quarta-feira, 11 de julho de 2018

Saboreei uns churros e uma cerveja, assim foi o meu S.Pedro em Ansião!

Desafiei o meu marido depois do jantar na minha mãe a uma escapadela ao S.Pedro até Além da Ponte para despistar a tristeza sentida na chegada à Mó, em Chão de Couce, e depois na Moita Redonda, tamanha agrura ao constatar as courelas em total desprezo por o  tempo lhe ter corrido a favor, depois da brutal volta que lhe tínhamos dado em finais de abril...
Na Praça do Município pasmei com duas lonas estendidas na fachada dos Paços do Concelho de Ansião alusivas ao novo logotivo publicitário - Ansião Coração de Sicó ,  pedra calcária em forma de triângulo e na outra um coração avermelhado alusivo à terra rossa, caracteristica do Maciço de Sicó.
1º cartaz
Reti a minha foto em virtude desta enviada pela equipa do Facebook da Câmara Municipal, a quem agradeço a cortesia , porque esta foto revela a parte nova de ampliação dos Paços do Concelho de 1937 em que o sitio onde estão as  lonas suspensas se mostra uma moldura em cantaria, à semelhança da que foi feita na mesma altura para embelezar o fontanário do Fundo da Rua.
Será que alguém alguma vez em tal reparou?
Lona publicitária com salpicos de calhaus de pedra calcária centrada por pedra em forma de triângulo com sinais da erosão . Acaso me tivessem pedido poderia ter partilhado para registo em foto uma das muitas pedras da minha coleção por mim encontradas na região cuja erosão as esculpiu a jeito que o meu olhar assim as catalogou ; uma perna de criança, uma bota que o sapateiro fazia e o meu avô e tio usavam, o chapéu do Bonaparte, um peixe, machados de pedra entre outras admiravelmente belas entre a serra da Ameixieira, do Mouro, Carril, Escampados e na várzea de Aljazede. Como critica construtiva apenas a meu ver os slogans se deveriam apresentar por ordem alfabética...
Desafio ao falar do desfile temático iniciado com Buracas
Buracas de Casmilo 
Como a palavra evidencia são aberturas na rocha cujo aspecto o povo apelidou de buracas que se podem encontrar para os lados do Alvorge na serra da Senhora da Estrela e para nascente ao limite do concelho de Penela com a entrada da gruta das Taliscas e,... 
Foto retirada da página do facebook de Virgílio Loureiro
 Perdizes
Aves graciosas vestidas de linda penugem, desde sempre me recordo de as ver mortas presas a ganchos da cartucheira de caçadores ao molho com coelhos e tordos, para nos últimos anos a felicidade de as ver  ao alto da serra  da Ovelha e na serra do Mouro quantas vezes vinda da Moita Redonda as encontro na beira da estrada a espiar quem passa, e uma vez as surpreendi em bando antes do miradouro e jamais esqueço o voo em fuga. Gracioso é  o aparato das mães com os perdigotos em aprendizagem de voo, que já espicacei ao Anjo da Guarda...
Dolinas
Tive conhecimento desta palavra escrita pelo Padre José António Afonso Pais de Almofala de Baixo-, segundo o Padre Manuel Ventura Pinho fez o seu estágio em Ansião no tempo do Padre Olívio Cardo, tendo sido ordenado Padre na Igreja de Areias em 05-03-1978. Por motivo de férias do Padre Olívio foi o sacerdote que veio a celebrar o meu casamento na Capela do Santo António ao Ribeiro da Vide em setembro de 1878, prestes a comemorar 40 anos. Homem de perfil enigmático quando tinha Página no Facebook envergava a capa de peregrino de Santiago com bastão/ bengala na dificuldade em o reconhecer por na minha memória recordar um homem muito jovem e bonito, que uma amiga minha e convidada de Miranda do Corvo, enfermeira, vivíamos na altura no mesmo alojamento em Coimbra   havia de se sentir tão atraída pela sua silhueta que me vi grega para a dissuadir...Tenha sido a doença que o acometeu que lhe retirou alguma vitalidade e o fulgor sem contudo perder o gosto das paisagens das terras de Sicó e das antigas Cinco Vilas. As dolinas são geoformas cársicas que armazenam águas, que o povo sempre chamou lagoas, sendo lamentável no tempo algumas tenham sido completamente destruídas por força do progresso, digo eu de más escolhas; havia uma na entrada de Albarrol que foi em parte absorvida por causa da nova estrada roteada na década de 60 pelo empreiteiro Sr Margarido de Santiago da Guarda, e mais tarde o que dela restava acabou dizimado tal como muitos anos antes aconteceu com o novo traçado da estrada de Ansião para a Barreira depois de 1875  na Jãmgalega, ainda me lembro do que dela sobrou sob o comprido (barranco) que o alargamento há poucos anos da estrada acabou por a destruir completamente, e na toponímia - Barranco sito ao fundo dos Matos, aldeia completamente desertificada, tenha sido no passado também uma dolina. Ao alto do Salgueiro ainda persiste junto da estrada o que resta de outra com água e limos, também havia no Bairro o que restavam de duas que o povo chamava cisternas, e agora mais esclarecida, porque conheci a grande cisterna que existiu onde hoje é o parque de estacionamento público na vila junto da (CGD) e da outra que ainda deve existir na cozinha da albergaria da Misericórdia em comparação das que conheci no Bairro por não serem revestidas de pedra e sim em terra, uma ao cimo do quintal do meu bisavô Francisco Rodrigues Valente entupida à pouco tempo para no que restava do seu palco ter sido feito um galinheiro, a outra há muitos anos fora entupida para tornar chão arável no tardoz do que foi a estalagem da Ti Maria da Torre. Também no Vale Cerejeiro existiu outra que acabou estrangulada com o alargamento dos caminhos, onde foi o seu palco hoje existe um largo onde passa o caminho da nova rota para Fátima que anulou completamente a dolina que tão bem conheci em criança,  a Lagoa do  Castelo ao alto do Senhor do Bonfim está praticamente assoreada, na sua frente merecia investigação o troço da  via romana, pelas lajes que ainda lá encontrei e por fim a Lagoa do Escampado apresenta-se assoreada infestada de vegetação própria de águas paradas estando a perder a sua amplitude e beleza , haja alguém que delas cuide!
Já fotografei várias lagoas escolhi esta!
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Lagoa da Ameixieira
Carvalho cerquinho
O carvalho cerquinho encontra-se semeado à toa ou em carvalhais que deram origem à toponímia de vários locais por todo o concelho de Ansião. Gosto francamente de os observar na Constantina em tempo de fartas águas vestidos de musgo com ramos mortos em contraste com os vigorosas e ainda assim exalam beleza. Igualmente belos e grandiosos com séculos de vida se  encontram aos Escampados.

Véu de noiva na Constantina
Mós
Mui esquecidas enquanto património cultural, ainda se encontram a jazerem junto dos moinhos de água e de vento, sem qualquer atenção na sua preservação para as gerações vindouras, sendo que aqui e além tem sido reutilizadas em jardins pelos proprietários ou por  ladrões de oportunidades....Felizmente na Mó, uma aldeia de Chão de Couce exibe garbosamente uma Mó de Cima de grande dimensão encostada na casa de João Medeiros como testemunho que deu mote à toponímia. Não tivesse sido ele presidente da JFCC com nítida noção do que é fazer o certo! 
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A Mó no Outeiro da Mó em Chão de Couce
Erva de Santa Maria
Uma das muitas espécies de tomilho que existem no Maciço de Sicó conhecida na região por erva de Santa Maria, apresenta-se abundante nas serras e costados que o gado na sua pastorícia ingere conferindo um travo especial ao leite que se traduz em travo distintivo no queijo, quando bem confecionado na dose de leites de ovelha e cabra com adição de cardo natural, tendo por isso há muito sido catalogado como Queijo do Rabaçal, quanto a mim erradamente ( o nome lhe advenha da viagem diária da carreira do Pereira Marques de Chão de Couce para Coimbra, nela fui inúmeras vezes para assistir na paragem do Rabaçal e na do Zambujal a ranchos de mulheres em espera da carreira de rodilhas nas mãos e canastras no chão abarrotar de queijos frescos, de meia cura e secos, tapados com toalhas de estoupa de grandes franjas, pesadas para não abalarem com o vento, cujo cheiro nos acompanhava na viagem onde depois do alto da Cruz de Mouroços onde se começava a avistar a cidade do Mondego a minha mãe me avisava se não me portasse bem na cidade a ponte caia...Atormentada de medo  a olhar o casario e o rio com os olhos na ponte para me perder com o Portugal dos Pequenitos e o troli para em instantes chegados à Portagem sem a  ponte cair ...Apeavam-se as mulheres e se deixavam em espera do cobrador que tirasse do tejadilho as canastras para depois as ver apressadas com elas à cabeça sob a rodilha  a caminho da Rua  Ferreira Borges com o laço dos aventais em abanico nas ancas a caminho do Mercado e também ao Paço do Conde as via vindas do comboio com as hortaliças e fruta...A minha mãe privilegiava sempre uma ida ao Mercado onde o buliço do vaivém apressado das freguesas se confundiam com os cheiros e as cores das carnes cortadas, dos queijos e do pão e bolos sempre com pregões em cantada. E na praça do peixe havia uma peixeira vestida de negro de Buarcos de bela silhueta, fiel cópia da minha avó paterna Piedade Cruz,  passados 50 anos entender finalmente que o seriam da mesma linhagem de silhueta e beleza imensurável, quando comecei no mercado do trabalho, precisamente nos TLP em 1978, no edifício defronte do Mercado, era inevitável à hora do almoço passar pela Praça do Peixe só para a ver e recordar a minha avô... Recordo de ouvir as freguesas que compravam os queijos de perguntar - olhe lá  de onde é o queijo? É do Rabaçal minha senhora... Quando na verdade o queijo não era apenas do Rabaçal, também do Pombalinho, Cotas e doutras aldeias circundantes, onde as mulheres denotaram ser de maior estratégia negocial que as de Ansião, vendendo o produto diretamente ao público em detrimento de o venderem a intermediários que ao sábado compravam por atacado ovos e queijos às mulheres em Ansião para  enviar para Lisboa, ganhando assim menos...
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Erva de Sta Maria no vaso da varanda da minha filha em Lisboa
Moinhos de água 
Também conhecidos por azenhas,  munhos e atafonas cuja força era movida por um animal, em geral um burro, engenhos que foram desde sempre o grande sustento do povo de Ansião e dos arrendatários das herdades, nomeadamente do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Já escrevi sobre esta riqueza quase esquecida e jamais enaltecida por investigadores que terá origem nos mouros, segundo excerto de http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i«A importância da cidade de Ceuta é confirmada por Al-Hassan Al-Wazzan Al-Fasi, conhecido como Leão “o Africano”, que afirma na sua obra “Descrição de Africa” que Ceuta tinha 1.000 mesquitas, 360 casas de viajantes, 22 casas de banhos públicos e 103 moinhos. » Depois de expulsos esta arte foi continuada pelos que ficaram na região e judeus que aqui aportaram. Mas para isso tive que andar a pé para entender os meandros dos moinhos que ainda existem, dos que foram transformados, as ruínas de outros, enfim perceber que conviviam com lagares no mesmo aproveitamento da parca água das ribeiras e ribeiros que apenas correm de inverno até meados de junho em Ansião. Descobri que nas ribeiras da Mata e do Nabão foram abertos ribeiros artificiais alguns com suporte de açudes como na Constantina para parte da água  da ribeira ser reconduzida para moinhos, por sua vez depois da sua passagem a água voltar à ribeira e assim servir para outros na mesma função. Actividade muito proeminente em Ansião antes de 1359  em que houve uma contenda com os almocatés sobre os pesos e as medidas, arquivada na Torre do Tombo que descobri num trabalho de um autor açoriano e logo correlacionei  em mais se saber do passado desta terra. Também encontrei um moinho no ribeiro que apenas se forma de inverno no vale do Casal Soeiro que tem o nome de Ribeirinho, e mais abaixo algures entre o vale Perrim  e o Carril por onde passa outros houve porque na toponímia existem pelo menos dois nomes alusivos a moinhos - Mato das Mós e Outeiro do Moinho. O primeiro moinho que conheci foi o dos Olhos d'Agua e das suas azenhas pequeninas junto das levadas, cenário belo dilacerado na requalificação por mão de mau progetista, seguido de um outro, antes do que restava dele que foi da família do meu marido na Ribeira Velha, ao limite da freguesia de Pousaflores com o concelho de Alvaiázere, onde distingui Mós de calcário e ao Prazo duas pequenas em xisto. Em paralelo na região de Sicó existiram moinhos de vento que há anos foram alvo de revitalização para incrementar o turismo cultural na serra da Ovelha em Pousaflores, na Melriça e no Outeiro em Santiago da Guarda. Na Costa, aos Escampados haviam dois munhos, conheci o morro feito pelo homem onde assentou um munho, assim reza a extrema da fazenda que é minha e da minha irmã, e ainda o que foi a eira de outro cujas pedras foram do local retiradas...
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Moinhos João da Serra no Nabão
Rio Nabão
No meu tempo se chamava Ribeira ao Nabão. E que muitos, sobretudo em Tomar, julgam nascer no Agroal, que é apenas o seu maior afluente que lhe dá caudal todo o ano.Escolhi uma foto aos Olhos d'água antes da requalificação com a ponte, a eira  e os muros de pedra seca.
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Azeite
Outra riqueza  destas terras é o olival, que ainda me orgulho de apanhar a minha azeitona.
O Lagar onde tenho ido moer a azeitona
Carrasco
Arbusto silvestre de folha pequena e crespa com picos, espécie de carvalheiro muito abundante em terra rossa que o meu avô apanhava no costado da Fonte da Costa para aquecer os fornos do pão.
Costa
Terra Rossa
Paisagem de terra rossa, geralmente avermelhada devido à presença de óxidos de ferro entalada com fendas de pedra calcária.
Fazenda minha e da minha mana na Costa com vista de Ansião
Santiago
Alusivo ao peregrino São Tiago e do seu Caminho para Santiago de Compostela. Privilegia a sua passagem em troços da via romana  ficando atestado na toponímia na associação à primitiva Quinta da Guarda.
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Placa de toponímia
Pão
Sou descendente de padeiros, o meu bisavô paterno Elias da Cruz, nascido no Bairro de Santo António cuja mãe a Ti Maria Zé da Adelina já era padeira, e antes a mãe o teria sido quando a Cabeça do Bairro foi sede da vintena de Ansião.
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A minha massa levedada
Calceteiros
Felizmente em Ansião ainda resta esta pequena placa onde está inserido o Pelourinho de calçada antiga executada por calceteiros de Ansião na década de 40, era então presidente da edilidade o Dr Adriano Rego.Em 1937 houve um incêndio numas barracas que haviam na frente do que foi o solar de Dom Luís de Menezes onde depois de 1875 o Conselheiro e Padre António José da Silva instalou a Comarca de Ansião.Gerou-se burburinho que o incêndio tinha sido posto no tribunal para dar sumiço a documentos para julgamento...Debalde não se chegou a apurar essa verdade. O que se retira das entrelinhas desse tempo é que um dos moradores de uma das barracas era precisamente o calceteiro Manuel Mortinho nascido no Bairro onde aprendera a arte com outro grande o António Freire da Paz mais conhecido por "António Pataca" ficou desalojado da barraca alugada e tenha supostamente havido contrapartida da câmara com a venda de parte do jardim do solar onde veio a construir a sua casa com a execução das calçadas (?).
Segundo César Nogueira no seu Livro Ansião - A Terra e a Gente aborda na pág 113«(...) As calçadas que foram feitas defronte aos Paços do Concelho (medalhão na frente com data 1943(?) e o da antiga placa  1937(?) e a do Pelourinho sem data, executadas pelo mestre Manuel Murtinho, eram obra do habilidoso João Gomes dos Santos, por alcunha o Pechincha, pai do poeta Políbio Gomes dos Santos.»
Acincho
Ainda me lembro de ver os irmãos latoeiros em Ansião a fazer utensílios em folha de Flandres que as tinham encostadas na parede da rua, e aos sábados tinham banca no mercado da vila. Tinham de tudo e de todos os tamanhos. Acincho a cinta com furinhos para formar o formato do queijo.
Francela e acincho
Mel
Outra tradição da região, o meu avô materno José Lucas Afonso da Moita Redonda tinha acima da eira de xisto colmeias de cortiça, que a minha mãe quando se casou trouxe um cortiço novo para fazer de  cesto da roupa suja...Curiosamente a semana passada andou a Florestal  na Moita Redonda nesse talho da minha mãe onde se descobriu num grande carvalho um enxame de abelhas, que um funcionário morador numa casa alugada de um aficionado apicultor António das Neves Rodrigues de Albarrol lhe havia de confidenciar o achado e o leva ao final do dia para apreciar a sua valia. No sábado de tarde levei a minha mãe para ver a empreitada do trabalho de limpeza sem nada saber disto quando nos encontramos com o apicultor que trazia um amigo, fardas, botas, apetrechos e fumo para conseguir que a abelha rainha entrasse na caixa só assim o enxame a acompanha e tem êxito. Na despedida disse -nos que o meu avô escolheu bem o local para as colmeias...Deliciou-se com os castanheiros floridos no arrebanhar o azul dos céus...
O meu cortiço como o meu avô na Moita Redonda os tinha
Calcário 
A pedra rainha do Maciço de Sicó em tantos muros de pedra seca na graça do encerro de courelas inóspitas salpicadas de pedra e pouco chão arável onde as cancelas ingénuas e frágeis de madeira são apanágio característico.
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Muros de pedra seca e cancelas
Segundo o Museu Monográfico de Conímbriga, Museu Nacional «Foram os Romanos que introduziram a construção exclusivamente em pedra, o uso da argamassa de cal como ligante da construção e o fabrico e utilização do tijolo cozido em forno. Na imagem observa-se três tipos de construção de muros: opus incertum, opus vittatum e muro tardio.»
Lapiás
A primeira vez despertada para esta beleza foi depois da Pelmá a caminho de Alvaiázere onde na minha frente enxerguei dois morros de excecional beleza ao jus dos que via nos filmes de westerns a ladear a estrada. Mais tarde enxerguei um campo a perder de vista de lapiás na Serra de Mira d'Aire a caminho de uma visita de uma gruta.Mas claro aqui na região também existem noutras dimensões, de igual e indiscutível beleza.
Campo de Lapiás
Orquídea
Plantas muito exóticas e belas de muitas espécies  alindam a cada ano terras de Sicó.
Contudo não existem apenas orquídeas em Sicó, igualmente perduram rosas de Alexandria e estas pequeninas de silvão com mais de 100 anos, quiçá trazidas pelos judeus que encantam e embelezam aqui a barreira de terra rossa na estrada da Moita Redonda de Cima e na toponímia atestada Rua do Lavadouro, que péssima atribuição, numa aldeia sob o comprido onde o certo seria o destaque que o povo sempre lhe atribuiu: Moita Redonda de Cima e Moita Redonda de Baixo, na freguesia de Pousaflores.
 A segunda lona gentilmente me foi enviada pela equipa do Facebook da Câmara Municipal de Ansião, a quem a tinha solicitado.
Nesta segunda lona detecto a duplicação de palavras do primeiro ( Terra Rossa, Lapiás, Moinhos, Calcário, Carrasco, Lagoa (dolina), Santiago, e outra que me pareceu não ter sido escolha acertada - Roma em vez de Romanização, ou a pretensão de ser Romã? 
A meu ver este segundo cartaz  não havia necessidade em se duplicar os slongans em detrimento do uso de outras palavras de cariz turístico como :
Falar da Constantina, terra de belos descendentes romanos com capela catalogada de interesse nacional. 
Falar do xisto que irrompe no sopé da Nexebra na Moita Redonda e no Pinheiro em Pousaflores e também em Chão de Couce.
Falar do que resta da via romana, da que está catalogada em total  abandono há mais de 40 anos e catalogar novos troços.
Falar da arquitectura ancestral; balcões e "V" invertido herança visigótica. 
Falar dos muros de pedra seca e dos grandes tanques de pedra de origem romana
Falar do queijo tipo Raçabal que deveria ser redominado Terras de Sicó
Falar do Chicharo
Falar dos tremoços
Falar do barro 
Falar dos lírios, dos jarros, do louro e do alecrim.
Fundo da Rua
Vinha de volta de Além da Ponte o Sr Padre Manuel Ventura Pinho digo eu estafado da procissão, apenas nos cumprimentamos. 
Não podia passar sem apreciar o novo painel azulejar da Rainha Santa Isabel, dele muito se falou nas redes sociais onde perdi tempo a ler comentários absolutamente ignorantes de gente que pouco ou nada sabe do que fala -, que o painel era da Fábrica da Viúva Lamego, que era pintado a azul cobalto e,... Graças a mim que julgo fui a única que o fotografei há anos na particularidade da menção do autor - Oficina de Coimbra, se saiba quem o produziu e talvez ainda exista a factura no Arquivo da Câmara. Ninguém abordou que o painel está inserido numa moldura de pedra, e essa permanece felizmente, dita na verdade que só olhares afilados percebem a real beleza do que é património!
O painel inicial pintado em 1937 não era pintado a azul cobalto como o foi no passado aplicado em tonalidade mui forte, quase esborratado. O pigmento de óxido de cobalto tanto era utilizado diluído para obtenção dos azuis era muito caro, importado do médio oriente. Foi usado em fábricas de nomeada que tinham capacidade monetária para o adquirir.Deve-se ao químico italiano Domingos Vandelli chamado pelo Marquês de Pombal para a Universidade de Coimbra a invenção da nova palete de cores a partir das quatro primárias existentes; óxido de cobalto ; óxido de cobre;  óxido de ferro e o manganês . Que a paixão que sentiu pela faiança produzida pelo Brioso e teimou rivalizar e bem até ver a sua fábrica no Rocio de Santa Clara incendiada pelos franceses, e se mudou para Gaia.
Há muito que os pigmentos modernos sintetizados, já não apresentam as características físicas dos antigos e são muito menos tóxicos devido à normalização industrial.
Painel primitivo de 1937
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A cara da Rainha Santa está bem desenhada
Traduz-se assim que o painel primitivo foi pintado a azul claro e aguada fechado por largo filete a azul mais escuro, o cobalto é uma tonalidade de excecional beleza, tenho algumas peças assim pintadas, por isso sei do que falo. Na verdade para mim era mais bonito e encantador do que o novo, por este agora se mostrar artificial dado pela cor  e pelo tipo de azulejo onde foi aplicado, usado em casas de banho, pese ainda  a falta de talento do artista na execução nomeadamente da figura da Rainha Santa onde lhe faltou engenho e arte, debalde não tenha sido bom aluno a geometria, por a cabeça não estar proporcionada com o olho esquerdo inserido no vértice do azulejo e seja esta nota negativa que deveria ser motivo de rejeição para ser de novo substituído ...Depois do leite derramado o que apraz dizer é que ao fim de 81 anos de vida deste património público, dos quais 43 sob a vereação PSD em que o mesmo jamais foi alvo de manutenção nem limpeza para agora  no executivo PS à luz da reabilitação urbana do Fundo da Rua tenha merecido aposta nefasta a sua substituição...Ninguém é perfeito, tão pouco o seja eu! Importante seria a aplicação de sanção disciplinar ao mentor da substituição em detrimento do restauro, porque só quem sofre os erros na pele aprende a ter mais atenção sobre o património e a sua valia.Não sei se é aplicado nas Câmaras a Notação Profissional, devia existir! Não gostava de voltar a assistir o tempo voltar atrás do comum empregado autártico , de pouca valia e quase nenhum rigor na preservação da riqueza pública tomando opções de destruição, dúbias e de interesses de terceiros, ao invés do certo no dever em prevalecer com bons exemplos de obras bem executadas no respeito do património e das tradições em prol da cultura do povo e do progresso turístico da região.
Ouvi dizer que alguém se insurgiu no seu direito de cidadania ao exigir os cacos do painel retirado a picareta para montar um mosaico, como os que foram aplicados nos vasos da rotunda ao Ribeiro da Vide. A questão prende-se  onde o colocar?
Na verdade constatei a confissão de uma amiga que viveu de paredes meias com o painel que indo ao local apreciar a sua substituição e num olhar mais atento reparou na moldura de pedra, que antes jamais nela tinha reparado...Havia de voltar a passar junto do painel mais umas 4 a 5 vezes em dias diferentes para em nenhuma das vezes ter enxergado alguém que o apreciasse ou nele reparasse e no entanto apresenta-se em local excecional de fluxo de gente...Dita que as pessoas se inflamam em demasia,falam e depois fica tudo na mesma...Convêm é exercer o direito de cidadania e protestar no momento em que se veja fazer algo que não seja correcto, por isso nada como estar atento, questionar e agir!
A junção do azulejo atravessa o olho da Rainha Santa Isabel deixando-a vesga...
O rosto da Rainha Santa mostra-se irregular na esquerda...
Painel azulejar da Rainha Santa Isabel dando esmola a um Ancião
Onde se deslumbra a beleza da sua moldura em pedra, para mim é mayor porque essa sim retrata a arte ancestral de cantaria em Ansião em vias de se perder e não devia!
 A escultura de rebaixamento ao longo da pedra, simples e bela. Quem teria sido o canteiro?
 
 Em rodapé diz "Restaurado em 2018". O que deveria estar escrito Réplica em 2018
O ancião seja o único elemento no painel azulejar que me parece ficou bem...Na verdade mais parece um frade pela vestimenta com capuz e barba aparada que um pobretana velho sem eira nem beira esfarrapado a pedir esmola, como o seriam os pobres em Ansião na centúria de finais de 200 a meados de 300 em que viveu a Rainha Santa Isabel...
De realçar o prédio construído onde foi o portão do prédio do "Valente" ter sido objecto de bom traço, que nem sempre aconteceu no passado em Ansião, cujo arquitecto abaixo da porta de sacada deixou um pial em pedra que em nada empobrece o património público encastrado nele.E ainda a sua proprietária a Anabela Valente, mulher de herança festiva engalanou a grade com balões e flores alusivas ao Santo Popular o S Pedro, que mais ninguém assim a rivalizou.E por isso está de Parabéns, mostrando que é mulher de folia, amante das tradições fazendo jus aos genes dos seus antepassados no continuado engrandecimento de Ansião!
O que francamente está mal? A falta de estética dos fios eléctricos que correm nas fachadas, sendo de empresas que apresentam milhões em lucros anuais à custa de cada um de nós que não se insurge em deixar permitir que os fios passem de qualquer maneira em propriedade particular, o certo era ser pago, melhor seria baixar a factura da electricidade, dos telefones e afins.Mas ninguém nos defende!
 A caminho do S Pedro seguia em demandada a Filarmónica ansianense Santa Cecília
Amei a graciosidade e amplitude  dada à capelinha de Além da Ponte.Brutal ideia criativa.
Parabéns ao autor. 
O arraial no leito e nas margens da ribeira do Nabão onde ainda corria um ribeiro estreito de água...
Porque razão a ponte pedonal ainda não foi retirada do local? Não faz mais sentido por retirar identidade à setecentista e emblemática Ponte da Cal...
Andores dos Santos igualmente muito bem engalanados com voiles entre flores ...Parabéns à decoradora.
A primeira vez que apreciei em pormenor a beleza da Imagem da Rainha Santa Isabel, que me pareceu ser mais antiga do que à prior aventa quando vista de fora.Espero ainda ser viva para poder apreciar em local divino a excelsa beleza de outra Imagem grandiosa em pedra, guardada a sete chaves, e por isso o povo de Ansião dela deficitário e o Mundo, trata-se da primitiva Imagem de Nossa Senhora d'Ó atribuída ao século XII , feliz o dia em que tive oportunidade de a contemplar e achei esculpida à Imagem da Rainha Santa Isabel, tal comparação inevitável que me deixou francamente deslumbrada, pois jamais imaginaria apreciar tamanha beleza esculpida em pedra, abençoado dom do artista dono de tamanho talento a esculpiu tão detalhadamente a preceito que parece figura humana e ao mesmo tempo dócil posando a mão no seu ventre de gravidez em que o cinturão de pedrarias lhe está de lado...Soberba, magnânima!
As Imagens apresentam-se com sinais evidentes de velhice, a pedir restauro, bem feito sem lhe retirar a dignidade. As frechas da capelinha sem vidros  também não ajudam a preservar...
A Imagem do S. Pedro teria feito parte da Quinta de Além da Ponte que foi de Dom João Mascarenhas Velasquez Sarmento de Alarcão, natural de Ansião onde casou, faleceu e está sepultado.
Imagem de S. João, segundo o   Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas uma Informação do Concelho de Ansião dada pelo seu juiz, Manuel Rodrigues em 1721  "Capela que instituiu Joana Baustista do Moinho d'Além da Ponte termo desta vila feira a dita instituição aos 13 de setembro de 1696 annos; he possuidor e administrador della Manoel Matheus do mesmo termo; manda dizer quatro missas cad'hum anno."Este excerto revela que em 1696 Manoel Matheus era possuidor e administrador da capela mandada instituir por Joana Baustista.
Em repto a valia das Imagens é drasticamente superior à valia arquitectural da capelinha!

Tive a felicidade de ter encontrado o meu bom amigo Renato Freire da Paz que é igualmente um grande apaixonado por Ansião onde tem raízes que me disse - "agradeço-te tenho o Sr Padre Ventura como amigo, graças a ti..."  
- Renato encontrei outra associação de "Freires" além da tua "Freire da Paz" existe em Ansião o "Freire Leal". Mais uma caminhada para deslindar os judeus em Ansião!
Despedimo-nos em rasgados sorrisos!


FONTES
http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i 
Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas uma Informação do Concelho de Ansião dada pelo seu juiz, Manuel Rodrigues em 1721

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Voltinha pelo Chiado ao Largo Trindade Coelho

Lisboa está a cada dia mais virada para o turismo e nós que ainda somos portugueses com menos hipóteses de saborear um simples bolo, pela alta carestia , altamente inflacionados seja pelo nome pomposo de fábrica onde devia ser mais barato, ou pastelaria que a televisão ajuda nos certames a dar visualização e claro os prémios que vão sendo distinguidas. Ninguém controla a razão porque na Europa, pagamos mais cara a EDP, água , combustíveis, e a precariedade do nosso salário mínimo se mostrar de todos o mais baixo.
No mesmo dia constatei um chaffeur de tutuque a estacionar na frente de uma marisqueira, entrou para almoçar, e outros a receber dos turistas resmas de notas ficando no ar a pergunta- pagamentos livres de impostos? Ou pagam uma tuta e meia? A verdade é que se dão ao luxo de comer bem em locais caros a torto e a direito, quando uma maioria de trabalhadores os vejo com a lancheira nas mãos ...
A subir o Chiado ao passar pela Alcoa não resisti ás cornucópias desafiantes na taça de pé alto em exibição na montra, decidida entrei, incrível o preço 2,70...e havia outros bolos a 3,10 , sem explicação, na terça em Alfama deixei de comer um pastel de feijão pelo preço de 2,50...

Perguntei ao empregado como era feita a massa, que me responde -, é frita em azeite, o recheio, doce de ovos e leva depois canela.O meu marido recorda-se quando ia em miúdo à praia da Costa de Caparica logo na frente do mercado haviam sempre mulheres de cestas de braçado com cornucópias que segundo ele eram de sabor igual, portanto de onde será a sua origem? Que foi para a ilha Terceira, para Angra do Heroísmo e em Cernache do Bonjardim, as primeiras que comi neste formato com o nome de cartuchos de amêndoas.
Fui falar com o Fernando Pessoa ao Chiado ...
 Largo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Erigido pelo italianos residentes em Lisboa
Selfie junto da escultura do cauteleiro fardado
 Igreja de Sr Roque
Muito bonita além do Museu tem uma exposição temporária sobre as Misericórdias que de outra vez visitei.

 
O Largo Trindade Coelho ostenta a estátua do Padre António Vieira 
Foi considerado por Fernando Pessoa o "imperador da língua portuguesa". Clérigo jesuíta, nascido em Lisboa em 1608 e falecido na Baía, Brasil, em 1697. Monumento que vem complementar o pólo cultural deste local constituído pelo museu e igreja de São Roque, o arquivo histórico e a biblioteca da SCML, a que se juntarão brevemente a sede do arquivo e da biblioteca da Brotéria da Companhia de Jesus, a instalar no palácio Marquês de Tomar, e a exposição permanente “Casa Ásia - Colecção Francisco Capelo”, no Palácio de São Roque. 

Selfi com a minha querida filha
O restaurante onde almoçamos na esplanada a contemplar Lisboa para nascente ...Soberba paisagem!
A casa mostra excertos de estrutura de gaiola.



600 anos da tomada de Ceuta com lápide em Pedrogão Grande

Pedrogão Grande 
Memorial  no jardim de homenagem a todos os Pedroguenses, e aos Senhores de Pedrogão da família de Freire d'Andrada, com Capitães e Governadores em Ceuta.
Miguel Leitão Freire d'Andrada acompanhou com outros nobres das Beiras, o Rei D Sebastião à Batalha de Alcácer Quibir,  e depois da morte deste foi preso e levado para Fez.
A menção de nomes com apelidos que foram uso na época na região das antigas Cinco Vilas e Ansião; Lopes, Macedo, Costa, Ferreira, Afonso, Miranda, Gonçalves,Fonseca, Álvares, Faleiro e Valente, pese sem  referencia na Praça de Mazagão os 8 eclesiásticos, bem podiam ser da região da residência jesuíta da Granja em Santiago da Guarda ou do Bispado de Coimbra no Couto de Torre de Vale a merecer investigação nestas ordens.     
Despertei numa pesquisa  o que antes já vinha a distinguir no costume de se publicar temática já retratada por outro a tomando como sua, sem a referenciar em Fonte...21 agosto de 2015 em https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt/2015/08/Os-portugueses-conquistaram-ceuta-ha-600 anos da autoria do Dr Manuel Dias.Mais uma vez surpreendida  sobre a Tomada de Ceuta o tenha sido quase literalmente copiada de outra de 25-06-2014, apenas o uso de aspas, retirada de http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i cujo autor evocou como Fontes para a sua a crónica de 30/04/2014 https://historiasdeportugalemarrocos.com de Frederico Mendes Paula. Por se tratar de um professor, mestre em história e investigador, estará correta esta postura literária?Infelizmente já senti na pele a  mesma  falta de respeito quando copiou do meu blog informação e fotos da capela de Santo António para transcrever num livro sem qualquer menção à fonte, a desprezando em Webgrafia, tomando como sua ( facilmente detectada pelo erro mencionado da data de 1641, que no blog mais tarde rectifiquei para 1647). Não quero acreditar que seja prática descuidada ou não?O correcto em qualquer momento poder vir a acrescentar as Fontes, aos textos em falta!
O meu caminho tem sido de aprendizado a errar para crescer, prefaciando um comentário que um autor me enviou «Tal como para as publicações escritas, existem regras formais, para a citação de fontes, na net. O que cada um, seja amador ou profissional, a partir do momento em que utiliza a net, deve garantir, com rigor, a distinção, caso a caso, entre o que é produzido por si e o que lhe é alheio. E, se houver compreensão e aplicação das regras, a que cada um está vinculado, são desnecessários reparos como este. Deve-se referir com exactidão e especificamente qual a autoria de afirmações inseridas entre aspas e também menção de fotos incluídas em publicações.» Reparo que acatei no respeito esclarecendo que o tenha sido por falta de formação sendo autodidata em que vou aprendendo aos poucos pese embora tenha feito menção em Fontes, para imediatamente acrescentar o endereço da Fonte atrás da citação copiada e ainda lhe respondendo -Uma coisa é roubar informação e fotos a outros sem qualquer indicação alguma nas Fontes em blogs e Livros, desse mal igual me queixo, e outra é fazer alguma coisa, o que tenho feito ao mencionar em Fontes, sendo que ultimamente já uso a metodologia indicada, na verdade seja esta o de se fazer bem feito como bem indica, pelo que já alterei a crónica.Contudo sendo o blog de 2009 poderá eventualmente haver alguma situação anómala que a seu tempo em revisão alterarei na continuada boa fé que me inspiro dos muitos comentários abonatórios «Continue o seu trabalho. Reconheço-o com o pensamento de Carljung , que transcrevo : «Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia. Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relações com essas coisas. Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo que mutilá-lo.» Lamento o sucedido, na justa razão que o certo é fazer bem feito, em valorizar também quem se copia!   
Porque o gosto de fazer bem feito carece de aprendizado, sendo óbvio que bebo informação de quem tem habilitações que reconheço está um passo à minha frente, debalde se há atropelos na certeza de estar mais atenta.
O INÍCIO DA EXPANSÃO PORTUGUESA
Excerto de https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt do Dr Manuel Dias «(...)os portugueses conquistaram a cidade de Ceuta a 21 de agosto de 1415. O que muitos portugueses não sabem é que houve contributo de todo o país para este empreendimento que marca o início da globalização e da Diáspora portuguesa. (...) Foi graças à determinação, fé, coragem, ciência e ousadia destes homens que ainda hoje a língua portuguesa é a mais falada no hemisfério sul e a 4.ª mais falada no planeta.
A marca de Portugal está ainda hoje bem viva na América Latina, África atlântica e África Indica, na Ásia do Sul (junto ao Índico e Pacífico) e na Oceania. Ainda hoje a bandeira de Ceuta conserva o escudo português .A semelhança dos escudos, na Crónica da Tomada de Ceuta, do séc. XV, de Gomes Eanes de Zurara e no estandarte atual daquela cidade, hoje espanhola).» 
Foto retirada de  https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt

Bandeira de Ceuta.png

Excerto de https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt do Dr Manuel Dias - No século XIII e XV - Conquista de Ceuta (…) «E esta colónia de pescadores de Vabom deveria ser nesse tempo (século XIV), incomparàvelmente maior do que a actual, tanto mais que eram poucas as indústrias do País e a labutação da barra do Pôrto chegou a obter tamanho desenvolvimento, que Fernão Lopes menciona entre as grandes rendas de D. Fernando (1367-83), os rendimentos aduaneiros dela (…).
Trabalhou-se então dia e noute, a expensas dos burgueses, preparando-se mais quatro galés e armaram-se dez naus, formando-se desta arte uma esquadrilha de dezassete galés e dezassete náus que partiu para Lisboa, onde exerceu grande influência no êxito da campanha. E o mesmo se deu para a expedição a Ceuta, em 1415. Só do Pôrto saíram setenta velas, em que entraram dezassete galés (…)».
  Encontrei de comum ainda vivos
no concelho de Ansião os apelidos  "Furtado, Sousa e Coutinho".
Foto retirada de http://jornaldoluxemburgo.com/wp-content/uploads/2016/08/arquivo-historico-porto

    O início da Expansão Portuguesa
Análise do texto retirado de  http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i de 24.06.2014 a preto, copiada quase na íntegra em 21.08.2015 , apenas a parte inicial com introdução sobre Ceuta que não consta desta cronica citada e ainda havendo uma parte assinalada a azul que foi alterada da sequência inicial do texto para ter sido inserida logo no início.
« A conquista de Ceuta em 1415 marca o início da expansão portuguesa em África e tem fortes motivações económicas e de estratégia local. 
A importância da cidade é confirmada por Al-Hassan Al-Wazzan Al-Fasi, conhecido como Leão “o Africano”, que afirma na sua obra “Descrição de Africa” que Ceuta tinha 1.000 mesquitas, 360 casas de viajantes, 22 casas de banhos públicos e 103 moinhos.
Ceuta era nos inícios do século XV a grande ameaça aos navios portugueses e à costa do Algarve. Ponto estratégico para o domínio da navegação no estreito de Gibraltar, com uma situação geográfica que a tornava facilmente defensável, base da guerra de rapina de corsários e de apoio ao Reino de Granada, Ceuta era principalmente um importante entreposto comercial, que escoava para a Europa as mercadorias que chegavam do Oriente através das caravanas e “o porto da navegação que se fazia entre os dois mares”.
Para a sua conquista, D. João I utiliza uma armada de 270 navios e cerca de 30.000 homens. O ataque é cuidadosamente planeado e mantido no máximo secretismo, sendo precedido pelo envio de espiões que estudam meticulosamente as suas defesas e determinam os seus pontos fracos.“No dizer do seu cronista, Azurara, seis anos antes já D. João I se ocupava dela; mas seguramente se sabe que se trabalhava para ela desde 1412”. Mas após a conquista a população abandona a cidade, e o bloqueio imposto pelo sultão de Fez inviabiliza o cultivo dos terrenos circundantes e o desvio das rotas comerciais para outros portos provoca o seu declínio.
Ceuta tornou-se pouco mais do que uma grande e vazia cidade-fortaleza varrida pelo vento, com uma dispendiosa guarnição portuguesa que tinha que ser abastecida continuamente através do mar”.
Mas após a conquista a população abandona a cidade, o bloqueio imposto pelo sultão de Fez inviabiliza o cultivo dos terrenos circundantes e o desvio das rotas comerciais para outros portos provoca o seu declínio.
Ceuta tornou-se pouco mais do que uma grande e vazia cidade-fortaleza varrida pelo vento, com uma dispendiosa guarnição portuguesa que tinha que ser abastecida continuamente através do mar.
A importância da cidade é confirmada por Al-Hassan Al-Wazzan Al-Fasi, conhecido como Leão “o Africano”, que afirma na sua obra “Descrição de Africa” que Ceuta tinha 1.000 mesquitas, 360 casas de viajantes, 22 casas de banhos públicos e 103 moinhos.
A primeira conquista no além-mar obrigou à preparação de uma frota capaz de transportar numeroso exército equipado com armas e abastecimentos. Foi necessário mandar construir, comprar e alugar muitos navios. As notícias da época registam galés, galeões, naus, barcas, fustas, cocas, e barinéis, entre outros…” Segundo Pisano, a armada era composta por “sessenta e três naus de carga, vinte e sete trirremes, trinta e duas birremes, e cento e vinte navios de outras espécies…”
A preparação da armada obrigou a um grande incremento a construção naval em Portugal. Só a cidade do Porto, com os estaleiros de Massarelos e Miragaia, “concorreu com setenta naus e barcas «afora outra muita fustalha», ou sejam embarcações de remo, como consta da carta passada por El-Rei D. Duarte àquela cidade.
Luís Villalobos, no seu texto “A Conquista de Ceuta”, esclarece as características e funções dos vários tipos de embarcações utilizadas. “Em primeiro lugar, será necessário referir que as galés, movidas essencialmente a remos, podendo recorrer a velas, eram as embarcações militares por excelência, enquanto os navios de vela eram essencialmente de mercadorias. Os de vela eram lentos, difíceis de manobrar e muito dependentes de ventos favoráveis (…) apesar disso eram considerados auxiliares preciosos para uma armada, em especial os de maior tonelagem, de alto bordo, capazes de transportar muitos homens de armas. Daí que a maioria dos navios fossem naus, uma vez que não se previa um ataque naval, mas antes o transporte de tropas até Ceuta e seu desembarque para posteriores confrontos em terra.
O exército era maioritariamente composto por veteranos da guerra contra Castela e muitos mercenários, alemães, ingleses, polacos e franceses. “Uma carta do alferes-mor do rei (João Gomes da Silva) ao arcebispo de Santiago indicava que, a bordo das 270 velas da armada portuguesa, deveriam seguir 7.000 a 7.500 «homens de armas», 5.000 besteiros e 20 ou 21.000 homens de pé (quer dizer, um total de 32 a 33.500 combatentes).
A armada era liderada por D. João I, acompanhado pelo príncipe herdeiro D. Duarte e pelos infantes D. Pedro e D. Henrique, e por um seu irmão bastardo, o conde de Barcelos. Os principais responsáveis militares do reino estavam presentes, como o Condestável, D. Nuno Alvares Pereira, o Mestre da Ordem de Cristo, D. Lopo Dias de Souza, o almirante Carlos Pessanha, o almirante Micer (Meu Senhor) Lancerote, o capitão-mor Afonso Furtado, D. Pedro de Menezes, futuro governador de Ceuta, e muitos outros nobres, alguns dos quais iriam protagonizar os acontecimentos que marcaram a presença de Portugal em Marrocos, como Diogo Lopes de Souza, Vasco Coutinho ou Álvaro de Ataíde. A expedição inicia-se no dia 25 de Julho de 1415 com a saída da armada da barra do Tejo. No dia 27, em Lagos, é finalmente anunciado o seu destino. A viagem entre Lagos e Ceuta é atribulada, já que uma forte tempestade obriga a armada a permanecer vários dias no mar alto. Ao dirigirem-se a Ceuta, os navios de carga são arrastados pelos ventos e correntes na direcção de Málaga, ficando os restantes à sua espera entre Tarifa e Calpe, mas acabam por se posicionar diante da cidade.Os mouros, apanhados de surpresa, tratam de reforçar as suas defesas com a colocação de engenhos no tramo Norte das muralhas, frente á praia, onde aguardam um desembarque dos portugueses. Das aldeias vizinhas afluem cerca de 10.000 voluntários. Durante os dois dias em que se aguarda a chegada dos navios de carga dão-se escaramuças na praia, provocadas pelos guerreiros mais aguerridos de um e outro lado _ mouros que saltam para bateis e arremessam pedras e flechas aos navios atacantes, portugueses que respondem desembarcando na praia para os combater.
Após a chegada dos navios de carga voltam a soprar ventos ainda mais fortes que arrastam toda a armada para o largo. Os mouros convencem-se que os portugueses desistiram do ataque e Salah Ben Salah, governador da cidade, dispensa os reforços que haviam chegado. D. João I chega a por em causa a campanha, mas no final permanece a decisão de atacar Ceuta. Quando a armada regressa, Salah Ben Salah já não pode contar com os reforços e simula a sua presença através da iluminação de todas as casas confinantes com a muralha.»
Terminou assim a cronica o Dr Manuel Dias em que o autor  disponibilizou mais informação.
«O plano delineado por D. João I consiste na concentração da maior parte dos navios frente à Ribeira, fixando o grosso das defesas mouras no local. Ao mesmo tempo, uma força menor seria colocada frente à Praia de Santo Amaro, onde se daria o desembarque das tropas.
No dia 21 de Agosto um contingente comandado por D. Duarte e D. Henrique desembarca na Praia de Santo Amaro, na base do Monte Abila, arremetendo contra os arrabaldes “de Baixo” e Zaklú, e evitando que os mouros encerrem a porta de Almina, que estabelecia a ligação com a cidade. A operação é bem-sucedida e as forças portuguesas penetram na cidade, conquistando-a de Nascente para Poente. Após percorrerem a Rua Direita, onde são surpreendidos por uma resistência moura que não esperavam, dá-se o segundo desembarque na Praia da Ribeira comandado por D. João I. A cidade está tomada.
Não é claro nas descrições de Mestre Pisano e de Zurara se o segundo desembarque se realiza no local do actual porto da cidade, se na actual Praia da Ribeira, onde os portugueses construiriam posteriormente a couraça das Muralhas Reais de Ceuta. Os textos referem que o desembarque se dá na Ribeira, mas não parece lógico que D. João I deslocasse o grosso da sua armada para a costa Sul, perdendo contacto com as forças desembarcadas em Santo Amaro.
Segue-se o saque. Lojas e habitações são assaltadas e pilhadas, lançando-se para as ruas mercadorias e bens destruídos, situação que Zurara descreve assim:
Já passavam de sete horas e meia depois do meio dia, quando a cidade foi de todo livre dos mouros. (…) As outras Companhias [de soldados portugueses], não tinham maior cuidado doutra coisa que de apanharem o esbulho. (…) Muitos que se acercaram primeiramente naquelas lojas dos mercadores que estavam na rua direita, assim como entraram pelas portas sem nenhuma temperança nem resguardo, davam com suas facas nos sacos das especiarias, e esfarrapavam-nos todos, de forma que tudo lançavam pelo chão. E bem era para haver dor do estrago, que ali foi feito naquele dia. Que as especiarias eram muitas de grosso valor. E as ruas não menos jaziam cheias delas (…) as quais depois que foram calcadas pelos pés da multidão das gentes que por cima delas passavam, e de si com o fervor do sol que era grande, davam depois de si muy grande odor.“
Os habitantes são expulsos das suas casas. Muitos soldados cavam os pavimentos das habitações em busca de valores escondidos. No final do dia, na Mesquita Principal transformada em Igreja, planeia-se o ataque ao Castelo, ainda em poder dos mouros. Mas não haverá ataque, porque Salah Ben Salah consegue fugir com o seu séquito durante a noite.»

Vista aérea de Ceuta . Em primeiro plano a Península Almina e o Monte Abila
Uma das seis fotos retiradas de http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i

Gravura de Ceuta no séc. XVI da obra Civitates Orbis Terrarum de Braun e Hogenberg, 1572

Gravura de Ceuta em 1765 da autoria de Gonzalez, cartoteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha

Carta do Estreito de Gibraltar da autoria de Santini, de 1780, cartoteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha
Esquema da conquista de Ceuta
Gravura de Ceuta em 1758, cartoteca digital da Biblioteca Nacional de Espanha
Naus portuguesas do século XVI, Museu Marítimo de Greenwich, Londres 
Foto retirada  http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i
Foto de Mazagão artilheiro-no-baluarte-do-anjo retirada de https://historiasdeportugalemarrocos.com/2014/04/18/viver-em-mazagao/ 
Excertos de https://historiasdeportugalemarrocos.com/2014/04/18/viver-em-mazagao/  (...) «No ano de 1640 ocorre um episódio que envolveu o Governador da Praça, D. Francisco Mascarenhas, e a quase totalidade dos cavaleiros de Mazagão, que ficou conhecido pelo nome de “desaventura do Conde”. Reza a história que o marabu El Ayachi engendrou um plano para aniquilar os portugueses de Mazagão, tendo enviado dois xeques amigos do capitão para “pedirem fingidamente ajuda a este para submeterem ao rei de Marrocos alguns aduares que diziam ter-se rebelado”. O capitão prometeu-lhes auxílio, “contra o parecer dos principais cabos, nomeadamente do adail Luís Valente Barreto e do almocadém António Gonçalves Cota”, e saiu da Cidadela com cento e trinta e nove cavaleiros prontos para o combate. Os vigias da Atalaia do Ribeirão não se aperceberam da presença de um grande contingente de mouros emboscados junto ao local dos Medos, onde alguns deles simulavam uma luta entre si. Quando os portugueses aí chegaram “começaram a surgir subitamente os guerreiros de El-Ayachi, das ciladas onde se tinham escondido. Os portugueses ficaram então completamente cercados por mais de quatro mil mouros, entre cavaleiros e homens de pé”. No final só 3 portugueses voltaram à Cidadela, tendo 118 sido mortos e 18 feito prisioneiros. “Dos mouros terão morrido muitas centenas.” (AMARAL, 1989, obra citada)».

«(...) O rapto e cobrança de resgates dos cativos é uma actividade comum e lucrativa nos terrenos de cultivo circundantes e simples actividades como a apanha de lenha tornam-se num perigo diário, conforme é descrito por um português no século XVIII:
«Todo o campo que se avista da fortaleza é plano, só para o lado direito fica um pequeno outeirinho: os mouros que vêm, não a investir mas sim a roubar, se escondem junto dele, até que chegue a noite para, no silêncio dela, virem a meter-se nas hortas. A gente que da praça sai a este costumado e preciso exercício de conduzir lenha vai observando todos os sítios e vendo se ficaram alguns escondidos; porque são tais os mouros que, quando não têm parte cómoda para as suas emboscadas, cavam no chão poços estreitos da altura de uma braça e neles se escondem, até que os do presídio, que vão a cortar a lenha ao mato, passem adiante; então, quando mais ocupados os vêm no exercício de cortar e carregar, de dentro do mato lhes saem magotes deles, que os obrigam a montar, e, tomando as armas, a porem-se em defesa, vindo sempre retirando-se para junto da praça; os que ficaram metidos nas covas e poços, que têm feito, lhes saem pelas costas com que, apanhando-os no meio, se lhes faz dificultosa sem que seja por meio de muito sangue. Este é o contínuo exercício dos habitantes de Mazagão, de que são tantas as batalhas como os dias; porque apenas haverá um em que não haja um choque, uma escaramuça, uma emboscada, um assalto, uma batalha…” (LOPES, 1989, pág. 42-43)»

«A partir de 1750 os ataques a Mazagão intensificam-se, registando-se importantes combates nos campos circundantes em redor dos seus muros, dando notícia de grandes vitórias dos portugueses sobre contingentes mouros muito mais poderosos, as quais provavelmente constituem relatos exagerados destinados a levantar o moral. Uma referência ao terramoto do 1º de Novembro de 1755, cujos efeitos se fizeram sentir em Mazagão, com a queda de muitos edifícios. Na década de 1760 os combates tornam-se mais frequentes, aumentando as ameaças que pesavam sobre os moradores da praça, e as reivindicações destes ao monarca por mais recursos e forças militares para a sua defesa.»


«Aos problemas de logística e abastecimentos juntam-se também episódios de insubordinação de muitos militares, que se revoltam pelo atraso e mesmo falta de pagamento dos soldos, conforme cartas escritas pelo Governador Vasques da Cunha ao Marquês de Pombal.»

(...)«A direcção da praça estava a cargo do governador ou capitão, com funções militares e de governo da fazenda, e nomeado pelo rei. Abaixo do governador, e por ele propostos ao soberano, encontravam-se os adaís, que comandavam directamente as tropas, e os alcaides-mores, que administravam o castelo. Por sua nomeação seguiam na hierarquia o juiz, o alcaide-menor, o alcaide do mar, estes dois responsáveis pelas portas da praça, o alfaqueque, que tinha a responsabilidade de resgatar prisioneiros, o tabelião e o medidor do almoxarifado. O governador estava também à frente da administração civil, a cargo do contador, o escrivão dos contos, o porteiro dos contos, o almoxarife dos mantimentos e o escrivão do almoxarifado, com funções na gestão da fazenda e dos mantimentos.Para além dos funcionários, militares e administração civil, destacavam-se outras profissões, desempenhadas na época pelos seguintes indivíduos:O médico, Dr. Leandro Lopes de Macedo, o cirurgião Armando da Costa, o “Mestre de Meninos” Manuel Ferreira da Costa, o oficial da vedoria Francisco Afonso da Costa, os escrivães da vedoria Felizardo José de Miranda e Manuel Gonçalves Luís, o escrivão do almoxarifado Domingos Pinto da Fonseca, os meirinhos Gaspar Álvares Faleiro e Manuel Gonçalves da Costa, o fiel dos armazéns Miguel dos Anjos, o piloto da barra António Baptista e o sapateiro José da Costa.” (SILVA, 2004, pág. 177) . O vigário da Praça de Mazagão era frei Lázaro Valente Marreiros, existindo mais 8 eclesiásticos.» 
«Em Janeiro de 1769 o sultão Sidi Mohamed Ben Abdallah põe cerco à praça com um exército de 120.000 homens e exige a sua rendição ao Governador, Dinis Gregório de Melo Castro de Mendonça. O cerco é acompanhado de fortes bombardeamentos de artilharia, que provocam estragos consideráveis. De Portugal, Dinis de Melo e Castro espera reforços, mas o destino da praça já estava traçado, pois Mazagão já não servia os interesses de Portugal e a decisão da coroa era a evacuação. No início de Fevereiro chegam 14 navios com uma mensagem do rei D. José. “Sua Majestade resolveu que, salvando-se a gente e a artilharia de bronze, nada se perdia em abandonar a mesma Praça aos Mouros”. (VIDAL, 2008, obra citada)».

«Tem início, então, o abandono de Mazagão, segundo as instruções vindas de Lisboa. Crianças e mulheres deveriam ser embarcadas antes dos homens mais jovens. O documento definia o embarque das imagens sagradas e dos ornamentos das igrejas, depois vestimentas e objectos como móveis, que fossem possíveis de carregar. Da mesma maneira, a artilharia deveria ser embarcada e o restante seria destruído ou lançado ao mar, para que os mouros não fizessem usos dos equipamentos.” (ASSUNÇÃO, 2009, pág. 33)».

«No início de Março os habitantes revoltam-se, recusando a ordem de evacuação, mas acabam por se render à evidência.

«Não havia espaço que não estivesse cheio de recordações: uma pedra, a esquina de uma rua, um largo… Os mazaganistas formavam um corpo com seus muros. Defendê-los era a sua razão de viver e de esperar. Muitos deles não imaginavam qualquer destino fora dos muros da fortaleza. (VIDAL, 2008, obra citada)».

«A população de Mazagão era bastante heterogénea, sendo constituída por um grande número de militares e suas famílias, que, juntamente com os fidalgos que ali buscavam fama, os fronteiros, e com os degredados, formavam o grupo dos habitantes que residiam em Mazagão por um período de tempo limitado. Do outro lado estavam os moradores permanentes, não só portugueses, mas também muitos Árabes, Berberes, Mouriscos expulsos de Portugal e Judeus.»
«Na sua saída no dia 11 de Março os portugueses não respeitaram os termos do acordo. “…minaram os baluartes do lado de terra que, ao explodirem à passagem das tropas marroquinas provocaram numerosas vítimas (fala-se de 8.000 mortos).” (VIDAL, 2008, obra citada)»

«A vila toma o nome de “Al-Mahdouma” ou “A arruinada”, e fica encerrada e abandonada durante quase 50 anos.

Só em 1821 Sidi Mohammed Ben Ettayeb ordena recuperação e o repovoamento da Cidadela, transferindo para ali parte da colónia judia de Azamor. A cidade passa a designar-se “El-Jadida”, “a nova”.

Em 1824, o sultão Abderrahman determinou ao pachá da região de Doukkala e Tamesna, Sidi Mohamed Ben Tayeb, que restaurasse a antiga povoação portuguesa reerguendo as fortificações e construindo uma mesquita.

Durante o período do protectorado francês o nome original da cidadela é retomado, de forma afrancesada, designando-se Mazagan.

Em 2004 é classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.»

«Os dois mil habitantes permanecem em Portugal até 15 de Setembro, data em que embarcam para o Brasil, onde iriam fundar a Vila Nova de Mazagão, na Amazónia. »
«Com o passar das vagas, a cidade-fortaleza de Mazagão vai se configurando apenas como uma “cidade-da-memória”, cuja identidade guerreira, tão arduamente construída, vai aos poucos se dissolver nas espumas flutuantes do tempo…” (VIDAL, 2008, obra citada).»

Tamanha ambição na afirmação de D. Pedro: 
“Ceuta é um grande sorvedouro de gente e de dinheiro”!
                             

FONTES
https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt do Dr Manuel Dias
http://piratasecorsarios.wixsite.com/piratas-e-corsarios/a-conquista-de-ceuta-i
http://www.zezerepedia.com/pagina-inicial/wiki/torre-da-murta-areias
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/14128/5/Vers%C3%A3o_impress%C3%A3o_final.pdf
 

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