Nas imediações do Museu de Arte Antiga, na sua lateral, no sentido oposto existe um fontanário de pedra antigo, subi ao cimo para reparar numa placa azulejar num edifício que dá o mote em descer a rua. Atrevimento em conhecer o que resta da Fábrica Constância às Janelas Verde.
Fundada em 1836 laborou até 2001 inicialmente conhecida por "Fábrica dos Marianos"
por se ter instalado no antigo Convento dos Marianos, também pelo nome de "Fábrica das
Janelas Verdes".
- No entanto, a sua denominação oficial era "Companhia
Fabril de Louça" nome que seria definitivamente alterado para Fábrica
Constância, em 1842 sita na Rua de S. Domingos à Lapa nas Janelas Verdes.
- Nesta fábrica foram produzidos alguns dos
azulejos que decoram o Palácio da Pena, em Sintra, e muitos dos azulejos
relevados Arte Nova que decoram algumas fachadas de edifícios lisboetas
(ex: fachada e interior de um prédio na Rua das Janelas Verdes).
Em
1921, o artista italiano
Leopoldo Battistini tomou de trespasse a
fábrica onde trabalhou até à sua morte, em 1942 (pintou painéis de
azulejos de gosto historicista e produziu faianças geralmente inspiradas
em modelos dos sécs. XVIII e XIX).
- Durante esse período, a fábrica
recebeu diversas medalhas de ouro e o Grand Prix, nas exposições
internacionais de Paris, Rio de Janeiro, Sevilha, entre outras.
Em 1963, a fábrica foi reorganizada por
D. Francisco de Almeida.
Nela
colaboraram diversos artistas, destacando-se o ceramista boémio
Wenceslau Cifka (séc. XIX) e
João Abel Manta, que a escolheu para a
execução do paredão monumental
da Av. Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
- Aqui também foram executados os azulejos que revestem o Oceanário de
Lisboa, de autoria de Ivan Chermayef.
- Maria de Portugal pintou faiança com trechos escritos e azulejos
- Muitos OUTROS artistas plásticos
realizaram trabalhos de pintura nesta fábrica, tais como: Paulo Matos; Lima de Freitas; José A. Jorge Pinto; R. Calado; Luís Pinto Coelho;
Francisco Relógio e Chartres de Almeida.
- Além da
execução dos seus próprios modelos, a fábrica dedicou-se à reprodução de
composições antigas e a encomendas, tanto nacionais como estrangeiras.
Ao fundo do beco a fachada da Fábrica Constância
A riqueza do pormenor na pintura dos azulejos
Do lado esquerdo na colina ainda um forno com chaminé altaneira coberto de extraordinária vegetação que afastei , com isso fiquei cheia de pó e com comichões...em muito bom estado o lastro em tijoleira, pena o lixo que lá depositaram.
Senti pena ao constatar tal abandono!
Não passam despercebidos na rua do Museu de Arte Antiga dois prédios revestidos na fachada com belos azulejos desta fábrica que no imediato me catapultaram para a fábrica Bordalo Pinheiro nas Caldas pela exuberante ornamentação de
azulejos polícromos e relevados com motivos geométricos e vegetalistas Arte
Nova, da autoria de Viriato Silva.Também o interior-caixa de escada e
fogos-apresenta portentosa decoração azulejar,quer Arte Nova,quer de inspiração
hispano-mourisca,e mesmo naturalista.Os prédios foram mandados construir por Miguel José
Sequeira,um dos proprietários da Fábrica Cerâmica Constância,onde foram
executados os azulejos.
Não sei se estes azulejos da frontaria destes prédios na rua da Fábrica também aqui teriam sido feitos
Tenho especial interesse em transcrever parte do gentil comentário de PAULO MATOS que foi pintor na fábrica : " Mas também por ter sido pintor naquela fábrica, onde pintei inúmeros
painéis e grandes obras, como foi o caso dos painéis para a Estação do
Rossio de Lima de Freitas, com quem tive o privilégio de o acompanhar na
execução e pintura durante aproximadamente dois anos. É portanto com
muito orgulho que as memórias da cerâmica, do mestre Lima de Freitas, e o
Rossio me ficaram intimamente ligadas."
E dos links enviados gentilmente que só enriquecem a crónica.
http://pintazul.wordpress.com/2014/02/04/cerâmica-constancia-1836-2001/
Vídeos
sobre a
Cerâmica Constância no tempo de Battistini, com o próprio em
ação no final do 1º video.
- Nos restantes dois vídeos a fábrica em
laboração com métodos e processos diferentes finais do séc. XX, com a
conclusão da Expo98.
http://pintazul.wordpress.com/2013/09/29/catalogo-pintura-manual-de-azulejos-pdf/
http://pintazul.wordpress.com/2014/01/20/os-desenhos-de-battsistini/
- O meu bem haja PAULO MATOS pela cortesia e partilha , de alto valor credetício que muito me honra e todos os apaixonados pela temática.
- Também me abordou a D. Isabel apaixonada pela loiça e azulejos com assinatura pela tia avó Maria de Portugal.
Apenas tenho um prato assinado
Janelas Verdes, e uma caixinha de jóias mais recente anos 40? com a Cruz de Cristo quando pela exposição mundial ocorrida em Lisboa se voltou aos temas do nacionalismo vivido no passado...
- Nau de Santa Maria de Leopoldo Battistini, séc. XIX, da extinta fábrica Cerâmica Constância
- http://pintazul.wordpress.com/
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