quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ateanha, Alzajede, Fonte Carvalho e Constantina por terras de Sicó na companhia de água!

Adoro percorrer aldeias semeadas nas serranias de Ansião e limítrofes do Maciço de Sicó, mais uma vez, outra vez, sempre sem nunca me cansar, antes fico cada vez mais deslumbrada!
A minha mãe atazana-me a cabeça que só gasto gasolina...Pior seria se fosse vadiar ou perder horas em esplanadas de café...Ora se não a levasse, não ouviria epitáfios...Mas disso faço questão!
Por estas terras além de se respirar ar puro,derreto o olhar nas paisagens de cariz bucólico, ora desértico, de planura agreste e pedregoso, de chão serrano e outeiros em formato de pirâmide, semi despidos de vegetação, no contraste com o olival raquítico, enfeado, semeado à toa de padraria calcária salpicado aqui e ali com hortícolas em total prazer mayor o registo de muitas fotos a descobrir pedras de beleza esculpidas pela erosão, aqui sinto em aridez o local mais belo do mundo!
Tomei o rumo do Rabaçal onde fomos a compras de queijo na fábrica para governo das nossas casas .De regresso teimei atalhar por Casas Novas, pertença do concelho de Soure e na estrada para Penela virei para os campos da Atenha onde registei orquídeas silvestres a que chamava ironicamente jacintos, em lilás no meio de erva de Santa Maria, uma qualidade de tomilho e abundante cascalho calcário.
Por entre cascalho calcário à toa na terra enegrecido pelo tempo  ornado a erva de Santa Maria, há orquídeas, goivos e outras plantas que não sei o nome.
Na foto abaixo distingui no canto esquerdo  um ferro em "L" faz parte de uma grande estrutura em construção  para albergar cabras para a produção do queijo denominado Rabaçal. Em 2015 já não a deslumbrei...

Aprazível paisagem dos outeiros semi despedidos em forma de cone nesta zona caraterísticos: Monte Jerumelo na frente do Monte do Germanelo.Rezam lendas que a minha mãe me contava na carreira a caminho de Coimbra: Haviam dois germanelos (irmãozinhos) gigantes, cada um no seu monte -, Jerumelo a sul, e o outro, Melo -, a norte . Eram ferreiros cada um em seu monte com a sua respectiva forja, possuíam apenas um martelo do qual se serviam alternadamente.  A distância entre o topo dos dois montes era curta, mais ou menos dois quilómetros, os dois irmãos partilhavam o martelo atirando-o um ao outro quando dele precisavam.  Um dia o Jerumelo ao atirar o martelo com força o cabo perdeu-se no ar e a maça de ferro caiu no sopé do monte Melo onde apareceu uma fonte de água férrea, o cabo de zambujo caiu mais longe,deu origem a um Zambujal -, uma aldeia da freguesia do Rabaçal. 
A prova de que esta história tem um fundo verdadeiro está nas ruínas da forja do irmão Melo, que ainda hoje se encontram no cimo do monte com o mesmo nome. 
Outro dito popular " Pelo sinal do Rabaçal, Fonte Coberta e Zambujal -, se mais me desse, mais comia, adeus meu pai, até outro dia." 
Deixei os campos pedregosos do sopé da Ateanha a caminho do alto do outeiro onde se implantou a aldeia de Aljazede composta de casario castiço com capelinha descendo para o vale calcomargoso que lhe fica a sudeste onde fotografei uma lagoa, uma dolina cársica.

Parei mais à frente para roubar uns ramos de eucalipto para afastar os cheiros de mofo dos armários... Salpicos de casario na paisagem, num repente na minha direita corria em caudal abundante a  ribeira da Mata que nasce na Fonte da Quinta da Ladeia no Alvorge.
Ribeira 
   Lagoa do Pito
Quiseram os meus olhos ver por aqui estas terras do Maciço de Sicó uma cegonha branca apeada no prado junto da margem da ribeira -, nunca antes tinha visto por aqui, e tanto o tinha sonhado, adoro cegonhas!
Tentei registar uma foto quando levantou voo, debalde não fui perspicaz!
Na Lagoa do Pito foi feito no passado um grande poço -, possivelmente aberto nos anos 40 do século XX ao tempo mais dois foram igualmente abertos -, o segundo uns metros há frente junto do leito da ribeira - O Poço Minchinho.
No Mini mercado da Fonte Carvalho estavam no exterior duas senhoras, uma cliente com a filha bonita e sexy , a Matilde, carregava mercadoria num automóvel , voltariam a entrar. Parei o carro em cima da ponte para vir tabelar conversa com elas, saber mais sobre a Fonte Carvalho.Debalde quando tentava abrir a porta reparei que estava fechada -, logo reaberta com pressas e pedido de desculpas. As pessoas andam assustadas com os amigos do alheio a rondar a região...Não me conhecendo, ia bem vestida, podia muito bem ser uma burlona bem falante então não fui uma relações públicas...Rapidamente dei-me a conhecer -, a Matilde Arsénio até conhece a minha irmã Mena , o que francamente me deixou aliviada!
A Matilde senhora bonita de olhos grandes e doces falou-me dos poços -, da história do seu pai ter entrado no do MInchinho, há mais de 30 anos, se não tivesse sido içado poderia ter perecido, num repente se abriu uma buraca e dela veio uma enxurrada de água...Nem a propósito três dias depois na televisão em Porto da Espada no sopé de Marvão abriu-se uma cratera com mais de 100 metros de profundidade e vários metros de largura, fenómeno QUE está a ser estudado por ser uma zona calcária com existência de grutas, os solos encharcados de água sugaram as terras... Para corroborar o que a Matilde disse "uma dia lavava roupa na Lagoa do Pito há mais de 30 anos, quando viu parar um carro de onde saiu um senhor que lhe chama a atenção do perigo que corria ao estar dentro da Lagoa"... As pessoas desconhecem que estas lagoas cársicas tem geralmente buracas, se alguém caí nelas pode nunca mais se encontrar, vão para as profundezas...Com a noticia recente de Marvão o entendi também!
A Matilde ainda me falou do penhasco em forma de mesa no alto dos Carrascos, vinha a minha mãe apressada a chamar-me como se fosse ainda cachopa... Defeito que tem, não compreende que tenho de conversar para mais saber... Debalde não perguntei o caminho, lembro-me que me disse muita gente o visita, vou ter de voltar para perguntar de novo. Despedi-me deixando o endereço do blog...O Mini mercado da Fonte além de moderno e bem recheado de fazer inveja a outros na região, tem franco estacionamento com máquinas tecnológicas modernas para passar faturas . Ao lado exploram um café, até podia ter tomado um  mas a minha mãe estava farta de esperar.."atazanou -me a mioleira a dizer que tinha estado uma hora na conversa"...quando não demorei nem um quarto d'hora...

Na estrada na Fonte Carvalho
Fiz-me de novo à estrada tendo por companhia a Ribeira da Mata que a partir daqui toma o nome de Ribeira do Açor -, nome bonito a fazer jus ao leito abundante ao nível das margens de muros de pedra seca a caminho da Constantina depois da ponte na margem há uma casa em pedra que me reportou para Veneza..Interrogo-me sobre as pontes ditas romanas que haviam desde a Lagoa do Pito até ao Marquinho no passado todas iguais com o mesmo formato em pilares em pedra, aqui só existe para contar a história desses tempos um pilar de acesso a uma casa...hei-de voltar para registar em foto.
Senhora da Paz na Constantina… Desde miúda ouvia falar deste lugar associado a lendas, romanos, ainda de um rei Filipe III aqui ter passado deixando um pergaminho assinado na sacristia da Capela, na célebre visita que este soberano fez pelo País. Sobrevive até hoje o coche patente no Museu dos Coches em Belém. Interessante é pensar na força brutal dos cavalos para o puxar, tal a tonelagem de madeira -, uma jubilação real, pensar… A Constantina foi a meu ver um burgo muito importante na época romana e medieval. De evocar a existência da Confraria da Nossa senhora da Paz. No tempo houve Feiras francas: Pinhões e da Santa Isabel a 2 de Julho -, precisamente a data que se realiza hoje em Coimbra, mais tarde transferidas para o centro da vila de Ansião -, perdendo-se no tempo a da Rainha Santa, apenas jubilada na festa de S. Pedro em Além da Ponte. Tantas vezes para ir à Constantina à festa da Senhora da Paz, só fui uma vez, e para dizer coisa de maldizer!
Pontes sobre o Nabão velho em cimento -, perdeu-se a traça das antigas em pedra com os pilares quadrados encimadas de cornija de bordos salientes, estas de cimento armado descaracterizam-na, minha opinião, por se mostrar terra com cenário idílico, de muita história do passado e assim fica deslaçada no quase esquecimento - , bem que as poderiam voltar a refazer como antigamente.Isso sim seria uma medida acertada!
Notei mazelas na escadaria da Capela que o tempo descarrilou com as raízes das oliveiras.Parece houve alguém, em regime de mecenato, pagou o arranjo em 2014.
No terreiro do adro avista-se um telheiro grande desconforme ao corpo principal da Ermida, no chão lajes brancas iguais às da capela do Bairro de Santo António com a mesma marca de fogueira feita pelos invasores franceses -, data de 1623 a sua construção -, a imagem da Senhora da Paz muito parecida com a Senhora da Conceição da Igreja Matriz da vila, supostamente as duas Imagens foram pertença da primeira Igreja de Ansião, construída em 1259, sendo certo a da Imagem da Senhora da Paz, após a sua desativação foi guardada na sacristia da matriz que todos conhecemos, por na Constantina não haver Imagem a vieram buscar de noite para os Ansos de Ansião, muito devotos nela não se darem conta...gostei sim do varandim em madeira torneado a dividir o altar que igual retiraram da Matriz -, não aprovei as novas pias de água benta -, em substituição das antigas,- uma delas maior do que as atuais constatei a servir de lavatório no adro...Disso não gostei !
Nesta terra onde civilizações de estirpe apostaram viver, onde ainda persistem casas com janelas de avental, outras com datas nas fachadas de pedra, terra outrora importante deveria ser aposta permanente destas gentes em a preservar para os vindouros saberem das estórias, com muita história, nesta grande terra Constantina -, nome sonante na toponímia reminiscente desses tempos de ocupação romana que nos transporta para a grande cidade de Constantinopla, na Turquia!
Quem de direito e teimosia deveria agir em conformidade, não deixar destruir mais património - a Constantina poderá voltar a ser rica -, basta querer, porque gente bonita de todas as redondezas não há igual...resistem os genes de gentes do passado glorioso que aqui viveu. Ontem já era tarde para encetarem a melhorar caminhos, alargar estradas, abrir novas, estruturar o largo da Capela, preservar as pedras, valorizar o que ainda existe na arte de cantaria no saber esculpir, não deixar mais estropiar o local com construção moderna, desadequada num local com tanta história e voltar a enaltecer o Nabão que antes de chegar a Ansião aqui é rei!

Preservar a estalagem da Fonte Galega, caso ainda exista e avivar as Lendas.
É bom lembrar gentes da Constantina: "Fernando Paciência"; Graciana e a irmã Fátima; Luís Bicho; Zé Carlos, Fernando e Adail Simões; Ilídio; Zé Maria; Fátima Rodrigues vivia numa casa com quintal para o rio, a minha irmã amiga dela algumas vezes aqui a visitou e não esquece a beleza da paisagem, alguns dos rapazes a fazer jus à sua descendência romana, belos e, …desculpem todos aqueles que me esqueci!

Amo esta foto de excedível beleza no querer imitar cenários de Sintra...
A ribeira ao deixar a Constantina faz uma laguna no açude para se precipitar numa represa de pedras ...em graciosa espuma
Ponte particular fechada entre grades com honras de inauguração por sua Excelência o Proprietário!
O rio parte na direção do Porto Largo...de onde lhe virá a origem do nome? Para desaguar no Nabão novo que corre desde os Olhos d'Agua.

Vou voltar, voltarei sempre, acredito sempre me encantarei!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Águas fartas do Nabão pela Páscoa em Ansião...

Andei numa roda viva  por todo o lado a ver as águas em abundância do nosso Nabão que este ano se mostrou tão lindo...
Nesta Páscoa a minha mãe quis presentear-me com a sua presença no jantar de sexta feira Santa na minha casa. A minha irmã ligou em cima da hora a dizer que estava indisposta com o almoço…
Estreei um tacho de barro para fazer o arroz de marisco com tamboril e coentros, ficou no ponto malandrinho de sabor divinal, não nos fez mal nenhum à figadeira.Porque neste dia teimamos na tradição de só comermos peixe.
Claro que a toalha de renda se sujou…a saborear bom vinho e mousse!
No dia de Páscoa no final da tardinha visitei com chuvisco os Olhos d’Água para ver um rio a sério…


Na segunda na companhia da minha querida mãe fomos até à Ponte da Cal -, antes parámos na Pastelaria da Rainha Santa para cumprimentar a Isabel Bandeira, a Lucinda e o "Sr Júlio do vinte e nove" a quem perguntei pelo Dr Travassos -, me confidenciou visitar todos os dias, agora um pouco melhor que na semana passada quando encontrou a D. Lurdes a chorar por ele  ter variado das ideias... .
Tempos que aqui sentados se namorava...
A minha querida mãe com a pasta da papelada das finanças...
Contraste dos arcos antigos e do moderno em ferro...hoje não faz sentido, punham mais abaixo em madeira porque não o tiram!
Não resisti à selfie
Na terça rumei à Figueira da Foz -, no regresso deixei o IC 8 entrei na estrada antiga em direção ao Mogadouro para parar no Marquinho para ver de novo o Nabão…a máquina não me ajudou, fiquei sem bateria…
Entre o muro da margem do rio  vê-se o caneiro  assoreado que abastecia uma azenha
 
Na quarta da parte da tarde rumei na direção das Cavadas, antes cortei para o Suimo, Sarzeda onde o ribeiro corria ao nível dos quintais com muita força. Passei ao Outeiro sempre em estrada estreita , sinuosa em calçada -,  será que dá para dois carros passarem ao mesmo tempo(?)…a caminho da Charneca do Pessegueiro quando me dei conta que a minha mãe perdera o norte onde estávamos…claro no minuto imediato estava a entroncar no S. João de Brito onde cortei na direção do Pessegueiro, parei junto a um cruzeiro fino e delicado em pedra que não sei quem o mandou  erigir, sei gostaria de saber mais da sua história.
Nova paragem junto da Capela de S. Miguel  para seguir na direção da Barreira para antes do Rebolo cortar à direita ao correr da margem do Nabão na direção do Marquinho.
Estrada de terra batida depois da ponte a caminho do Rebolo, aqui o alecrim é rey.

Azenha em ruínas com o bocal em triângulo celta ou visigótico(?) 
Represas
Vale Pessegueiro na margem oposta do rio com o caneiro desviado para a azenha recuperada
A corrente nas represas de uma beleza ímpar
A minha querida mãe
Depois deste entroncamento de caminhos para norte e nascente da estrada o caminho apresentou-se com lençóis abundantes de água, já tinha antes passados alguns,  mas estes eram francamente maiores, rapidamente percebi que se tratava do afluente – Ribeiro de Albarrol  a transbordar para a outra margem fazendo um riacho na valeta cavada com bastante queda, num repente  após a curva que se nota na foto fiquei com o carro atolado num mar de água, antes que parasse achei melhor fazer inversão de marcha para um alto da estrada seco tipo ilha onde fiz inversão de marcha com muitos cuidados, por um lado a terra estava movediça pelo rio e do outro tinha a valeta a correr “água se Deus a mandava…”
Inundação na estrada provocada pelo Ribeiro de Albarrol
Ponte recuperada de acesso ao Vale Perneto
Adoro os muros de pedra solta seca nas margens do Nabão e das courelas
Ao fundo os penhascos calcários anões da Gruta do Calaias nos Poios


Regressei pelo Rebolo a pensar que encontrava sinalética com indicação para o Vale Perneto no desejo de voltar ao Nabão na outra margem...quiçá não a vi, fui dar ao cruzamento dos Ramalhais .
O Nabão é lindíssimo nesta altura com abundância de águas transparentes e na altura dos agriões floridos.
  • Pena não ser assim todo o ano -,seria uma riqueza mayor nesta terra!
Ainda fui  à sala de visitas de ANSIÃO


Estranhei ver a caminho do talude da ponte de acesso ao IC 8 uma caminhada de alguns estudantes que o contornaram...pergunto o que iriam para ali fazer uma parobela  de erva alta(?)
Amazing!!!!

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