Hoje o dia para ir conhecer a Quinta do
Esteiro Furado ou dos Ingleses sita em Sarilhos Pequenos, no concelho da Moita.Em cima das 10 H em Corroios no auto estrada dizia-me o meu marido -
olha para estes bólides Bugatti ... Confortável e alheia aos meus silêncios vejo os Bugatti Chiron
deslizavam em condução suave a rolar a 120 KM na 3ª via para imediatamente
se posicionarem na nossa faixa, a do meio, mas claro nunca mais os vi,
por isso não registei foto, havia muito trânsito, pelo que
tive de me socorrer do Google. De mente fértil levou-me a pensar na hipótese de ser o
Cristiano Ronaldo, atendendo à matricula do carro azul ser espanhola. Ontem
andaram por Sintra. Passadas seis horas foram vistos em Évora. A bela imagem dos carros análoga a nave espacial,
muito aerodinâmico, quem os guiava altamente profissional na condução de
excelência para um carro que atinge os 420, ao se olhar aos Formula Um
que se limitam nos 300...Gastam aos 100 na estrada 15 L e na cidade 30. Só
para milionários. O escuro era o líder da frente, atrás seguia a rolar suavemente o azul celeste...na cor que os antigos pintavam as camas de ferro...2,5 milhões a peça!
Em Sarilhos Grandes seguimos a direção ao esteiro, incrível como em sitio plano o casario se afilou desordenadamente limitado por estradas estreitas amiúde de cotovelos cegos, tão farta de os sentir e não ia a guiar, os alcunhei na pressa de cunestreet, fatal chão de quintas e herdades vedadas e por vedar salpicado de casario pobre entalado em paredes meias com paredes grossas, uma falta abismal de bermas em piso estreito mal dá para um carro passar em céu onde o baile de fios cruzados se mostra caos total entrelaçados sem qualquer sentido de estética, de pasmar!
A quinta Espinhosa vista de lado...
Ao longe avistava-se o Montijo
Noutro cotovelo apertado à esquerda
distingui na beira do esteiro a Quinta Espinhosa com a placa sobre o
arco em esmalte, antes passara na que foi a grande adega do lado do esteiro, mais à frente uma
fábrica conhecida de artigos de charcutaria, para apertar com o casario que se
aglomerou em redor da
Igreja, de traça interessante debalde quase engolida ... saindo por estrada com carros a fazer do piso
estacionamento privado, vindo em sentido contrário outro carro o meu marido teve de fazer o
que não gosta, subir o passeio, e a senhora com medo de não caber...
Continuámos por atalhos e becos para em inversão de marcha voltar à
estrada, para mal dos meus pecados pensar que chateado já tinha desistido, mas eis que corta
de novo à esquerda na placa de Sarilhos Pequenos...
Varinos ancorados
Clube de Sarilhos Pequenos na beira do esteiro em maré baixa na boleia do
regato vinha um barco de mariscadores, enxerguei a calçada do açude, a passagem pedonal para o outro lado do esteiro para a estrada que passa na quinta Espinhosa, onde tinha passado.
Ao fundo a Igreja de Sarilhos Pequenos.
Um grupo de homens de várias faixas etárias especulava palpites sobre o que estaria a GNR ali a fazer...Pois estariam à procura dos
dois argelinos fugidos de um navio a nado há dias ... Tabelei conversa com um deles se sabia como encontrar a Quinta dos Ingleses.Tomei nota do itinerário, atravessei o núcleo histórico de Sarilhos Pequenos avistando alguns belos portais de antigas quintas. Na saída alguma construção modernista, defronte na beira da estrada detém belos exemplares de sobreiros, pelo tardoz se perde em extensão ilimitada planura vestida a verde para mais à frente numa curva dada pelo braço do esteiro se engancha no que resta do portal desta quinta.O que me desiludiu, sempre pensei que tivesse um portal magnífico...E o teria no passado, mas com a indústria de cortiça e carpintaria, pela certa alterado por isso só resta um pedestal em cimento.
Deixar claro e aflorar que tive conhecimento através do Blog Ruin'arte em 2010 desta Quinta dos Ingleses seria pertença de António Xavier de Lima. Apostei hoje nessa aventura, debalde ao chegar a casa na primeira pesquisa dei conta que
é propriedade privada. Nesse pressuposto exaro sinceras desculpas por a
ter invadido no querer dar voz ao impulso forte de infinito apetite e vontade
louca em descortinar beleza e silêncios
na ruína que o meu olhar não se mostra alheio, antes exala clímax..Grande aventura a medo,
sozinha, o meu marido mais cauteloso e medroso por ter deixado o carro na entrada reparou que o caminho tinha marcas de rodados pelo que decide voltar para trás, ainda o ouvi quando me chamou, estava na capela, voltei ao caminho o distingui já ao longe, passados minutos liga-me para me avisar...
Ganhei mais tempo e voltei a correr no que foi um jardim de erva não muito alta na frontaria do palacete de olho aberto à coca fosse local de abrigo ou esconderijo de romenos e argelinos (?) ... Não me retirou vontade desenfreada, aproveitei todos os minutos onde enchi a
alma de mágoa pelo total abandono, consequente vandalismo e espólio
roubado, sobretudos azulejos e arte sacra, ao mudarem de sitio seja para
Portugal ou estrangeiro, maldito fim, que me perturba pela perda de património... Observei o esteiro a poente
ao cimo da escadaria com degraus em ardósia, em maré baixa sobre o qual sobrevoavam
grandes aves; patos aos pares, corvos, e uma ave de rapina abençoada de grandes asas quando saí da capela, mas nada mais
trouxe de
souvenir...
Citarhttp://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
" Esta Quinta é Património Histórico, Arquitectónico e Agrícola. É Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional. Tem uma faixa de 150 hectares, que é zona de protecção especial do Estuário do Tejo, com um património avifaunístico excepcional no contexto da avifauna bravia da Europa, onde ocorrem regularmente concentrações notáveis de muitas espécies protegidas.
A Quinta
do Esteiro Furado terá nascido da união entre a Quinta do
Martim Afionso e a Quinta do Brechão. Propriedade da Coroa gerida
por administradores, até à extinção das ordens religiosas em 1834.Teve
diversos proprietários: Rui de Miranda, cavaleiro da casa real de D.
Sebastião; Gerarldo Huguens, Flamengo; Manuel de Oliveira de Abreu e
Lima, neto do antecessor proprietário e provedor do tabaco de Alfândega
da corte; Luís José Pereira; Paulo Nunes; Domingos Garcia que em
1863, a vendeu aos Ingleses Tomaz Creswel
e sua mulher Marta Creswel. Em 1890, existiu na
Quinta do Esteiro Furado uma pequena fábrica de cortiça, com oito
operários.Em 1908 – os Ingleses Lord Bucknall e Carlos Creswell passaram
a ser os novos proprietários da Quinta.
Também foi proprietário da quinta João Manuel
(Chumbeiro).
Em 30 de Dezembro de 1972, a Quinta foi comprada por
António João da Silva e mantém-se na posse dos herdeiros até à data,
2007. "
Citar excerto do Blog Ruin'arte
" O seu destino foi traçado por uma rifa, quando o último proprietário
desta família a sorteou pela terceira vez... um fim bastante inglório
para tão nobre propriedade."
Citar o comentário de MARIA FILOMENA F. RIBEIRO S.FOLGADO no Blog Ruin'arte
"- Sou a descendente do proprietário
que rifou a quinta do Esteiro Furado, não sabendo a quem caiu a
sorte.Não tenho possibilidade física de me pôr a fazer investigação
sobre o assunto, mas vou dar algumas, embora poucas, informações com a
esperança de ajudar de alguma forma à história da quinta. O
proprietário que a rifou, meu trisavô tinha de apelido Garcia e de nome,
talvez José. Ele não foi o verdadeiro herdeiro dessa propriedade, mas
sua mulher. Esta senhora, minha trisavó de que não sei o nome, mas de
apelido Garcia, por casamento, herdou também uma outra quinta denominada
Vinha Grande ,sita no lugar de Brejos da Moita, Freguesia e Concelho da
Moita, na estrada de Moita-Coina, que deixou por herança a sua filha
Mariana da Soledade Garcia (Colaço, por casamento), minha bisavó, que
deixou por herança a sua filha Maria Alice Garcia Colaço Ribeiro, minha
avó paterna que a recebeu já casada pelo que constou como proprietário,
seu marido, Manoel Ribeiro, meu avô paterno que, por sua morte, ficou a
sua mulher, como meeira (minha avó, Maria Alice) e a seu filho, como
herdeiro (José Maria Colaço Ribeiro, meu pai) que, por sua morte ficou a
minha mãe como meeira(Catarina Fernandes Ribeiro) e, como herdeiras, as
suas filhas, eu, Maria Filomena Fernandes Ribeiro Salgueiro Folgado e
minha irmã Maria Isabel Fernandes Ribeiro Coutinho e Lima, que por nós
três foi vendida em 1998 a António Xavier de Lima. Ora como esta quinta,
e a do Esteiro Furado foram propriedade do meu tetravô, se for
consultada a inscrição na matriz predial rústica sob o art. 4º. da
Secção D, respeitante à Vinha Grande, talvez se saiba o nome desse meu
antepassado como de sua filha ou marido, o tal Garcia que rifou o
Esteiro Furado e, através deles a quem esta quinta foi pertencendo desde
então."
Casario dos trabalhadores adoçado ao longo do caminho antes do palacete
Na frente fila de palmeiras que com o abandono das gentes morreram de pé, a única que existe é outra espécie, de tronco fino a poente .
Citar o comentário do historiador Rui Mendes no Blog Ruin'arte
"Em 12 de Fevereiro de 1649 registamos uma Escritura de Arrendamento da Quinta de Sarilhos de Diogo Coutinho Dossem, a Giraldo Hugens, Mercador Flamengo morador em Lisboa à Igreja de S. Julião, feita em Lisboa, ao pé do Mosteiro de N. Senhora da Graça, nas notas do tabelião Bernardo Cardoso. A Escritura foi feita por D. Beatriz de Gouveia, viúva de Francisco Coutinho, como procuradora de Diogo Coutinho, seu filho, Fidalgo da Casa de sua Majestade, e de sua mulher Antónia Silveira, ambos moradores na cidade de Goa. Na escritura se diz que a quinta «está da banda de além no lugar de Sarilhos Pequeno, termo da vila de Alhos Vedros, com casa, chão de casas, terras maninhas, vinhas, pinhais, e outras pertenças, a qual ele Giraldo Hugens trás de arrendamento há muitos anos» e que lhe fora arrendada pela primeira vez pelos pais do actual senhorio,
(Arquivo Distrital de Lisboa, 1.º Cartório Notarial de Lisboa – Ofício B, Livros de Notas, Cx. 3, Liv. 337, fl. 52)"
"Em 12 de Fevereiro de 1649 registamos uma Escritura de Arrendamento da Quinta de Sarilhos de Diogo Coutinho Dossem, a Giraldo Hugens, Mercador Flamengo morador em Lisboa à Igreja de S. Julião, feita em Lisboa, ao pé do Mosteiro de N. Senhora da Graça, nas notas do tabelião Bernardo Cardoso. A Escritura foi feita por D. Beatriz de Gouveia, viúva de Francisco Coutinho, como procuradora de Diogo Coutinho, seu filho, Fidalgo da Casa de sua Majestade, e de sua mulher Antónia Silveira, ambos moradores na cidade de Goa. Na escritura se diz que a quinta «está da banda de além no lugar de Sarilhos Pequeno, termo da vila de Alhos Vedros, com casa, chão de casas, terras maninhas, vinhas, pinhais, e outras pertenças, a qual ele Giraldo Hugens trás de arrendamento há muitos anos» e que lhe fora arrendada pela primeira vez pelos pais do actual senhorio,
(Arquivo Distrital de Lisboa, 1.º Cartório Notarial de Lisboa – Ofício B, Livros de Notas, Cx. 3, Liv. 337, fl. 52)"
Uma roda em ferro seria da serração(?)
Citar excerto de http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
"O palacete foi construído entre 1718 e
1721 com capela ou ermida; campos de lavoura; oficinas de manutenção;
garagens para carros de bois e carroças, armazéns para produtos
hortícolas; estábulos; alambiques; conjunto de casas (antigas casas dos
trabalhadores); lagares; um grande depósito de água, que também
abastecia os navios ancorados no Tejo; armazéns para guardar
ferramentas; um moinho de maré (desaparecido) chamado “Froje” e cinco
salinas na dependência directa da Quinta: “Bombaça”, “Sarjeda”, “Guisada”, “Arvéloa” (alvéloa/pássaro) e “Furadinho”;
um cais e um esteiro. Com exepção dos campos de lavoura e do esteiro
(agora, mais assoreado), tudo o resto desapareceu ou está em ruínas e
vandalizado.O próprio esteiro continha elementos naturais que propiciava
grande actividade laboral às gentes da região: apanha de ostras e casca
da mesma; apanha de lameginhas; pesca artesanal; apanha de limos e
apanha de morrassas. Pelo o seu pequeno cais, mesmo junto ao palacete,
passou toda a actividade da Quinta, através do escoamento dos produtos,
por via marítima, utilizando os barcos do Tejo: botes, varinos, canoas,
batéis e outros."
Palacete a poente
O palacete a poente no rés do chão com galeria e colunas e uma
escada que deu acesso em tempos a uma ampla varanda ladeada
de duas torres.
A palmeira na frente o alto muro fecha o jardim do esteiro
Registei as fotos ao cimo da escadaria cujo piso do varandim já ruiu, resta a bela coluna de pedra encimada por um ferro
Vista da quinta ao caminho
Várias sequências de arcos
O primeiro andar no tardoz abre-se para uma espécie de pátio a norte divide-se em duas partes abrindo espaço para o que teria sido um magnífico terraço com vista bucólica e idílica para o esteiro, com torre sineira possivelmente para o ritual do trabalho do pessoal.
Lado norte nas traseiras no rés do chão novamente uma galeria com colunas, a imitar um claustro, dando acesso a áreas que seriam certamente de arrumo, armazéns (?).
Entrada da quinta
Data na lápide de 1908
Vista do palacete a sul
O primeiro andar no tardoz abre-se para uma espécie de pátio a norte divide-se em duas partes abrindo espaço para o que teria sido um magnífico terraço com vista bucólica e idílica para o esteiro, com torre sineira possivelmente para o ritual do trabalho do pessoal.
Lado norte nas traseiras no rés do chão novamente uma galeria com colunas, a imitar um claustro, dando acesso a áreas que seriam certamente de arrumo, armazéns (?).
Citar excerto do historiador Rui Mendes
"No séc. XVII residiu aqui Geraldo de Huygens, comerciante flamengo, que embora não fosse o senhorio da propriedade (tenho algumas escrituras do séc. XVII em que aparece apenas como arrendatário), aqui edificou uma ermida dedicada à SS.ma Trindade e S. Geraldo, Santo do seu nome.
A Ermida foi edificada entre 16 de Julho de 1629 (data de colocação da 1.ª pedra) e 26 de Maio de 1630 (data da sua bênção e 1.ª missa).
Nas memórias paroquiais da Moita em 1758 a ermida e Quinta aparecem na posse de Manuel Lopes de Oliveira, Desembargador do Paço, sendo que o pároco atribui à ermida o estado de «profanada».
Teve a ermida obras de restauro em 1799 por iniciativa de D. Clara Maria, viúva de José Baptista, Homem de Negócio da Praça de Lisboa, ficando então com o título de «Ss.ma Trindade e N.ª Sr.ª da Boa Viagem». A Provisão de licença para obras data de 27 de Março 1799 e a de licença para ser de novo benzida e ter missa de 22 de Maio de 1799.
Nos autos de 1799 encontramos uma carta do pároco da Moita – Pe. José Rodrigues, datada de 11 de Março, em que este diz que «nesta ermida não se diz missa há muitos anos».
(Registos: Arquivo Histórico do Patriarcado, Ms. 298. fls. 245 e 248; Autos: A.N.T.T., Câmara Eclesiástica de Lisboa, Mç. 1839)"
"E chegaram a utilizar a capela como armazém de lenha" - da sacralização à dessacralização, até à ruína final? Lamentável!
Citar José Queiroz, "Cerâmica portugueza", Lisboa: Typographia do Annuario Commercial, 1907, p. 448). Um apontamento de 1907 sobre os azulejos:
«Perto da Villa da Moita, na Quinta do Esteiro Furado, ha uma capella revestida de azulejos padrão a duas cores” azul e amarello, sobre fundo branco.
Por cima de uma pequena porta, está a inscripção, disposta da seguinte maneira :
ESTA OBRA SE FEZ D AZVLEIO NA ERA D 1657 ANNOS
A capella, que há muito está profanada, pertence, com a alludida quinta, ao Snr. H. Bucknall."
Fachada da Capela
Três fotos da capela retiradas http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
"No séc. XVII residiu aqui Geraldo de Huygens, comerciante flamengo, que embora não fosse o senhorio da propriedade (tenho algumas escrituras do séc. XVII em que aparece apenas como arrendatário), aqui edificou uma ermida dedicada à SS.ma Trindade e S. Geraldo, Santo do seu nome.
A Ermida foi edificada entre 16 de Julho de 1629 (data de colocação da 1.ª pedra) e 26 de Maio de 1630 (data da sua bênção e 1.ª missa).
Nas memórias paroquiais da Moita em 1758 a ermida e Quinta aparecem na posse de Manuel Lopes de Oliveira, Desembargador do Paço, sendo que o pároco atribui à ermida o estado de «profanada».
Teve a ermida obras de restauro em 1799 por iniciativa de D. Clara Maria, viúva de José Baptista, Homem de Negócio da Praça de Lisboa, ficando então com o título de «Ss.ma Trindade e N.ª Sr.ª da Boa Viagem». A Provisão de licença para obras data de 27 de Março 1799 e a de licença para ser de novo benzida e ter missa de 22 de Maio de 1799.
Nos autos de 1799 encontramos uma carta do pároco da Moita – Pe. José Rodrigues, datada de 11 de Março, em que este diz que «nesta ermida não se diz missa há muitos anos».
(Registos: Arquivo Histórico do Patriarcado, Ms. 298. fls. 245 e 248; Autos: A.N.T.T., Câmara Eclesiástica de Lisboa, Mç. 1839)"
"E chegaram a utilizar a capela como armazém de lenha" - da sacralização à dessacralização, até à ruína final? Lamentável!
Citar José Queiroz, "Cerâmica portugueza", Lisboa: Typographia do Annuario Commercial, 1907, p. 448). Um apontamento de 1907 sobre os azulejos:
«Perto da Villa da Moita, na Quinta do Esteiro Furado, ha uma capella revestida de azulejos padrão a duas cores” azul e amarello, sobre fundo branco.
Por cima de uma pequena porta, está a inscripção, disposta da seguinte maneira :
ESTA OBRA SE FEZ D AZVLEIO NA ERA D 1657 ANNOS
A capella, que há muito está profanada, pertence, com a alludida quinta, ao Snr. H. Bucknall."
Fachada da Capela
Três fotos da capela retiradas http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
Debalde na fachada da Capela, junto à entrada,
não reparei se ainda existe a lápide na sua frontaria com a Cruz da Ordem de
Santiago...
Citar http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
"A Capela de S. Gerardo ou Ermida de Sª Trindade?
Foi fundada em 1600 e construída em 1629.Tem uma torre tipo Senhorial, abastardada, com a insígnia da ordem de Santiago. Na fachada da Capela, junto à entrada, ainda existe uma lápide, que na sua frontaria tem a cruz da ordem de Santiago, com o seguinte epitáfio:
"O próprio esteiro continha elementos naturais que propiciava grande actividade laboral às gentes da região: apanha de ostras e casca da mesma; apanha de lameginhas; pesca artesanal; apanha de limos e apanha de morrassas. Pelo seu pequeno cais, mesmo junto ao palacete, passou toda a actividade da Quinta, através do escoamento dos produtos, por via marítima, utilizando os barcos do Tejo: botes, varinos, canoas, batéis e outros.Durante anos a Quinta dos Ingleses deu trabalho a muitas famílias de Sarilhos Pequenos."
Foi fundada em 1600 e construída em 1629.Tem uma torre tipo Senhorial, abastardada, com a insígnia da ordem de Santiago. Na fachada da Capela, junto à entrada, ainda existe uma lápide, que na sua frontaria tem a cruz da ordem de Santiago, com o seguinte epitáfio:
EM LOUVOR DA SANTÍSSIMA
TRINDADE SE PRINCIPIOU ESTA
HERMIDA DA SANTÍSSIMA
TRINDADE AO VAL EDIFICOU
INES VELOSA NO ANO D 1629”.
Citar http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/"O próprio esteiro continha elementos naturais que propiciava grande actividade laboral às gentes da região: apanha de ostras e casca da mesma; apanha de lameginhas; pesca artesanal; apanha de limos e apanha de morrassas. Pelo seu pequeno cais, mesmo junto ao palacete, passou toda a actividade da Quinta, através do escoamento dos produtos, por via marítima, utilizando os barcos do Tejo: botes, varinos, canoas, batéis e outros.Durante anos a Quinta dos Ingleses deu trabalho a muitas famílias de Sarilhos Pequenos."
" no interior da Capela, na parede lateral, à direita, os
azulejos continham uma inscrição referente à construção da mesma, também
foram arrancados. A inscrição dizia o seguinte:
ESTA OBRA SE FEZ D
AZVLEIO NA ERA D
1657S7. ANNOS"
Tardoz da Capela e sacristia
Parede lateral a norte ao meio uma pequena Cruz em azulejo
As paredes da Capela revelam o
sitio onde os azulejos policromáticos; azul e amarelo estiveram encastrados, apenas
três resquícios dos que se partiram dão nota do brilho que aqui houve, acima do altar e junto a
uma fresta lateral.Tudo o mais desapareceu, o altar rico em
dourados e Imagens. No chão a lápide de uma família nobre inglesa, foi profanada. Todo o
espólio foi sendo saqueado desde o séc XIX e depois na década de 90 do séc. XX.
O que resta dos azulejos
“ ESTA HE DGIRARDO
HUGENS ESTTUIDOR Q FOI DESTE
HERMIDA OQUOAL FALECEO NO
ANO DI 1657 EM 9 DE JULHO
DO DITO ANO E DE SUA MOLHER
INES VELOZA E DSEU FILHO MEL
HUGENS E MAIS SUSES (…)
DESCENDENTES (…) TA GE ERASAM
COMO O DOS DITOS MINISTRADORES
Q FOREM DA (…) TA HERMIDA”.
Pisei o mesmo chão de nobres e gente abastada pisou...
Citar http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
" Mais tarde em 1908 , Lord Bucknall e Carlos Creswell proprietários da Casa Comercial Creswel & Cª, firma corticeira da região, já possuíam uma fábrica e serração na quinta, tendo-a adquirido posteriormente e chegaram a utilizar a capela como armazém de lenha..."
O esteiro na frente da capela
Citar o comentário de Ana Santos no Blog Ruin'arte"Foi com uma enorme angustia que encontrei o palacete da Quinta do Esteiro Furado neste Blog!
Eu tive a sorte de frequentar esta casa na minha infância, ainda em bom estado de conservação no final de 1970 e início de 1980. Nessa altura havia muita actividade nessa quinta, eram muitos os que lá trabalhavam em actividades agrícolas e, se não me engano em extracção de sal.
Nessa altura, a casa era habitada ocasionalmente por um casal (que não me lembro o nome) amoroso que me acolheu muitas vezes, passeando comigo nessa quinta; existia junto ao palacete uma estufa fantástica cheia de rosas, algumas delas muito raras e herdadas da família inglesa.
Também existia um chalet fantástico no interior da quinta. Não consigo perceber o que se terá passado para não tentarem preservar este espaço.
Na altura, penso que esta quinta era propriedade de um senhor com um nome igual à assinatura de um comentário deste artigo. Provavelmente, um descendente..."
Citar o comentário de Joaquim José no Blog Ruin'arte
"Infelizmente a Quinta do Esteiro Furado/Qtª dos Ingleses, está ao
abandono à muitos anos. Pois foi nesta Quinta que eu passei grande parte
da minha juventude, a minha casa era paredes meias, a minha mãe e
alguns familiares, trabalharam nesta Quinta, dava trabalho a muita
gente. Além da edificação apresentada existia uma estufa de plantas,
toda ela em vidro, e um chalet(que era conhecido por João da Loja). Resumindo, esta Quinta tinha tinha de tudo, por exemplo, muita água, que
abastecia os navios mercantes que entravam no Porto de Lisboa e era
carregada em batelões,tinha um Cais privativo, existia um
Gasolino barco privado dos proprietários, tenho uma foto com uma Falua
do Montijo, neste cais. Tinha vários viveiros de peixe e várias
salinas (Marinha/Viveiro da Bombaça,era paredes meias, com a minha
casa, Marinha/Viveiro do Ti Rufino, Marinha/Viveiro da
Condessa,etc.Criação de Gado,vacas e porcos, e Grande Pinhal (Pulmão de
Sarilhos Pequenos, que felizmente ainda existe em parte), extração de
cortiça, resina, madeiras,pomares de Laranjas,Tangerinas e Maçãs,
cultivo de todo o tipo de legumes,milho,trigo,batata , Vinha,etc. etc."
Citar o comentário de Lina Simões no Blog Ruin'arte
" Lindo....eu que não gostava de história li estes post's e todos os
comentários, fiquei maravilhada. Sou da Moita, conheço esta quinta como
algo enigmático e sempre achei que era uma pena a propriedade estar
abandonada mas, com esta história fabulosa, até faz " doer" o coração.
Sabem que as gentes do Rosário, com um dialecto muito próprio chamavam à
quinta o " estifrado"....só muitos anos depois é que percebi que
pretendiam dizer "Esteiro Furado". Parabéns pelo trabalho desenvolvido."
Citar o comentário de Michael Krueger no Blog Ruin'arte
"Vivi alguns anos na Quinta da Fonte da Prata, e fui várias vezes à "Quinta dos Ingleses", entre 2003 e 2005. Sempre me fascinou e pensei em realizar um filme/curta-metragem de terror na propriedade.
Cheguei a entrar em contacto com a proprietária, que por acaso comentou em cima, mas não me foi dada licença para tal. Com muita pena, mas compreendo. Penso que o filme "Os Imortais" tem umas cenas passadas na quinta, é quando testam o carro para o assalto. No período em que fui à dita quinta, ainda se podia circular no interior, só o acesso ao sótão estava "proibido". Lembro-me que o quarto de acesso ao terraço tinha o soalho a abanar e tínhamos de andar junto à parede. Hoje em dia todo o interior ruiu e é uma "aventura" circular lá. A praia ainda existe, mas já está muito degradada. Realizaram-se lá festas de transe , fui a uma. Tenho em cassete 8mm uma gravação de dois senhores com uns cinquenta anos que contam que naquela propriedade «ganhou-se e perdeu-se fortunas nos jogos de azar». Obrigado."
Chão vestido de amarelo e verde a beijar o esteiro a chamar a primavera ..,
Em remate agradecimento especial a todos os que teceram as suas impressões e conhecimento sobre esta quinta, transcrevi mencionando a Fonte, sem os quais não seria possível fazer a crónica.
Bem hajam
Pisei chão onde viveu e morreu gente inglesa, cujos descendentes se foram embora deixando os restos mortais dos seus antepassados, o que se estranha sendo apelidados de carater conservador, confesso, não me senti nada Inglesa!
Paraíso plantado em Sarilhos Pequenos, à beira do esteiro furado, cujo nome seja suposto lhe deve advir da junção das duas quintas unidas pelo ancoradouro com arco para a água escoar e entrar com a maré no esteiro. Ambiente bucólico e paradisíaco espevitado nos silêncios pelo esvoaçar de aves variadas de grande porte, com campos a perder de vista e o sapal com meandros de rios de água de onde se exalam aromas agrestes e aromáticos, nosso rico PORTUGAL, infelizmente em morte lenta a agonia e grande Sarilho!
FONTES
http://ruinarte.blogspot.pt/2010/05/quinta-do-esteiro-furado-ou-quinta-dos.html
http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
http://marcolinofernandes.blogs.sapo.pt/2013/11/10/
You Tube Esteiro Furado