Pelas serras a caminho do Fundão na zona das Minas da Panasqueira, ao longe a neve na serra de Estrela. Foto tirada do carro, não atenderam os meus pedidos para parar...
Saímos no IC 8 em direcção a Pedrogão Pequeno. Paisagem de serranias, eólicas e o rio êzere a correr ao fundo do vale - avista-se cenário bucólico e sereno...
Paragem em Oleiros burgo em ascensão, moderna, prédios com andares...
No Orvalho a minha irmã comprou um cesto azado para a lenha da lareira, ainda nos deram indicação para o almoço na Barroca, corta-se para Dornelas do Zêzere - mão fui, deve ser lindíssimo à beira do rio, fica para outra vez.
Na Barroca logo na entrada uma linda moradia em redondo com cúpula ao meio a imitar um pombal tradicional do planalto transmontano -, da terra quente e das amendoeiras em flor, quem os conhece como eu, logo identifica o estilo. Adorei. Pena estar implantada num baixio meia encoberta por outras. Merecia local de destaque.
O almoço bom e barato -, enfarta brutos, bom vinho a granel, pão, queijo da serra à fartazana, carne, arroz, esparguete, batata frita, esparregado de nabos, bolo de chocolate com natas, maçã assada, café e bagacinho forte!
Na entrada do restaurante a secar ao sol estava uma escultura em madeira de salgueiro que ao crescer um ramo se entrelaçou numa pernada maior e no tempo colou, mais acima outra pequenina começava a colar, não tivesse sido o corte antecipado se tornaria grossa como a de baixo.
- Fez-me lembrar o enforcado...não,quero pensar no "amor de mãe"...dar colinho, agarrar, prender, não deixar fugir...
De bucho refastelado-,na estrada a minha irmã fazia a mortalha que deu a experimentar à minha mãe, sem modas esfumaçou " duas "passas" fugi delas, tabaco é coisa que não gosto.
Retomado o passeio no horizonte vislumbramos montes de britagem em amarelo e cinza a imitar uma barragem, só percebemos quando vimos a placa toponímica Minas da Panasqueira a caminho de Silvares relembramos a professora Laura Calado que a viu nascer e se enraizou na nossa terra - Ansião.
Espanto...todos rimos com o nome da aldeia -, Lavacolhos...serviu de mote a lava co.., lava toma...,lava pint...,lava tudo...
Serras roteadas às carreirinhas como no Douro, nelas cerejeiras, o que eu gostaria de as ter visto floridas de branco. Haviam algumas a dar a sua graça aqui e ali de flor cor de rosa.
Finalmente o Fundão -,mesmo no fundão da serra, tantas curvas, curva contra curva, tal a indisposição deparei com o seminário-, em frente Donas, a terra do Guterres com uma bela igreja em granito. Alcongosta -,a fazer jus à descendência árabe, tal como Alpedrinha, o túnel da Gardunha, ainda por aqui passei não existia, paragem obrigatória em Castelo Novo -, aldeia recuperada em granito, linda com banquinhos de pedra a cada porta.
A minha irmã azucrinava venham cá passar um fim de semana no turismo rural, vão gostar...a fazer jus à oferta "Refúgios" no Natal e ainda por gozar.
- A minha mãe disse logo que não, " isto parece um cemitério"!
Do alto da torre do castelo enxerguei gataria numa de fazer sesta a amornar ao sol no alto de uma parede nua...espertos, os quatro!
Na entrada no grande fontanário de 17 e qualquer coisa uma fila com garrafões de plástico, mala do carro aberta, água do Alardo à borla...toca de encher...
A aldeia ao que percebi foi recuperada num projecto centrado no Líder...pois claro. Casinhas de traça antiga com balcões, varandins, tudo muito bem arranjandinho.
A calçada do katano -, de saltos altos, fiquei sem pinga de sangue...
Uma vista do promontório do castelo
Interessante como os antigos aqui se instalaram numa vereda de granito da serra da Gardunha -, tanta pedra arredondada por tofo o lado, sem uma couve, numa vereda abundância de água, protegidos da alta Estrela e dos ventos que de lá sopram, vista deslumbrante sobre o planalto da Cova da Beira.
De partida paramos na Soalheira -,terra muito antiga da era de 14 e picos conforme data uma igreja. Fama de bom pão e do queijo, chouriça e farinheira, as compras que fizeram para mim.Terra de gente de linhagem. Aqui nasceram os Ferreiras -, a Fátima Ferreira do Prós e Contras e o pai do Zé Ferreira seu primo meu gerente no Sotto Mayor na Rua do Ouro e,...
- Travei
conversa com um anónimo, velhote de mão presa pela trombose e olho vivo
em verde -, que ruínas eram as que estavam ali com grades nas
janelas abertas nas paredes nuas cobertas de vegetação, respondeu "olhe nessa casa viveu uma senhora que morreu em 1935...houve
mudanças no cemitério,os restos mortais estavam num jazigo que ela
mandou fazer, chamados os herdeiros para opinarem, disseram,
enterrem-nos!"
Coisas que me deixaram a pensar, e muito!
Adorei a passeata pela Gardunha!