quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Padrão do Senhor Roubado em 2017 e, em 2018 com intervenção de réplicas dos painéis azulejares

Hoje o feriado foi gozado no destino em conhecer o Padrão do Senhor Roubado sito no terminus da Calçada de Carriche, a caminho de Odivelas, por onde desde sempre passei a caminho da A8, sem jamais me apear. O melhor transporte é o Metro e depois contornar para nascente em caminhada uns 150 metros. Incrível o monumento encontra-se encafuado na confluência de estradas de grande tráfego, num baixio, só um olhar atento o distingue, e é pena, merecia ter mais destaque!
Fontanário
Não sei se a sua construção data de 1936, ou recuperado nesta data que se encontra mais à frente no mural com a estrada.

Fonte que saciou muita sede aos viandantes debruada com muros relevados em azul celeste terminando com caracóis no encaixe de bancos em pedra, obra da câmara de 1936.
Jardim  sem manutenção, as árvores a necessitar de poda, não há flores e o contentor supostamente dos semáforos aqui fica inestético e sem graça. O espaço merecia requalificação e proibição de estacionamento junto aos muros que escondem os bancos. O Padrão merece um espaldar que explique a sua origem aos turistas que aqui deviam teimar parar.


Padrão ao Senhor Roubado com calçada basáltica.

Construído em 1744 após uma trágica história passada com a Inquisição-, em 1671 a igreja do convento de Odivelas foi saqueada, tendo todas as casas sido revistadas que se estendeu nos dias seguintes a Lisboa e ao resto do País. Os inquisidores não faziam por menos. 
Remate da cobertura do Padrão
Um mês depois do roubo num silvado foi encontrado parte do roubo, no local onde viria a ser construído o Padrão. Seriam vários os suspeitos do roubo, tendo sido apenas o António Ferreira, um pobre rapaz  miserável, apanhado por uma criada a roubar galinhas no Mosteiro de S. Dinis que tinha consigo além de outros pertences, uma Cruz de um vaso dourado do Santíssimo. O rapaz foi levado a Lisboa onde confessou a sua culpa no roubo da igreja. No dia 23 de Novembro 1671 foi sentenciado. Arrastado pelas ruas de Lisboa até à praça do Rossio onde lhe foram decepadas ambas as mãos e queimadas à sua frente,  morreu por garroteamento, e o corpo foi queimado.
Lamentavelmente as inscrições na pedra não se conseguem ler devido à cera das velas e à falta de limpeza do monumento.
"Aqui ocultou a ingratidão
Do maior roubo a insolência
Mas levou a clemência
A memória do perdão.
Este piedoso padrão
Com eterna dor se leia
Aqui um atroz ladrão
Às duas da noite e meia
Os céus enterrou no chão.
Caso de Odivelas – Ano de 1671"
Púlpito
Negro com o derrame de cera de velas e não devia.
Toda a história foi retratada em 12 painéis de azulejos ao estilo de banda desenhada, com rodapé em azulejo avulso, com motivos florais, mas que lamentavelmente se encontram muito mal tratados no tardoz do Padrão do Senhor Roubado. Todo o espaço merecia atenção especial, sendo dignificado, dando-lhe o valor que teve no passado em não esquecer o horror da Inquisição.
Porta entaipada que fazia a ligação com o esmoliadouro do Senhor Roubado, edificado com as esmolas dos fiéis da Igreja do Lumiar, que foi destruída pelo Terramoto de 1755.
"Em 1744 passou pelo local o irmão Paulo dos Santos, pedreiro, pertencente à congregação dos Descalços de S. Paulo Ermitão, que ao inteirar-se do acontecimento decidiu erguer ali um padrão. Tendo feito diligências junto do dono do terreno (Luís Paulo da Silva e Azevedo) consegui que as obras fossem feitas, sendo os  trabalhos iniciados no dia 14 de Maio de 1744.
No entanto o monumento tinha como projeto final um basílica que nunca viria a ser construída.
Sobre este facto pode ler-se no pilar direito do  monumento, a inscrição:
“Para se levantar este santíssimo padrão do Senhor Roubado, no ano de 1744 deu licença Luís Paulino da Silva e Azevedo, senhor da terra entre as duas estradas”.
Saboreamos umas sardinhas assadas na brasa com boa batata e salada. O vinho era forte. O melhor foi queimar calorias. Subimos a Calçada de Carriche que atravessámos para conhecer a Ameixoeira.
Os cabeços arredondados dos montes, este em particular ao longo do dorso mostra muralha com ameias e uma guarita ao meio, faria parte de quita ou organismo público (?).
Em Janeiro de 2023
Nova imagem. Os azulejos foram retirados e colocados réplicas
No púlpito do Senhor Roubado, para o mundo! 
A última vez que aqui estive foi em 2017,estava em abandono. 
Fiz uma cronica, coincidência ou não, foi intervencionado em 2018, os azulejos foram retirados e substituídos por réplicas, bem feitas que contam a cena do roubo da igreja de Odivelas. 
Curiosamente, só hoje reparei na lateral a nascente, a mensagem de quem mandou fazer o padrão Luís Paulino da Silva Azevedo senhor da Terra entre as duas estradas.
Não sei onde foram guardados os azulejos antigos.
A fonte está a precisar de manutenção
Painel  azulejar com pintura avulsa ,lateral a nascente



FONTES
http://odivelas.com/2010/01/14/sr-roubado-historia/
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72753

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Missão cumprida em tarefa rural em Chão de Couce, na Mó.

O inverno rigoroso de muita chuva do natal até agora praticamente sempre a chover, não deu para vir mais cedo para fazer a tarefa de limpeza da propriedade, a erva cresceu desalmadamente entrelaçando-se nos ramos das oliveiras que deixámos ficar aquando da apanha da azeitona o ano passado. Foi um desatino total, fosse a puxar, a partir e a queimar, sabendo que a época das queimadas estava prestes a terminar no final de abril. Tivemos sorte com o dia escolhido que se mostrou ameno, sem vento, o que ajudou na segurança da borralheira. Ainda bem que antes de sair de casa besuntei bem a cara de creme que o calor na pele me fez mal e mais fazia se acaso não me tivesse acautelado...
As parreiras a abrolhar, ainda podei algumas, se o ano correr de feição vamos ter uvas biológicas!
Tivemos o prazer de nos vir cumprimentar o Presidente da Junta, o Sr. João Medeiros, supostamente admirado de nos ver em trabalhos árduos. Dizia-me ele que as parreiras não precisavam de poda, que o ano passado deram mais uvas que outras vinhas tratadas...E foi bem verdade,bem me regalei de apanhar uns 20 quilos de uva de mesa trazida há mais de 100 anos por gente do norte, que para aqui veio trabalhar nas minas de gesso sitas ao Bairro-, a minha memória já me falha, não me lembrava, tive de me socorrer da escala de Mohs... 
Há falta de fonte- , há que anos a bica de água dada por uma telha mourisca que descia de uma mina da Nexebra se apagou por culpa dos eucaliptos que a bebem todinha...Assim de tarde fui pedir-lhe para encher a garrafa de água.

O meu marido de pau na mão a fazer de forquilha para chegar a fogueira e não se alastrar
Antes do almoço ao telemóvel a falar com a nossa filha que confessou adoraria estar ali connosco, pelo piquenique, pelo ar puro, pelas paisagens, e porque não se nega ao trabalho árduo, que foi habituada de pequenina a saber fazer as coisas e sobretudo a tomar conta e a dar valor do que há-de ser um dia seu.
Almoço à sombra da copa de uma oliveira, à falta da trempe que me esqueci de levar resolvi com uns paus de oliveira verdes, onde assaram as febras com sabor a limão, uma delícia.
Bebemos 7,5 de vinho, meio litro de chá e 3 litros de água...Nem faltou o café!

Mesa prostrada no chão em redor  de mar florido de flores semeadas de erva verde a imitar as espigas de trigo, a chamar o dia da  apanha da espiga na quinta feira de Ascenção, mas antes no 1º de maio são as Maias, plantas herbáceas que se ramificam e explodem floridas em crista amarela, eram penduradas nos currais para afastar o mal dos animais, o povo ancestral também neste dia fazia Cruzes, que revestiam de flores e espetavam nas propriedades até ao meio dia, no ensejo de prece a boas colheitas, para que, durante o ano, haja alimentos com fartura. Curiosamente em viagem de volta vi uma num quintal à beira da estrada antes de Tomar, e que bonita se mostrava, gostei de rever a tradição...
 O meu marido teimou ficar com a garrafa do vinho na mão...
 As flores da primavera, os alhos porro para o S. João e da família das orquídeas silvestres
Vi jeito de desmaiar por umas três vezes pelo esforço e por ainda estar débil da maleita que sofri dias antes, uma virose brutal que me deixou de rastos.
Deixámos a propriedade num brinco, estou a brincar, bem muito melhor do que estava.
O carro da minha mãe cheio de lenha cortadinha, e os potes vazios que levámos com água para apagar a borralheira.Ainda queimei roupa velha doutras tarefas guardada na casita e os ténis que se abriram todinhos...
Objectivo cumprido com sucesso na Mó, no contraforte a norte da serra de Nexebra  com outras serranias a rondar os limites concelhios de Ansião, Alvaiázere, Penela e Figueiró dos Vinhos!

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