As sachas…Dança ancestral do uso do pau em jeito de andarilho à pala do Entrudo - ainda hoje se revezam raízes nele a dança do Fandango do Ribatejo
e Pauliteiros de Miranda. O nome
não sei de onde lhe advêm, será do ato de sachar o milho, no jeito da
enxada na roda dos pés das plantas ao acalcar a terra junto do pé ou,
na dança os pés e o pau firme no chão a fazer toada para dar nas
vistas a exibição?
Em tempos de antanho era tradição na Moita Redonda, uma
aldeia da freguesia de Pousaflores no concelho de Ansião o uso de um "Pau" por
cada rapaz na aldeia, no mesmo ritual nas redondezas. Chamavam-lhe os caceteiros. Na Moita Redonda juntavam-se ao domingo rapazes e raparigas em redondel
ao largo do aqueduto do ribeiro com o entroncamento da quelha do Vale
onde se bailava-, velhas mulheres vestidas de preto, enfeitadas de lenço surrado pela cabeça e na boca desdentadas, o seu festim era espiolhar os namoricos das filhas, atrevidas chegavam-se de mansinho aos rapazes e
os espicaçavam- "olhe lá vossemecê quer bailar? Puxe aquela
ali..."
Quando iam à missa levavam o pau e deixavam-no atrás da porta da igreja, mas houve padres a proibir e assim o deixavam antes de entrar nas vilas escondido.
Quando iam à missa levavam o pau e deixavam-no atrás da porta da igreja, mas houve padres a proibir e assim o deixavam antes de entrar nas vilas escondido.
Paus e queimbos que foram da Moita Redonda
"O Jogo do Pau é o sistema
tradicional Português de combate e defesa pessoal, com origem e principal
incidência no combate em inferioridade numérica".
"num país em que, até há pouco
tempo, se caraterizava fundamentalmente pela prevalência dos ambientes rurais
sobre os urbanos, ocorreu a manutenção do pau / cajado, como utensílio de
caminhada e, simultaneamente, como ferramenta de defesa pessoal".
" esta arte, outrora aplicada
a toda e qualquer arma medieval e outros instrumentos de fácil acesso, como os
agrícolas, veio a ser conotada como exclusiva de paus, ao ponto da recente
designação que surgiu para a identificar transmitir essa mesma ideia: Jogo do Pau".
"a origem e história do Jogo
do Pau, enquanto tal, baseia-se um pouco numa interpretação lógica da relação
entre caraterísticas socais e ténicas de combate criadas mas, acima de tudo,
assenta no fato objetivo de, num dos livros escritos pelo Rei D.Duarte no
século XV (Ensinança de bem cavalgar a toda a sela), o nomes apresentados para
designar as ténicas de ataque, assim como as suas trajetórias, corresponderem
aos nomes e trajetórias que nos chegaram pela prática do Jogo do Pau".
Desenho do jogo do pau na região de Alfredo Keil do seu Livro Tojos e Rosmaninhos do século XIX
quando se deslocava à região para caçar com o Rei D. Carlos e costumavam ficar
na Estalagem de Ferreira do Zêzere.
Confesso
não aprecio o Carnaval dos nossos dias em jeito arremedado dos
Brasis...
Em geral naquele tempo de antanho rapaz que se prezasse andava sempre com o seu fiel companheiro - o pau, servia para se encostar, apoiar e defender, hoje ainda perdura o seu uso pelos pastores. Quando se deslocavam a outras terras tinham sítios para os deixar guardados, nem sempre andavam com eles. Pelo Entrudo, deles faziam uso nos bailes, onde a traulitada e o cantar ao desafio era permitido para libertação da alma de ditos e mexericos - as cegadas ou pulhas - testemunhos de vida na essência a declamar acontecimentos cómicos vividos na aldeia no pretexto de os vincarem ,em alto e bom som, a respeito de todas as pessoas, sobre o que não se aprovava e falava por trás, com eles andavam entalados na garganta durante um ano, no suposto seria -, não se querer voltar a falar...Os que tinham este perfil e arte para desempenhar tal papel eram as pulhas- ao fazerem uso do palco, o terreiro à ponte do ribeiro onde se concentrava o ajuntamento e convívio de gentes, onde a festa acontecia no deixar a aldeia sonza e desnorteada com tamanha paulitada-, que fazer era coisa que lhes estava na " massa do sangue"...Fosse o jeito do gozo, escárnio, maldizer, e sátira, - sendo que este estar no Entrudo na Moita Redonda era sagrado.Por Lisboinha no lembrar do meu bom amigo João Patrício. Ah!!!As Pulhas na minha aldeia...Iam para o monte da Ovelha dizer bem alto: A Maria tem um amante! E outras tentações do demónio ...
Se sobrasse alguma moeda no fundilho dos bolsos alguns em fila ainda se iam "aliviar na mulata" coitada dela e da má sorte ditada pelo pai "Ervilha"que na ida ao Brasil à procura de boa fortuna, no regresso trouxe dois filhos mulatos, um par de meias de seda, e uns cobres para fazer a casa que era ao tempo boa e grande com um par de janelas de guilhotina , e segura na companhia de Seguros Bonança ...O irmão morreu cedo afogado no poço do quintal na borda do caminho,já ela votada ao abandono sem ninguém nesta vida para lhe acudir, senão os vizinhos sobreviveu a saciar prazeres, sem prazer...Ainda me lembro do seu olhar triste!
Em geral naquele tempo de antanho rapaz que se prezasse andava sempre com o seu fiel companheiro - o pau, servia para se encostar, apoiar e defender, hoje ainda perdura o seu uso pelos pastores. Quando se deslocavam a outras terras tinham sítios para os deixar guardados, nem sempre andavam com eles. Pelo Entrudo, deles faziam uso nos bailes, onde a traulitada e o cantar ao desafio era permitido para libertação da alma de ditos e mexericos - as cegadas ou pulhas - testemunhos de vida na essência a declamar acontecimentos cómicos vividos na aldeia no pretexto de os vincarem ,em alto e bom som, a respeito de todas as pessoas, sobre o que não se aprovava e falava por trás, com eles andavam entalados na garganta durante um ano, no suposto seria -, não se querer voltar a falar...Os que tinham este perfil e arte para desempenhar tal papel eram as pulhas- ao fazerem uso do palco, o terreiro à ponte do ribeiro onde se concentrava o ajuntamento e convívio de gentes, onde a festa acontecia no deixar a aldeia sonza e desnorteada com tamanha paulitada-, que fazer era coisa que lhes estava na " massa do sangue"...Fosse o jeito do gozo, escárnio, maldizer, e sátira, - sendo que este estar no Entrudo na Moita Redonda era sagrado.Por Lisboinha no lembrar do meu bom amigo João Patrício. Ah!!!As Pulhas na minha aldeia...Iam para o monte da Ovelha dizer bem alto: A Maria tem um amante! E outras tentações do demónio ...
Se sobrasse alguma moeda no fundilho dos bolsos alguns em fila ainda se iam "aliviar na mulata" coitada dela e da má sorte ditada pelo pai "Ervilha"que na ida ao Brasil à procura de boa fortuna, no regresso trouxe dois filhos mulatos, um par de meias de seda, e uns cobres para fazer a casa que era ao tempo boa e grande com um par de janelas de guilhotina , e segura na companhia de Seguros Bonança ...O irmão morreu cedo afogado no poço do quintal na borda do caminho,já ela votada ao abandono sem ninguém nesta vida para lhe acudir, senão os vizinhos sobreviveu a saciar prazeres, sem prazer...Ainda me lembro do seu olhar triste!
Na feira da ladra encontrei há tempos um caderno de capa preta de folhas quadriculado comprado na Papelaria Vasconcelos no nº 268 na Rua da Prata em Lisboa, escrito com sonetos em letra elaborada de Maria Regina , por volta dos vinte anos de idade ...1926.
SONETO
O que é o Carnaval?!Frouxa risada
D'ironia ao que vai pelo ano fora
Soluço disfarçado em gargalhada
Escuridão mascarada em luz de aurora.
É miséria vestida de brocado
Alegria fictícia
que consome
É aquele garoto esfarrapado
Que vês a rir para disfarçar a fome
É
a torpe mentira que nos choca
É a própria mentira que a provoca
É aquela
criança quase nua…
São três dias que duram o Carnaval, eles
Mas eles passam...vão-se...e
afinal
...O Carnaval da vida continua...
O tema retratado me parece tão atual...Incrível já passou quase um século!
Há outro soneto intitulado - P'ra quê ? com um apontamento a lápis - " lidos por
Ana Trindade em 3 de setembro de 1947."
P'ra que me deste um coração, Senhor...
P'ra que m'deste assim como este meu?!
P'ra não poder passar alheia a dor...
Para sangrar como sangrou o teu?
Para que foi, Senhor, que tu me deste
A mim,simples mortal, um coração?.
..Olhai aquela flor que o vento agreste
Derruba sucumbida para o chão..
A vossa cruz!eu sei, foi bem pesada
Mas junto a vós, Senhor, eu não sou nada
Por isso que me esmaga a cruz da vida..
Deste-me um coração;p'ra quê Senhor?!
Se eu sou a própria imagem dessa flor
Que ao menor sopro, cai desfalecida...
Ao tempo não havia máscaras tapava a cara com uma meia de vidro, no caso uma da minha mãe nº 8,5, e a sua maquilhagem fez milagres..e a boina branca rematou a cabeça.
Pelo Entrudo sempre gostei muito
de ir até aos Escampados com a comandita da cachopada no atalho pela quelha do Vale no endireito da ladeira , e às Almitas direitos ao Escampado Belchior à casa do Serra, depois na direção de Santa Marta sentados nos muros da capela de Santa Marta a conversar e a rir -, em seguida no caminho da Lagoa, com nova paragem na casa da avó da Arminda e da Gracinda ,de caras para a lagoa que lhe deu o nome, brincadeira farta à sua roda ,e a apanhar canas para varejar nas águas -, claro e a brincar no molha molha...
Cansados, a comandita seguia para o de S. Miguel onde na casa da Elvira André junto à capela de S.Miguel e da casa dos avós do Carlos Cotrim havia de novo alarido. As pessoas gostavam de nos ver pelos caminhos cheios de alegria e o descaramento de pedirmos alguma coisinha para comer, como se fosse no tempo dos Santos na cantilenga - "Ti Maria dá bolinhos por alma dos seus Santinhos" as mulheres ofereciam ovos, chouriças, pão escuro de trigo e centeio, laranjas, passas de figo e nozes.
De regresso a casa o redondel fazia-se no Largo do Bairro onde a festa acontecia, todos comiam e bebiam, se faltasse alguma coisa alguém ia buscar a casa, ou comprava-se, se para tal tivéssemos recebido moedas!
Recordações tenho da azáfama nas vésperas do Carnaval no Correio velho de Ansião, no turno da meia noite, de ver a minha Titi com a minha mãe - mais pareciam mãe e filha, e na realidade eram irmãs com diferença de 24 anos -, na folga dos assinantes no dar à manivela para pedir chamadas locais e interurbanas, matavam o tempo a remendar fatos guardados anos a fio no sótão do solar da D. Maria Amélia Rego que a traça não perdoou. A bondosa senhora os emprestou a contento, tinham sido usados pelas suas filhas, já senhoras. Belo, era o traje madeirense e outro de cigana , de saia rodada até aos pés puxada na roda por flores cerise, com cesta na mão com elástico e fita de nastro fazia de vendedora de retrosaria. Vestida com eles me passeei até aos Olhos d’ Água onde rebenta o Nabão, por aqui em dia de Entrudo a água jorra em fúria da gruta pelo poço aberto nos anos 40, e segue viagem sempre a fugir em pujança da eira pela porta aberta repleta de agriões floridos...
Cansados, a comandita seguia para o de S. Miguel onde na casa da Elvira André junto à capela de S.Miguel e da casa dos avós do Carlos Cotrim havia de novo alarido. As pessoas gostavam de nos ver pelos caminhos cheios de alegria e o descaramento de pedirmos alguma coisinha para comer, como se fosse no tempo dos Santos na cantilenga - "Ti Maria dá bolinhos por alma dos seus Santinhos" as mulheres ofereciam ovos, chouriças, pão escuro de trigo e centeio, laranjas, passas de figo e nozes.
De regresso a casa o redondel fazia-se no Largo do Bairro onde a festa acontecia, todos comiam e bebiam, se faltasse alguma coisa alguém ia buscar a casa, ou comprava-se, se para tal tivéssemos recebido moedas!
Recordações tenho da azáfama nas vésperas do Carnaval no Correio velho de Ansião, no turno da meia noite, de ver a minha Titi com a minha mãe - mais pareciam mãe e filha, e na realidade eram irmãs com diferença de 24 anos -, na folga dos assinantes no dar à manivela para pedir chamadas locais e interurbanas, matavam o tempo a remendar fatos guardados anos a fio no sótão do solar da D. Maria Amélia Rego que a traça não perdoou. A bondosa senhora os emprestou a contento, tinham sido usados pelas suas filhas, já senhoras. Belo, era o traje madeirense e outro de cigana , de saia rodada até aos pés puxada na roda por flores cerise, com cesta na mão com elástico e fita de nastro fazia de vendedora de retrosaria. Vestida com eles me passeei até aos Olhos d’ Água onde rebenta o Nabão, por aqui em dia de Entrudo a água jorra em fúria da gruta pelo poço aberto nos anos 40, e segue viagem sempre a fugir em pujança da eira pela porta aberta repleta de agriões floridos...
Deleite maior sentir a água correr debaixo da pequena e linda
Tempo de troça, de gozar com tudo e com todos, extravasar alegrias, rir à gargalhada com humores carregados de sarcasmo, de fazer o que durante o ano não era permitido. Atrás dos cabeçudos os cachopos faziam corrupio -, para nos assustar davam corridas largas, as saias voavam, as cabeças grandes batiam umas nas outros...Risada, muito rir descontraído, solto e aberto de folia.Na véspera tive o privilégio de os ver chegar em cima de uma camioneta e a serem acomodados na casa onde funcionavam no início os Bombeiros antes do quartel - agora a casa do António dos Munhos, ainda assisti ao despique dos homens que os queriam vestir para rodopiarem pelas ruas!
A última vez que o joguei ao Entrudo
foi com a minha grande amiga Lála da quelha da Atafona, ela vestia
camuflado da tropa, eu fazia de madrinha de guerra grávida, vestida de saia que ela fez
enquanto aprendiz de costureira de uma colcha de seda azul-bebé da minha mãe a que pôs um elástico na cintura, a fazer de barriga uma almofada presa com um lenço,
de braço dado fomos até à vila desfilar, na placa do Município encostado a um banco esperava um táxi o Zé Emídio Moreira para ir
até à Serra do Mouro namorar… O nosso estar era premeditado de o atazanar com escolha em tantas escolhas!