terça-feira, 4 de junho de 2013

Contrastes de casario e ruína na paisagem e flores na Mouta Redonda, Pousaflores

MARCO
Aberração atestada na toponímia: Rua do Lavadouro...
O certo era ser Mouta Redonda de Cima e Mouta Redonda de Baixo
                         
Depois do Marco, ao entroncamento para as Calhas, há um conjunto de casario em xisto e laje de barro vermelho a que desde sempre ouvi a minha mãe lhe chamar de condomínio fechado...a aldeia distribui-se em fila com casario disperso e neste caso agrega umas quatro habitações em total abandono. 
Numa delas morou o Ti Francisco, quando ia à feira do gado a Ansião levava num saco de serapilheira às costas os pêros de inverno vermelhos "rijos que nem cornos" mas muito saborosos da Cabo da Fazenda da minha mãe.
  • O que me apaixona na foto é o caixilho minúsculo da janela que tanto se usou em tempos de antanho. 

Casa de António Lucas, o "verdasca"
Chaminé feita pelo primo da minha mãe Ti António do Vale , como outras no Lugar.
Casa estrategicamente bem situada, para mim o melhor local em detrimento dos demais, altaneiro com boa serventia de espaço e soalheira-, uma pena ver a sua degradação!

A Mouta Redonda é um lugar que se estendeu ao longo da estrada para acederem à agua- aos moinhos de água na Ribeira do Pereiro na Mouta Redonda de Baixo. 
O  povo deu-lhe vários nomes , Fojo, Vale; Horta...
                

Do outro lado irrompe a estrada de terra batida para a Nexebra. 
A seguir ao quintal do "Ti João do Oiteiro" era uma pedreira de extração de pedra para fazer as casas.

Faltam placas de coimas para os madeireiros que deixam faxina tapando as linhas de água das regateiras que se formam no inverno e vai confluir  no desprendimento de terras.

Fôjo

Um bem haja para o filho Carlos, emigrado por terras de França, homem apaixonado pela aldeia, aqui vê e todos os anos  para limpar o quintal.
A placa da Seguradora ainda patente na parede. Nesta aldeia há mais de 50 anos a maioria tinha as casas no Seguro-, coisa para pensar!
Avista-se o Portelinho para lá da janela aberta sem vidraças...
A cozinha já sem telhado era castiça porque ficava fora da casa principal
Só resta o barracão
Do lado de cima o que resta do curral da burra do Ti António Veríssimo
Quando fizeram a estrada, o empreiteiro supostamente ficou a ganhar ao não fazer o muro e as valetas junto da casa ...Porque defronte da casa da "mulata" mais abaixo o muro foi feito em blocos de cimentos, o mesmo na curva da casa do Silvério, e nesta as valetas também!
No pequeno jardim era o estaleiro da carroça

O meu goiveiro lilás que comprei em Penela pelo S. Miguel, morreu...Morreu!
Ficaram os dois potes cerâmicos e neles sardinheiras que apesar da agrura sem água se vão aguentando.


                                          
A minha filha neste fim de semana foi até lá com a minha mãe para ver se haviam cerejas, debalde apenas uma e verde...os melros já as tinham comido-, cada vez mais os animais devastam a fruta porque os terrenos deixaram à muito de ser trabalhados para produzir batatas, milho, feijão e,... ficaram deslumbradas com tantas flores em toda a roda da casa...a minha mãe foi acometida com um ataque de inveja...dizia-lhe: " as minhas flores que todos os dias as rego, falo com elas, nada se parecem com estas que ninguém delas toma conta"...pois é verdade nesta terra agreste e seca onde o sol queima até se pôr, as minhas flores gemem por uma gota d'água.
  • Espero para a semana as ir ver, por certo alguma ainda estará florida para me receber!
Varandim feito com paus de enxadas que entretanto apodreceram, em cima um eucalipto -, obra da minha autoria, claro o meu marido ajudou-me.

Rosas de Alexandria na barreira do quintal de cima
As minhas rosas

As pedras fazem parte de mim, tenho de as ter sempre ao meu redor...gosto em particular das calcárias que a erosão torneou em esculturas. Gosto de as encontrar na Serra da Ameixieira quando venho de Ansião, paro o carro, e de olhos pelo chão no meio de erva de Santa Maria ando à procura delas e carrego debaixo do braço.
 
                    Entrada no passado para o quintal de uma casa que havia na barreira
               

VALE

A ruína da casa do Agustito de gaveto com a estrada do Portelinho, vendida a ingleses.
A casa  nova é do João Medeiros, ainda me lembro da casa velhinha que foi dos seus pais.
A casa reconstruída  pelos ingleses que era do Augustito
                             
    Jarros que ainda os há e muitos no leito do ribeiro e também nos meus jardins
      FONTE DO VALE 
      Fonte com o  lavadouro  a ter água corrente da mina de S. João.
      Obra feita no tempo que o meu tio Alberto Lucas foi presidente da Junta de Freguesia de Pousaflores e no ribeiro construiu um dique para passagem.

      No Beco do Vale linda a roseira da Maria -, uma poda da minha que lhe dei há anos, sobrevive apesar da dona já ter falecido, na margem do ribeiro que desce da Nexebra, agora só com a água da mina da horta de S. João.
        O que resta da casa do tear da Ti Joaquina no Vale da Mouta Redonda de paredes meias com a adega que foi da Ti Rosa da Quelha.
            QUELHA DO VALE  Ou BECO DO VALE
          O que resta da casa que foi da Ti Joaquina que daqui saiu com a filha  Augusta casada para explorarem uma pensão em Monte Real. Ainda tentei descortinar a escada em pedra, debalde estava cheia de hera e silvas...
          O Vale ,é ainda hoje um resquício de Sintra seja ao amanhecer seja ao entardecer , também se pode equivaler a floresta Laurissilva como na Madeira pela fartura de loureiros ou loireiros como o povo por aqui lhe chama. Verdejante , húmido de cariz romântico.

          O sitio da casa dos meus avós Lucas onde a minha mãe nasceu...hoje um emaranhado de hera, sabugueiros floridos e silvas...a crescer para o céu.
          Eira de xisto da minha mãe
          Casa da avó Rosa Marques
          Quando alargaram a estrada da serra fecharam a entrada do caminho da quelha e NÃO DEVIAM!
          Quero ver quando aqui  ironicamente deflagrar um incêndio...
          Há Engenheiros que só tem teoria na cultura geral, o que se revela manifestamente pouco para estas terras ancestrais-, antes de se fazer o que quer que seja deveria fazer-se um estudo. Reparei que nem tinham posto manilhas no acesso da estrada, e com isso a chuva trouxe o cascalho para o alcatrão... claro depois à posterior tiveram de as colocar. 
          O certo era romper um novo caminho nas Hortas que lá já existe o beco em direção à mina de S. João, e assim abrir a aldeia e a proteger .
          Vim apanhar amoras no silvado do terrado que foi a casa dos meus avós maternos
          Ao cimo da quelha do Vale casario que foi pertença da Ti Rosa da Quelha
          Choupos a olhar o sol na margem do ribeiro...aqui acaba a estrada alcatroada e não devia. 
          Em julho quando a Junta de Freguesia limpa as bermas das  estradas esquece-se desta, porque será? 

          HORTA

          A casa branca foi comprada por ingleses. 
          A da frente era dos meus avós-, a casa da Ti Teresa comprada pela Sra Idalina, vinda  de Angola.
          Na esquerda há um quelho que deveria ter continuidade com a estrada da serra para alargamento da aldeia e sobretudo para prevenção de incêndios. 
          O mesmo com o quelho da direita a caminho das Lajes.

          Barracão onde se diz estiveram escondidos invasores franceses

          QUELHA

          Casa da quelha onde nasceu a avó Rosa Marques 



          Abrigotas a caminho da Mouta Redonda de Baixo

                         





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