sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Recordar efemérides vividas por Cacilhas


Cacilhas é uma freguesia da cidade de Almada com apenas 0,97 Km2, densamente povoada. O topónimo perde-se no tempo, dita o povo que deriva da “silha”, correia larga que abraçava a barriga dos burros para segurar a carga, como se “falava de ouvido”, gritando uns para os outros ”dá cá silhas”. Julga-se que assim nasceu o topónimo Cacilhas. No local havia um número elevado de burros que faziam parte do modo de vida de uma minoria da população no transporte de pessoas para Almada, Cova da Piedade, Sobreda e Monte de Caparica quando desembarcavam dos barcos vindas de outras terras.
Em termos de perspectiva de futuro para a freguesia de Cacilhas, a meu ver só pode ser de grande sucesso, se apostarem em iniciativas acertadas!
Local histórico as instalações ocupadas pela GNR num antigo forte. Desconhece-se a data da sua fundação e da ermida de Santa Luzia que lhe deu o nome que não resistiu à derrocada com o terramoto.
No mesmo local foi reedificada a atual igreja com orago a Nossa Senhora do Bom Sucesso em virtude de Cacilhas ter escapado ao maremoto em 1755.
Debruçada sobre o rio, desfruta de duas grandes frentes para o Tejo. Visitada desde tempos primordiais por outros povos, a prová-lo, vestígios de um povoado indígena da Idade do Bronze (séc. VIII a.C.), ocupado mais tarde por um entreposto comercial fenício, com um povoado da Idade do Ferro (séc. VII a. C.), na Quinta do Almaraz que atestam as ancestrais ligações das gentes ao rio, bem como a descoberta mais recente de tanques romanos para a salga de peixe que tive o privilégio de os observar antes do achado histórico ser “entupido” até serem encontradas soluções para a sua mostra permanente ao público.
O meu marido de costas para o veleiro da Groupama a velejar no Tejo
abril 2009
Fotos em 1 de maio 2011

A minha princesa a chegar de Lisboa para passar o dia com os pais
a boa corvina que aqui se pesca quando sobem o rio para a desova

Falando de alguns locais com apontamentos de história nesta freguesia:
Reinstalação do farol de Cacilhas instalado inicialmente em 1886, sendo retirado em 1978, com destino à ilha Terceira nos Açores.Desativado em 2000, estabeleceram-se contatos para o seu regresso e está a ser reparado em Paço d’Arcos no núcleo de manutenção de faróis da Marinha.
Inauguração com a banda da Marinha
O seu pedestal aguardou a chegada ainda este ano. Será que a sua cor original irá permanecer?
Ainda me lembro, era verde. Curioso o contraste com a cor do proletariado e da autarquia!

Maldade…já me fiz à foto na frente dele!

Cacilhas foi e será sempre a porta principal da cidade de Almada.
Porto de partida e chegada de milhares de pessoas diariamente, é preciso readaptá-la num conceito de modernidade, apelativa a visitas de turistas e gentes de Lisboa. Já que a sorte ditou Almada estar de costas para o rio, cabe a Cacilhas aproveitar a frente ribeirinha e reconverter toda a zona num enquadramento moderno, eficaz, funcional, histórico, com as várias empresas de transportes ali sediadas.
Adaptar o projeto Recria, na requalificação de casas seculares, mantendo a sua traça antiga, cores, brilho dos ferros forjados e azulejos. Manter ruas limpas, sem os inestéticos caixotes a abarrotar de cheiros nauseabundos, adoptar novo método de encaixe dos caixotes no subsolo, como em Almada. Embelezar cais devolutos, desativar o que não interessa e dotar os pontões de pedra de forma serem desfrutados pelo comum visitante que queira saborear de perto a intensidade do rio.
Aqui o telhado com um pequeno buraco, agora junho 2015 está na frente todo aberto.
A requalificação com esplanadas de rua com muitos edifícios de imagem lavada que se torna aprazível
Atracção turística, a lembrar a época dos descobrimentos, é a visita guiada à última fragata à vela que fez a carreira da Índia, D. Fernando e Glória. Em 1940 por já não ser necessária à Marinha foi reaproveitada como obra social para acolher jovens oriundos de famílias desestruturadas, onde aprendiam ensino escolar, artes e treino de marinharia. Em 1963 sofreu um incêndio, foi rebocada para o mar da Palha, onde ficou à mercê de pilhagens e desgaste com erosão das marés.
Ano de 2009
Finalmente recuperada, com grandes engrenagens de engenharia para não se desfazer o casco foi erguido com ajuda de balões.Sendo o casco em bronze que foi recuperado com a contribuição de saberes de artes antigas de artífices reformados do Alfeite, crucial reconstrução da fragata na sua traça original. Contudo, não foram feitas as velas. Como ficavam muito dispendiosas, apenas fizeram os mastros. Embelezou e enfatizou a Expo 98, como símbolo do nosso passado, marco histórico, ex-líbris, e hoje jaz, ancorada, num antigo cais da Parry & Son.
Outra medida interessante repôs o antigo chafariz. 
Trata-se de uma réplica do antigo chafariz de água sediado na praça, desativado no século passado, infelizmente destruído num tempo em que arquitetura, nesta terra, não era sinónimo de cultura! , o poço de abastecimento encontra-se ao cimo na frente do Posto de Turismo. 
Passagem do ano há o costume de festa entre margens onde o baile, champanhe e fogo de artifício são rei.
Ano de 2011
Trabalho no âmbito das Novas Oportunidades, sem fotos.

Falar de sotaque, dialectos e regionalismo

O sotaque é uma forma particular de falar uma língua mãe,numa distinção fonética que revela a cultura de uma região.Pode generalizar-se no tempo na língua de um povo, caso do Brasil, com o sotaque brasileiro da língua portuguesa.Também existe sotaque na pronúncia fonética de qualquer estrangeiro.Por ser diferente, pode tornar-se engraçado, mas também uma forma de preconceito, de diferença.
Existem imensos sotaques no nosso país. Norte, Beiras, Coimbra, Setúbal, Alentejano, Algarvio. Na área metropolitana de Lisboa, prolifera uma panóplia de sotaques, associada a comunidades migrantes: brasileira, africanos, leste e outras comunidades menos significativas.O sotaque enquanto fenómeno fonético, pode diferenciar e desprestigiar pessoas, cuja parte da sua vivência em determinada região acentuou características regionais. Exemplo Setúbal, carregam no “R”, já em Viseu, trocam o “ B” pelo “V”.
A miscelânea de temperos, charme atrevido, bonito de tão simples, o sotaque e o regionalismo podem ser tudo, menos ridículos.
Conceitos de Regionalismo:Tudo aquilo que se diz respeito a uma região, termo, locução ou costumes próprios daqueles que vivem nessa região.A expressão do valor cultural e artístico de uma região.O tempo sempre permitiu que o povo em cada região “inventasse” um nome diferente para a mesma “coisa” que, na língua mãe, já tinha nome.
E regionalista, é aquele que defende os interesses regionais, na corrente artística voltada aos temas da terra e se inspira nos elos regionais. Também o sentimento expresso na guarda de um património local.
Lamentavelmente no passado homens de cultura, não conseguiram atenuar dialectos, muito menos linguagem com sotaque, e regionalismos. Mais ainda, no Brasil deixaram atribuir significados de palavras diferentes, mesmo opostas, às que já existiam no dicionário da língua mãe em Portugal. Deturpação de letras no final da palavra, exemplo: substituição do “L” no final da palavra por “U”. Exemplo, chamando-me Isabel, não suporto ouvir o som do sotaque - Isabeu!
A muito curto prazo o sotaque e o regionalismo têm tendência para se extinguir, diluídos no tempo. A ditar este fenómeno a globalização: a massificação de muita e vasta informação; fácil deslocação de pessoas a outras terras; vivências de cada um. Num futuro próximo, no nosso país, todos falarão o mesmo padrão de língua, sem sotaque nem regionalismos. Surgirão novos vocábulos, numa mutação normal de uma língua viva como a portuguesa. Será inevitável.Também cabe a cada um enxergar outras dimensões de “sotaque” e regionalismo que não apenas ligadas à fonética linguística.
Parafraseando o autor do texto apresentado, os gestos também têm sotaque. Analisando pormenores que denunciam a origem das pessoas, e que as distinguem umas das outras, podemos discriminar vários tipos de olhares - ora vejam:
  • Olhares, sobre a linguagem estar: andar, mexer, estar, sentar, dormir e rebolar.
  • Olhares, sobre a linguagem do olhar, azul, castanho, verde ou preto: lânguidos, quentes e frios, redondos, oblíquos, amendoados, grandes e pequenos.
  • Olhares, sobre linguagem bocal: carnudas, pequenas, grandes, finas, escarlate, ou sem graça, nem por isso deixam de ter encanto.
  • Olhares, sobre linguagem do sorriso: atrevidos, sedutores, sexy.
  • Olhares, sobre linguagem das mãos: finas ou grossas, quadradas ou redondas, artimanha antiga de comunicar, tocar, sentir...
Este tipo de regionalismo é importante como factor de identidade que se pode vir a extinguir no tempo em virtude da perda gradual da identidade de cada um. O mundo caminha em jeito apressado, egoísta, desumano, onde o encantamento do pormenor se dilui na falta de tempo para apreciar estes valores num simples olhar ou toque. Coitado daquele que não sabe apreciar, contemplar, sentir palpitar o coração com um desses gestos.A mim espero que nunca me abandonem, quero-os sentir todos os dias, sinal que estou viva!

Estórias sobre a emigração portuguesa

A história da emigração portuguesa confunde-se com a história de Portugal a partir do século XV com as descobertas. Este fenómeno foi adquirindo características diferentes ao longo dos tempos, começando como um esforço de povoamento dos primeiros territórios descobertos, a ilha da Madeira. Mais tarde passou pelos aspectos de colonização do Brasil, Índia, África e Timor. Culminou, nas épocas mais recentes, nas características que ainda hoje sobrevivem na emigração temporária, cujos objectivos são essencialmente económicos. No início do século XX a emigração tinha como destino o Brasil, América e ilhas do Atlântico como Fernando Pó. Na segunda metade do mesmo século, no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, os destinos da emigração portuguesa encontravam-se bem delimitados, constituindo a América Latina, e, em especial o Brasil e a Venezuela, o destino mais importante da emigração portuguesa. Foi o período da emigração transoceânica, com um carácter marcadamente económico, familiar e de prolongada permanência, senão mesmo de permanência definitiva. No início dos anos 60, em especial a partir de1962/1963, a emigração começa a dirigir-se para a Europa, chamada na gíria “a salto”, vivia-se em ditadura. Abriu-se um novo capítulo na história da emigração portuguesa, porventura o que maiores repercussões teve nos domínios social, económico e demográfico da sociedade portuguesa.
Geograficamente mais próximos e carentes de quantitativos elevados de mão-de-obra, alguns países europeus, em especial a França e a Alemanha, passaram a constituir o destino prioritário dos emigrantes portugueses. O crescimento económico europeu e as tarefas de reconstrução do pós-guerra, aliadas a um crescimento demográfico resultante do Baby Boom (literalmente explosão de bebés, fenómeno demográfico ocorrido na sequência da Segunda Guerra Mundial), constituíram um enorme poder atractivo, potenciado por razões impulsivas internas, como sejam o fraco nível de vida das populações, as situações de desemprego e sub-emprego e um desequilíbrio estrutural da actividade produtiva (em vastas regiões do país imperava uma agricultura de subsistência). Simultaneamente registou-se neste período o início da Guerra Colonial, nos territórios de Angola, Moçambique e Guiné, o que terá constituído mais um factor repulsivo para os jovens sujeitos ao serviço militar obrigatório. A juntar a tudo isto não é de mais salientar o facto de Portugal viver numa ditadura em que a liberdade de expressão era proibida.
A partir dos anos 60 e até meados da década de 70 foi difícil avaliar correctamente os fluxos de emigração, pois grande parte dos emigrantes abandonava o país clandestinamente, sendo apenas possível a sua contabilização aproximada, de forma indirecta e principalmente através de alguns organismos do país de acolhimento. Calcula-se que a parcela composta pelos emigrantes clandestinos entrados em França terá rondado cerca de 50% do total de emigrantes com destino àquele país, na década de 60 e mais de 80% na década de 70. Efectivamente, a emigração portuguesa verificada no período compreendido entre 1976 e 1988 encontrava-se relativamente estabilizada em contingentes que variavam entre o máximo de 26 318 indivíduos, registado em 1979, e um mínimo de 13 680, registado em 1983. Os destinos prioritários dos emigrantes portugueses têm conhecido algumas alterações ao longo dos tempos. Em 1976, a América absorvia cerca de 72% da emigração contra apenas 24% da Europa. Contudo em 1988, a situação inverteu-se, com a Europa a receber mais de 50% dos emigrantes contra 44% do continente americano. Os destinos dos emigrantes das Regiões Autónomas são historicamente diferentes dos continentais. Os Madeirenses emigram preferencialmente para a África do Sul e
Venezuela, enquanto os Açorianos rumava principalmente para os EUA e o Canadá, perfazendo estes últimos a quase totalidade do contingente com destino ao continente americano. A França continua a absorver o contingente mais estável e o segundo mais significativo de emigrantes portugueses nos anos “mais recentes”. Embora a Suíça só apreça individualizada estatisticamente a partir de 1986, verifica-se que é um destino de grande importância para os emigrantes portugueses. A análise dos fluxos emigratórios de alguns anos atrás revela uma perda substancial do conjunto dos emigrantes permanentes que, representando ainda 90% do total, em 1976, baixaram para apenas 52%, em 1988. A emigração temporária passou de um nível de 10%, em 1976, para cerca de 48%, em 1988. O este fenómeno está associada a já referida perda de importância do continente americano como destino emigratório a par da subida da importância relativa da Europa. A adesão de Portugal às Comunidades Europeias e a elevada diferença de rendimentos que se continua a registar entre Portugal e a generalidade dos países europeus são razões explicativas para este facto, para além da proximidade geográfica, que permite e incentiva esta forma de ser emigrante (no final dos anos 80, principalmente). A emigração atingiu indiscriminadamente todo o território nacional com especial incidência nas zonas rurais. Actualmente, Portugal já não é aquele país de emigrantes, como ficou conhecido, pois as condições de vida e económicas melhoraram muito desde os anos 60, 70 e 80, o que fez com que deixássemos de emigrar, mas fez com que nos tornássemos um país alvo de emigração, por parte de países de leste, africanos e sul-americanos.

Com a adesão de Portugal à Convenção de Schengen, e a entrada em vigor do Decreto-Lei 244/98, a imigração ilegal parece estar associada a um fluxo maioritariamente constituído por indivíduos ligados a redes de tráfico de mão-de-obra estruturadas a partir das zonas emissoras. Neste contexto, em Portugal os principais fluxos migratórios provêm dos PALOP (com destaque para angolanos, cabo-verdianos e guineenses), do Brasil, da China, e dos países do Leste europeu.
A imigração clandestina proveniente dos PALOP, geralmente utiliza a fronteira aérea, com voos directos entre os países de origem e a capital portuguesa. Recorre-se com frequência à solicitação de vistos de curta duração, permanecendo-se depois em Portugal para além do prazo autorizado. A via aérea também é utilizada para a imigração de cidadãos brasileiros para Portugal, porque beneficiam, para entrar em território nacional, dos acordos celebrados em matéria de isenção de vistos. A imigração chinesa está frequentemente associada a redes que fornecem documentação falsificada de forma exemplar, e asseguram a deslocação mediante recurso a passadores (apelidados de "cabeças de cobra"). O respectivo pagamento é concretizado por núcleos de familiares e/ou prestação de "trabalho escravo" no país de destino, em restaurantes ou oficinas artesanais. De facto, julga-se que muitos destes locais constituem uma camuflagem ideal para esquemas relacionados com a imigração clandestina em todo o território nacional. A imigração ilegal proveniente dos países do Leste europeu, com particular ênfase para a Moldávia, Ucrânia, e Roménia, constitui o principal problema de Portugal e decorre da acção de redes de apoio operando em larga escala. Embora essas redes estejam estruturadas desde a origem, em Portugal também integram cidadãos portugueses e africanos (oriundos de países com ligações à antiga União Soviética, que se intitulam subempreiteiros da construção civil).

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização assinada entre países lusófonos, que instiga a aliança e a amizade entre os signatários. A sua sede fica em Lisboa. A CPLP foi criada em 17 de Julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. No ano de 2002, após conquistar independência, Timor-Leste foi acolhido como país integrante. Na actualidade, são oito os países integrantes da CPLP. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa abriga uma população superior a 230 milhões de habitantes, e tem uma área total de 10.742.000 km² - maior que o Canadá, segundo maior país do mundo. O PIB de todos os países, somados, supera US$ 1.950 trilião. A CPLP já foi decisiva para alguns de seus países. Na Guiné-Bissau, por exemplo, a CPLP ajudou a controlar golpes de estado e, em São Tomé e Príncipe, por exemplo, uma reforma económica foi proposta. Na Guiné-Bissau, foi possível a reforma política.

O actual processo de globalização, impulsionado pelas novas tecnologias de comunicação e informação, está a interligar o mundo, estruturando a construção de uma sociedade multiétnica, e consequentemente confrontando diferentes ideologias, culturas e conceitos. A condição pós-moderna realçou as questões sobre as diferenças, colocou o “outro” como alguém que, mesmo vivendo de forma diferente, pode/deve ser reconhecido como "nós", e acentuou a flexibilidade como uma categoria política central para pensarmos sobre as mudanças que devemos proceder. Se a conversa franca/autêntica com o “outro” ainda não se tornou realidade, então torna-se mais urgente ainda, a necessidade dos espaços educativos pós-modernos a reflectirem como possibilidade, afinal, a efectivação desta conversa envolve uma negociação muito complexa. As sociedades contemporâneas são heterogéneas, compostas por diferentes grupos humanos, interesses contrapostos, classes e identidades culturais em conflito. Vivemos em sociedades nas quais os diferentes estão quase que permanentemente em contacto. Os diferentes são obrigados ao encontro e à convivência. As ideias multiculturalistas discutem como podemos entender e até resolver os problemas gerados pela heterogeneidade cultural, política, religiosa, étnica, racial, comportamental, económica, já que teremos que conviver de alguma maneira. A política do reconhecimento e as várias concepções de multiculturalismo ensinam, enfim, que é necessário que seja admitida a diferença na relação com o outro. Isto quer dizer tolerar e conviver com aquele que não é como eu sou e não vive como eu vivo, e o seu modo de ser não pode significar que o outro deva ter menos oportunidades, menos atenção e recursos. A democracia, por exemplo, é uma forma de viver em negociação permanente tendo como parâmetro a necessidade de convivência entre os diferentes, ou seja, a tolerância. Mas para valorizar a tolerância entre os diferentes temos que reconhecer também o que nos une.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Descobrir a falésia do Cristo Rei

Caminhada da Boca do Vento à Quinta de Arialva  até ao Ginjal.
No enclave, a escadaria em pedra de acesso ao miradouro da Boca do Vento com moderna marisqueira, e acessos ao elevador .
O pôr do sol é soberbo ao miradouro do castelo de Almada


No miradouro da Boca do vento

Sentada no muro de acesso ao elevador no aniversário da minha mãe 2010





Escadinhas que partem do miradouro da Boca do Vento ao cais onde estão restaurantes Ponto Final e outro.

Foto 2010
Camas para relaxar a ver o Tejo...

                                                                                         O elevador

Estrada que serve a quinta de Arialva e o estaleiro desativado de Olho de Boi e o seu bairro operário, praias, museus e Fonte da Pipa a Almada velha.

Acesso à beira rio do Ginjal ao jardim do elevador

No jardim à beira Tejo relvado, local aprazível, pendo de tonelada desprendido da encosta


A fonte da Pipa onde na época dos descobrimentos as naus enchiam as pipas de água potável, servindo a população até ao século XIX.



O museu naval convida a uma visita gratuita
A meio caminho a casa da guarda-fiscal, devoluta, mas com o quintal amanhado defronte ao rio, e de costas para o antigo bairro dos operários e instalações fabris do estaleiro Olho-de-Boi, um largo, a praia onde num ano trágico morreu um aluno do colégio Frei Luís de Sousa.
Fácil dar de caras com um portão escancarado em ferro forjado, na parede lápide em pedra a anunciar a Quinta de Arialva.

Espaço belo, majestoso a lembrar tempos de vida fausta, varanda coberta com painéis e bancos em azulejo, num convite, espreitar o rio, num vislumbre sem igual, sobre Lisboa. Aposta no domínio cultural nas artes e turismo de excepção, sendo que o património arqueológico existente é um dos motores do projeto, dada a sua importância. Meio escondido na arriba, escapou por enquanto ao vandalismo o Lagar de varas com grandes tanques em pedra em excelente estado de conservação, a merecer uma rápida intervenção, sob pena de se perder para sempre com um incêndio, como o que aconteceu com o palácio.
Subindo a arriba a caminho do Cristo Rei ainda se podem ver vestígios de cepas que sobreviveram à filoxera que determinou o declínio do comércio vinícola que durante décadas sustentou as marcas Arialva” e “Benfica”, rótulos que guardo junto a tantas outras pequenas coisas na minha vitrina de memórias. Será que alguém se preocupou em guardar para mais tarde mostrar a todos aqueles que se interessam por esta simbologia?

No meu olhar de zeladora num portelo do que resta dos armazéns da quinta de Arialva sinto que Almada finalmente tem vindo a demonstrar esforço unânime das forças políticas para começar um novo projeto de integração, de forma equilibrada e fundamentada, com diversas vertentes (cultural, económica e até social) no espaço compreendido desde o Ginjal à Quinta do Arialva. 
Projecto de requalificação conhecido há muito. É interesse da edilidade revitalizar o espaço abandonado e todo o património ao longo do rio, a cair aos a “olhos vistos”. Problemas com ocupações deliberadas nesse património por desocupados, vendedores ambulantes, sem abrigo e toxicodependentes que, num ímpeto de loucura ou por acidente, têm incendiado alguns locais. Persistem ao fundo, dois pólos de restauração, atrativos, óptimo para germinarem mais.
Cais do Ginjal
1 de maio 2011

  • E nas remodelações de casas , nesta se deveria ter deixado à vista esta estrutura de madeira envernizada

No entanto, Cacilhas demora em denotar interesse na requalificação de um espaço enigmático, o morro altaneiro de esplêndida vista deslumbrante e avassaladora de mais de 240 graus sobre a Arrábida, Seixal, Barreiro, Montijo, Alcochete, mar da Palha, Lisboa desde a ponte Vasco da Gama até para lá de Oeiras e arriba fóssil. Desfrutar daquele lugar num dia de sol e brisa amena, com o seu moinho de pedra e cal a lembrar tempos idos, ambiente de cariz romântico, faz sonhar, abalar corações, ver chegar e partir paquetes, todo o movimento de vaivém que se cruza no rio. Má sorte, convertido em parque de estacionamento, pombais em madeira de cores berrantes e leiras de monoculturas separadas com persianas a imitar muros. Tanto espaço para um restaurante circular, pista de helicóptero, jardins circundantes e elevador panorâmico. Para pensar!

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