Piquei o bilhete e logo o sistema de iluminação foi acionado, revela que há manutenção, já o meu andar também com o sistema ao fim de uns anos deixou de acender. De imediato o funcionário do Metro desceu ao patamar para avisar o público, e nós fomos avisando quem entrava. Já na rua disseram-nos que era um apagão a nível europeu. Outro dizia que era sabotagem por haver greve da CP onde trabalhou 5 anos, porque os sindicatos são do PCP, etc...uma alucinada vinda da horta gabava o marido que trabalhava na embaixada dos EUA, ond etinham um bunker...dizia que tinha sido um avião que tinha caído numa central elétrica em França...Já o meu marido só estava interessado em almoçar.
Apanhamos o 1º autocarro para as Galinheiras, nem sabemos onde fica, saímos ao cimo da Calçada de Carriche para seguir para o Senhor Roubado, onde gostamos de almoçar. Percebemos que não havia comunicações, com mensagens estranhas. Depois de 15 mn conseguimos falar com a nossa filha e só depois de uma hora com a minha mãe e irmã. O que nos deixou mui tranquilos. Já na Calçada de Carriche percebemos que não havia semáforos e as bombas de gasolina não podiam abastecer os clientes, foi um Deus nos acuda para passar a via a correr, com carros a vir da rotubnda de Odivelas a abrir na piriska...o dono do restaurante não sabia se fechava ou servia almoços. Decidimos ficar, saboreei um bom bife de atum, só não havia café, vali-me do bom queijo da Soalheira com uma fatia de marmelada, há falta de chocolate Dubai...De saída percebemos que os autocarros para o Rossio vinham superlotados, nem paravam, decidimos seguir para o Campo Grande e ainad me sentei ao lado de um senhor com quem tabelei conversa, falamos do Ventura, da origem dos eu apelido, cristão novo, andou no seminário, que vive em 30 metrso quadrados, afinal depois já são 70, e afinal a casa é da esposa. Ora tendo ela raizes em Alvaiazere, será interessante perceber os meandros de riqueza familiar , alegadamente da laia de um alegado ministro, também da terra, debalde varreu-se da memória o seu nome... sobre o candidato à Presidência da República, decididamente não gosta do almirante , até explicou, mas, eu gosto, até reforçei que me lembra o grande Ramalho Eanes, gostou da comparação. Expliquei a mania e gosto de observar as pessoas, perceber a sua origem; revejo o tamanho das orelhas, narizes, boca, olhos, cabelos, altura, estupfato diz-me - nunca pensei nisso, é interessante perceber as origens, os genes mais antigos como diz estão sempre vincados. E acrescenta tenho genes italianos, rematei na centuria de 700 vieram familais da Toscania para Portugal para ensinar o ciclo do bicho da seda e sua produção, com fabricas em Chacim em Bragança, Tomar, etc, uma pandemia chamada Gatina dizimou os bichos da seda ficaram toponimos, à laia de Amora, aposta na produção de seda pelos Senhorios. Rematou os meus avós vieram de Malta, desatei em o galar, bem afeiçoado de boa estatura sem peneiras decidida disse-lhe, deixei-o vaidoso e agradeceu, saindo sorridente...
Já na rua eram centenas de milhares de pessoas vindas de todos os lados, entre estudantes e outros saídos dos empregos, todos a andar mui ordeiramente, pareciam formigas a passar nas estradas sem semáforos, onde não se ouviam apitos, nem travagens, todos ordeiros, o que sinceramente registei com agrado. O meu marido queria apanhar o autocarro para Almada, disse-lhe que não saia de Lisboa sem ver a nossa filha e os cachopos, entramos noutro autocarro e percebemos que abriu a porta de saída para facilitar a entrada . Paragem na Praça do Chile, e a pé até o Jardim do Caracol, onde fui ver a horta, está a ficar bonita, havia gente à sombra do pinheiro na conversa e outros no miradouro a apreciar a paisagem, sem sobressaltos, todos calmos até que ouvi os cachopos a brincar no jardim de casa e os quis surpreender ao aparecer pelo local imprevisto diretamente pelo jardim publico para o deles e de boca aberta finalmente abraços, e relaxei na cama suspensa brasileira a ouvir um radio a pilhas que um filho da D. Amélia, vizinha da minha filha trouxe, com tanta azáfama nem pensei que era possivel saber as noticias a pilhas... Até que chega o meu genro e já com a família em casa, decidimos vir para Almada a pé até o Cais do Sodré. Na companhia da minha filha e da Laura, a neta mais velha, queriam ter a certeza que havia barcos, no meio do caminho comprei uma garrafa de água ainda estava fresca, os bebedouros públicos tinham fila para encher garrafas, as pastelarias abertas às escuras com muito bolo nas montras, os turistas sentados nas esplanadas de rua e de hotéis, tudo parecia estar tranquilo. Chegados ao barco, sem picagem de bilhetes, iam saindo sem cumprir horários, a única diferença sentida na negativa foi em Cacilhas, com autocarros parados para dar passagem e houve pessoas a bater nas portas e não abriram para a Costa de Caparica e Charneca, o que nos pareceu atitude imensamente crua. Apanhámos um que ia para a Trafaria com saída em Almada. Mais uns passos totalizaram neste dia do apagão 13, 6 Km, onde os calções foi a marca da vestimenta do dia, pelo muito calor, já a arfar, de rastos, ainda tivemos que subir as escadas do prédio até ao 8ª andar, à luz da lanterna do telemóvel... Soubemos à noite que o nosso vizinho ficou preso no elevador onde aguardou mais de meia hora para sair. Julgo que o problema é a campainha, cujo som sonoro é fraco, mas também é verdade de todos que estavam em casa ninguém saiu ao patamar para perceber se havia gente nos elevadores. E isto é atitude egoísta. No nosso caso o prédio tem a chave para subir ou descer o elevador na casa das maquinas, sistema que devia haver em todos os prédios, com aviso no hall de entrada, e não serem os bombeiros a acudir a imensas chamadas de pedidos de ajuda...ninguém pensa nestes imprevistos onde os condóminos também tem de ser mais conscienciosos, e não estar dependentes da salvação de outrem, que podem fazer falta maior a outros.
Apreensiva e degastada com estaria a decorrer a logística nos hospitais, pois passei a manhã no Pulido Valente, ainda com luz, e nos lares, só descansei ao ouvir o velhinho transístor a pilhas que serviu o meu marido na tropa, a comunicação ao País pelo Senhor Primeiro Ministro. Gostei francamente da sua voz, das palavras que usou e da tranquilidade que transmitiu ao demonstrar as decisões encetadas em conselho de ministros reunido desde as 13 horas; a suspensão de bilhetes nos autocarros e barcos, o abastecimento de gasóleo para os geradores dos hospitais que consomem muitos litros por hora, o Santa Maria gastou mais de 3.000 litros, A maternidade Alfredo da Costa, com o transito o combustivel tardava chegar já tinham agendado solicitar combustivel aos carros, o controlo nos aeroportos, só com chegadas, refeições e o escoamento dos passageiros. Assisti a poucas fotos, ainda assim um fazia o registo de filas de caixas Multibanco, só vi três, por acaso não reparei qual foi o banco escolhido para acionarem os multibancos. Não registei pois tinha pouca bateria, é a minha primeira crónica, extensa sem uma foto. Enfim um rol imensurável de tomadas de governamentação que foram decisivas e importantes para o civismo ter decorrido com normalidade.
Odisseia vivida na minha elevada idade, já passei por várias crises; vivi o fascismo, o tremor de terra em 1969, o 25 de abril, a chegada de milhares de indivíduos das províncias ultramarinas que bloqueavam a entrada no mercado de trabalho, recordo o concurso para os CTT eram na década de 70 do séc. XX, mais de 40.000, e os que entraram na Banca sem nunca lá terem trabalhado, bastou alguém que lá trabalhou justificar que tinha sido trabalhador...a falta de transportes nos anos 80, do séc. XX, onde os passageiros eram gente "enlatada", tão bem recordo no Terreiro do Paço, como barcos e comboios velhos... a taxa para comprar casa era de 15%, o dinheiro que sobrava era escasso para se viver, e aos poucos Portugal e a economia foi evoluindo, os salários aumentaram, a vida melhorou para alguns, sobretudo para quem está na politica. O pior mesmo é a corrupção, escândalos a somar a escândalos, incrementados por individuos de indole visionária, descendentes de judeus zelotes, gente que não olha a meios para atingir os fins, roubam vergonhosamente o Estado e a todos nós que somos cumpridores dos nossos impostos e obrigações. Não é justo! Depois vivemos a pandemia, todos bem se lembram, e agora o Apagão. Quem paga os prejuizos? Não vamos ser nós o cidadão comum?
Só me falta viver um terramoto à laia de 1755, escala 8,5...Será que o País está preparado? Uma coisa é certa ontem houve muito civismo, e é isso que deve marcar toda e qualquer tragédia.
Em Democracia aplaudo quem esteve ao comando, em especial o governo, que teve nervos de aço. Para mim já foi reeleito. Vem agora as ratazanas falar disto e daquilo, falam demais, uma coisa é estar no epicentro e mandar fazer, decidir sob pressão, só quem já foi líder sabe o que isso é. O resto é falar por falar, gerir confusão para sair vencedor, quando são fracos. Afinal quem vendeu a EDP aos chinos?
A minha escolha para reflexão é uma estátua em pedra que encontrei prostrada no chão do cemitério de Avelar, freguesia de Ansião. Bela escultura que me cativou pela formusura e me transportou à cidade de Palmira, na Síria, um berço da civilização à beira da extinção, onde distinguira uma análoga num programa cultural, e forçosamente fiquei a pensar na globalização, no caso romana, cujo rosto angelical transporta ao humanismo que deve prevalecer em todos nós em situações desabonatórias.
No próximo 10 de junho o povo e o governo deviam receber condecoração pelas ações de conduta e determinação demonstradas com civismo e humanismo!