quarta-feira, 23 de março de 2011

Passeio por Alfama a pé!

Alfama. A minha princesa.Linda. Mora aqui numa mansarda com vista para o Tejo com 3 frentes...Pena as escadas...Um subir e descer de escadas e escadinhas, tendo o Tejo sempre ao fundo e as torres das igrejas a sobressair no céu.
Panorâmica sobre o Tejo. Grande terraço, esplanada para deleite dos visitantes a contemplar as vistas.Descansar, passar horas a conversar, ler, meditar!
Museus: Fundação Espírito Santo, Castelo S. Jorge, Ruínas do teatro romano. Quando requalificam o museu do brinquedo?Julgo que há 30 anos que o vejo entaipado, esqueceram-se dele?
Antiquários. A Sé, a igreja de Santo António.
Bares, lindos com mobiliário antigo.E o cheiro das laranjeiras em flor!
Um lugar romântico para se percorrer e saborear a dois!
Um cantor cabo cabo-verdiano cantava uma morna...Lá ia dizendo para o público "eu sou um cantor mui sensível"...Mote de o olhar, tirei-lhe as medidas, calça curta, rabiosque atrevido, não enganava!
Painel de azulejos encastrado numa das paredes da igreja do Miradouro de Santa Luzia
O miradouro é revestido a lindos painéis de azulejaria.Pena é constatar a sua brutal degradação a olhos vistos e pouco ou nada se vê fazer para os proteger.
Sou mais amante dos azuis...Embora os de cor vinoso me encantem.
Painel em azulejos em melhor estado, virado para o jardim.
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Pormenor do painel de azulejos a degradarem-se a olhos vistos.Há tempos comprei iguais na feira de Azeitão muito em conta.
Museu romano da cidade
Talhas em cerâmica encontradas nas escavações. Possivelmente de vários ceramistas, todas diferentes.
Talha em cerâmica.
Adorei a gravação no barro,cruz de oito pontas...Desconheço o significado!
Miradouro da antiga casa solarenga sobre o Tejo. Banquinhos em pedra com azulejos.
Interessante a criatividade em encher o vão da porta com os cacos de tijolos e outros fragmentos ceramicos aqui encontrados.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Nazaré as memórias com a minha irmã e o Turco

Em 1973 na Nazaré a minha mãe veio trabalhar no verão no Correio, alugou uma casita integrada num pátio com anexos. 
  • Não houve Santo dia que não deixasse de manhã em cima da mesa uma nota de 100$00 para nós aviarmos com mantimentos para o almoço e jantar. Saiamos de cesta na mão direitas ao mercado.Preços e contas de cabeça porque o dinheiro era contado na carteira, trazíamos fruta carne e peixe. A nossa primeira vez que fizemos um assado.
  • O pargo reluzente na banca a bom preço olhava para nós, a peixeira bem disposta apregoou o pregão "não se esqueçam de o regar bem com azeite, bastante cebola e tomate"
De tarde na hora da sesta em cima da cama bordámos uma toalha quadrada comprada na retrosaria riscada de flores e galões a ponto cruz enquanto dava na telefonia o folhetim Simplesmente Maria...a minha mãe fez-lhe o picot no rebordo, durou anos foi a lixívia que acabou por dar cabo dela e a finou em farrapos...acabado o folhetim, e a hora da sesta que foi de bordar, faziam-se horas de sair de casa com o nosso companheiro de sempre o Turco -, cão preto de patas brancas que um dia em bebé o nosso pai nos trouxe ,tirou do bolso do casaco...pequenino.
Percorríamos a falésia ao longo dos carreiros todos palmilhados a três, ao fundo no precipício a imensidão do mar a bater nos rochedos -, nós na encosta sem medos saltando armadilhas na vegetação que escondia buracos...outras vezes andávamos de elevador até ao Sítio para ver a patada do cavalo no promontório da falésia de D. Fuas Roupinho em 1182. Ea ermida e a igreja são interessantes.
Dias que nos aventurávamos no mar a banhos. Segura na corda que havia presa mar dentro, a minha irmã mais esperta e  afoita aprendeu a nadar sozinha, eu nunca o consegui.Não se safou de apanhar um eczema na pele que demorou anos a tratar. 
Pela tardinha uma volta pela lota na praia viam-se estandartes com peixe aberto a secar ao sol de cheiro forte a maresia, moscas e muito lixo. 
As mulheres vaidosas de lenço atado atrás da cabeça, vestidas a sete saias, briosos aventais de cetim bordados a ponto castelo branco, de ar regateiro com chinelo no pé na dança do andar de abanico de traseiro para abrir o laço do avental...
O Turco doido com as cadelas...as chatices que nos deu quando andava com o cio nesta terra chamada Nazaré!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Passeio em segunda feira gorda pela serra da Gardunha

Pelas serras a caminho do Fundão na zona das Minas da Panasqueira, ao longe a neve na serra de Estrela. Foto tirada do carro, não atenderam os meus pedidos para parar...
Saímos no IC 8 em direcção a Pedrogão Pequeno. Paisagem de serranias, eólicas e o rio êzere a correr ao fundo do vale - avista-se  cenário bucólico e sereno...
Paragem em Oleiros  burgo em ascensão, moderna, prédios com andares...
No Orvalho a minha irmã comprou um cesto azado para a lenha da lareira, ainda nos deram indicação para o almoço na Barroca, corta-se para Dornelas do Zêzere - mão fui, deve ser lindíssimo à beira do rio, fica para outra vez.
Na Barroca logo na entrada uma linda moradia em redondo com cúpula ao meio a imitar um pombal tradicional do planalto transmontano -, da terra quente e das amendoeiras em flor, quem os conhece como eu, logo identifica o estilo. Adorei. Pena estar implantada num baixio meia encoberta por outras. Merecia local de destaque.
O almoço bom e barato -, enfarta brutos, bom vinho a granel, pão, queijo da serra à fartazana, carne, arroz, esparguete, batata frita, esparregado de nabos, bolo de chocolate com natas, maçã assada, café e bagacinho forte!
Na entrada do restaurante a secar ao sol estava uma escultura em madeira de salgueiro que ao crescer um ramo se entrelaçou numa pernada maior e no tempo colou, mais acima outra pequenina começava a colar, não tivesse sido o corte antecipado se tornaria grossa como a de baixo.
  • Fez-me lembrar o enforcado...não,quero pensar no "amor de mãe"...dar colinho, agarrar, prender, não deixar fugir...
 
De bucho refastelado-,na estrada a minha irmã fazia a mortalha que deu a experimentar à minha mãe, sem modas esfumaçou " duas "passas" fugi delas, tabaco é coisa que não gosto.



Retomado o passeio no horizonte vislumbramos montes de britagem em amarelo e cinza a imitar uma barragem, só percebemos quando vimos a placa toponímica Minas da Panasqueira a caminho de Silvares relembramos a professora Laura Calado que a viu nascer e se enraizou na nossa terra - Ansião.
Espanto...todos rimos com o nome da aldeia -, Lavacolhos...serviu de mote a lava co.., lava toma...,lava pint...,lava tudo...
Serras roteadas às carreirinhas como no Douro, nelas cerejeiras, o que eu gostaria de as ter visto floridas de branco. Haviam algumas a dar a sua graça aqui e ali de flor cor de rosa.
Finalmente o Fundão -,mesmo no fundão da serra, tantas curvas, curva contra curva, tal a indisposição deparei com o seminário-, em frente Donas, a terra do Guterres com uma bela igreja em granito. Alcongosta -,a fazer jus à descendência árabe, tal como Alpedrinha, o túnel da Gardunha, ainda por aqui passei não existia, paragem obrigatória em Castelo Novo -, aldeia recuperada em granito, linda com banquinhos de pedra a cada porta.
A minha irmã azucrinava venham cá passar um fim de semana no turismo rural, vão gostar...a fazer jus à oferta "Refúgios" no Natal e ainda por gozar.
  • A minha mãe disse logo que não, " isto parece um cemitério"!

  • Não se via vivalma. 

Do alto da torre do castelo enxerguei gataria numa de fazer sesta a amornar ao sol no alto de uma parede nua...espertos, os quatro!
Na entrada no grande fontanário de 17 e qualquer coisa uma fila com garrafões de plástico, mala do carro aberta, água do Alardo à borla...toca de encher...

A aldeia ao que percebi foi recuperada num projecto centrado no Líder...pois claro. Casinhas de traça antiga com balcões, varandins, tudo muito bem arranjandinho.
A calçada do katano -, de saltos altos, fiquei sem pinga de sangue...
Uma vista do promontório do castelo


Interessante como os antigos aqui se instalaram numa vereda de granito da serra da Gardunha -, tanta pedra arredondada por tofo o lado, sem uma couve, numa vereda abundância de água, protegidos da alta Estrela e dos ventos que de lá sopram, vista deslumbrante sobre o planalto da Cova da Beira.
De partida paramos na Soalheira -,terra muito antiga da era de 14 e picos conforme data uma igreja. Fama de bom pão e do queijo, chouriça e farinheira, as compras que fizeram para mim.Terra de gente de linhagem. Aqui nasceram os Ferreiras -, a Fátima Ferreira do Prós e Contras e o pai do Zé Ferreira seu primo meu gerente no Sotto Mayor na Rua do Ouro e,...
  • Travei conversa com um anónimo, velhote de mão presa pela trombose e olho vivo em verde -, que ruínas eram as que estavam ali com grades nas janelas abertas nas paredes nuas cobertas de vegetação, respondeu "olhe nessa casa viveu uma senhora que morreu em 1935...houve mudanças no cemitério,os restos mortais estavam num jazigo que ela mandou fazer, chamados os herdeiros para opinarem, disseram, enterrem-nos!"
Coisas que me deixaram a pensar, e muito!
 

Adorei a passeata pela Gardunha!

terça-feira, 8 de março de 2011

Fonte da Costa em Ansião aventura alucinante a descida da serra

Remoer  almoço em domingo gordo a caminho da Serra da Fonte da Costa em Ansião 2009.


A minha mãe presenteou as filhas com um bom frango do campo de cabidela, como só ela sabe fazer.Também não degusto o de mais ninguém...nada melhor para o remoer do que subir à serra da Fonte da Costa com os três cães da minha irmã - cada um levava o seu pela trela. Uma aventura. Tomámos o caminho antigo ladeado por veredas em barro assoreado pelos temporais e pelas raízes dos pinheiros que resvalam com a erosão, o vão entupindo e ninguém se importa. Matagal. Já não há quem se aventure a palmilhar este caminho do costado da serra para atalhar ao endireito da Costa. Continuamos a fazê-lo, como o fizemos no passado em miúdas -, ao cimo temos uma grande fazenda onde íamos buscar sacas de pinhas para abrir no forno, fazer saltar pinhões, apanhar erva de Santa Maria para retalhar as azeitonas, ainda ramos de madressilva e lenha claro.
Ao meio da encosta deparamos com uma terraplanagem. Nela muita pedra semeada toda branquinha, ideal para fazer cal, no terrado plantio recente de eucaliptos. Os meus olhos impeçaram numa pedra que me pareceu um machado do paleolítico, trouxe-o comigo. Antigamente no local existiu uma pedreira que já a conheci desactivada, ao lado corria o carreiro para atalhar para a nossa fazenda. Por aqui cheguei a encontrar micas que ainda tenho guardadas num tempo que estudei fosseis e minerais.
Problema? A serra é reserva de rede Natura...ninguém fiscaliza o que nela se planta.
O que não gostei? O dono do terreno roteado marimbou-se para o caminho da travessia da serra, cortou-o sem dó nem piedade, continua a poente na extrema até à Costa que lhe dá a serventia para vender  a madeira daqui a 10 anos. Isto sim é que está mal. Faz falta, deveria ser roteado mais largo para nele nos passearmos e regalar com as vistas duma paisagem linda e panorâmica com os Casais ao fundo e,...
Chegadas à Costa entramos noutro caminho em direcção ao picoto que nos leva mais à frente à nossa propriedade.Vista magnífica sobre a vila de Ansião e o Anjo da Guarda.
VISTAS DA COSTA
Em 1962 para se fazer o poço da fábrica CUF foi aberta uma estrada ao longo da nossa fazenda,desde esse tempo ainda persiste o troço, apesar do matagal, urze, carvalhos, medronheiros, eucaliptos, pinheiros, azinheiras, oliveiras e outras espécies. Tomámos esse caminho e chegámos à extrema , como quem diz a um terço da barriga da serra que teimamos aventurar-nos em continuar a descer até à estrada de maquedame que corre ao sopé por detrás da antiga CUF. Decidida foi no momento a maior aventura dos seis, contando com os cães -, cheio de medo, o Camões, um medricas, encolheu o rabo, só a pontapé desceu o muro alto, mata fechada, poucas clareiras, muito embrenhada de silvas e silvões entrelaçados em árvores sem poda. Para trás e para a frente à procura de melhor caminho, rastejamos, descemos muros, caímos todos, escorregamos, o cão pequeno ia ficando debaixo do meu marido, o Serra da Estrela só desceu depois da minha irmã ter descido primeiro e por ele ter puxado a trela com força, que remédio teve senão se aventurar no abismo, vali-me do  machado de pedra que antes encontrei na subida e tantas vezes usei para cortar silvas e fazer caminho, com o cão mais pequeno ao colo -, um leitão, pesado e traquinas, resvalava do braço, outras vezes ficava preso nos ramos das árvores, trela pequena, cão do caraças tanta arrelia me deu. Loucura tal odisseia na descida da serra da Fonte da Costa. Pior seria voltar para trás. Nada se via, a encosta engana -,tem patamares com muros em pedra solta descaídos pelas raízes e pelos animais que por lá passam, ao olhar em redor não se tinha a percepção onde se estava, apesar de nunca termos perdido a orientação. Foi incrível tal a sensação. Ninguém passa nesta serra há que anos. O que mais gostei? De ver a persistência das velhas oliveiras -,outrora toda a serra coberta por elas deveria ser muito mais bonita do que agora infestada de mato, carrascos com carvalhos, medronheiros, praticamente inacessível, a pedir desmatagem urgente!
Antigamente havia e ainda existe um troço de um antigo caminho ladeado de muros de pedra solta -, paguei 50€ ao Zé Maria dono do pinhal à esquerda que confina com o meu para o limpar até ao limite  da sua courela abaixo da minha a meia encosta parece que se fez de esquecido com o dinheiro no bolso...o pinheiro cresceu no caminho que atravessa a serra  e confinava atrás da fábrica nas imediações  a nascente do Sr. do Bonfim. Quem por aqui passava? Os ranchos de gente a caminho do turno da fábrica. Acabou-se a fábrica e o modo de se fazerem transportar. Abandonado, nele nasceram árvores e arbustos, se fosse limpo, seria um itinerário para caminhadas, exploração da serra, das vistas, dando-lhe a dignidade que teve no passado e se perdeu.
Descobrimos a saída quase em frente à quinta do Saul - sorte a nossa o dono do carvalhal tinha-o limpo,deixou ficar as silvas secas entrelaçadas que sendo altas ainda nos arranharam as mãos - sangravam a bom sangrar, ainda picos metidos na pele, roupa cheia de folhas, cavacos, calças com marcas de barro e terra fresca ainda marcas do verdum das folhas -, cabelos desalinhados repletos de folhagem e os corações a vibrar de gaúlio por termos conseguido achar a saída com sucesso!

A nova estrada que quis fazer dentro da minha propriedade e da minha irmã com o muro alto de extrema da Celeste Lopes Borges atravessa o pinhal da família do Artur latoeiro e confina no tal caminho com serventia para outra fazenda nossa e a do Zé Maria.
Linda com a chegada dos medronhos em tons amarelo e laranja

Aventura inesquecível!!!!

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