quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Tempos difíceis

Terrível corona vírus! Quantos já sofreram e não resistiram? Outros saturados com familiares no desemprego, prejuízos no comércio, restauração e a falta de turismo? A TAP com aviões em terra e, na cultura quantos sem trabalho? Vive-se a contingência de medidas drásticas de pouca liberdade, por cá e pelo mundo a obrigação de máscara à laia de açaime. Bem pior fazer dos afetos reféns com as perdas de beijos e abraços!

Há quem se lembre de ouvir falar de epidemias; a pneumónica em 1918, a gripe espanhola na década de 50, mas agora é diferente. Resta a esperança da sua erradicação com as vacinas. Já repor o que foi a normalidade, aguarda sem palpite!

E o Natal? Atípico. Diferente do habitual.   Para mim foi e será sempre Ansião.Mesmo que este ano não possa por outros imprevistos familiares, ali estarei sempre imbuída em espírito. Graças ao aconchego familiar, lareira e o fumegar do comer à moda da terra  que saboreei na Lagoa da Ameixieira,  na casa da D Helena Duarte Silva, falecida este mês, dia 5. Grande consternação e quanta saudade. A D Helena teve uma vida cheia de vitalidade e de extraordinária franca energia, bem disposta, alegre, simpática , amiga do seu amigo, com gosto de dar e receber fosse à família ou a amigos. Do seu alto e belo semblante, ao apelo dos genes da família - Duarte, ficou-me o seu belo e doce olhar esverdeado, contadora de estórias, a quem devo ajuda em mais enxergar sobre o passado de Ansião, do apelido Reis, da Ameixieira. Recordo os últimos Natais na visita à sua casa, sempre com a lareira a crepitar, onde jamais faltava a boa sopa de pedra, tão bem a sabia fazer como mais ninguém, ou de caldo verde. A mesma mão nos assados, cachola e nos doces, tanta variedade, sem faltar o pão cozido na sua fornalha caseira. Ainda quente o fazia chegar a minha casa. E o famoso Pão de Ló, com dosagem à antiga - 8 ovos, 8 colheres cheias de farinha e o dobro rasas de açúcar. Senhora admirável, o conhecimento veio através do meu genro Samuel, por ser a sua avó materna. Sempre me distinguiu no trato afável de rasgado carinho e amizade, com boas recordações, fica a muita saudade que deixa no meu coração. Um exemplo de Matriarca - a mãe que todos gostavam de ter- o quanto adorava ver a família reunida. Confessou-me não ter medo da morte, o que lhe custava era deixar de ver crescer netos e de nascerem bisnetos, sempre a pensar na forma de também os vir a proteger na sua áurea de coragem e valentia. Recordo a última vez que a vi em novembro, o Vicente fez-lhe um desenho que lhe ofereceu e a deixou emocionada...A D Helena já pagou a sua fatura nesta vida, resta a cada um de nós exaltar - Paz à sua alma, e acreditar que se encontra nesta hora ao lado de Deus, de quem era ferverosa devota em companhia de todos os irmãos e pais, na esperança um dia todos nos voltaremos a juntar. A chuva de hoje seja sinonimo de lágrimas pela alta perda na esperança do sol abrir para o adeus , que bem o merece, por tudo o que fez em vida, uma lição a muitas mulheres. E sobretudo de honrar as tradições gastronómicas de Ansião. Até sempre querida amiga D Helena, para mim foi tanto ou mais que uma das minhas avós, seja por isso jamais esquecida, antes jubilada pelo seu elevado legado e fibra de gente de boa estirpe, a elevar o meu horizonte!

O comer à moda da terra, é uma sopa grossa com carnes de porco e enchidos - tradição gastronómica introduzida pelos nossos avoengos nas safras sazonais; vindimas e apanha de azeitona no Ribatejo. Guardo a arca que foi da minha sogra que levou ao Ribatejo, é dividida, na parte maior ia a roupa, e na outra o "feijão da velha" , carnes da salgadeira, fumeiro, batatas, massa meada, a bacia de faiança e a colher. Repasto ancestral de substância - sopa forte, enérgica, ao jus tranca da barriga com as novidades do que havia na horta; nabo, abóbora, hoje cenoura, couve-galega e lombardo.

Por volta de 1957 uma taberna em Almeirim serve-a como sopa de carnes. Quiçá foi aposta mais tardia o refogado e coentros com o rótulo Sopa da Pedra fazendo alusão à lenda de um monge... Afoitos, os Ribatejanos,  a vieram a certificar este ano. Porém, a raiz genuína da sopa de carnes, ou comer à moda da terra, é ancestral de Ansião e concelhos limítrofes; o “feijão da velha” cresce com o milho e na ciranda é peneirado com pedrinhas desagregadas do eirado, ao serem mal enxergadas vão aparecer na sopa, ainda acontece em produção de cariz familiar, se não estou atenta de vez em quando ainda as encontro.

A alma das tradições do nosso povo é dever e orgulho valorizar porque trata-se de Património Imaterial. Alegadamente foi deixado usurpar por falta de aposta na cultura, quando é imperioso a deixar aos vindouros. Saramago, aborda a tensão dos trabalhadores locais com os beirões Sujeitam-se a ganhar menos, vêm aqui fazer-nos mal, voltem para a vossa terra, ratinhos. Dizem os do norte - Na nossa terra não há trabalho, não nos chamem ratinhos, que é ofensa. Diziam os do sul, São ratinhos, são ratos, vêm aqui para roer o nosso pão…” O Nobel Saramago, desprestigiou sem dó nem piedade o valor meritório dos beirões, obstinados desde sempre a qualquer trabalho, aventureiros, sem medo de dar o corpo ao manifesto perante o desdém dos demais, por cá e pelo mundo. Sensato seria duvidar e mais ter investigado!

O meu Natal em Ansião? Firme nas tradições das minhas avós – Maria da Luz Ferreira da Mouta Redonda, Pousaflores e de Piedade da Cruz da vila de Ansião. Bôla de carnes. Bacalhau; couves asa de cântaro, azeite novo, azeitonas de travo a erva de Santa Maria, broa de mistura, queijo Rabaçal, fêveras, morcelas e leitão. Doces; Veloz de abóbora, Filhós de laranja e aguardente que tendia no joelho, Sonhos, Formigos com as sobras do Bolo de Noiva, passas, nozes e mel, Pão-de-Ló húmido, Torta de laranja e da minha lavra o  que me aprouver inventar!

A melhor prenda este ano no sapatinho? Livre-nos Deus do vírus com saúde para todos. A derradeira esperança que melhores dias virão para todos nós.

A fechar mais um ano, formulo votos de excelente Festa Natalícia a toda a Direção do Jornal Serras de Ansião, extensiva a todos os seus estimados colaboradores e leitores, na ânsia maior que o Ano Novo, venha a ser bem melhor para Todos!

 

domingo, 6 de setembro de 2020

Espantalhos na sala de visitas sul de Ansião

2020 em tempo de pandemia, ainda assim saiu à rua e que bonito, os meus netos Vicente e Laura adoraram e divertiram-se.

                            
Encanado o Ribeiro da Vide, apenas este canal aberto, serviu no passado para retenção de águas para a atividade moenga

Ribeiro da Vide, mal amado seco ou molhado...

Fotos de varias estações do ano da Sala de Visitas a Sul de Ansião
                  
Poço público do Ribeiro da Vide
                                       
Placa a merecer substituição...
                 
O que aconteceu à pedra da toponímia da Rua Cidade de Santos? 
Ainda aqui está, mas depois desapareceu...e ainda não foi reposta.
Como se verifica a quem estiver na fonte ao Ribeiro da Vide não enxerga a capela de Santo António pelo alto arvoredo em toda a sua envolvente. Com os plátanos a necessitar de regenerar com forte atarraque e corte dos choupos a poente.
Ainda ontem dei conta de alguém a encher garrafões pese o letreiro de água imprópria. Óbvio que tendo pouca saída de água, nem limpeza, pode ser prejudicial e claro a autarquia com o letreiro está a salvo.
O espaço por ser delgado pode ainda albergar um estacionamento sob o comprido e relvado como o defronte.
A casa da minha mãe quase tapada...
Sugere-se a faixa lateral com a estrada arrasada de duas árvores que são prejudiciais à nascente da fonte como os arbustos, que podem depois de podados ser transplantados para outros locais. O chão tem terra a mais, depois de retirada será fácil ser encontrado o poço da nascente da fonte que deve ser limpo e com nova canalização para pelo menos esta e outras fontes voltarem a dar de beber como o foi no passado.
A imensa cúpula da árvore que nunca viu poda e devia!
A norte  da fonte há perigo que jamais foi reparado e já devia
O certo onde está o meu neto Vicente é fazerem um canteiro com os lancis em pedra  em sobra da regeneração urbana.
A  fonte do Ribeiro da Vide 
Suplica intervenção, deve ser subida, limpa e na envolvente com canteiros e flores


O muro do adro a necessitar intervenção de arte urbana
Passagem pedonal invadida pela árvore que cresceu torta além de folhagem enorme
Necessidade de parceria com a Fabrica da Igreja. Solicitei autorização ao Sr Padre João Fernando,  para podar as três árvores no enfiamento da casa da minha mãe, a fim de libertar visibilidade no horizonte,que se mostra fechada,  e da intenção em se intervencionar artisticamente com arte urbana no muro de suporte do adro a nascente com temáticas alusivas ao passado - ao Santo António o patrono dos viandantes da estrada real pelo Bairro e aos namorados.
As águas
Foz do Ribeiro do Cimo da Rua no Ribeiro da Vide 
Piso cimentado,mas, as terras acumulam-se e nascem espécies de agriões
Canal estreito do Ribeiro da Vide com uma macieira ali a  nascer...
Foz do Ribeiro do Cimo da Rua, encanado
Chegada das águas do Ribeiro da Vide ao lugar que lhe tomou o nome
Falta limpeza do canal, que sendo estreito...
                   
                                        
Enxurrada
Lençol de água com sarjetas entupidas...
                   
                    
Depois de eu a desentupir...
Limite do caudal a centímetros da estrada...
O rasto da enxurrada arrastou os agriões e terras....
Depois da enxurrada de junho de 2021, passado o fim de semana, na 2ª feira seguinte depois de um reparo no facebook a câmara limpou o canal, debalde esqueceu -se a partir da ponte pedonal em frente do lar e para nascente...
                     
Esqueceram-se de limar o canal todo...
Sarjeta de comunicação com o canal do rio mais alta e por isso o mar de +agua à sua volta....
Capela de Santo António
Culto vetado hoje a novena, rezas, velas e  flores na soleira da porta...
Também o adro com arvoredo sem poda... que devia ser apenas de oliveiras
Adro da Capela de Santo António
Completamente fechada a vista pelo alto arvoredo
O que precisa o adro?
Ter iluminação e desafogado da alta vegetação para norte e para nascente, para maior segurança dos vizinhos e de meliantes que no verão deambulam neste cenário ao relento em praticas desabonatórias. Exige-se a reposição da sua vista de 180º.
2021 a minha irmã cortou a erva maior do adro...


Assalto em 2020, ainda está assim mais de um ano depois...
Toponímia incorrecta. é uma rua e não uma travessa e o nome é inadequado não respeita as tradições de uma estrada que foi importante quando a Casa da Câmara esteve instalada no Bairro
Sugere-se poda nos ramos dos plátanos  menos de um metro, mais baixos produzem menos lixo
Ao cimo do escadório cedros que tem de ser cortados e a sua madeira por ser nobre a usar em mobiliário estilo D. Maria, em carpintaria no Camporês para embelezar o futuro Museu Municipal de Ansião. Pelo corte da relva anual do adro pese o esquecimento da poda das árvores...
           

 No passado deixaram subterrados 4 degraus do último lanço do  escadório...Sem necessidade!

Silvas a nascer entre as raízes do plátano...
O pinheiro deve ser cortado, além de torto aqui não faz sentido. E sim foi cortado depois da publicação da cronica.
Choupos infestantes devem ser arrasados                                                             
Lixo...Faltam caixotes  e dispensadores para os excrementos caninos
Sugere-se agilização de funções para manter o espaço aprazível com um recado - "quem passeia os seus cães deve apanhar os degetos dos mesmos", no caso não vi ninguém com o saco na trela ou ao pulso....tão pouco de dispensadores camarários com sacos para o público. Estou farta de olhar para o chão para não atolar os sapatos... E no adro igual.Teve de se incutir  cidadania a respeitar o meio ambiente e os outros.
No relvado joga-se a bola, o meu marido com o meu neto Vicente
O caixote do lixo devia ser subterrâneo
Como regenerar a Sala de Visitas do Ribeiro da Vide?
O pelouro urbanístico dos espaços verdes, lavadouros, fontes e rotundas deviam estar continuadamente  asseados, com equipas personalizadas e bagagem cultural dos locais e suas memórias. A manutenção é parca nesta Sala de Visitas a sul de Ansião, muito pela moldura  dos plátanos, não basta a poda anual, urje a necessidade de atarraque, há ramos com  3 metros, o certo é manter copas pequenas e airosas, ao produzir menos lixo.A necessidade de parceria com a Fábrica da Igreja e a Câmara, para se melhorar o adro  e revitalizar o escadatório,  interligado ao  jardim,  em bem os  iluminar e apetrechar  com canteiros de  flores, proceder à elevação da fonte com bica de água potável para saciar a sede,  renovando a canalização e a limpeza da  nascente , retirando  terra que cobre o poço fechado com lajedo, e apelo criativo  em arte urbana  ao pintar Mural na parede do adro a nascente e pela frente parque verde seguido de estacionamento ao longo da estrada . Substituir o pedestal do nome do Jardim por outro em pedra, com colocação de dispensadores de sacos para dejetos de cães, guiados por trela!
Mais,o costado a poente do adro precisa de intervenção regeneradora, com degraus sobrepostos para subida alternativa ao adro, no sopé reinstalar o Parque  geriátrico, e o atual espaço se exalte  gabarito autárquico a bem mudar, para melhor, com a devolução do chão à Santa Casa da Misericórdia, para nele fazer nascer um Centro de Dia, moderno, funcional,  envidraçado, engalanado pelos plátanos em redor de bom atarraque sugerindo o telhado com painéis solares para aquecimento de ambiente e águas, pela substancial  ligação pedonal ao ribeiro pela ponte.Isso sim, seria revitalizar espaços com  interajuda camarária, o apoio a premiar a comunidade, estando atenta a críticas construtivas para atuar sem medo. Assim, há que pesquisar no arquivo municipal a documentação que há poucos anos esteve em debate em cima da mesa, a legitimidade de quem era o seu dono promulgada pelo então Provedor em exercício da Misericórdia que o reclamava , tendo sido agilizado a contento, por  a Câmara, também o reclamar por ter sido palco da Feira do Gado, mais de 40 anos, e assim  nasceu a instalação do parque geriátrico. De convir o respeito que a todos bem merece a Instituição de apoio assistencial mais antiga em Ansião -  a Santa Casa da Misericórdia,  fundada na centúria dos meados de 600, sendo extinta no séc. XIX, os seus bens na vila foram vendidos, apenas resta a atual Igreja.O início do séc. XX  marca a escolha do morro do baldio do Ribeiro da Vide , ao ser improdutivo ali foi edificado o 2º hospital da Misericórdia, debalde, o seu zelador no tempo deixou perder chão do seu limite a norte. A regeneração dos antigos caminhos que contornam a antiga Cerca, hoje ruas alargadas, sempre em chão da Misericórdia, a que acresce  a poente e a norte parque de estacionamento, a contribuir na perda substancial de metragem a favor do público, agora a se reclamar justa a nova revisão na sua devolução. Fica tudo bem, o jardim é grande e suporta a nova infraestrutura. Haja vontade, empenho e atitude a corrigir erros do passado!
Quando os ouvidos e olhos nos ignoram resta-nos a Palavra no direito à Cidadania!
O repto  do desafio, aqui deixado à nova Provedora, a minha irmã!

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