Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em Novembro de 2024
Vista antiga da Ponte da Cal sobre o costado do Senhor do Bonfim
A Quinta da Boa Vista foi plantada na Costa, a norte dos Escampados, e a Lagoa do Castelo, no beijo das ruínas do paço da Quinta da Boa Vista, de que resta a capela do Senhor do Bonfim. Presumo implantação na centúria de 500, dada a falta de menção nas Memórias Paroquiais de 09.01.1314 (...) Em 9 de janeiro de 1314 aparece uma primeira referência documental, de um aforamento numa doação feita pelo Mosteiro de Santa Cruz de herdamentos que possuía entre outros lugares, no Escampado, e Lousal, no termo de Ansião. A tia Júlia do Escampado de S. Miguel, dizia às suas netas Julia e Stela, que a Lagoa do Castelo, confinava com restos de muros na sua fazenda. Fomenta castelejo de atalaia, cujas pedras foram reutilizadas no paço. Desse passado fausto resta o topónimo na grafia Boavista, na extrema de Façalamim – atual Santana.
Excerto da prospecção arqueológica de 2010 http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/ (...) Com uma altitude máxima de 271m, este outeiro, encontra-se sobranceiro à vila de Ansião o que lhe confere uma dominância sobre a baixa aluvionar de Ansião. Mais acima no Escampado de S Miguel terá albergado um povoado, enquadrável na Idade do Ferro. Na cumeada parece observar-se muralhas implantadas sobre contínuos afloramentos de rocha natural. Apesar dos elementos descritos na bibliografia, em visita ao local, e após intensa prospeção numa área com cerca de 163.680m², não foi possível detetar quaisquer vestígios arqueológicos. A este facto, não será alheia a abundante vegetação arbustiva (Quercus coccifera-carrasco) que se encontra praticamente em toda a área do monte. Contudo, foi possível observar junto à linha de cumeada, na vertente virada para a baixa de Ansião, algumas zonas que no passado foram objeto de extração de pedra. Este facto deixou marcas regulares no substrato rochoso, todavia, sem qualquer interesse do ponto de vista arqueológico, e que poderão estar na origem de algumas interpretações, que foram feitas acerca da localização de alinhamentos pétreos sobre o afloramento rochoso.
Encruzilhada de caminhos na Lagoa do Castelo
A Lagoa encontra-se à esquerda do caminho que avento foi corredor romana, quiça de um habitat?
Nesta Quinta da Boa Vista viveu D. Juan de Ansião e outros de bibliografia inédita; Batizado em 1675, na capela do Senhor do Bonfim de Luísa, filha de Luiz da Silva e Ana Feia da Quinta da Boa Vista; Aos 17.05.1606, faleceu Ana de Mendanha enterrada na capela da sua quinta, onde foi batizado em 26 de fevereiro de 1595 Manuel, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha. Padrinhos Leão de Barros da Quinta da Guarda, em Santiago da Guarda e Maria de Abreu, filha de Joana de Abreu, de Ansião. Clama o registo parentesco com a Quinta de Sarzedas, o ciclo de amizade com Leão de Barros da Quinta da Guarda, e Joana de Abreu, quiçá filha de Rui Mendes de Abreu, avô do D. Juan de Ansião, neto que lhe tomou o seu nome, morto em 1697, no cadafalso em Lisboa. Despertou interesse à Dra. Ana Ferreira de Coimbra, permitindo avançar na sua árvore genealógica, com a inestimável ajuda de Henrique Dias. Foi coligido o seu 8º avô Gaspar Godinho de Nisa e Reys , capitão-mor de Ansião, com morada na Quinta de Sarzedas. Padrinho de muita criança dando o seu nome Gaspar. Foi sepultado na capela particular da família na matriz de Ansião, hoje afeta ao coro. Cortês partilha de registos de avoengos na Quinta da Boa Vista; casamento dos seus 6 avós D. Maria da Tocha Silva e Sequeira, nascida em Ansião, filha de Mariana Josefa da Silva Sequeira e neta de D. Josefa Silva Sequeira Ponce Leão e Mendanha, batizada em Ansião a 15 de novembro de 1763. Casou na capela do Senhor dos Bonfim a 17 de maio de 1779, com Tomás Joaquim Alves, filho de Luís Alves e de sua mulher Tomásia Inês Cordeiro, ambos de Vila Nova de Anços; e, o óbito de José da Silva e Sequeira sepultado na sua Capela do Senhor do Bom Fim, em Ansião, a 27 de fevereiro de 1758 – o seu 9 avô. Outro amigo, o Dr. Américo Oliveira, com avoengos na Quinta de Sarzedas, enviou a foto da pedra tumular brasonada que existiu na capela do Senhor do Bonfim com as armas: I, Silva, II, Sequeira, III, Ponce de Leão e IV, Mendanha, publicada no Livro Mendanhas, de 1942. Cujo paradeiro é desconhecido, apresenta o sítio do sepulcro lajes novas. O livro retrata a genealogia Silva Sequeira nas quintas: Sarzedas, Boa Vista e dos Sequeiras, na Ribeira do Açor.
Registo de óbito de José da Silva e Sequeira
Sepultado na sua Capela do Senhor do Bom Fim
Ansião, 27 de fevereiro de 1758 p. 31
Registo de casamento dos meus 6 avós D. Maria da Tocha Silva e Sequeita
Admito que o paço, há muito fora espoliado.
Há anos mereceu escavação arqueológica pelo Sr. Padre Coutinho com Casimiro Simões ( não conheço) alusivo num comentario há anos, debalde perdi o nome de quem o teceu nas redes sociais que a ele se referiu; um curioso, geração antes da minha e do João, mas com muitos estudos e boas curiosidades.A ideia foi buscá-la também à Carta Militar que tinha. Namorava na altura uma menina que estudava História no Superior, e igualmente muito afoita e tentar procurar e compreender a historia dos lugares. Seguiram vidas separadas, mas na altura era amiga de ambos e acompanhava as conversas com muito interesse (de quem tinha tempo e energia para isso!
A prospeção do Sr. Padre Coutinho (...) os montões de ruínas , que nos séculos seguintes começaram a ser revolvidos na busca de tesouros , motivo pelo qual os materiais surgidos nas escavações ali efectuadas estavam completamnete deslocados e desbaratados sem a menor estratigrafia (...) abundância de materiais certificantes da riqueza e nivel de vida da casa; ferragens e bronzes de mobílias, vidros de toucadores , pedações de cerâmicas grosseiras , de porcelanas chinesas e de faianças ricamente decorada, principalmente, em tons de azul sobre fundo branco; grande variedade de pratos, tigelas, canecas, escudelas e jarras com motivos geométricos , vegetais, brasões, paisagens, animais fabulosos e cenas cinegérticas. Do conjunto habitacional restam alguns muros e paredes estucadas, em especial a da sala dos ladrilhos, condutas de água e o que parece ser um tanque reservatório.Entre as cerâmicas exumadas, as de maior interesse saõ as brazonadas a azul e branco com as seis arruelas dos CASTROS, outras com o leão dos SILVAS, algumas com o escudo sobrepujado por um chapeu pontifical com dois nucleos laterais de cordões a tres ordens de borlas , facto que provavelmente aparece indicar que se trata de antigas armas de bispo - indicia que o propretario além de nobre teria um elesiástico na familia, seria bispo, por isso as louças brasonadas, e outras de aranhões , símbolos chineses do 3º quartel do sec XVII?
Suscita ligação familiar com a Quinta das Lagoas, dado o comum orago
Senhor do Bonfim e Senhora da Boa Morte, cuja capela teve brasão emoldurado por motivos vegetalistas estilizados e o chapéu episcopal ornado com dois núcleos laterais de cordões e três ordens de borlas pendentes. Pistas ao bispo; D. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos, filho do I Conde de Penela; D. Fernando Coutinho, filho de João da Silva, Senhor de Abiul, ou D. Miguel Silva. Desperta ainad atenção o brasão Câmara de Lobos, no fecho do teto da capela da Casa Senhorial de Santiago da Guarda, com as Armas dos Noronha e Meneses, elo ao bispo Dom Manuel de Noronha filho de Simão Gonçalves da Câmara, 3º Capitão da ilha Terceira e de D. Joana de Castelo-Branco, Senhores da Aguda, Figueiró dos Vinhos. A desenlaçar por especialistas.
A Quinta da Boa Vista era pertença da Casa da Misericórdia de Ansião que foi dada como inativa no distrito de Leiria, em 1855
Em 1870, assistiu-se ao golpe dos eu vasto patrimõnio que se depreende em excertos do Livro Ansianenses Ilustres do Dr. Manuel Dias “ o Visconde da Guarda um correligionário ao se favorecer com bens na vila e presentear os amigos, como o Dr. Domingos de Queiroz também veio a adquirir muita terra dentro e fora da vila”. Porque este médico ficou na posse desta quinta que se estendia da vila, ao Senhor do Bonfim, e mais tarde vai vendê-la ao “torna - viagem do Brasil Manuel Rodrigues 29”, onde passa a morar no que foi o 1º hospital de Ansião. Segundo o testemunho do Sr. padre Manuel Ventura Pinho o Sr. Julio Rodrigues, conhecido por “ Júlio 29”, residente na vila de Ansião, gentilmente ofereceu a ruína da capela do Senhor do Bonfim e terreiro do paço, à Corporação de Bombeiros e à igreja de Ansião, logo a seguir à revolução de 25 de Abril de 1974. A igreja possui escritura da doação, e já há muitos anos o Sr. Júlio me explicou o porquê de a dar a duas entidades. É que estávamos então num tempo revolucionário, sendo que ele pensava que dando apenas aos Bombeiros estes poderiam acabar, e a igreja essa não acabaria, por que não tinha acabado em nenhum país comunista. Depois de ter sido doada aos Bombeiros e à igreja de Ansião foi restaurada, segundo os ditames de monsenhor Nunes Pereira, presidente da Comissão do Património Artístico da Diocese de Coimbra, e os Bombeiros depois do restauro fizeram uma festa anual em honra do Senhor do Bonfim.
Ainda outro esclarecimento do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho
Há mais de 30 anos, propus aos Bombeiros a divisão mas eles acharam que dividir era estragar o que sempre esteve unido. Concordei. A capela do Senhor do Bonfim sofreu restauro pela Junta de Freguesia de Ansião, com pedido de licença aos Bombeiros de Ansião, que partilha com a Igreja a propriedade da mesma. A imagem do Senhor do Bonfim foi substituída, pois foi roubado da capela antes de eu chegar à Freguesia. Fizemos diligências com a Associação dos Bombeiros junto da GNR, mas como não havia fotos, nunca nos foi entregue, ainda que eventualmente tenha aparecido, e tivemos de mandar fazer outro em Braga. Algumas pessoas poderão pensar que o Crucificado que lá está é o original, mas não.
Consta nas reservas da matriz - Um Senhor carcomido de pés e mãos “ atrás de uma mesa”, quiçá seja o original trazido após o fogo de 1810, e por isso descrito no arrolo de 1911, na lei da separação da Igreja do Estado.
Vive-se um tempo novo, de luta, liberdade e mudança, sem compreensão ao estado de abandono deste emblemático miradouro
Em nada acrescenta de educativo e cultural à fruição do património histórico que encerra, e coloca em causa a dignitas e gravitas, sem respeito à sua identidade e memória - pergunto-me até, acaso a doação premiasse a Autarquia, se já não estaria revitalizado? Notável dificuldade de articulação dos seus donatários, pese creditícios, dado o declínio a que tem sido votado.
Urje revitalização de mãos dadas com o Poder Público e de vez levantar o seu potencial turístico, com lápides para memória futura ao filantropo e à sepultura brasonada. Tamanha negligência inibe atos de doação, dada a falta de reconhecimento perpétuo, e com isso Ansião perde!
Permitam opinar ideias construtivas a ser equacionadas à sua envolvência
Exaltar vistas abrangentes sobre a vila e o IC8 em terreiro propício para acolher o festejo do Feriado Municipal, a tradicional apanha da espiga, em Dia da Ascensão.
Jus à festa após a doação com missa na matriz, procissão, merendas à sombra de oliveiras e carvalhos, em mantas de trapos, em plena vivência de tradições e costumes, no âmbito do património imaterial, ao som da viola e voz de Vicente da Câmara, a ouvir histórias de Odete de Saint- Maurice, na companhia das netas; Maria e Inês de Medeiros, vestidas de saia azul às pregas e blusa branca, filhas da sua filha Maria Armanda e do maestro Vitorino de Almeida, com raízes em Maças de D. Maria .
Escritora de livros infantis e para adultos Odete de S.Maurice
Pois já não recordo o conto ou se veio beber estórias para escrever o seu livro " Almas Perdidas", nem sei de quem partiu o convite...Recordo de estar sentada numa manta de tear onde se saboreou o lanche que muitos levaram de casa ao abrigo da sombra de oliveiras e carvalhos, em sítio altaneiro, muito agradável. Lamentavelmente foi festa de pouca dura, depressa acabaram com os festejos...
Aposta na melhoria de acessibilidades, remoção de infraestruturas obsoletas, apetrecho de quiosque, parque de merendas, estacionamento e passadiço à foz da levada no abraço à “morta” Ponte Galiz.
Infraestruturas obsoletas dos Bombeiros
Ponte Galiz
Interagir com donatários das faixas estreitas do Nabão a sua servidão - a prol do benefício público, com trilha ao quelho das Caneiras, onde as ovelhas iam ao banho para a lã render mais… A um pulo das tamargueiras, no açude dos Mouchões – o chafurdo dos rapazes do colégio, pasme-se - a prémio de piscina a céu aberto – haja audácia e fortuna para bombear a água e de vez destronar a lenda do rei mouro que a roubou para a nascente do rio Anços. Escarpas a desfrute dos amantes de escalada e um restaurante panorâmico.
Os Moinhos João da Serra não são apenas memórias - podem ser futuro – aposta na reabilitação de um moinho e de um munho de água e reerguer a ponte de laje. Memorial pedagógico ao serviço didático; escolas e turismo; forno de cozer broa, pão, merendeiras de azeite, bacalhau e chouriça. Valorizar a ponte romana dos Poios, gruta do Calais, e imortalizar a esquecida Mata da Mulher – o refúgio às garras do violador D. Juan de Ansião em afirmação à cultura ao imortalizar esse passado desterrando a obra da escultora turca Aynur Ozturk, à laia da Vénus de Willendorf, como desassorear a Lagoa do Castelo.
Acaso a laje foi de uma anta desmantelada?
E tem sido a falta de olhar à proto-história o descalabro de mais não se saber o que foi o passado de Ansião...
Conluio chamar muitos a Ansião! Acordar para esta realidade, a palavra de ordem!
Postos de liderança exigem premiar escolhas com perfil à afirmação cultural, visão, sentido de estética e poder de decisão, em obras e restauros que dignifiquem heranças para as deixar aos vindouros.
Grito no direito de cidadania ao tempo de incúria, perda de lisura e ouvidos moucos – é hora de exigir da igreja estar atenta ao seu património e à estética de adros, já que a remodelação do adro da capela de Santo António, ao Ribeiro da Vide, obrigou a palavras fortes – pese o pecado, valeu a pena!
Como é expetável os Bombeiros de vez desentupir o poço, e atestar se tem ligação a outro com ossadas, do tempo do nobre D Juan de Ansião!
Somos mais fortes unidos no cabal interesse de aprofundar o vetusto passado de Ansião, a prol do seu progresso ao erradicar de vez a letargia que se assiste no Pelouro da Cultura, que tarda acordar para a importância histórica que deve reger a atribuição toponímica.
Merece revisão a placa da Rua do Bonfim para Rua do Senhor do Bonfim!
Genealogia; Henrique Dias; Dra Ana Ferreira, Renato Paz e minha
Informação disponibilizada na página do Facebook pelo padre Manuel Ventura Pinho