novos, a que acrescento o dote inteligente, apreciador nato pela música e pela veia empresarial, onde se afirmou ganhador para poder adquirir as peças no mercado internacional da especialidade, e o gosto pelos cavalos, é sublime, seja pelo animal o mesmo gosto tamanho me apaixona!
Conversador e minucioso a mexer nas suas peças, define-se pelo gosto de partilhar, mora em Almada há muitos anos, praticamente vizinhos...
Pois Almada jamais o descobriu (?), e disso tenho francamente a pena, o Museu aqui teria ficado igualmente bem, porque é um concelho onde a música foi desde sempre inspiração do povo trabalhador que aqui arribou sobretudo do Algarve e Alentejo e aqui se deixou ficar pela barreira grandiosa do Tejo, seja por isso o refúgio na música de orquestras de bandas filarmónicas!

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