terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ansião na quadra natalícia especial de 2014

Costume de anos, esta época natalícia, ser passada por terras de Ansião.

Lamentável as empresas de telecomunicações e EDP sem ética profissional, colocam fios nas fachadas sem olhar à estética, e deviam-, porque ganham milhões, depois bem me lembro quando as instalações eram feitas a preceito sem chocar olhares!
Estas placas em azulejos foram mandadas fazer pelo Automóvel Clube de Portugal-, as siglas entrelaçadas ao meio, com a finalidade de incentivar o turismo, também  dar valor às localidades, no início do século XX.
Por isso se devem preservar, pela história!
Na minha vida só houve um interregno de 12 anos que passei esta quadra festiva na Figueira da Foz, na casa de férias da minha mãe, desse tempo restam belas recordações: seja dos doces que gostava de fazer de madrugada, sozinha na cozinha, à vontadinha, depois voltava a deitar-me, pela manhã quando acordavam gostava de sentir o prazer  e tamanha alegria estampada nos rostos de todos ao abrir o frigorífico ou com a mesa engalanada; também das minhas investidas na arte da pintura, a minha irmã ostenta uma tela no escritório, e a minha filha outra no seu quarto; e da procura de lenha, que nunca era demais, porque o frio e a chuva ditava que a lareira se mantivesse acesa dias inteiros, vestidas de impermeáveis em vermelho, as três -, eu a minha irmã e filha íamos pela praia apanhar o que o mar deixava no areal , e ainda  se subia de carro à serra da Boa Viagem , armadas de serrote em punho para cortar madeira queimada, sobras do grande incêndio, apesar de molhada e negra, na lareira chiava a largar água...
Sempre de sorrisos rasgados nos divertíamos, sem esquecer de ensinar a minha filha Dina, o nome das árvores, como o loureiro ali abundante, com os seus raminhos se fazem as espetadas para dar sabor, noutro tempo o leitão assim era assado em espeto pelo mesmo motivo .
Neste Natal o frio era de se esperar, seco e austero -, porque Ansião é zona de grandes amplitudes térmicas, onde o calor se sente em demasia e no mesmo grau se sente o frio, que de noite chega a temperaturas negativas. Sorte que o sol nos presenteou com dias de tardes soalheiras, luminoso, apetecível  e quente, que ao entardecer distingui no horizonte no pôr do sol em cores dilacerantes a fogo, que me corta a respiração de prazer em voar, esvoaçando...Quis que fatal destino acontecesse no penúltimo dia na minha ida à Moita Redonda para podar o parreiral, porque a borralheira essa não quis arder. Na vinda o senti resplandecente, raiado e maravilhoso, onde mais gosto, ao alto da Ameixieira, em rasgados instantâneos de elevado êxtase incandescente no mesmo maravilhar só vulcões em atividade me deslumbram!
Quando aportei a minha casa encontrei a árvore de Natal  já engalanada com a bota para receber os presentes,  e outros enfeites-, um preceito de sempre da minha querida  filha, na deixa do presépio ser para minha lavra, que o fiz em escassos minutos, o musgo e fetos retirei a custo do tronco da árvore que nos meus tempos de miúda pela primavera lhe comia as flores carmesim no começo da escadaria do Santo António, no caminho da casa da minha mãe, e folhas do plátano do Jardim do Ribeiro da Vide onde nesse tempo me estatelei de bicicleta, ao resvalar nas pedrinhas e areias... Ainda apanhei bolinhas, as sementes, que me parecem pompons, já os bonecos de barro os tirei do saco sem os ver, nem por apalpação, ao calhas, sem preceito nem ordem, assim o fiz este ano e achei gracioso...
Acautelei-me de lenha bastante para  crepitar na fugaz acendalha cujas labaredas na lareira se faziam sentir em glória de quentura, qual melhor ambiente mais  agradabilíssimo no salão, seria difícil de experimentar noutro qualquer melhor local para me encher o coração. 
Mudou-se o sofá para a sala da lareira para as mesas serem postas-, uma com doces e a outra para  a consoada. A cozinha tem o dom místico da simbiose dada pelo balcão que no interface dá para tabelar conversa com quem está no borralho-, a minha mãe chegou-se antes do anoitecer, mal me cumprimenta correndo para se aquecer,  e logo me questiona se tinha cozido abóbora para os velozes, também do lombo do bacalhau se estaria bem desensalado ...
Este ano escolhi fazer pratos que não dessem trabalho, nem enfartassem. A tiborna de bacalhau abriu a consoada como primeiro prato, no terreiro quente do brasido da lareira foram assadas em papel de alumínio as batatinhas, sendo que o bacalhau precisa de pouca quentura para não ficar seco ( para não virar múmia gastronómica, no dizer do Dr José Herman Saraiva), desfiado grosseiramente para uma prato grande e fundo, e abundantemente regado de azeite a fervilhar em alhos. Servido com bom pão saloio quente para se molhar no azeite -, alto sabor divinal, porque o bacalhau era de primeira qualidade e foram 4 dias a desensalar, de paladar no ponto, e mal saciado passamos às carnes, também grelhadas pela mão da minha irmã: boa posta mirandesa e bifes do lombo, apenas saboreados com as "couves asa de cântaro" muito bem cozidas, e verdinhas, delas recebi elogios.
Os doces já não cabiam na barriga...Na mesa se deixaram as fatias douradas, que estavam muito boas, serviram para o pequeno almoço, a tarte de amêndoa, o chiffon de chocolate e o molotof, assim deste modo adiantados para o almoço de sábado, só se provou a bola de carnes nas entradas e uma fatia de bolo rei do "Continente", por sinal de massa muito bom, porque sabemos uma maioria é amargamente falsificado-, coberto com muita amêndoa laminada, ligeiramente torrada, aos montinhos, que se mostrou forte mote viciante para miúdos e graúdos, que sem modos se deleitaram em gulodice-, a Maria, a minha filha , a minha irmã, eu e o meu marido também, ainda noite dentro se depenicaram sonhos, que a minha irmã fez, e uns velozes de abóbora obra da minha feitura, fritos à lareira na sertã funda em cima da trempe, como antigamente. Bombons ninguém tocou e havia várias marcas, para todos os gostos, o mesmo da tábua variada de queijos, gostei imenso do melão com o presunto, pese sabor refrescante e salgado, soube delicioso na quentura que se sentia...
O meu neto Vicente apareceu vestido de Pai Natal, vestimenta oferta de primas que vivem em França. 
Bebé calmo que nos presenteou com sono sossegado deitado no puf na  sala da lareira. 
Já eu armada de barrete à Pai Natal, fiz parte da distribuição das prendas que este ano se mostraram em menor quantidade...A desembrulhar com cuidados o aquário para a minha mãe que o meu marido ofereceu. A minha mãe é como as  crianças a abrir presentes...Hábito de anos, mote feliz que todos adoramos presenciar. A minha  irmã ofereceu-lhe um romance autografado pelo Moita Flores, a minha filha deu-lhe uma bela camisa branca com bolinhas pretas, e um calendário com fotos do bisneto, eu fiquei-me por uma bonita camisa de dormir, botins quentes, polar verde alface, meias, lingerie, cremes e,...
A minha irmã como faz anos em dezembro, este ano recebeu um conjunto de cama bordado à maquina com aplicação de rendas, comprado num tempo de ganhos extras com prémios bancários, ainda uns botins de pele e,...e uma cama para o Tay e o Cyd.

O meu marido recebeu uma boina verde que arrancou gargalhadas...
A minha Dina tirou-me o barrete mas não aguentou a fofura quente das barbas e atirou-as para trás...
Recebeu bela toalha de linho airosa com tiras de renda, um fondue para chocolate, botins quentes, dinheiro e,...
A maior prenda recaiu no Vicente, para a conta poupança que os pais lhe abriram no Montepio no dia que o Papa Francisco fez anos.
Postal com a foto do Vicente, oferta de Natal dos pais à família e amigos, nem sei quem o "entalou" no prato cantão popular da lareira -, julgo que foi por piada, porque já revela gostar de pratos antigos..
Fosse mote dado pelo insistente olhar atento  e demorado sempre intenso nas paredes cobertas...
Sempre me pautei no cuidado de ofertar o que a pessoa precisa -, o certo pensar em prendas úteis, e não oferecer por oferecer.Gosto de ser generosa e sentir sorrisos... 
Recebi uma boa máquina de café da minha filha e do Samuel, a minha irmã ofereceu-me uma bela blusa em cinzento, e uma placa de madeira que se usava nas malas dos Correios e,...
 
DE ______________Isabel Coimbra
PARA _______________O Mundo que me lê, em especial Estados Unidos, Brasil e países da Europa.

Prendas a que não faltaram embalagens de bombons.
Acordou o Vicente, saciada a fominha, tinham de partir -, dando corda aos sapatos para correr todas as "capelas" nada mais que as casas de outros familiares,ao que  parece acabaram pelas 4 da madrugada, sendo que ele nada  se mostrou incomodado!
Este ano o Natal foi especial -, o meu neto fez de "Menino Jesus" deitado na manjedoura-, no Presépio Vivo na Igreja de Ansião,  que abarrotou de fiéis pelas costuras.
 Ao colo de "Nossa Senhora" na homilia dominical  ( linda menina de olhos doces, num misto de beleza e candura , bem merece ser eleita para um pintor a retratar em retábulo, como Malhoa pintou o da igreja de Chão de Couce).
No fnal da cerimónia uma das catequistas que elaborou esta cerimónia do Presépio Vivo se mostra risonha com o Vicente ao colo, porque convenhamos, se portou como um reizinho no seu papel, sem ensaio!
Bem hajam mulheres de Ancião -, jovens e bonitas -, na foto de cima vestida de gabardina em preto, a outra catequista da Sarzedela, julgo se chama Cátia-, ambas se revelaram de alto profissionalismo, sem atropelos, tudo cronometrado nos tempos certos, com esmero e dedicação( ao entrar uma dela andava de esfregona na mão a limpar o chão, algum imprevisto...).Adorei assistir a este cerimonial em que no mesmo empenho a minha família me dignificou com a sua presença-, mãe e irmã, não sendo dadas a estas cerimónias, ainda assim crentes na fé a Nossa Senhora de Fátima, se renderam encantadas.
Já a família do pai do Vicente é gente mui religiosa, como outra será difícil nestas bandas assim encontrar.
O Vicente no altar mor onde eu, sua avó materna fui no dia 8 de agosto de 1958 batizada, no mesmo gosto assim o espero para ele no mesmo mês deste ano!
O coro mostrou-se afinado, um dos seus elementos é namorado da filha do Passos Coelho, ao que me contaram já aqui veio para conhecer a região, que vota desde o 25 de abril sempre no partido da direita...
A família  e muita gente chegou-se para assistir a este ritual delicioso, foi emocionante.
Havíamos de partir já com o adro vazio de gentes, na frente do portão andavam jovens com cestas de braçado a vender pão cozido a lenha que apregoavam -, oferta que rejeitei, mas logo remediei, correndo atrás deles, ainda lhes perguntei porque a venda tinha sido fraca atendendo aos pães -, responderam que se atrasaram...Ainda os questionei de onde eram, mas isso não percebi, senti que lhes falta entusiasmo, feeling para venda, pontualidade, e amor pelas tradições, falando delas com paixão" no prazer de explicar  aos demais, sem falta de fôlego "que o pão é feito em forno à lenha pela Ti...na aldeia de...enaltecendo as pessoas, os lugares, e eles próprios, por se dignificarem no trabalho de os vir vender".
Partimos para a confraternização de almoço na Adega -, oferta do meu compadre Fernando Moreira, no propósito de obsequiar a família e amigos chegados,  pelo júbilo da sorte pequena, ainda assim grande -, que esta vida o presenteou, e bem merece, porque é uma extraordinária pessoa.
A minha mãe sempre bonita, deixei de pintar os cabelos para não ofuscar a sua beleza...
Agarrei-me ao meu compadre que patrocinou o almoço
O meu marido a dar o biberon ao neto
O companheiro da minha filha, o Samuel e a filha da Hermínia
Foi servido um bom cozido à portuguesa com fartura, rematado com mousse de chocolate e um bom uísque. 
Ao levantar-me dei de caras com um ilustre do concelho, com quinta antiga de 17.. na Rascoia, o Dr Paiva Carvalho -, governador civil de Leiria, não sei se ainda no cargo.Senti nele um olhar nostálgico em dor desatina -, homem de silhueta alta e altiva, que pode ser falsa, dada pela altura? Reconheço ser  carismático na região e determinado em angariar sucessos supostamente por compadrio da via política na oposição concelhia ? A meu ver  peca por falta de sensibilidade, humildade e modéstia para o reconhecimento ser mayor!
Ajeitei o que restava das cavacas na lareira da Adega, enquanto isso foram serventes nas mesas os filhos do dono -, ele quase médico ( a quem enderecei rasgado elogio " não vou ter medo se um dia cair num hospital porque nas suas mãos tenho a certeza que serei bem tratada" tal a simpatia, afabilidade e empenho em servir os outros sem peneiras, e grande humildade. 
Em jeito de convite peguei no braço do meu marido para um passeio ao Nabão -, entre dentes  julgar queimar calorias...
O sol mostrou-se luminoso em calmaria na rota das hortas do Moinho das Moitas, passei pela ilhota onde me fiz a fotos por entre árvores onde os agriões já se mostravam floridos.
De volta à Ponte da Cal, medieval -, em paralelo com a de ferro que bem podia ser retirada e vendida, por destoar e se mostrar praticamente desnecessária.
Apreciei os tanques, o de homens e o de mulheres, cada um debaixo de cada um dos dois arcos, onde se tomava o Banho Santo-, remédio para mazelas e eczemas da pele, que os romanos as rotularam de águas milagrosas do Nabão de remédio Santo. A minha avó materna chegou aqui vir com um filho -, o Alberto Lucas que andou por termas de Monfortinho, Curia e só aqui se curou. 
A Rainha Santa Izabel ( nome erudito, como gosto, tenho amigos de peito que me vaidosam neste modo assim teimam neste agrado me escrever) quando por aqui passava vinda ou a caminho de Coimbra, se abeirava para dar esmola a um Ancião -, lenda retratada no painel de azulejo no fontanário do Fundo da Rua .
O painel assinado serve para catalogar uma fábrica que laborava em 37 do século XX em Coimbra  J.G.Porto & Irmãos 
Claro que não seria nesta ponte, ainda não existia (?) sim mais a poente, onde passava a via romana no limite da agora requalificação do Nabão  .
Adorei sentir rosas vermelhas, em janeiro no canteiro da capelinha de S. Pedro. 
Aprecio sempre com saudade o casal Faveiro,  a sua bela casa de arcadas, no quintal resiste o pilar em pedra -, o balanço para tirar água armado a cavaletes de madeira que o tempo teimou apodrecer.
Meti na ideia acender o forno a lenha na casa da minha irmã, mas era preciso ir à lenha, bom trabalho nos deu no Carril, sua propriedade de gaveto, ladeada por dois caminhos que se cruzam num terceiro...
A minha irmã até gracejou que seria bom para fazer bruxedos...
Propriedade com mais de 10 mil metros, num quase deserto, aos pés de uma aldeia  altaneira que se chama Matos, onde não vive ninguém há mais de 35 anos...
Ainda me lembro em miúda  aqui vir na companhia da minha avó materna, nas mãos sacos de novelos de trapos para a tecedeira Rosalina  lhe encomendar mantas de tear, também me lembro do Ti Sabino, e da última mulher que aqui viveu junto da capela , haveria de casar fora de tempo quando se mudou para o Alqueidão -, a mãe do Zé, cujo pai nunca o perfilhou e devia, porque  fortuna não lhe falta!
As minhas lembranças da aldeia ainda continuam vivas, depois da casa do Ti Borracheiro, ou vinda pelo Barranco onde morava o correeiro Cecílio e a mulher, para no entroncamento de quatro caminhos-, ao lado corre de inverno o Ribeirinho que desce da Ameixeira, sendo que mais adiante toma o nome de Ribeiro de Albarrol, e não devia...
Os Matos ficam no caminho para nascente a  subir, do lado direito havia boas casas pintadas em branco, na maioria de sobrado, debruadas  no rodapé e nos lados a ocre,  e ao cimo sem saída na altura, a capela de orago a S. Mateus, lugar de bons ares, soalheira, sem água, já as acessibilidades foram melhoradas por roteamento de novos caminhos, e melhoria doutros-, só que as chuvas, sem valetas, sobretudo nos caminhos íngremes se mostram intransitáveis.
Quando puxava as ramagens dos carvalheiros dei conta  da corrida da  Emília do Carvalhal que vinha bem acompanhada com os seus cães, sem medo algum...Tabelámos uma prosa e retomou a corrida.
Passados poucos minutos senti um motor de carro com um ocupante...estranhei andar por ali de carro sozinho,  mais tarde outro carro com um casal que no fim do trajeto voltou atrás, possivelmente para ver se nos conhecia e o que ali fazíamos... 
Os carros entulhados de cavacas de carvalho que a minha irmã rachou com o machado e medronheiro e outro com as ramagens. Partimos para descarregar ficando o meu marido a limpar os carros, enquanto vim para casa adiantar outros serviços, pois tínhamos jantar em casa dos meus compadres. Mal chegada  toca o telemóvel -, era a minha amiga Cristina de Campelo, de visita a um familiar enfermo em Coimbra, já de volta a casa, em Condeixa que logo convidei para  conhecer a minha casa e lanchar. Nestas alturas há sempre fartura, por isso a mesa compôs-se rapidamente numa panóplia de acepipes onde não faltou a chouriça assada, o bom pão quente da pastelaria paredes meias, com manteiga, as uvas, melão com presunto, tremoços, queijos e doces.
Claro, sei bem o que ela queria conhecer...Confessou que julgava que a casa seria mais antiga, também gostava que fosse um solar!
Aquecemos o forno de véspera, há anos que não se acendia. Temperado o leitão e o borrego, as batatinhas ainda fiz tigelada e cozemos pão. 
Nas bancadas as assadeiras de barro e o pão a levedar, enquanto o forno aquecia no ponto
Se não fosse a minha irmã não sei se os assados teriam resultado!
Trata-se de trabalho árduo em  que não nos livramos de queimaduras...
Bem me lembrei do milagre do Forno de Nossa Senhora da Guia no Avelar e Abiúl , e na mesma tradição acontecia noutras terras-, por altura das festas religiosas havia um forno onde se cozia um grande bolo para os peregrinos, feito com alqueires de trigo, transportado num carro de madeira ou padiola que era posto no forno quente a cozer, depois de cozido um homem que tinha comungado retirava um cravo do andor, assim abençoado de cravo na boca e chapéu de aba larga, entrava  no forno e o tirava sem se crestar...
Mas como o fazia? Se o calor quando está a cúpula branca é de queimar a bom queimar? 
Como o conseguiam pôr dentro do forno?
Sendo o bolo grande feito com alqueires de trigo, não se fala em pequenos bolos, se a boca  do forno é pequena, sendo que a pá não podia ser muito larga...E do mesmo modo para o tirar, se crescia para sair na boca do forno?
Alguma coisa está mal na resenha da história, porque é sabido se cozia pão, mas seriam pães e não um só!
O almoço aconteceu em minha casa, convidei os meus compadres e pais da Odete-, um prazer sempre em os receber, as mulheres ficaram até às seis da tarde, ao sabor da quentura da lareira e dos encantos do Vicente...
Saboreamos o famoso Pão de Ló de Ansião
Feito pela minha mãe e outro que me presenteou a D. Helena.
Dignos de alta pastelaria
No dia de Ano Novo almoçei na casa da minha querida mãe .
Bom arroz de cabidela como sempre o soube fazer bem.
Arrumada a cozinha no domingo saimos para ir ao Lar visitar a D. Fernanda do "29", debalde está hospitalizada, a quem desejo rápidas melhoras, ao longe estava o Sr. Alberto "amarrado na cadeira" e descalçado de um pé, não parava de me acenar, será que me reconheceu apesar dos cabelos brancos ?Não vi a D.Carmen, nem ,...
Do Ribeiro da Vide partimos ao endireito do Cimo da Rua a recordar casario e pessoas que nos ficaram na memória.
A minha querida mãe sentada na Praça do Município no dia de Ano Novo.
Bonito anúncio do Café Valente, para avivar rápidas melhoras ao João Valente, que não o vi desta vez e dele senti saudade, por sempre se mostrar um bom homem de Ancião.
Piada do logótipo de Ansião na encosta da Mata Municipal em pedrinhas...
Ao entardecer ao Fundo da Rua ainda se distinguia  resquícios do pôr do sol na serra da Costa, enquanto isso os galináceos andavam esbaforidos no quintal onde em  miúda havia um lago com canas da Índia, no solar da D. Maria Amélia Rego, distinta senhora de Ansião -, na sua boca "UMA COISA É UMA COISA, E OUTRA COISA É OUTRA COISA".
Euzinha na renovada Praça do Município onde vai decorrer o palco da Feira dos Pinhões, este mês no dia 24.
Outras vivências e aventuras merecerão crónicas individuais.
Como sou Mulher de Bem, remato com votos a todos os meus amigos de Bom Ano Novo, endereçando muita saúde e não tampas de falsas amizades...
Porque Tampas, só de faiança as  que adoro!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O miradouro de Alfa(n)zina no Monte de Caparica

Acordei com um sol radioso e pelo meio da manhã saí a caminho da Caparica, no saco levava bolo rei e lembranças à minha sogra, para a quadra festiva, que vai acontecer de hoje a uma semana. 
Confesso imbuída de mente  efervescente conduzida na vontade de revisitar em deleite do que resta do mirante de Alfa(n)zina -, impensável neste século XXI ainda ninguém de direito ter olhado com olhos de visão futurista na aposta da sua requalificação e do espaço envolvente-, como ponto turístico, depois do atentado urbanístico aqui implementado, sendo local aprazível, dos mais belos de Almada, defronte de Lisboa e do Tejo, na teima aposta da construção de Bairros Sociais, nos anos 70 , sem nome dignificante, ficou conhecido por Bairro Amarelo, dado pela cor ocre dos prédios, sendo que outros  lhe chamam deprecientemente o "Bairro do  Pica Pau" julgo pelas tábuas dos estendais. Aqui alojaram na maioria cidadãos de etnia cigana e outros desfavorecidos, muitos jamais tinham habitado uma casa, nem tão pouco sabiam servir-se dela, pondo o bacalhau de molho no bidé, tacos que atiçaram fogueiras e,...

Perdi os anos que não percorria o Bairro, só de carro na estrada principal, por medo, pela maioria da população concentrar  marginais-, o carro dos meus sogros raptado foi encontrado  junto do mirante, pelos filhos, encharcado de argila amarela da região, evidenciou ter sido usado para transporte de carga ilícita ?Pela quinta do Monte Alvão, na estreita ligação à praia de Alfa(n)zina no Tejo, e na descida da arriba por caminhada em carreiros cravados na encosta ladeados de canaviais, bem calcados, o que evidencia uso frequente na serventia recôndita de tarefas ilícitas? Sendo que o certo seja o uso para apreciar a paisagem ou pesca lúdica. Julgo que no passado esta praia tinha ancoradouro que servia a bela quinta de S. Lourenço, com silhares de azulejos incríveis com acesso por um túnel  escavado na arriba.
De qualquer das formas devo acrescentar que senti limpeza e ordem, seja dos edifícios que tem sido reabilitados, e as ruas com poucos monos de sofás, que descarateziam sempre os locais, o mesmo da lataria a circundar terrenos, situação que a câmara deveria tomar uma atitude em acabar em definitivo, fazendo o que falta fazer-, criação de hortas comunitárias parceladas com água e casota para guardar as alfaias, como se vê por França em recinto fechado, em que cada inquilino paga uma renda mensal acessível, por causa da água . A subir a calçada larga de Alfa(n)zina estava parada a camioneta da rodoviária, perplexa ao ver o condutor a imitar os cães-, urinava contra a  porta, para não ser visto...Nunca ninguém pensou em colocar cilindros de WC, junto a alguns pontos de paragem, que se introduz uma moeda e depois de usadas se limpam automaticamente... 
Perde-se no tempo a designação correta se ALFA(N)ZINA ou atualmente ALFAZINA
Derrubado o moinho do Raposo-, incrível  sentia nele a aberração por alguém lhe ter cravado numa das paredes o marco geofísico, me questionando, e agora onde o foram recolocar?
Foto retirada https://www.facebook.com/pages/AMO-TE-CAPARICA/
Fartar de rir este agora em saber do seu fatal destino, a que se deveu o destrono do seu lugar altaneiro?
Para no espaço se fazerem novas infra estruturas camarárias, interessantes e modernas, de grande utilidade para as gentes que aqui vivem, piscinas, biblioteca e o Parque Urbano do Frois, sendo que o moinho aqui incorporado teria enriquecido este lugar na história, sendo recuperado, o certo!
Pecou a meu ver o olhar azedo em deixar prevalecer o que é traça antiga ,em prol do ultra moderno da arquitetura das novas obras? Sendo que os opostos se atraem, o certo era o moinho ter sido mantido.
Mirante em forma cilíndrica, a rivalizar o formato dos moinhos típicos nesta paisagem, felizmente ainda se encontra salpicada, por aqui e ali, nas veredas altas dos costados dos profundos vales.
Vista espetacular de tirar a respiração, abençoado na arquitetura bem delineada por escada em caracol, degraus afeiçoados a escopro e martelo,  o corte da pedra, hilariante, a sua subida,  tremi ao chegar ao último degrau, porque me deparei  na sua volta com um enorme buraco sem paredes laterais, absolutamente nada para se agarrar -, tamanha emoção que este local me inspirou, a pensar nas pessoas que por aqui subiram, foi dose dupla de êxtase! 
atrás de mim na selfie , a falta de dois degraus
Ruínas do conhecido miradouro de Alfa(n)zina -, a entrada da Quinta de Monte Alvão que foi pertença de Fernão Mendes Pinto . Hoje ainda não se tem a certeza se a Peregrinação, a sua grande obra, teria aqui sido escrita ou na Quinta de Penajóia também se diz ter sido sua, defronte  desta a nascente, ou ainda na Quinta do Rosal na Charneca de Caparica, onde passava grandes temporadas. O que se sabe foi descoberto há poucos anos num documento no Seminário de Almada que atesta  a doação de parte desta Quinta por duas das suas filhas ao Convento Dominicano de Almada, destas terras.
Já aqui escrevi sobre a Quinta de Penajóia, com o seu miradouro, chamado do Rangel, sítio altaneiro sobranceiro ao Tejo, sem qualquer estrutura arquitetónica, sendo ainda longe da casa, para aqui um mirante imponente apesar da brutal ruína, se revelar local idílico para viajar e recordar as lembranças do seu passado pelo oriente que  na escrita lhes deu glória e brilho descritivo de inegável valia, por se mostrar muito abrangente e encantador a recordar memórias  do seu passado encantando-se com o buliçoso que daqui via das naus a cruzar o Tejo... Comunguei o mesmo estar que inevitavelmente me fez viajar nas nuvens acima do céu ora  de cara azul, na vontade de desatar a fugir pelos carreiros e encontrar o rio e as pedras negras de algas e os fósseis enormes das ostras dum passado antigo para sentir as águas do Tejo a bater de mansinho...Mas e o medo de encontrar meliantes?Parei de sonhar ao arrepio fulminante na espinha quando a medos senti a descida do mirante se mostrava mais assustadora do que a subida, tal percalço da falta dos degraus descarnados  de pedras com um enorme buraco, sem muros laterais, estando ali sozinha! 
Engano meu...Nem sei se o mirante será primitivo da quinta, pode até ser que nos finais do século XVIII /I julgo tenha sido remodelado com a inclusão de ferro nas vigas que ainda se avistam, uma maior que outra no suporte da placa da galeria que liga as duas partes, e ainda do chão em mosaico cerâmico.
Em baixo ainda visíveis duas pedras aprumadas de ombreiras do portal da quinta, e ao lado a porta de acesso ao mirante.
O que resta de uma telha partida de Palença produzida no Vale que lhe deu o nome, a um escasso quilómetro, na frente de Lisboa, quando aqui são terras de Almada...Teria o dono da fábrica a sede em Lisboa?
Ao cimo das escadas depois do arco abre-se um piso com mosaicos, que se prolongava na ponte suportada por placa ladeada por suportes em ferro.
Gostaria de ter bebido aqui um chá e perder-me em boas memórias!
Apesar de ter olhado para norte, não passei de Lisboa!
Do alto do mirante, ao seu redor uma cercania de muros em lata...barracas, anexos, lixeiras!
Adoro selfies...
Em frente reavistei o miradouro do Rangel onde já estive e amei...
Amei desfrutar do espaço em silêncios, apenas invadida por aviões a cada 2 minutos...
Gostei de ver ovelhas a pastar, poderiam ser reaproveitados tantos hetares em abandono no pastoreio ou no plantio da vinha  modernizado, como no passado foi nestas terras grande e da melhor qualidade. 
O que resta da  entrada na Quinta de Monte Alvão
Vestígios ocupados de quinta de Monte Alvão no caminho da praia de Alfa(n)zina.
Feliz de coração cheio de emoções ao deixar o mirante de Alfa(n)zina, na certeza de voltar num dia ao entardecer para fotografar o pôr do sol.
Na continuidade da estrada até ao Raposo uma Escola  abençoada de belas vistas que me pareceu limpa e com árvores e arbustos de robustez e equilíbrio em poda, sendo que mais adiante encontrei as novas infra estruturas camarárias , Piscinas , Biblioteca e o Parque Urbano do Frois ...
Ao longe um moinho com cúpula -antes ou depois usado como capela?
                           
Observei gente a passear com cãezinhos pelo parque e até ovelhas a pastar. Outros andavam por cantos e recantos na procura da Escola do miradouro de Alfazina  para uma reunião do Centro de Emprego, pelos vistos jamais tinham aqui estado, sendo que o desconhecendo por completo e pela pela falta de sinalética na via principal se mostrar deficiente...Pareciam baratas tontas à procura, mais uma vez  ajuda e cicerone.
Falta ver mais gente a caminhar para dar segurança ao Bairro, no entanto a frota automóvel a senti de primeira qualidade..
Fevereiro de 2016, o Agrupamento de Escolas Miradouro Alfazina dita poema no google
Hoje, em Almada o paraíso
Não foi o sol nem o mar 
Foi a imagem de um sorriso
E um percurso similar.

Fontes 
Uma foto retirada de https://www.facebook.com/pages/AMO-TE-CAPARICA/

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