sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ruínas de casa solarenga de 1716 nos Netos em Ansião

 Junho de 2020, arranjo dos arruamentos ao longo da estrada 
O símbolo das Maias com uma maia seca...ninguém apanhou para usar na tradição...
O topónimo Nebos numa carta militar
Erro crasso de impressão topográfica ou de incorrecta absorção oral do topónimo quando aqui vieram . Ao primeiro impacto  Nebos,  a reportar para origem romana. Debalde o nome do topónimo correcto  - Netos, o topónimo com origem  num povoador  da família  de Manuel Neto - o Casal do Neto, fidelizado no plural Netos, como Casal d' Afonso Pera, hoje Casal das Pêras,  Casal do Sousa,  hoje Casal das Sousas, etc. Na Areosa também viveu uma família com o mesmo apelido que  reporta  à segunda  chegada  de povoadores judaicos , desta vez asquenazes,  aportado na centúria de 500, a Ansião.

Curiosidades
Na nova estrada de Almoster para o Arneiro, na esquerda e a nível inferior, o acesso por escadas  a Fonte da Neta- nome que estranhei,  não se refira a neta, a menina do avô e sim Neta, nome próprio de Israel, que já foi vencedora do festival da canção.
E na toponímia Neto, atestado na cidade de Odivelas.
Rica estória com muita história graças a todos que se descriminam
A capela de S José
Extraordinária valia que acrescenta ao Lugar dos Netos
Partilha de Norberto Marques
Filho de  José António Lopes Marques,  do Freixo, trabalhou na Repatriação de Finanças de Ansião. Dele recordo tantas vezes que o vi a entrar para o seu carro, garboso, de  alta silhueta e belo bigode requintado à monárquico, um homem distinto, inegavelmente com linhagem. 
"Sobre a  antiga capela de São José, nos Netos, era uma copia exata da atual capela de S. Marta no Escampado, localizada mais junto à estrada (zona do alpendre atual) em patamar superior orientada para poente, na frontaria possuía a portada com duas pequenas janelas em fresta e no beiral esquerdo o arco sineiro de pedra (ainda existe) na frente um pequeno adro ladeado por muro de cerca de 1,50 cm de altura com escadaria de seis ou sete degraus, na traseira lateral direita uma pequena porta direta para o altar, em madeira - ainda me lembro de o ver guardado la na casa.
As pedras dos degraus da escada não tenho certeza se são da capela antiga, foram colocadas nos anos 80 com as obras do aparador para as festas. 
A capela não pertencia à residência mas sim à igreja de Ansião, a devoção a S. José,  a sua construção à muito anterior à casa, 1694."

Em 1769 o padre José Fernandes da Serra faz relação de igrejas e capelas na vila e seus subúrbios, onde se fazia administração de sacramentos
Debalde esquece-se de referir as públicas das particulares.
A única referencia que existe nas Memórias Paroquiais, pelo menos que tivesse encontrado sobre esta capela dos Netos, faz referencia ao S José que é de pau bem esculpida e ao retábulo todo pintado  de incarnado com tintas  muito, e já desmaiado, tem pedra de ara grosseiras, dois castiçais em estanho, dois de pau preto e cruz com Santo Cristo em metal, duas galhetas e prato de estanho, boas, uma lâmpada. Corre o seu reparo pelo povo; tem cálice, patena, e colher de prata  e o pé do cálice em estanho fino. 
No altar uma Imagem pequena  e uma Senhora sentada com o Menino ao colo. Poderia ter sido pertença do altar de madeira da capela primitiva, que foi particular.

A norte, no tardoz da atual capela de S José resta chão da grande quinta com a ruína do solar
Desconhece-se o nome primitivo  talvez exista nalguma escritura por ter sido dividida por vários.

A nascente do solar de 1716 foi palco de uma capela, cuja ruína ainda existe. Não se sabe se foi a primitiva a S José de 1694, particular .
Desconhece-se a data que a capela foi mudada para o palco atual, seria depois da República, para ser pública na administração de sacramentos fazendo parte dos bens da igreja. Se foi doado pela benemérita Maria Rosa Lopes o mínimo era ter sido o seu nome atestado na toponímia. Pelos vistos está esquecida. E não devia.
A capela veio a ser alvo de requalificação total em 1972, atestado no degrau, no tempo do Dr. Filipe, a partilha do Sr Padre Manuel Ventura Pinho "Ao princípio a capela podia ser particular, sim e de alguma família com um padre - a capela já estava naquele sítio atual mas a sua estrutura foi completamente mudada. Devia ser virada para o oriente. Na frontaria do solar existe uma grande Cruz em pedra implantada na parede abaixo onde foi a capela, como sinal que quem aqui viveu era cristão novo (?).
Simbologia de afirmação de cristão novo
Lápide na Portela de S Lourenço, Pousaflores com a data de 1756 ladeada por duas pequenas Cruzes
De quem teria sido este solar e a sua grande quinta? Pois não se sabe
Desse tempo nada ficou documentado. Hoje apenas se pode juntar o pouco que se sabe e especular. Tomando a relação de Mordomos na Confraria de Nossa Senhora da Paz do livro do Dr Manuel Dias (...) Os Netos pertenceram ao concelho da Sarzedela, em 1702 era Capelão o Padre Manuel Simões da Paz e os Mordomos de Nossa Senhora da Paz Francisco Freire e o irmão Manuel Freire dos Netos e em 1725 Manuel Neto, da Areosa.
Verossímil a família que em 1716 viveu neste solar, nos Netos, seria abastada, debalde sem se saber quem foi e a sua descendência, se alvitre à época ter tido um descendente de apelido Freire, um seu neto, que veio a ser padre e enquadrar o Padre João Gomes Freire da Silva, filho de António Gomes. Foi capelão da Capela de NSPaz na Constantina em 1876 .
Acresce por correr na oralidade que nesta casa viveu um padre, ou bispo . O povo chamava-lhe casa da bispa. Nos Matos existe casario com apelido ou alcunha  Bispo.

Norbeto Marques
A casa dos Netos sempre foi um mistério na família, da sua historia pouco conheço
"Dizem que  foi de um padre, há quem diz era jesuíta outros bispo, por chamarem à sua criada Mavilde - a bispa, e ainda dizem que morreu miseravelmente muito velho e abandonado pela família mais direta. A casa  possuía uma grande quinta nas imediações. Uma grande parte dos terrenos foram repartidos e doados aos que trabalhavam nessas terras. A casa e os terrenos de frente e nas traseiras ficaram ao cargo de Gaudêncio Jorge e sua mulher Emília, (caseiros). A criada do Ti Gaudêncio que o amparou até à sua morte foi a minha avó Maria Rosa Lopes, que foi do Escampado de S Miguel e herdou estes bens - casa e terrenos, mais tarde doou à igreja uma parcela dos terrenos da frente para construção da nova capela, a atual capela de São José!

Sobre a descendência do solar 
"O  nome desse padre, aqui na família ninguém sabe ou não se lembram...o meu trisavô, ou seja o padre teve um filho com a sua criada , caseira - o  meu bisavô - Elói dos Santos. Falei com a minha mãe confirmou quando um padre tinha um filho , nessa atura podia ser condenado ou mesmo morto, por isso o caso foi encoberto e arranjava-se um pai para dar o nome, dai o meu bisavô se chamar Elói dos Santos,   teve dois filhos, António dos Santos que viveu em Trás-de-Figueiró e o meu avô materno José Bebiano dos Santos, conhecido por Zé do Elói, teve 4 filhas (2 já falecidas), das a quais a minha mãeO ti Gaudêncio foi o último habitante da casa, sem filhos, era como o pai adoptivo da minha avó para quem trabalhou e cuidou cerca de 16 anos até à sua morte. O meu pai chama-lhe tio."

O livro sobre o Património Religioso do Concelho de Ansião do Dr Manuel Dias
Infelizmente ao não falar com ninguém, não avançou sobre a existência da capela primitiva, apenas aventa ter havido pelo degrau do escadatório de acesso à  nova capela com a data de 1694.
Além deste degrau do lintel da capela primitiva , abaixo outro  da nova capela 1972 . Ambos deviam ser aposta  a sua retirada,  para não se perderem, por a pedra ser calcária e  com a erosão  se perder. Incito ao talento e sentido de estética da Associação de Amigos dos Netos para os recolocarem em escultura encastrada em  pedra,  no adro, a que juntam no conjunto, as perdidas a um canto, ao Deus dará da primitiva.

Segundo o comentário do Padre Armando Duarte em 16.04.2020 
"A casa seria a residência do capelão, aliás assinalada com uma Cruz na esquina do lado direito. Depois há que relacioná- la com a capela cuja data está  documentada no último degrau , ao cimo da escada de acesso."

Degrau da escadaria da capela dos Netos
Degrau que foi o lintel da primitiva porta da capela com a data de 1694 e outro com a data de 1972,  da edificação da atual capela  sugere-se a serem retirados e recolocados em airoso apontamento estético, em conjunto de pedra  no recinto do adro  para evocar a sua ancestralidade, e dignificar o passado do que aqui se viveu.
Graças à cortesia de  vários testemunhos mais se enxergou em genealogia 
Há anos corria na oralidade segundo José Grunho da Sarzedela  - casa da bispa. 
Silvina Gomes  - cheguei estar à lareira dessa casa, conheci bem os donos já velhinhos, eu era afilhada dos herdeiros! Sei que ele se chamava Gaudêncio, não sei o resto do nome,nem o nome da esposa, também sei que não tiveram filhos, e fizeram os seus bens,a uma empregada, que se chamava Maria Rosa ,veio a casar com um Sr da Constantina, que se chamava, João Marques,e que por sinal foram meus padrinhos,do Crisma, e do casamento, eram pessoas muito amigas de todos, tiveram um filho que se chama , António Marques,casou no Freixo,sei que tem filhos, ele trabalhou na câmara de Ansião, e têm uma filha que atualmente é enfermeira no centro de saúde de Ansião, é de salientar que os meus padrinhos, moravam na Constantina, e levaram para sua casa os idosos , que trataram muito bem até à morte! 

O apodo (alcunha) Freire
Justifica que o onomato surge a seguir ao nome próprio, quem pertencia  a Ordens Religiosas . 
Fica claro que o apelido Freire sendo muito comum na região centro a partir da centúria de 500 quer  na Comenda de Soure quer na de Ega, ambas  a limitar Ansião e ainda a nascente com Pedrogão Grande, na família de Pedro Miguel Leitão Freire d' Andrada, cujas ramificações quer a trabalho em comandos de Ordenanças e afins quer por casamento aportaram e se fixaram em Ansião.

Cortesia de Henrique Dias
Registo de João Gomes Freire da Silva, filho de António Gomes, natural de Ansião inscrito em Teologia em Coimbra.
Dicas para quem pretende seguir a linhagem
Cortesia de Henrique Dias
Localizei o baptismo do Custódio (em 1845 - ano de casamento dos pais), mas nos anos seguintes não encontrei o baptismo de nenhum dos irmão referenciados, inclusive do tal João nascido em 1848. O que prova que devem ter mudado da residência no Freixo após o nascimento do primeiro filho.
Na recente investigação da genealogia da Quinta das Lagoas, acabei por relacionar o nome  de José António Freire da Silva, natural de Revelves, Montemor o Velho, foi casado com uma descendente da Quinta das Lagoas   enterrada na sua Capela da Senhora da Boamorte, junto à mesma quinta desta freguesia D. Maria Inácia de Noronha e Meneses a qual faleceu com todos os sacramentos da última hora e fez testamento em 1812.Do que para constar faço este assento que assino com os sobreditos António Freire e João Freire de S. José. 
Ansião 5 de Outubro de 1929O Cura João Crisogeno de Figueiredo Perdigão
O Henrique Dias localizou um filho do casal de nome José em 1808. 
Óbvio  terá os apelidos do pai - Freire da Silva.
Falta apurar  se  houve outros filhos do casal ou depois de viúvo,  para entroncar o Capelão em 1876  o Padre João Gomes Freire da Silva, do Freixo. Uma hipótese forte a não descuidar,  até pelo perfil de linhagem do descendente Marques, pese não use  o apelido, já antes explicado, a denotar seja este o elo de costado e também ao Arqº José Freire Silva , o seu bisavô Custódio Freire da Silva era natural do Freixo onde nasceu em 1845 e partiu para Torres Novas. Nos registos que consultou tem nota de vários irmãos entre os quais um João nascido em 1848. O pai tinha apenas o apelido Freire assim como os ascendentes por aí acima, mas agora ao rever as suas notas, constata a existência de um avô materno Manuel da Silva. 
  • Fundamental saber mais de José, nascido em 1808. Se teve outros irmãos para entroncar o Custódio, nascido em 1845 que emigrou internamente para Torres Novas . Um começo mas  ainda um longo caminho.
A propósito do solar ser conhecido  por casa do padre ou bispo e da última  criada ser conhecida por Mavilde bispa, de alcunha. A  invocar chão, antes da Quinta das Lagoas,  com vários bispos na família, o brasão que existiu sobre a capela tinha chapéu de bispo. E sim, a Quinta das Lagoas foi-se desmembrando em várias, para novos ramos familiares viverem, e teria sido o caso deste solar, o que faz sentido dizer que foi de um padre, como outros houve na família e viveram uns na Quinta das Lagoas e outros na Quinta da Bica. Por fim os curas, António Freire e João Freire de S. José ainda viverem em 1929 ao atestarem o registo de óbito da sua familiar Inácia, acima referido em falta pela passagem da  invasão dos franceses, se pergunte se o último padre que aqui morou no solar dos Netos, não foi o João Freire de S José, o orago da capela? O pai do filho da criada que não perfilhou para não ser excomungado da igreja e manchar a sua reputação, a quem foi dado o apelido Marques?
Muitas pistas!
Em 2011
Publiquei a crónica  sem ter na altura analisado no gaveto do solar talvez pelo telheiro,  de certa forma escondia a Cruz, por isso não a distingui e agora sem ele, mais visível. 
Se a casa é de 1716 e capela de 1694, apresenta um hiato de 22 anos.O solar pode ter sido em 1716 uma requalificação da casa primitiva de quem instituiu a capela, e a Cruz, já antes existir ,ou não,  foi colocada por ser da casa do capelão, debalde para mim tem a conotação - Casa de cristão novo .
A minha selfie nos Netos em 2011
Nesta janela com vista para a capela o pormenor do caixilho todo em madeira, apenas de pequena abertura para a rua. Na região ainda existem janelas de caixilho minúsculo, cortado a direito- este, por a casa ser abastada se mostra ligeiramente maior e circular na parte de cima.
Dentro da casa a vista da capela, os bancos namoradeiros
Revivi a casa em todos os momentos entrando pelas portas abertas com vegetação e total abandono...
Belas janelas de avental em pedra da região em calcário com bancos namoradeiros de frente para a capela de S. José, aos Netos.

Ruínas da casa solarenga nos Netos
Fachada com varandim de colunas e lajes corridas no chão, de lado dois degraus. 
Ostenta a data 1716, inscrita na ombreira da primeira janela quando se entra no varandim.
Amei as janelas de avental, que as continuam a derrubar no concelho, sem alma nem piedade, no Alvorge mais uma...
 Um ângulo do telhado nu despido de telhas mouriscas...
O que resta do telhado...o deslumbre da grande chaminé ainda de pedra
             
Concavidades em abside, num tempo de poucos móveis

                            
                                           
De saída senti-me deveras emocionada, feliz...
Porque a ruína a mim também me encanta, por nela distinguir beleza!
O passeio pelo Alvorge com passagem pela Torre Vale Todos, aqui na surpresa com este património em ruína, alem de agradável, pelo imprevisto se revelou, um gozo sem limites!

Em Junho de 2020
Por segurança, o telheiro em derrocada e nas festas ao ser usado podia causar danos, porque tem o hábito de dançar no lajeado da varanda, as colunas de pedra foram retiradas em 2015
 O avental em derrocada...
               
 A porta...
 O lintel agora lavado pela chuva, mais visível 1716


A arte da cantaria em Ansião
Pelo menos desde o século XVI e estas colunas eram do XVIII, fazem parte do património do concelho de Ansião, a que já dediquei uma crónica temática - falta fotografar o balcão com varanda de avental no Freixo, que aventa ter sido da casa da câmara, quando o Freixo foi concelho.
As colunas na casa dos Netos foram retiradas, e outras peças em pedra da casa, estão guardadas, por questões de segurança desde 2015.
Deixo alerta, o poder local há anos que devia olhar o que foi a arte da cantaria, em Ansião, para estar acautelada, inventariada e protegida por lei municipal. 

ALN
A família Marques cedeu  de novo mais uma parcela de terreno, desta vez  à Associação dos Netos (ALN) junto ao barreiro para construção da futura sede.
Ação filantropa que deve ficar eternamente agraciada na toponímia.
O certo é premiar quem doa e o seu nome ficar na memoria presente e futura para as gerações vindouras. O mesmo será de esperar que a ALN irá colocar placa com o nome de quem foi o donatário do terreno para a sua sede. Porque se deve valorizar o mérito das doações, para alencar a outros tão nobre gesto altruísta.

Um grande bem haja a todos os que partilharam informação, a enaltecer Norberto Marques, por ter sido extraordinário em mais acrescentar história aos Netos.

Rio Nabão depois da ponte do Marquinho

Domingo. Ao final da tarde fui de mota com a minha irmã, paramos no Escampado de Santa Marta.Enquanto tirei umas fotos ela distraiu-se e a deixou cair, partiu-se o manipulo da embraiagem. Remédio vir com ela a "butes",empoleiradas na descida à casa do primo João Silva,atrás de nós, ladravam cães à desgarrada...
Mudámos de viatura.De carro, voltamos ao Escampado, seguimos em frente até ao Marquinho, atalhou à esquerda antes da ponte, grande a subida em terra batida, descemos ao vale e nele deparei com o rio Nabão, lindo, lindo, lindo...
Algumas fotos que captei.
Azenha do lado sul no Vale do Pessegueiro.
Entrada da água na azenha .
Caneiro do desvio do rio para a azenha recuperada do outro lado da estrada.Gostei do piquenique e da fogueira que decorria debaixo do olival.Eu e a minha irmã deleitamos-nos a contemplar o rio,os  muros de pedra em leirões e os penedos de calcário altos, um anão da Gruta do Calaias que contornamos a saborear uvas...
A partir do Vale do Pessegueiro, o rio deixa de apresentar água, pelas represas que vou falar adiante.
Rio Nabão no Vale do Pessegueiro, sem agriões ao entardecer.
Foz do Ribeiro de Albarrol, na verdade se deveria chamar Ribeirinho, nasce nesse lugar que lhe dá a graça do nome, entre o Casal Soeiro e a Ameixeira, desce ao Carril, acompanha a propriedade da minha irmã,banha os pés da aldeia abandonada os Matos,desliza no Barranco a caminho do morro de Albarrol que lhe deu o nome.
Não resisti a trazer uma lembrança deste ribeiro que faz parte da minha meninice, desci ao seu leito e dele trouxe uma pedra tipo uma bota com buracos, estava ali à minha espera, dei à minha irmã que ostenta junto à talha de barro.
A água a deslizar por entre os agriões que teimam bordar o leito do rio de branco como se fosse um grande véu de noiva.
Uma curva do rio ao longo do vale, desliza sem pressas.Passamos na estrada de terra batida que se vê à esquerda.
Outra represa, outro recanto magnífico do rio.
Represa, dique, açude, tantos nomes para uma comporta. Antes do Marquinho começam a aparecer até para lá do Vale do Pessegueiro. Usados pelo povo no passado, retenção de águas usadas na agricultura de minifúndio nos terrenos da margem, daqui até à nascente usavam poços de represa dentro do próprio rio que aqui se chama ribeira e de leito mais estreito.Tal como o Mondego na nascente na serra de Estrela se chama Mondeginho, aqui não se chama rio, mas sim ribeira. O rio na nascente só leva água no Inverno , no verão é seco,graças ao seu maior afluente, o Agroal, o rio leva um bom caudal na cidade de Tomar até à foz no rio Zêzere.
Rio a caminho do Vale da Vide.Ruínas de uma casa junto à margem. O que eu adoraria aqui ter vivido de paredes meias com tão lindo cenário.
Rio Nabão em Fevereiro de 2011, depois da ponte do Marquinho.
Lindo, coberto de agriões floridos..idílico, único para amar...
Cenário para sonhar.
Deixamos o rio porque a estrada impôs-se com duas variantes, Abiul e aldeias; Outeiro, Sarzeda, Pessegueiro.
De regresso a casa o caminho mais perto em subida, deliciei-me com as aldeias serpenteadas pelos outeiros, belas casas reconstruídas por estrangeiros, ainda o belo cruzeiro em pedra no Pessegueiro.
Adorei o passeio que a minha irmã me presenteou em final de tarde!

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