sexta-feira, 11 de março de 2022

O trilho das Fragas de S. Simão no concelho de Figueiró dos Vinhos

 Apostei conhecer em dia de aniversário do meu casamento no dia 3 de setembro de 2021.

Boa aposta com o dia a se mostrar de boa cara para a caminhada.

Líquenes em tom amarelo na falésia abrupta
Deixamos o passadiço e descemos à Ribeira de Alge
Descida sem segurança na ribanceira à esquerda, entupida de vegetação e silvas, se alguém cai, difícil será a tirar...
Mimosas que só florescem pelo carnaval, aqui em inicio de setembro floridas...
A garganta em funil do leito da Ribeira de Alge a lembrar parente pobre das Portas de Ródão...
Leito da ribeira sinuosa cheio de pedregulhos caídos ao longo dos séculos e calhaus rolados
Um pequeno dique da praia fluvial
O Luís Alberto sempre na frente...
A queda de água depois da garganta 
                    
Do lado esquerdo a pedra com a erosão da água assemelha-se a uma lontra
Madeira trazida pelas enxurradas engasgada no funil...falta manutenção...
Espelho de  água pintado da cor da natureza
Em rota das azenhas 
               
                    
A subida da encosta para a aldeia de S. Simão
Depois destes degraus a cimentos os seguintes senti falta de manutenção nos degraus fechados na frente a  troncos com escassez de terra, sendo opção subir de lado...
O que resta de sobreiral centenário perdido com os incêndios
Avista-se o inicio do passadiço a nascente por entre salpico de eucaliptos de deviam ser irradicado
Inicio da aldeia com mapas e sinalização a pontos turísticos

                                       
Restaurante
Casario em recuperação
Seguindo para norte pela  calçada  ao encontro do passadiço mais pequeno
Fonte nova com apoio em contentor de wc
Capela de S. Simão

Os penedos do morro onde está o passadiço que fica defronte ao que iniciamos a caminhada
Para norte avista-se  a ponte do IC8 que liga a Figueira da Foz a Castelo Branco
Surpresa com a vista ao profundo vale e ao passadiço inicial da nossa aventura
Fala-se numa ponte suspensa na ligação aos dois passadiços...
Paisagens  de tirar a respiração, onde a pedra é rainha!
A nossa selfie...
Os líquenes dão a sensação de uma cabeça de uma ave...descubram!
De volta , na vez de percorrermos a aldeia apostamos logo depois da capela numa descida em terra, sem sinalética...Amei!
Montado de azinhal e sobreiral

Cegámos a jusante da ribeira de Alge com vestígios de azenhas
Com pontos de água para banho e piqueniques
Aqui era uma levada para uma azenha a nascente
                   
Fetos...
Recantos...
Panorama de beleza ...

Pior? Deixar a Ribeira de Alge e subir pela estrada, até ao ponto onde ficou o carro.
Mas, valeu muito a pena.Amei!

Plano estratégico Ansião 2030 para recursos endógenos e turismo

Crónica que destaquei excerto para publicação no Jornal Serras de Ansião

A missão autárquica de Ansião aposta numa empresa para apresentar um estudo ao tema em epígrafe. Estive presente na reunião no Centro de Negócios no Camporês. Sonante - insurge-se o Turismo do Centro, na intenta a primar o centro interior do país. Nesse pressuposto, parto em dissertação verve, avivando vetores, a realce, ao quase desconhecido, pese a transição climática de seca poder condicionar os recursos endógenos como o alerta de guerra.

Ansião está na moda e recomenda-se à justíssima aspiração turística. De mãos dadas à sabedoria e conhecimento do povo, ganho na universidade da vida - temos terra rica em natureza natural e, gente rica em tradições, sabores gastronómicos, doçaria e etnografia ao reavivar - a exemplo a tradição dos Lenços dos Namorados em cor monocromática. Herança dos povoadores do Minho que perdurou até ao século XX, em Pousaflores e Ansião. Assistimos, cada vez mais, a iniciativas que visam atingir público de todas as idades que valorizam caminhadas e trailers. O turismo natureza - a ciência viva em âmbito do património natural - alia-se a um estilo de vida saudável, ecológico e sustentável. Na gíria do povo “ a nossa cara” pinta-se cársica de terra rossa, vestida a costados cravados de pedra, a salpico de outras afeiçoadas pela erosão, ornada a vegetação raquítica e crespa mediterrânica, com alas de floresta variada – Ansião, insurge-se como território a descobrir! Ao desafiar o visitante em mil horizontes, de vários quadrantes, pela infinita e magnifica paisagem de contrastes de incomum multiplicidade, a debruo por todo o lado de muros de pedra seca, exala convite a monitorizar a interpretação ambiental, com respeito à matriz rural da nossa história e da riqueza arqueológica, a par da modernidade. E, ao apelo da conservação do meio com aposta em novos pontos para piqueniques; com mobiliário de pedra e sombreiro em canas ao possibilitar a entrega de merenda com produtos endógenos: pão, queijo, chouriça, leitão, mel, nozes, tremoços, vinho e doces. 

A cativar empresários nacionais e estrangeiros para investir num Hotel Boutique com SPA, quiçá, na quinta das Lagoas - seria top, como a reinventar riquezas perdidas; da vinha, com marca de vinho patenteada . E do ganho do passado com as varas de suínos ao ar livre engordados com bolota, a nova aposta na indústria de enchidos, com morcelas de sabor a cominhos. Hoteleiros a valorizar os nossos sabores típicos à laia do Ciclo do Pão. Ao inovar pólos atrativos desativados; abrigo dos Caçadores na Ameixieira e, a Quinta das Lagoas em bem servir leitão que é herança romana -  pitéu,  na casa do meu avô José Lucas Afonso, na Mouta Redonda em Pousaflores, nos anos 20 do séc. XX. Na Mó, em Chão de Couce, a sua cunhada Maria, quando pressentia a moléstia a rondar os leitões, logo os trazia para a irmã os assar, suprindo assim com a divisão, um mal menor familiar. Em dias festivos a tradição do cabrito assado com grelos. O comer à moda da terra ou sopa de carnes, herança levada pelos "ratinhos" para a apanha da azeitona no Ribatejo, que bem eternizaram na sopa da pedra… Os cominhos, herança árabe nas morcelas e nas couves do cozido. Os aferventados de couve ou de nabo, com feijão-frade, em sopas de broa. O meu pai  com a broa do aferventado noutro prato a esmigalhava com ovos cozidos e regava com azeite - as  migas, que continuo a fazer. No dia de aferventado feito na panela maior para sobrar para a janta - nada mais que um requentado. A minha avó materna Maria da Luz, dizia fertungado - termo que continua na família,  feito no tacho de barro em azeite a fervilhar alhos e louro. A cacholada com o fígado entalado na brasa, a galinha estufada com couves - na tradição pobre da perdiz à moda de Coimbra,  a ceia do "pessoal ao dia fora" caldeirada de bacalhau com batata e arroz e, as sopas  - a tranca da barriga com a rainha couve-galega, no caldo verde ou sopa de espigos, e a famosa sopa à lavrador com feijão. As azeitonas retalhadas, os tremoços, as nozes e as castanhas. Com renovada oferta gourmet e sushi no Ensaio. Na doçaria, o bolo de noiva, pasteis de pinhão, lesmas, pão-de-ló, merendeiras dos Santos, filhoses de farinha e veloses de abóbora e claro o arroz doce. A doçaria do Nabão, a recriar o doce de colher – Formigos, com sobras de bolo de noiva ou pão-de-ló, passas e nozes, as cavacas, farófias e, jesuítas, a jus dos jesuítas da Granja ou,  dos frades do mosteiro de Santo Tirso que foi o dono por duas vezes da quinta de Cima em Chão de Couce, minúsculos com a variante de pinhão.

Imortalizar o miradouro do Senhor do Bonfim, na parceria com os donatários, para eventos e comemoração do feriado municipal no Dia da Espiga, seria de apostar. Ao criar um passadiço da capela pelo correr da escarpa à gruta do Calais, dando segurança ao trilho, acrescida da oferta de escalada, apreciar o vale do Nabão, a ponte Galiz, açude, poldras e os munhos, nos Moinhos João da Serra. Sugeriria outro passadiço da Serra de Ucha ao Vale Garcia, regado a cheiro de aromáticas e flores silvestres, biodiversidade abrigada pela muralha do chamado castelo da Serra do Mouro. Em Pousaflores, Chão de Couce e Avelar existe afloramento de lajedo vermelho, pedra broesa e xisto, a salpico de castanheiro secular.

A excelência à água em terra cársica ao dar nova vida aos Olhos d’Água como à Ribeira da Rapoula, ao apostar em praia fluvial no Pego - açude de pedras alinhadas pela mão do homem, do tempo que a herdade foi do Mosteiro de Toro, Zamora.  Valorizar acessibilidades como o caminho a sul até à nascente da ribeira nas Lapas,  com painel identificativo à casa do pai do ilustre Dr. Bissaya Barreto na Rapoula, à sombra da capela de S. Roque. Como desassorear as lagoas cársicas, serpenteadas outrora pela perdida riqueza das matas de grã, resta a toponímia – Gramatinha e Graminhal, hoje vestida de carvalho cerquinho, a alvitre de novos pontos de água e de lazer ; o Rio do Pessegueiro entre o Brejo e Entre Águas. E, o Rio Jardim, que nasce numa mina entre o Martim Vaqueiro e o Outeiro, de 300 metros com represa onde se lavou roupa com rega por levada concertada em horário. Como o  Rio da Sarzedela e a Fonte da Bica, a alvitrar requalificação para ponto de lazer. Em rota de azenhas  e, levadas, encontra-se preservada a azenha do Pessegueiro. A do Ribeirinho bela, a merecer atenção  como as que existem nos Moinhos João da Serra, e quiçá outras em iminente ruína; Constantina, Ribeira do Açor, Moinho das Moutas, Além da Ponte, Pereiro, Pensal, Mouta Redonda de Baixo, Alvorge  e na margem do Nabão, a sul ao limite do concelho. Julgo desaparecidas os moinhos de água no  Avelar. Já os lagares, ainda se encontram muitos em bom estado, no entanto desativados. Tem sido aposta a modernização, sendo hoje uma grande riqueza na região. 

Aos amantes da romanização, trago o desafio de conhecer habitats catalogados e de cruzar trilhos das via principal vinda de Conímbriga de onde derivaram secundarias  a sulcar Ansião , com troços catalogados na Togeira e Vale de Boi. Porém sem sinalética nem manutenção, julgam-se perdidos... com a grande ajuda do testemunho do olival milenar na Lagarteira aos Verdes, Casal Soeiro, entre outros pontos. A cisterna do Carvalhal e, dos poços de chafurdo ou fontes de mergulho. Perspectiva em recuperar o poço do Carril e o do Carvalhal, a ser seguida de outros no futuro ; Junqueira, Granja, Minchinho, Sobral, Ameixieira e outros a catalogar no Alvorge, Chão de Couce, Pedra do Ouro, Fonte Galega, Freixo, Alqueidão, Fonte da Costa, Escampado de Calados, Vale Mosteiro e,...Com as fontes a saciar  sede ao viajante, na rota de Santiago de Compostela, Carmelitas e Fátima. 

Aos amantes da pedra, a oferta da arte na cantaria em Igrejas, Capelas e grades em varandins; Lagarteira, Lagoas e vila. Destaco a tradicional casa judaica de balcão e do “V” invertido a sustentar o lintel da porta, enquanto herança árabe, bem como a dupla simbologia maçónica e cristã, no Cruzeiro ao Cimo da Rua em Ansião e, na estela da Capela da Venda do Negro. Estatuária moderna na Serra da Portela, a salpico de belas cúpulas de pinheiro manso, herança trazida do Mediterrâneo, em rota de moinhos de vento de madeira, em rasto de tomilho, a glorificar o denominado, queijo Rabaçal!

Relembrar o passado buliçoso das quintas como pontos de interesse: Torre da Ladeia, Quinta da Mouta de Bela, o lagar da Quinta de Serzedas, a Quinta das Lagoas, Quinta da Bica, a Quinta de Cima, entre outras – bem como das lendas: da Princesa Flor em Pousaflores, da Rainha Santa Isabel e do Milagre da Fonte Santa. O palco da Residência jesuíta no Alvorge que se transferiu  para a Granja  com a Vintena, ao apostar num paço,  Seminário e casas para serviçais. Com a expulsão dos jesuítas passou para o bispado de Coimbra, que teve também um Seminário no Curcial de S. Bento. O Santuário da Constantina  e a sua Confraria a NSPaz, criada pela mãos de judeus que instauraram o  conceito da Banca. A  romaria da Senhora da Guia no Avelar e, a sua indústria têxtil. A vila do Alvorge sempre vistosa. O certame da tricentenária Feira dos Pinhões, a arte sacra dispersa e mutilada sem Museu Municipal para ser exposta , como valorar o  culto das Maias e outros de origem celta,  mezinhas, infusões e crendices – rótulos a trazer nova vida à nossa velha história. Não menos ousado seria lançar um festival de Verão no planalto de Aljazede – a eco da lenda da batalha de Ourique. Em deleite, panoramas a fluir emoções ao identificar vestígios romanos, escalar a muralha natural da Atenha, poetar ou pintar a descomunal vegetação nua crua, porém, bela, vestida a cascalho, guardiã em milhões de anos de fósseis marinhos. Fascínio em paragens idílicas ao pôr-do-sol: Alvorge, Ameixieira ou Portela, a tons quentes ao digno vermelho África, a fugir de mansinho pelo Vale da Vide … Cada um sentirá o seu encanto e fascínio - os que contam aos amigos e, os que guardam no seu intimo as vivências que querem preservar.

Curiosidades e sentido de aventura irão imperar e motivar a decisão de conhecer ou voltar a Ansião, pela mais-valia da marca conceituada - Territórios de Pedra com a nossa marca – Ansião Coração de Sicó, estimando auspicioso e sublime sucesso na hora do “Adeus” a este concelho na partilha exponencial aos amigos nas redes sociais e no célebre boca-a-boca. 

Fecho a crónica com resumo a publicar no Jornal Serras de Ansião em Março de 2022, em deleite ao pôr do sol da Ameixieira, em sonho mítico em inverno, porém  primavera,  com ribanceiras vestidas a madressilva quase a florir em  chão vestido a orquídeas selvagens de costados divididos por muros de pedra a lembrar rástias,  inundada a sol intenso em cores fortes imitando a voz de Pedro Abrunhosa!

Ilumina-me...

Ilumina-os Senhor, neste querer !

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