sexta-feira, 18 de maio de 2012

Dia da Espiga na visita à Base Naval do Alfeite em 2012

Dia da espiga  em 2012 coincidiu com as comemorações do Dia da Marinha, com portas abertas ao público para visita ao Alfeite.Claro que não desperdicei a oportunidade!
Quinta Real do Alfeite pertença da Família de Bragança, cedida ao Estado para implantação do Alfeite e Arsenal
Considerada um dos locais mais deslumbrantes e belos de Almada com uma área de 300 hectares, estende-se desde o Caramujo e Romeira, sobe a arriba ao lado das Barrocas, vira num repente na Azinhaga do Rato ao Laranjeiro para descer ao Miratejo beijar o esteiro de Corroios e terminar na Ponta dos Corvos - hoje infelizmente sem a linha férrea que fazia a ligação por uma pequena ponte para a estação do Seixal aos pés da Quinta da Trindade, um dia destes vou falar dela.
Escritura da Quinta
A Quinta Real do Alfeite no século XVI  foi pertença de João Álvares de Caminha, 3 anos após o terramoto de 1755 D. Pedro III, filho de D. João V manda construir o Paço Real do Alfeite.Em 1871 surge a transferência do Arsenal do Alfeite da Marinha de Lisboa para a margem esquerda do Tejo que só viria a ter projecto em 1906 do Engº Santos Viegas - muita discussão gerou os planos para a sua construção,os trabalhos de terraplanagem começaram em 1929, só viriam a terminar  com a transferência do velho Arsenal da  Marinha de Lisboa, para o Alfeite, em janeiro de 1939 onde ainda se mantêm nos dias de hoje. Tem uma capela, um bairro onde ainda vivem antigos militares, creche e escolas, infra-estruturas de desporto com piscina, um balcão do banco Santander - teve uma clínica e uma cordoaria, um grande estabelecimento com um restaurante no último andar com uma vista panorâmica sobre o mar da Palha e Lisboa, onde os preços eram muito acessíveis, isto antes do Pão de Açúcar se instalar em Almada, além de outras valências tem uma mata de pinheiro manso muito antiga e dezenas de pavões lindíssimos.Julgo que a quinta pertence à Casa de Bragança, nada pode ser demolido ou árvore cortada sem pedir autorização...é o que ouvi falar!
Aguarela do Paço Real do Alfeite de Enrique Casanova
A uns cem metros do palácio para norte encontra-se um grande edifício cuja fachada mostra evidencias quinhentistas com reforços de meios muretes laterais de cima abaixo sendo que são mais finos em cima e mais largos na base- devem ter um nome - que se encontram nos Jerónimos e muitos  outros monumentos. A bateria da máquina "flipou" não pude registar a foto...Também na extrema da Quinta com o esteiro de Corroios há coisa de 30 anos nas minhas caminhadas até à Ponta do Mato assim o povo chama ao sapal estreito e praias iodadas, bons ares para a saúde, problemas de tiróide, vi na altura ruínas de dois palacetes que fariam parte integrante da Quinta, pelo aspecto pitoresco seriam casas de veraneio viradas a sul  usadas pelo rei D. Carlos que aqui se deslocava amiúde.
Durante as obras de construção da nova Base Naval os operários depararam com um objecto insólito na sondagem do terreno a desbravar - uma grande talha de barro cheia de reluzentes moedas de ouro - centenas de moedas de 500 reais- raríssimas - cunhadas no reinado de D. Sebastião com finíssimo ouro dos tributos de Quiloa conhecidas popularmente por "Engenhosos" - alcunha do seu fabricante moedeiro Real João Gonçalves - o "Engenhoso". As primeiras moedas datadas de 1562, existindo porém, espécimes da mesma época e com valor idêntico mas relativamente vulgares.Como se explica a presença de tamanha fortuna em local tão ermo, descoberta mais de três séculos depois de terem sido cunhadas?
Certeira seria encontrar a resposta exacta...? Pondera-se a possibilidade do tesouro ter sido escondido(enterrado) a mando de D. João Álvares de Caminha, fidalgo da Casa Real, cuja família tinha na época a posse das propriedades do Alfeite e que acompanhou o rei D. Sebastião na desgraçada jornada a Marrocos onde veio a falecer em 1578.Num tempo que não existiam Bancos...a segurança dos bens era praticamente nula, por isso lendas de arcas com ouro enterradas...felizmente algumas descobertas de tesouros como este. Duas perguntas imperam? O que aconteceu aos homens que enterraram a talha (sim o patrão foi para a guerra  - se não os mandou matar eles podiam sempre vir à posterior roubar o tesouro e fugir ou não, já que dono fora, patrão na loja?) - o que foi feito das moedas ainda existem, estarão em algum Museu?
Ancoradouro do Palácio do Alfeite
 Aguarela do Alfeite de D. Carlos de Bragança 1891
Comecei a visita com uma passeata no Patrulha Pegaso

 Veleiro Sagres 
Ancorado na Base do Alfeite. Visitei-a na minha primeira vez.
Gostei de sentir um veleiro a sério: cordas, lemes, mastros - tinha uma vela aberta com a Cruz de Cristo - na ré existem mesas com bancos corridos em madeira para se lanchar ao sabor da maresia.Navio elegante e belo com latões a reluzir oiro.
        
Tive o prazer de  mexer no badalo do sino e de registar foto com os cozinheiros
Barricas em madeira

Veleiro Criola
Navio mais pequeno que a Sagres, não estava em visita.
Por detrás a vista do verde da mata  de pinheiro manso do Alfeite.
                              
 Navio de guerra F487 em reparação na doca seca do Arsenal
O Alfeite em termos territoriais é distinto para a entrada quer da Base Naval da Marinha  quer do Arsenal, na linha do rio cada um se separa no território para cada lado.
Recentemente o Arsenal foi englobado na sociedade de capital do Estado -Impordef - que também detém os estaleiros de Viana do Castelo...
A antiga Goame do Arsenal -, oficina de armamento - ouvi comentar  a antigos reformados "deveria ter ficado englobada na Marinha por esta depender diretamente dos seus serviços - ou não - se procurar fora de portas quem faça o trabalho mais barato, outros diziam que a nova empresa exigiu  ficar com a Goame - a única que dava rendimento (?)"...Refuto sérias dúvidas se esta nova empresa  Impordef não poderá ter os dias contados (?) fazendo eco às recentes notícias ocorridas no estaleiro de Viana do Castelo ouvidas na TV - fiquei com a nítida impressão de uma  fatal visão estratega e liderança na administração empresarial cujo fundamento deveria ser - de sucesso - com objectivos definidos numa dinâmica laboral de expansão, e projeção para fora de portas do negócio, rentabilizando os estaleiros, e o pessoal credenciado - não deixar morrer aos poucos nenhum deles com o descrédito - despejo para a  mobilidade dos trabalhadores, todos eles desde sempre - a alma e a vida do mesmo, a baixo custo . Na nova empresa julgo - de um administrador passou a três - sem falar de outras chefias criadas, todos  contemplados com frota de carros de boa cilindrada. Um dos males destas empresas megalómanas - antes estatais passam para outras mãos com outros interesses(?)... criam-se "tachos" com a criação exagerada de chefias, gente de poleiro - muitas vezes sabem pouco, ou mesmo nada do serviço - pelo que ouvi dizer ganham grandes ordenados - claro que não havendo contratos negociados - não tem gente de carisma comercial que saiba negociar aqui, e além mar - rareia o trabalho -  e casa onde não há dinheiro...quem paga os ordenados? Fala-se que já rareia no Arsenal para os continuar a pagar...boatos neste estaleiro foi coisa de sempre - lá diz o ditado "onde há fumo há fogo!
Assunto para pensar - uma empresa levanta-se com todos a remar para o mesmo lado , onde os chefes  da mesma elite, e não misturas de doutrinas diferentes - Marinha e civis - metem mãos ao trabalho ao lado dos trabalhadores, e não tipo polícias de vigia em "rondas"...há falta de atitudes pragmáticas, e de inteligência no  incutir força, ânimo, e vontade em vencer todos unidos a mesma luta - a continuação do estaleiro, e o seu progresso!
A manutenção dos navios da Marinha será a meu ver o principal cliente do Arsenal - esta, com a redução substancial do orçamento tem de redefinir as obras, só entrega determinados trabalhos sendo que alguns são feitos pela prata da casa,onde os conhecimentos (?) da especificidade podem acarretar consequentes dores de cabeça e custos redobrados - digo eu - ao ouvir dizer que militares desempenham pequenos trabalhos - ora, ninguém nasce ensinado e o que parece fácil, não é  - só operários que durante anos desmontaram e montaram peças de armamento e, outras específicas, as conhecem de cor e salteado - acredito é de ficarem com os cabelos em pé quando ouvem " aprendizes de armamento militar" falar de avarias e da sua resolução  menosprezando um trabalho de elite, bem executado pelos operários do Arsenal - toda a vida mal remunerados em relação aos militares - pelo árduo trabalho: seja na construção, mecânica, electricidade, electrónica, soldadura, preparação e outros - além do saber que acumularam com técnicos holandeses que se deslocaram aqui e os ensinaram a resolver avarias nas peças de armamento e antenas. Alguns tem um saber imensurável sem contudo nunca o terem sido remunerados na propulsão! Outros tiveram estágios além fronteiras de especialização.Alguns são técnicos - dizem passar o tempo a jogar no computador - porque trabalho é obra suja para os operários...dizia um deles a rir...coisa que faz pensar!
A Marinha  a meu ver ainda está a tempo de voltar atrás, agarrar esta oportunidade de ficar com esta oficina de operários de grande valor e saber, fazendo dela escola - para novos aprenderem e continuarem o desempenho de gabarito como no passado tal como no presente sempre foi bem executado no Arsenal pela maioria dos operários - porque também os houve que pouco ou nada fizeram, aproveitaram-se das circunstâncias sem circunstância - achadiços que pouco ou nada trabalharam, só recebiam ordenado... porque afilhados e "engraxadores" existem em todo o lado, é sarna deste País!

Navio Atlântida
Navio fantasma que o governo dos Açores rejeitou por incompatibilidades no projecto... veio o presidente da Venezuela  Hugo Chavez dizer  que o comprava ao Sócrates com palmadinhas nas costas...atacado de cancro esqueceu-se do negócio...acabou por vir dos estaleiros onde foi construído - Viana do Castelo para o Arsenal...A pergunta é  para quê? Será que não existem compradores nesse mundo fora para a sua aquisição? Porque razão o governo açoriano sabotou o negócio quando Portugal contribui com riqueza, embora numa escala muito inferior em relação à Madeira...acaso não deveríamos ter força, e dizer tem de ficar com ele? Ou querem que apodreça  e vá para abate para um dia afundar com um torpedo(uns milhares)  para ser coral - e prazer na pesca submarina para mergulho de meia dúzia de novos ricos...
               
Navio Hidrográfico D. Carlos
Adorei ver imagens como estas registadas por aparelhos sofisticados a preto e branco do relevo da nossa costa ,depois tratados a cores para estudo e outra visibilidade.
Destaco o  Canhão da Nazaré com 30 metros de profundidade, por isso a tal onda do mesmo tamanho que deu o recorde no Guiness.


Fragata Vasco da Gama
O tapete em corda na entrada feito á moda e tradição marinheira.

Euzinha  ao meio da rampa de lançamento dos mísseis - Searsparrow.
Com a crise que se vive na Grécia-, acaso saia do euro, outros países se seguirão - imagine-se a loucura se  alguém dos governos desta Europa desnorteada der ordem no meu dizer " se passar dos carretos"  e, os manda disparar...vamos todos  para o "Katano" com tanto cruzamento de misseis por todos os lados!
Na boca dos sobreviventes vai andar o nome -  searsparrow...cuja tradução - pardal do mar , nada tem haver com destruição ( o nome advém do formato do míssil ser esguio  e rápido como o pardal do mar, julgo). 
Porque razão digo isto? 
Junto ao helicóptero ouvi cochicho de homens pareciam saber do que falavam  sobre o recente golpe de estado na Guiné-Bissau, o ministro deu autorização para sair uma esquadra com duas fragatas, uma corveta e um petroleiro para abastecimento - até parece que somos um grande país, se tivéssemos porta aviões também ia... No caso os "golpistas militares pretos" - que o são aqui, mais do que qualquer outro lugar - isto não é xenofobia - é a cor das gentes daquele corno de África com ideias bem claras - não deram autorização para a esquadra fundear nas suas águas territoriais- "ficaram a encher pneus" a 100 milhas - tão pouco se mostraram interessados com as relações do passado - País irmão, antigo colonizador...A missão da esquadra tinha a salvação das nossas gentes imigrantes ( se houvesse massacre o povo português cairia em cima do governo, abonam agora em sua defesa...) mas houve guerra? Ao que sei houve arrufos de poleiro pelo poder da droga - outros Países  é o petróleo. O que parece ter havido - prisões e pilhagem, um hábito nestas bandas, que não é surpresa nenhuma...
Conversa para muitas linhas, mas no caso não me apetece estar aqui a dissecar se o País tem de ir a correr mal se sinta uma instabilidade de guerrilha. Os imigrantes tem hoje leis mundiais que os deveriam proteger porque imigração existe desde que há descobrimentos, só agora é que se andam com estas emergências de ir a correr acudir (?) pessoas , que mal chegam cá  - matam saudades e na semana seguinte votam e, ninguém pergunta o dinheiro que o País gastou com o repatriamento.
No  caso ouvi por entre dentes a um grupo de antigos operários(?) que o gasto se cifrou em  6 milhões!
Não acham que alguém tem de parar de continuar a dar ordens sem pensar em custos?
Dou comigo" a pensar para os meus botões...
Até onde vai parar o nosso querido País!"

Faço fé, acredito que o País não pode continuar a ser um " rebadofe(?)" onde todos mandam e ninguém tem razão!
Chega de políticos de "meia tigela" sem escrúpulos - gostam de mandar, sonham com protagonismo, nenhum assume nada , acertam negócios de milhões com contrapartidas que depois falham, e ainda pelo meio há sempre muita  gente que se "afiambra" na intermediação com milhões.
É tempo de exigirmos a todos eles a obrigação - Ponderar CUSTOS - tal como na ciranda da foto -  a fazer lembrar a corda arrumada  -  " chegar à inglesa"!
Portugal um País fronteiriço com oceano - meio por meio, é verdade -  somos pequeninos - pior seria se estivéssemos enfaixados entre países no interior da Europa. Porque raio temos a mania das grandezas em comprar navios de guerra sofisticados de milhões quando outros Países da América do Sul se remediaram com a nossa frota de fragatas que alguém (?) achou estarem obsoletas? Pelos vistos para eles servem - "chamaram-lhe um figo"...coisa para pensar!
Quem aguenta continuar a  suportar tamanha carestia de CUSTOS:
Prestações de milhares dos submarinos e,..
Manutenção da frota naval de guerra
Pessoal terra e mar
Provisões  - abastecimento de géneros alimentares para todos os navios
Combustível
Honorários
Este País  tem a mania da grandeza, quem não caça com cão, caça com gato !
Se não há ganhos, como se contrabalança na Marinha o orçamento?

A Marinha tem sido  "salva vidas e náufragos". Ação benemérita. Pois é, e os custos? Quem os suporta? São horas, dias que os  helicópteros fazem buscas? 
Chega de tanta bondade. Deveriam começar a cobrar. Talvez assim as pessoas comecem a entender que tem de ser mais cuidadosas no mar. Há seguros para tudo. Porque não pensar nesta variante para solver esta situação.
Doí  pensar no custo diário com a MARINHA PORTUGUESA - num País sem guerras - que não se consegue sustentar a si mesma, não produz riqueza, antes só despesa - grande na casa dos milhões, cujo Estado suporta a custo - todos nós - sem falar dos submarinos...aquisição sem ponderação de custos onde muita gente se "abotoou à grande e à francesa" no pensar de gente inteligente - aberração sem limites de carestia - qual a necessidade? Só aceitável se tiverem a missão de descobrir o que aconteceu ao navio Bolama guineense, que afundou nas nossas águas...as causas? Alterações no estaleiro tiraram estabilidade (?) ou quiçá, supostamente arrastado para o fundo por um submarino, acidentalmente(?) lhe sugou as redes  que tinham sido lançadas... Ou ainda? ...pouco ou nada se sabe sobre o naufrágio ocorrido em 92 com 30 pessoas a bordo na sua viagem inaugural...ao se falar pouco sobre o assunto foi morrendo no esquecimento...mas, uma pessoa com raciocínio lógico, e atenta mantêm dúvidas e imaginação fértil para o que de fato teria acontecido!
Julgo ser tempo de repensar na possível reestruturação  da defesa nacional a nível mundial.Portugal ao ser membro da Nato - deveria ser esta organização  a assumir a aquisição de navios de guerra - e os Países membros pagariam a prestação de serviços quando recorressem  a ela na ajuda externa.
Portugal deveria renegociar a utilização da Base das Lajes exigindo mais, atendendo ao ponto estratégico, esmifrando o governo dos Estados Unidos, e não ter "medo" de os enfrentar...como parece ser a política de anos dos nossos governantes sempre de "orelhas murchas" ...deveríamos ser nós a dar ordens e não a recebe-las como tem sido.Diz o povo nos seus ditados populares "de Espanha nem bom vento nem bom casamento" - digo eu - "dos EUA nem boa política nem boa economia"...
Portugal ordeiro - " bastava-se" com a sua frota normal para supervisionar a costa, e as Ilhas seria mais do que suficiente. 

Ainda outra frota ancorada pela base naval do Alfeite

Fragata Álvares Cabral F 331
Remato em desabafos - de quem saber fazer contas sabe distinguir o Débito do Crédito, e ainda gere poupança com poucos recursos.Contudo há uma comemoração quase passa despercebida que aprecio imenso, ocorre a 25 de junho no Tejo - navios da Marinha  exibem-se com varinos, fragatas , faluas, catraios, botes leão e,... em alegre viagem relembrando os tempos que eram o meio de transporte no rio.


Notei este ano abrandamento nas comemorações, mesmo assim  grandes gastos em demasia.
Claro que gostei da visita.As comemorações terminaram no domingo dia 20 . Antes durante uma semana - entrada livre na Base para visita de alguns navios em exposição, ainda outras exposições no Fórum Romeu Correia em Almada e rastreio por pessoal credenciado do Hospital da Marinha - parque aventura no relvado, jogos, insufláveis e piscina para mergulho com os fuzileiros.Ainda há outra exposição em frente da praça João Batista por baixo do lar e,...


Em  Cacilhas , a Sagres no rio junto da fragata D. Fernando, que na foto não se vê, aberta ao público em visitas, a última do caminho das Índias.
Houve desfiles no rio e em terra.
Esqueci-me de apanhar a espiga!
Espigada, e empertigada me senti com este País e os seus mandantes - todos sabem que há gente que nada tem para comer e pouco ou nada os governantes fazem para melhorar o seu dia a dia, antes só sabem retirar regalias. Isto é o começo. Exige-se urgência em cortes radicais nos ministérios e organismos públicos - mas a doer - estabeleçam objetivos de redução de despesas.
Se precisarem de ajuda estou disponível...não tenho a formação da escola naval - austera, fria, distante ...o meu  jeito "forte e feio" baseia-se na liderança, olho vivo, rudeza e força no trabalho!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Campo Pequeno à quinta feira com feira de velharias

Passam os anos e neles vamos memorizando dias que são especialmente azarados...falo dos meus : 4; 7;12;13 e,...quem me conhece diz que sou uma mulher de sorte, eu sei que sou azarada. Sempre cresci  por trilhos difíceis, parca ajuda, sempre com muito querer, à força do trabalho que se paltou pela diferença e essa criou invejas de que maneira e, me viriam a prejudicar nesta vida, embora reconheça que tive a minha quota parte de culpa!
A semana passada senti na pele outro grande contratempo que me afetou pela 2ª vez, neste caso por 31 dias  - perdi a chance que sonhei e planeei anos.Aguentei firme, nem a voz se alterou, apenas o constrangimento do inusitado.Gélida de pasta na mão, minha fiel amiga dos tempos que com ela vadiava na odisseia de escrituras aqui e ali com cheques chorudos...Horas de comer, apeteceu-me um mil folhas - há tempos que não me saboreava com tal bolo por nos últimos tempos sentir que é contrafeito com massas que nem os cães conseguem tragar cheias de gordura ao invés daquele - fresco, de massa folhada leve parecia um pastel de Tentugal. Delicioso. Consolei-me. Do outro lado da rua vi letreiros num 1º andar - Cabeleireiro - Low Cost - nem pensei duas vezes, era o dia e o momento de ir e fui. Atendimento personalizado, simpatiquíssimo e charmoso do dono um cabeleireiro na casa dos setenta igualmente do filho  quarentão de cabelos grisalhos, ligeiro me pareceu no computador. As meninas igual, nada maçadoras, trataram de mim com muito carinho. Pedi para ir à casa de banho, fiquei espantada pelo requinte da higiene, da luminosidade. Saí fresca de cabelos esvoaçantes na brisa do tórrido calor que se fazia sentir por Entrecampos. Enderecei convite a uma amiga virtual que se mostrou interessada em me conhecer, debalde por razões que desconheço não recebi resposta - em cima da hora  no acaso de um telefonema lancei o convite para um cafezinho e uma visita à feira de velharias no Campo Pequeno a um antigo colega mais velho do que eu 10 anos que reencontrei o ano passado nestas andanças.
Sou pontual, não gostei que se tivesse atrasado meia hora. No entretanto fui visitar a feira sozinha, encontrei alguns feirantes, no momento não me conheceram, fintavam-me  - "está diferente, estava a mira-la para ver se era "  - pois assim era o meu visual à senhora quando no geral me conhecem numa vestimenta mais básica - o "Igrejinha" levantou-se do seu banco para me cumprimentar, confidenciou-me - também tenho alturas que gosto de me vestir assim...conversei aqui e ali.Ainda enfeirei numa garrafa de vidro da Marinha Grande no tempo usada para a Ginja de Óbidos, de gargalo largo e marcada 1,5 L - tenho uma pequena coleção delas com 3 tamanhos: 2,5  e meio litro. Uma particularidade é que sendo  o vidro feito com areia e restos de conchas - conferem às garrafas várias tonalidades: verde; branco e rosa como esta última , da qual já tive outra menos rosa e ofereci à minha irmã.Vi um "ratinho" - palangana pelo diâmetro mais de 35 cm que o Sr Ferreira me fazia  90€...Vacilei com uma malga grande  na mão -  tenho uma pequena igual debruada a faixa azul por dentro em meias luas e por fora com flores por entre esponjado, era barata, contudo deixei-a ficar, a vendedora era a sua 1ª vez. De olho fiquei numa terrina quadrada branco sujo pelo tempo quase dois séculos de Massarelos com a marca - ancora a verde e  pega repenicada - soberba, a um preço extraordinário para mim que o Sr João me fazia por 40 €. Definitivamente o dia não era para enfeirar!
Dirigia-me a caminho do metro eis que o vejo chegar vestido à executivo de pastinha de cabedal igual à minha, até parecíamos "manos de alguma congregação". Juro que não volto a convidá-lo para tal evento. Já lhe  conhecia um jeito sem jeito de apregoar, fazer negócio que não tolero - só quis tirar a prova dos nove.Conta que  estudou medicina, não acabou, aplica-se no conhecimento de psicologia - variante de Freud...tem o hábito de julgar os porquês das atitudes dos demais, platónico no julgar,contestatário, refila a quem de direito, julga-se um sabichão na percepção do intelecto, dá-lhe prazer descobrir enigmas de carisma emocional, mostra-se facilitador, depressa esquece a ajuda, diria um sedutor nato de muita lábia, sendo um homem do signo Gémeos revela gostar de dualidade e isso é visível e marcante. Sinto que se revela na escrita de forma soberba, afetuosa,  inteligente, com um conhecimento cultural abrangente, muito culto, lê, passeia pelo mundo frequenta locais públicos de finesse...no entanto na presença real é a antítese! Sinto dificuldade em falar dele,mas a revolta de tal perfil dá-me cabo dos nervos. Tudo porque revela ter uma fobia incrível por comprar palermices sem valor algum, o que eu diria na maioria lixo. Um ajuntador de tralhas em casa, armazéns, garagens e,... apreça tudo, mostra-se interessado, oferece, naquilo gera até confusão, imagine-se se tivesse tal comportamento nas feiras no norte de África e no Sul de Espanha, ainda se habilitava a levar "porrada"...apreçou travessas da VA com a decoração chinesa, quanto a mim a pior escolha da fábrica para um serviço de jantar,  doido, mexeu e remexeu como se fosse uma criança, a seguir apreçou um globo descomunal em madeira - um bar, até fugi da banca e do negócio, não gosto da peça nem das vendedoras - "falam por cima da burra, sempre de mal com a vida". Em frente da avenida viu uma banca cheia de medalhas, queria no momento que a menina em jeito de ajuda ao pai tomava conta do estaminé lhe fizesse um preço por atacado, ora ela só sabia o valor unitário,  ainda letras e livranças, nem viu ou leu o conteúdo, o que poderia ser apaixonante (?) na sua cabeça só pensava comprar, regatear...baralha os vendedores, aparece bem vestido parecendo intelectual, vulgo doutor, alguns assim o alvitram - ele cala-se, parece gostar, por outro lado desnorteado perde com esta personalidade aérea, que confere a alguns vendedores o facilitismo do trato por "tu" o que no caso é muito mau. Nunca se deve baralhar alhos com bugalhos!
Tudo parecia encher as suas medidas...Furiosa estava eu de viver aquele clima!
Confidenciou-me que na sua quinta no norte a quer encher de velharias - no terreno quer alfaias agrícolas e, por cima do portão gostava de uns pináculos em pedra do século XVI...( ao instigá-lo o porquê deste século e não de outro responde-me " estive agora na feira de Ponte de Lima, disseram-me que os ciganos roubam coisas antigas, como não sou fiscal das finanças não me importo de comprar" claro que gastei o meu latim a falar de loiças e de pedras e até do que os ciganos e outros vendem. Alvitrei os canteiros que à beira da antiga estrada a caminho de Caminha ainda executam Santos, pináculos e outros em granito...naquilo interrompe-me e diz " mas quero pedras antigas, negras do tempo "...ainda acrescentou que adquiriu através de um amigo em França  um sino da minha altura"...estupfacta, sem delongas perguntei onde o iria pôr, se acaso a quinta tem alguma capela ...confirmou que não, se for preciso manda fazer uma torre...
Achei-o um lunático que não admite ser contrariado, só o que pensa, faz e, diz está certo, diria - um Pavão!
Não sou mulher de aguentar tanta insensatez, nestas coisas de velharias sou mais pragmática, admiro e respeito o gosto ecléctico de cada um. Tento. No caso não consigo porque ele aprecia demasiado lixo! Estaríamos agora a dissecar o que é lixo para uns é precioso para outros...debate exaustivo, não vale a pena, sou conscienciosa, já vi uma casa dele repleta de moveis e de entulho ( loiças e loiças por todo o lado misturadas com Alcobaça berrante em azul que ali até fere o olhar, noutro contexto acredito terem interesse, quase tive de pedir licença para entrar e ir até à varanda tomar ar para me segurar nas palavras.Insisti na palestra de convencimento - deveria apostar em peças boas -  mostrei -lhe um "Ratinho"...não conhecia, de nada sabe, julgo para me contrariar o gosto respondeu..."não gosto". Tem esse direito, não tem é de ser inculto de nada saber sobre eles - lá fui desenrolando o rol da minha sabedoria, até que me interrompe e lança o desafio - comprar os meus serviços para lhe catalogar toda a tralha que tem comprado ultimamente, até recheios - neste último dois Santos altos, anda doido porque não sabe a quem se referem...
Euzinha, frontal, sem papas na língua nunca me vendi, não é agora que o vou fazer, não tenho jeito muito menos vontade, porque querer, isso sei que me daria satisfação em deitar para o lixo quase tudo...mas ai caia o Carmo e a Trindade, e a amizade terminava para sempre!
Ele parece não entender que tem de escolher alguém que o possa de facto ajudar. No meu entender deve ser - surdo e mudo - ou então mulher que não se aflige resignar à sua  fortuna (?) ouvindo, calando e comendo, porque ele sei pode proporcionar uma vida de luxo como algumas que se conhecem da alta sociallity...veio-me à ideia a  Jô Caneças...
Senti-me tão incomodada. Convidou-me para um lanche na Versalhes onde o deixei a meio do seu chá de limão, apressada despedi-me, até me esqueci de agradecer, não queria perder o horário do autocarro! 
Além de seguir a sua própria sabedoria interior,não se mostrou flexível ao ponto de saber ouvir o que eu lhe quis transmitir - mesmo que não concorde com  as minhas opiniões - tão pouco se interessou pelo tema- drama que acabara de sentir na pele.Insensível, com foros de arrogância foi o que fatalmente  senti.Como é possível a mesma pessoa apresentar duas facetas de personalidade tão distintas?
Será que fui desplendecente?
Sei que precisava trancar a sete chaves episódios nefastos desta última quinta feira insólita!

domingo, 6 de maio de 2012

Dia da mãe após o meu dia de aniversário!

Ontem casei pela segunda vez o dia do meu aniversário!
( 5 = 55)
Acordei aborrecida. O meu Sporting perdeu com o Porto!

Hoje em Oeiras um senhor dizia-me" parece que tem 40 anos"...bondade do senhor - pensei. Nisto tiro os óculos e, disse-lhe " ontem fiz anos, adivinhe quantos? - respondeu " parabéns, fez 45, ainda é uma menina"...Rápida respondi, ponha-lhe mais 10 em cima!
Continua ainda mais menina...
Malandreco! Mirava-me no espelho à venda no seu estaminé de um carro dos anos 60  naquela de ver se  os óculos rayban de 1€ me ficavam a matar!
Claro que os trouxe, para contrariar o meu marido que em tempos encomendou uns bons para me oferecer, como o intermediário falhou a entrega ...Para o aborrecer, fiz a compra, afinal são rayban na mesma!
 Risos.                                                                               

Hoje pela manhã passou por mim um Ferrari preto de 3 escapes. O primeiro desta cor que vi, em tempos por Matosinhos apreciei amarelos e azuis porque vermelhos de vez em quando passam por mim ou eu por eles.
Tempos de crise. Não sei. Talvez sinta e o saiba, no entanto ontem o restaurante na Lagoa de Albufeira estava cheio...sábado. Na mesa junto à janela estava um casal com um casal de filhotes. Gostei de ver chegar a travessa com douradas escaladas grelhadas. Num repente cada um dos pais se levanta e prepara o prato para os filhos, ela preparou para o menino, ele para a menina. Gostei de ver que incluíram alface. A bonecada na mesa era demais, para os entreter. Chegaram os pais da senhora, menina, linda. Muito mais interessante para mim do que a Rita Pereira na seção fotográfica da Plaboy...então não a conheço ao vivo...nem se dá conta dela ao pé desta que ontem enxerguei de jeans e blusa branca  giríssima, glamorosa, sexy, curiosamente de olhos pequenos iguais aos da Rita e belos cabelos compridos, mais sedutora de lábios carnudos no ponto e tez morena. Chega o pai e diz-lhe" então miúda estás boa?"...homem de cabelos e bigode alvo a rondar os setenta, a filha na casinha dos trinta.Chegam duas sopas para o casal de idade, entretanto os pais dos miúdos preparam cada um o seu prato e sentam-se para o degustar. Naquilo os pais com "os restos, sim era a 3ª escolha" fizeram o mesmo. Beberam sangria.
No final quem pagou a conta o comilão do cabelo alvo...que se saldou com as sobras...isto é que vai uma crise!
Melhor sorte tive eu. A minha filha presenteou-me com o pagamento da fatura no restaurante, e foi dolorosa, meteu marisco e tamboril fresco, ainda queria percebes, mas fiz-lhe ver...vê lá se percebes, que a vida não está para grandes ondas...
Gostei de receber inúmeras felicitações de parabéns...
Coisa brutal, talvez pela página do face, blogs e,...
Destaco três. Uma de um homem -" Hoje é um dia muito especial para ti, pois foi nesta data que vieste ao mundo. Sou feliz por fazer parte da tua vida, e poder enviar um grande beijo de Parabéns."
De uma comentadora do blog - "Parabéns pelo seu blog e pela maneira como escreve. "
De uma amiga - "Sabes que estás sempre no meu coração! "
Incentivos destes ajudam os meus dias menos afortunados e a acreditar que o amanhã será bem melhor do que a actualidade.
 Malmequeres lilazes na Lagoa de Albufeira com os brancos a espreitar.
As flores enchem o meu coração de bem estar. Adoro flores.

A maresia, o areal e o cheiro forte a plantas que se adaptam a estes meios foram ontem para mim um renovar de ar novo nos pulmões!

 De manhãzinha telefonei à minha mãezinha a dar os parabéns, logo a seguir recebi os meus, da minha querida filha.
O almoço foi em casa. Poupança. Havia sobras de rojões,acompanhei com batata frita pickles e azeitonas, a entrada requeijão do Rabaçal com doce de chila e de tomate, sementes de linhaça (para baixar o colesterol) e nozes, uma boa laranja da baía ( na sexta em Lisboa para os lados da Graça vi laranjeiras nos passeios carregadas, muitas laranjas no chão no terrado que vão caindo, parece que não há fome, ninguém as come, porque será? Afinal ali bem perto há bairros de rendas económicas. Pelos vistos habituaram-se mal...só comem fruta tropical, fazem mal, nada chega a uma boa laranja portuguesa, barata, no caso dada.
Saboreei uma fatia do pão de ló húmido ainda do brinde dos Parabéns a Você... encertei um brandy para aquecer o espírito porque o champanhe bebeu-se todinho ontem - precisava de me mentalizar para arrumar a cozinha numa de poupança de eletricidade.


domingo, 15 de abril de 2012

Alfama até à Graça...num sábado de abril


Alfama com ruelas floridas de verde.Gostei da foto na escadinha da viela, embora reconheça o ângulo poderia ser bem melhor. Estou a aprender...
Sábado o último da 1º quinzena, o dia acordou com chuva e a feira da ladra estava para o pobrezito de gente e de feirantes, em demasia gente nova a vender de tudo, sobretudo roupas.
Falei com o "Igrejinha" já o "Pedrinhas" estava numa de enviar mensagem...não incomodei. Comprei uma leiteira da VA marca azul em branco igual a uns bules e açucareiro- falta-me uma tampa!
Vi azulejos lindos, nem me atrevi a comprar algum - o meu marido perdia o norte - ainda tenho alguns empacotados espetaculares, agora na última quinzena vou ausentar-me, vou fotografa-los.
Almocei na mansarda da minha filha e do seu namorado.Recebe muito bem - admirei a forma como calmamente se desembaraça da loiça e arruma tudo num instante, sendo a mansarda minúscula. Elogiei a sopa de grão que nos presenteou - deliciosa. A minha mãe fazia e ainda faz grossa com esparguete. Nada tem haver com a dela cremosa, saborosa, apetitosa - ao interroga-la como aprendeu - responde fui fazendo e contigo...
Digo que não, a dela é bem melhor que a minha, melhorei com o aprendizado que dela admiro a fazer jus ao letreiro da rua dos Remédios em Alfama pintado na pedra da antiga muralha .
Tarde passada em Alfama a olhar o Tejo e os paquetes a saírem em final de tarde, turistas em gabardina com máquinas a registar fotos, engomava umas quantas ti-shirts enquanto, eles foram dar uma volta, fazer umas compras. Acabei as minhas tarefas, chegaram eles. Vimos um filme - Obsessão. Muito interessante sobre o assédio feminino...fala-se é do masculino!
Horas para o nosso jantar marcado na Graça num restaurante com música ao vivo.Estava fechado, parece que se esqueceram de nós, só tinham reserva para um grupo de 30 pessoas. O empregado pedia-nos desculpas para voltarmos outra noite, não tinha lugar na sala para nos confortar como merecíamos - a minha filha interpelou-o sobre a surpresa de tal esquecimento, o meu marido ajudou o salvamento dizendo "não nos importamos de ficar aqui no bar nestas mesas", o apelo final para o êxito, esse foi meu - " se diz que o seu patrão não o atende, deve insistir, acredito que não esteja a esta hora em local que não possa receber uma mensagem sua e debelar este triste constrangimento - viemos de longe e não vamos sair sem jantar. Não sei se foi o tom de voz ou, a força da mensagem - acatou de imediato encaminhando-nos para um outro espaço para mim sumptuoso, teto em cúpula de cerâmica me transportou para a era romana e uma lareira espetacular.
O repasto foi bom : degustei um ensopado de raia - magnifico; o meu marido bochechas de porco preto em cama de mil folhas de maçã com queijo da serra- soberbo; a minha filha xárem ( prato típico algarvio à base de papas de milho com ameijoas e gambas fritas) e o seu namorado um bacalhau à serrano com broa. Deu para provar garfadas de todos. Vinho bom, água e sobremesas saborosas. O que faltou? o que dizia no folheto de compra do voucher - entradas de pão com morcela, e...do flut de champanhe e, da musica ao vivo, apenas vimos o conjunto nos acordes - eram 3...
Ao deixar o restaurante  constatei que o grupo ainda estava na sangria, sei lá a que horas o jantar acabaria. Valeu apreciar como apenas dois empregados demonstraram um à  vontade, desembaraço, educação e sucesso na resolução sem delongas do incidente - apesar de tudo e de nada, gostei da experiência.  Saímos a pé tal como fomos - apreciamos a noite lisboeta, as obras em prédios que só dignificam a cidade, conversámos de tudo e de nada, rimos, enroscados nos agasalhos. Atalhámos caminho pelo recinto da feira da ladra, vazio acabadinho de ser lavado, ainda lá estava o carro com o tanque de água. Só voltámos a ver gente em Alfama, alguns lugares de tertúlia que tomámos nota para experimentar noutra ocasião- Num deles a caminho do jardim do Tabaco com piano ao vivo.A noite estava caliente, cheguei a casa depois da meia noite...fula fiquei porque a séria inglesa que ando a seguir  na SIC falhou o episódio, tenho de ir averiguar.

Foto tirada debaixo do Arco da Rua Augusta

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Feira de velharias na Costa de Caparica em passeio!

O dia  era feriado, sexta feira Santa, pedia que se comesse peixe -, fiz uma massada com alas de maruca e gambas,debalde não tinha massinha de cotovelo, sujeitei-me a uma massa de rosca às cores. Deliciosa na mesma, o que sobrou depois de quente no dia seguinte ( não está tempo para estragos)  parecia acabada de fazer, porque a massa é de qualidade, se fosse outra ficava espapassada...
Bebeu-se o café em casa  na máquina, oferta da minha filha pelo natal. Saímos para dar uma voltinha até à Costa, mal chegados senti pouco transito, muito estacionamento e pouca gente. Encaminhei no sentido da feira com poucos feirantes , as marcas dos espaços para as bancas  pintadas num amarelo ocre esbarravam aos olhos, avisando - perigo?! Seria a meu ver melhor só terem optado pela numeração sem a ligação... lembra coisa 3º mundista...em Azeitão só há nºs e brancos!
Vi pela primeira vez na linha da frente feirantes de artesanato que não conhecia por lá  - diziam colegas que sim - vieram algumas vezes, ficavam no passeio em frente ao mercado...alguém comentou que houve uma delas - não tendo lugar - veio diretamente à Câmara de Almada...abancada  a vi sob o seu grande chapéu de sol...seria tal boato verdade passar por cima da Junta? Faz-me confusão a ser verdade, porque o respeito é importante no diálogo entre as pessoas seja qual for a situação, entretanto no dia 2 do corrente enderecei novo e-mail à Junta:

Exmo Sr Presidente

Ontem na feira de Montemor o Novo constatei que houve reunião na Junta para entrega de lugares aos feirantes. Gostei de saber pormenores de organização  a meu ver bem vindos.( não há estaminés pelo chão nem se pode comer nas bancas, o horário das 9 às 6 e...
No entanto falei com uma colega de Setúbal que ai se deslocou, não satisfeita com apenas um lugar atribuído lhe foram concedidos 2 depois de fechados(?) os 40 inicialmente distribuídos. Disse-me ela que já tinham sido mais 4 após isso...Pergunto, mas como tal é possível se quando entreguei a minha documentação - a funcionária  me disse ter apenas 3 em lista de espera o que ditava eu ser a 4ª. Espero que reconsiderem a minha situação. Vivo no concelho, frequentei a feira e estou credenciada. Tenho bancada, só preciso de 3 metros.
Gostava imenso de poder voltar a fazer a feira da Costa agora na sexta no feriado.
Gosto de escrever o que vejo, o que sinto, tenho conhecimento de faianças, gosto de partilhar e aprender, sei que sou uma mais valia nestas feiras, pelo carisma. Relatos  para mote para fazer um livro. Espero com ansiedade os V/ comentários a tão merecido agraciamento.


Sem resposta telefonei . A funcionária administrativa encarregue da tramitação da feira estava de férias, liguei para a sede, fui atendida por outra funcionária que me disse o Sr Presidente ainda não lhe ter dado a resposta , com a conversa " tem muito que fazer", agradeci... continuo à espera, já vamos a 12...
Não vi gente a comprar, poucos a passear, muito fraco o movimento na Costa de Caparica, até junto ao mar era um descampado de gente...só o restaurante Carolina do Aires estava cheio, porque era dia de comer peixe!
Senti o desassossego dos feirantes. Também eu estou assim, triste, dececionada, por falta de entendimento na atribuição dos lugares na feira de velharias. Senti que deram prioridade aos pedidos para dois lugares , na vez de primeiro encaixarem os mesmos e, depois se sobrassem -, ai  sim, seriam atribuídos pelos restantes.Falharam a meu ver em só marcarem lugares de 3 metros...curiosamente tinha chovido, a D. Tina, última feirante na linha da frente antes da passagem para o quiosque viu-se obrigada a avançar com a banca porque havia muita água, ainda assim a entrada era mais do que suficiente,o que revela que depois da marca da sua banca poderia ainda existir um lugar de 2 metros... podia ser o meu, porque foi o lugar onde abanquei na 1ª vez!
Todos me diziam " tem de vir reclamar aqui na Junta no edifício atrás do centro comercial  e fincar o pé porque há aqui feirantes que nunca vieram, outros que não pagam segurança social "... passavam das 3 horas apareceram feirantes ambulantes a vender feijão verde e morangos...de inverno aparece sempre o homem das castanhas que colide com os demais, tem dias de perturbar o ambiente da feira! 
A pergunta é pertinente  estarão coletados (?)  pagam terrado de 10 €?- ao longo da rua a caminho do mar outros feirantes colombianos e do norte a vender mantas, panos e,...todos pagam?

Falava-se à boca cheia que iam escrever uma carta à Junta.Senti descontentamento da atribuição dos lugares - ouvi dizer que na reunião - não era permitido stands de artesanato, apareceram mais do que velharias. O preçário aqui é alto preço, uma das feiras mais cara , e ainda de feirantes que só querem abancar no verão porque de inverno não os vem por lá...ora - eu comecei no outono!

A feira ganhou dois elementos da Junta ao invés do cobrador que só procedia à coleta. Não sei se dão conta do recado...a sua presença deve ser notória para acatar problemas...

Não gostei nada da feira -, muito menos da Costa na sexta feira Santa!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Évora na minha 1ª feira de velharias e artesanato

Feira de velharias  e artesanato de Évora em dia de Páscoa!Foto com uma vista parcial da feira, do lado esquerdo banca com peças variadas em ferro e afins do Sr. Laureano, seguida do estaminé também prostrado no chão com espólio de biblioteca que me pareceu ter sido um dia de casa abastada para os lados de Miranda do Corvo: romances, postais ilustrados, outros manuscritos e,...sem pompa nem circunstância igualmente pelo chão  a minha  bancada com o meu espólio: loiça, fósseis e livros. Na hora prolongada de almoço delas tomou conta a minha  filha, apostou neste dia fazer a feira connosco, o repasto: carne à alentejana com ameijoas e migas de espargos com carne de alguidar, bom vinho, melhor pão, sobremesa conventual, almoço barato não fosse acrescido de IVA de 5€, o que é correto, mas doí no bolso em tempo de crise.O casal de estrangeiros ao nosso lado, mandou para trás o couvert, o empregado até se assustou -  só comeram uma dose de  carne à alentejana e um jarrito pequeno de vinho - Uns "unhas de fome" - desses turistas Portugal não precisa!
Sob um sol escaldante de verão, saboreando um livro de Stenhall, não sei como ela aceitou a ideia de se proteger com um chapéu em algodão branco comprado na véspera na feira da ladra por um euro, lavado ficou como novo. Cheguei em cima da 9 horas, se não fosse o Sr. Laureano a debelar os empregados camarários não me deixavam abancar. Grande favor lhe devo, apreciei a brutal calma com que falou e expôs a sua argumentação a meu favor "sem papas na língua" : aclarou eu vir de longe, estar coletada, mais feirantes só vinham enriquecer  a feira e, que Évora os deveria acolher melhor, rematando "que jeito tem estar a senhora aqui e mandá-la embora, acho que falo bem ( no seu sotaque bonito, soou a poesia)". Falou e calou-os, apenas um deles, o Sr. Domingos opinou com a retórica " devia chegar até às 8.30". Sujeitei-me ao lugar disponível na entrada ao lado do antiquário também alentejano Sr. Francisco que conheci nesse dia, julgo por ironia do destino já o conhecia de "ouvir falar dele" quem sabe até de o ter visto em novo, teria eu os meus 11 anos num dia de prova do vestido cor de rosa, enfeitado com favos na cintura e nas mangas para estrear na Páscoa na modista Lurdes 
" Cardosa", lembro-me de lhe ouvir dizer "traga tudo o que tiver de velho, papéis, loiça, rendas mesmo rotas" -  fiz espera ao seu lado no átrio onde estava o seu carro estacionado, passados instantes vejo a D. Lurdes  com uma braçada de coisas a dar-lhas para as mãos - testei-o - ele acertou nas cordenadas na rua da sapataria e da taberna, ao cimo ficava a casa. Mais tarde ouvi da Bina do Piloto que tinha vendido um móvel muito antigo quase a desmantelar a um antiquário alentejano, contei este episódio à minha mãe que me confidenciou que o tinha apreciado quando foi dar os pêsames pelo falecimento do pai, era por demais bonito, seria muito antigo já que o solar tem lindas janelas de avental, sendo grande deveria no seu tempo de esplendor ter mobiliário muito bom e interessante.Também do Dr. Mota de Santiago da Guarda ter vendido uma mesa século XVII que estava no lagar acima do seu solar e, de ouvir falar da sua governanta se ter "governado" com  pratas negras de sujas e,...também de outro homem ajuntador de velharias na Junqueira lhe ter vendido duas belíssimas cómodas e, mais peças igualmente boas, o melhor foi saber de um padre do Rabaçal que lhe vendeu um Santo da igreja em pedra, com autorização do bispo ( sorte a dos irmãos também Santos enterrados há 200 anos para evitar o seu roubo pelos invasores franceses, ocasionalmente descobertos há coisa de 6 anos com a abertura de uma vala na estrada em frente da igreja. Quem diria haver padres  que ousam atentar na blasfema ao desfazerem-se de património do povo à conta de dinheiro e, da recompensa do retorno do bom vinho alentejano para a Eucaristia. Também sobre a venda do altar da igreja da Aguda já a tinha ouvido em 1ª mão da boca do Dr. Vasconcelos na minha visita ao seu Museu de Almofala de Cima - o Sr. Francisco apenas acrescentou que se lembra quando o foi buscar à sacristia andava de roda dele uma beata perdida de vinho,  não o queria deixar levar da igreja por nada deste mundo, gritava que pertencia ao povo , o álcool não tirou o tino à mulher, já do  padre desse tempo não se pode dizer o mesmo ao vende-lo sem mais nem menos, obra talhada por marceneiros nascidos e criados naquela freguesia. Mas sobre ele haveria de coexistir um  final feliz, haveria de ser novamente comprado anos mais tarde ao mesmo antiquário que nunca o vendeu e que para se ver livre dele se sujeitou à retórica do ditador do negócio
 " compro-o, se você o for levar de onde ele veio". Assim aconteceu. Hoje, o altar jaz numa capela do Museu Maria Fontinha em Castro Daire em homenagem à mãe do signatário que o redescobriu , o Dr. Vasconcelos quando vinha de regresso de férias do Algarve parou no antiquário, um prazer que tem - reconheceu o altar que um dia tinha sido pertença da igreja da Aguda onde a esposa foi batizada. Algumas madeiras de talha sobrantes e capitéis  encontram-se no Museu de Almofala de Cima para atestar o regresso do filho pródigo (altar) à sua terra, de onde nunca deveria ter saído. Sempre é melhor do que nada. Ainda relatam o nome e, façanha dos artífices que o fizeram , lindo foi constatar que escreveram nas traves do teto do Museu os seus nomes!

Perguntava-me surpreso o Laureano no seu sotaque alentejano " você é muito alegre, gosta de conversar, acomodou-se bem" - respondi - gosto de pessoas, de ouvir e contar estórias, a minha vida foi ajudar a resolver problemas, dá-me prazer, fui bancária - espantado acrescenta " olha, diz-me ela que foi bancária"...
Em jeito de bom aviso o Sr. Francisco alvitrava -   "olhe que você safa-se melhor pela sua zona de Coimbra e arredores do que por aqui". Há mais de 40 anos que a percorro, conheço cada aldeia, cada vila ,e no Alentejo cada monte.Dormi muitas vezes no Solar da Rainha na sua terra, agora deixei de lá ficar, aqueles dois irmãos é sempre a mesma coisa, fico-me por Pedrogão. Tenho dias que preciso de me  sentir  um homem solitário, gosto de andar sozinho na procura de antiguidades com o meu detector de metais, na sua terra há por lá um núcleo medieval - estive agora na feira de Miranda do Corvo. Daqui a dias vou outra vez para  cima para buscar um brasão que ainda está na parede - isso sinceramente, entristeceu-me.Os brasões foram feitos para continuar nas paredes onde um dia alguém de estirpe os mandou colocar, para as gerações vindoiras conhecerem o legado dos seus antepassados - assim perde-se história  deste Portugal  à beira mar plantado!

Esqueci qual a peça que deu  ao Sr. Francisco para comprar um jipe - azar foi roubado!
Será que foi coisa antiga no Lugar de Casas Novas?

Gostei das pessoas de Évora. Simpáticas em geral, pelo menos duas disseram que a minha banca tinha coisas bonitas.No pior, uma mulher mal disposta, entre dentes resmungava para dentro com vontade de se fazer ouvir ao mesmo tempo que contornava a  banca "coitados dos pais, os filhos tão novos já andam a vender tudo de casa"...a minha filha, que nesse instante tomava conta, para eu ir à casa de banho, fincou pés na calçada para não se indispor com a dita transeunte. Porque nem tudo o que parece é - no caso vendo coisas  supérfluas que comprei e ajuntei em 30 anos, ainda de outras que forçosamente se foram substituindo. Gosto das feiras seja pelo contacto humano, pelas estórias  que oiço e conto, ainda pela festa.Vendi umas peças de loiça, livros e fósseis do Cristo Rei, o saldo foi francamente melhor do que tem sido, apesar dos colegas dizerem à boca cheia que estava muita gente para fora, para comer o borrego em família no campo na segunda feira, uma tradição no Alentejo.
Senti que a feira tem condições para melhorar. A meu ver há falta de sinalética alusiva, não vi uma única tabuleta a dar indicação da mesma - e faz falta para as pessoas na Praça do Giraldo saberem da sua realização e não só, até porque se realiza a um nível abaixo da igreja e da capela dos Ossos, só do varandim ou quem use a escada se apercebe da realização da mesma.Outra nota desagradável, os sanitários públicos do jardim, a WC das senhoras, avariada, vi sair uma turista da dos homens, sujeitei-me na imitação estava de aflitos, tão emporcada que me deu vómitos, deveria haver um empregado permanente para manter a sua higiene, porque  Évora merece, cidade património da humanidade com muito turismo, ainda tive de ver o inusitado, sem o ser, eu é que estava no lugar errado - um homem abotoava a braguilha. Também as casas de banho no mercado escondidas pela arquitectura em cinzento tipo persianas debaixo da escadaria, pior a falta de sinalética visível na entrada do mercado, dei duas voltas ao recinto e, não as via, ainda a falta de manutenção do equipamento, tampas das sanitas no chão, deixam transbordar o cheiro nauseabundo dos esgotos e, sem sabão para lavar as mãos.De tarde fecha o mercado e, claro fica-se sem o acesso às casas de banho. Outro senão são as pedras da calçada a saltar, a pedir remendo imediato, vi pessoas de saltos finos a tropeçar, se caíssem e partissem a loiça toda, quem pagava?
A meu ver o espaço deveria estar mais bem aproveitado, cada feirante se remedeia com o espaço que quer, o que inviabiliza a mostra de poucos stands e, parece pagam a mesma maquia (?). Na frontaria do mercado poderiam também coexistir alguns stands mais pequenos, tornava a feira mais apelativa na sua mostra de velharias e artesanato. O que eu francamente gostei? Dos toldos em verde que a Câmara disponibiliza aos feirantes residentes, uma marca turística de bom gosto.Adorei o contacto humano com alguns colegas. Revi o Sr. Laureano e a esposa não menos simpática Ana Maria, o "Igrejinha" que em abono da verdade se chama António, o David  estava com a mãe minha conhecida das feiras de Oeiras e Algés, do Sr. Francisco e da esposa Teresa. Com este casal, comecei por estabelecer conversa franca com ele, senti  afinidades:   coincidência nos espaços, nas pessoas e, boatos... quanto à esposa Teresa  nesse momento mantinha-se afastada, do lado   de fora da banca, parecia não acatar o que o marido lhe dizia " sabes esta senhora conhece a Aguda, aquele altar..." a Teresa, a bem dizer pouco ou nada se mostrava interessada em participar na conversa, no meu achar senti um nadita de ciumeira - afinal eu era uma desconhecida, conversava e, ria com o marido. Não sou mulher de deixar para amanhã o que posso fazer hoje, nunca gostei de equívocos, nem tão pouco ser conetada de uma coisa que não sou - urgente testar sem delongas - mal ela se chegou a nós, eu, no meu sorriso franco e conversa escorreita lhe confidencio tal pressentimento, a sorrir ela o negou dizendo repetidamente estar apenas chateada com o marido - não me convenceu, não tivesse eu sido uma relações públicas  mais de 30 anos.Num relance ficaram  espantados com o meu estar, diziam " vejo que  é uma boa pessoa, simples, de confiar". Levanta-se num impulso o Sr Francisco do banco para apanhar dois livros da sua banca : Temas de Portugal de hoje e outro do Prec editados em 1972/3 a  quem mandou a esposa escrever dedicatória: num deles referencia a eles donatários, no outro mandou acrescentar o nome do amigo Laureano. Ofereceu-mos, ainda me deu postais de 1895 dum Andrade do Espinhal e, um alfinete em metal antigo. Faria mais ofertas: à minha filha ofereceu  outro alfinete que colocou logo no casaquinho, que bonito ficou, ao meu marido ofereceu uma fíbula medieval, incompleta - peças que encontra  em cenários de guerras por Cuba, núcleos romanos e medievais -  mostrou-me ainda uma cruz antiga com os buraquinhos onde um dia estiveram cravadas pedras preciosas, também de uma estela em metal com um Santinho que andavam no bolso do casaco.Sei que lhe disse " o que lhe hei-de dar veja na minha banca" respondeu " deixe lá isso"...
A tarde fazia-se. Eis que chegam as sobrinhas do Sr Francisco - fizeram-se apresentações. Muito bonitas e simpáticas, uma delas parecidíssima à tia Teresa, afinal só é sobrinha por afinidade. Senti que ficaram encantadas com o elogio, não era para menos - bonitas raparigas com lindo olhar quente - não se fizeram rogadas ao endereçar convite para o ensopado de borrego - a mim e, a outros pagaram na esplanada do café o que cada um quis e, ainda insistiram vastas vezes para irmos comer a  sua casa, a que o tio acrescentava " a casa não é minha, é da minha irmã, mas é como se fosse "...
Agradecemos. Despedimo-nos com a certeza de nos voltarmos a encontrar. Gente muito sã, senti!
Dizia-me o Laureano " a melhor feira que aí está é Estremoz, tem é que lá estar às 5 da manhã!"


A Teresa, ao final de tarde não se calava com o dito repetitivo a bailar na cabeça ...

" TU GOSTAS, MAS APANHAS POUCO"...


   

segunda-feira, 2 de abril de 2012

1ºdomingo de abril na feira de velharais de Montemor o Novo

Dia 1 de abril, podia ser uma mentira, mas foi verdade. Feira bimensal de artesanato e velharias. Recordei nesta terra aqui parar pela primeira vez quando era ainda adolescente no verão de 75 - ano da efeméride da liberdade. Lugar de eleição para se comer e verter águas a caminho dos Algarves. Tanta afluência de gente que aqui parava - enchia cafés e restaurantes, ainda dava tempo para apreciar o bom artesanato em cobre, latão e cortiça. Falo de Montemor o Novo com o centro histórico altaneiro e vista fabulosa sob a planície alentejana. Voltei outras vezes, fiz as mesmas coisas, aqui  haveria de voltar para comemorar o meu aniversario - 45 primaveras, desta vez em caminhada percorri ruas e ruelas desconhecidas do burgo, subi a grande escadaria a caminho do castelo, uma vez  lá, deambulei de um lado para o outro a ver a paisagem, as ruínas, o jardim e,...deleitei-me nas muralhas a sonhar com uma papoila nas mãos. Adorei conhecer o monte histórico, julgo que na altura a única coisa que me fez confusão foi ver num dos  conventos uma discoteca...passei o tempo a abaixar-me na louca procura de caquinhos de faiança do século XVIII e XIX - a terra lavrada deixou-os à vista  - sem rodeios em dia de aniversário dei uma prenda a mim mesma: fingi que estava magra!
Em rota de despedida do monte altaneiro pela estrada  vislumbrei o Museu aberto, senti que  tinham vontade de fechar para almoço...sem ter batido as badaladas!

Ontem na feira só vi trapologia e objectos em prata, será que veria mal?
Velharias - essas sim, muita coisa e boa!
A feira desenvolve-se em lugar estratégico, depois do cruzamento para Ponte de Sôr a seguir à Rodoviária o recinto acompanha o passeio ao longo da estrada principal, com bom parque de estacionamento, casas de banho, uma mais valia, limpas - falta sabão.
Na boca do Sr. Custódio - "se não houver lugares, entra-se pelo cemitério adentro"...organizador da feira - homem de cabelos grisalhos, uma simpatia, melhor impossível, dá uma palavrinha a todos, pergunta como está a correr o negócio, e ainda o vi a tomar conta das bancas do Sr. Carlos e da esposa D. Maria de Lurdes enquanto foram almoçar. Um homem baixo, mas alto em personalidade!
Tomei conhecimento do certame através da Luísa na feira de Vendas Novas, funcionária na Câmara, mal a fui cumprimentar ofereceu-me a mim e aos demais, inclusive a um casal de potenciais compradores que passava no momento, fatias de bolo de iogurte com banana que fez de véspera, apesar de ter vindo a Lisboa participar na manifestação da abolição de Juntas de Freguesia. Fez-me lembrar o  Pão de Ló, húmido, doce da minha mãe. Pequena de estatura mas grande mulher, o tempo dá-lhe para tudo, é muito despachada, tal e qual a comparo com a minha comadre Odete!
No entanto, a 1ª pessoa que estabeleci conversa foi com o colega  David que conheço das feiras de Paço D'Arcos e Algés, estava ao telemóvel, na minha mania de inventar "acredito que a conversa era com o Nuno,  perguntava -lhe se a mãe dele aparecia em Oeiras para montar banca" - respondeu " que ela não pensava ir!
Revi o Sr. Carlos e a esposa D. Maria de Lurdes, sempre simpáticos e atenciosos. Reconheci outro colega que não sei o nome, vende prata. Comprei uma miniatura de uma sanita a fazer de cinzeiro, um saleiro de duas covinhas e asinha ao centro e uma moldura ladeada com a beata Saozinha e um crucifixo.
Conversei com o Sr. António, alentejano de gema, boa figura, 58 anos, cara tisnada pelo sol da feira de Estremoz e de outras, já que não usa chapéu, vale-se da forte cabeleira . Gosto do ver vestido de bata cinzenta na arrumação do estaminé - muita calma , sem pressas, depois de tudo exposto veste o seu lindo casaco de antílope - um homem charmoso. Se há coisa que adoro ver vestida num homem é - antílope.O Sr António - para os amigos Igrejinha, agora anda com um caozito lindo - grande o carinho como dele trata, nunca se esquece de por uma malga com água à sombra para ele se refrescar. Um senhor - sempre na companhia do seu fiel amigo Óscar!
Talvez por isso mesmo ultimamente tem sido a estrela escolhida nas reportagens televisivas feitas sobre o negócio de velharias.  No meu giro após o almoço ao passar pela mesa improvisada onde ele e outro amigo, o Laureano degustavam couvetes compradas no  Pingo Doce: feijoada de choco, bem servida, acompanhada com vinho do melhor, uma pomada de 14º de Évora, ainda tinham uma palete de queijos estrangeiros,vteimaram para comer, provei o roqueforte, e saboreei o nétar do tinto, apesar de só cobrir o fundo do copo numa de os acompanhar - sim nestas coisas alinho sempre, nunca me faço de rogada!
O Sr. Laureano, outro alentejano, louro, sardento, igualmente alto e chapéu à cowboy, muito falador, a esposa não alinha, vi-a atrás da  banca sentada, quando a instiguei para se juntar à festa disse-me" ele só quer vinho". A fazer parelha na conversa do almoço - o "Manel Ourives" estava de pé , disse que gostava de fazer a feira de Tomar onde tem um contato que lhe arranja rodas de carroça. Muito boa gente. Vendem sobretudo quinquelharia em ferro, latão, cobre, madeira e loiça. Bem - com o trago do néctar, deitei o copo  num saco de plástico que estava no chão...naquilo a Ana Rita disse-me "é para fazer companhia às bananas"...reparei o erro - pedi desculpa, o raio do caixote do lixo estava a um metro, afinal. Isto do álcool subir à cabeça é do Katano!
Abanquei entre dois colegas que já tinham as suas bancas armadas e compostas com a mercadoria. De um lado um casal na casa dos 40 de Carcavelos - Isabel e o Rogério. Tinham artigos variados: livros, loiças e bijutaria, tudo bem distribuído nas bancadas com os preços. Venderam bem.Simpáticos e afáveis.
Do outro lado igualmente outro casal da minha faixa etária vindos da Marinha Grande - Henrique e Ilda, grandes bancadas com vidraria, na frente roupas e algum  mobiliário, ainda tinham para venda um triciclo anos 60 igualzinho ao da minha irmã que acabou em trator da nossa mini horta atrás da casa, um canteiro que o nosso pai nos disponibilizou para as nossas sementeiras - na verdade as primeiras batatas a comer em casa eram as nossas, e o feijão verde igual..

Boas as conversas quando não havia fregueses...falou-nos do seu tempo que trabalhou no vidro,como era feita a cor " casca de cebola" a temperaturas muito altas. Explicou-me que os filamentos pretos da aba do cestinho que eu tinha na banca  eram fios de cristal. Ainda falou sobre a arte do vidro branco e azul da fábrica Irmãos Stephans numa de imitar Bacará, disse o nome...
O Simão - "rapaz" de chapéu de palha rotooo...vende livros, parou ao passar na minha banca.Instruído, sabe o que diz, não come carne, só peixe, muito menos de porco, quando o meu marido lhe disse que tinha comido uma bifana à maneira, nada haver com a que tinha tragado em  Vendas Novas - enfezada, fina, esta grossa e saborosa! O Sr Carlos, lastimava-se da carestia do bitoque, 6€...como sempre levei farnel onde não faltaram morangos, chocolate ,amendoins, água e pão de forma integral com frango.
Reparei que a Luísa foi almoçar, deixou apenas a banca exposta, o terrado do chão já o tinha vendido, apenas uma saladeira de Sacavém saltou para a banca. Enfeirou bem, é da terra, sabe quem tem dinheiro!

Reparei também nuns pratões de faiança de Coimbra a muito bom preço, dois foram vendidos ainda de manhã.Ainda uma linda travessa oitavada com motivo casario e uma maravilhosa e resplandecente terrina que me ficou na retina - o pé não é raso como os demais, é aberto, denota um fabrico com sabedoria, não é coisa normal, sim refinada, agora saber a origem?. O motivo cantão popular numa versão com semelhanças a Miragaia em tonalidade escura. Noutra banca vi um conjunto travessa e terrina mesmo motivo, pasta muito grosseira e pesada e tonalidade azul clara. Na banca da D.Isabel apreciei uma escarradeira de Sacavém , branca, o preço apesar de o ter baixado, ainda caro para mim, não a trouxe comigo!
Noutra banca havia bilhas das Caldas e púcaros de duas asas, lindíssimos.O estaminé do David  "pobrezinho" nada comparado com o que conheço  por aqui...sorte a dele, ficar ao lado do Nuno onde compra barato peças excecionais, enriquecem qualquer banca como a da Luísa , seu fornecedor.

Podia ter feito "uma boa feira"... vendi um pratão de Sacavém e outro do cavalinho, caixinhas de miniatura, fósseis do Cristo Rei, livros e até rótulos do vinho Benfica do Arialva. Mesmo assim fiz o dobro de Torres Novas. Deixei de vender peças ( bule, jarra, terrina e...) porque "quem tudo quer tudo perde"...vou ter de aprender a ser mais esperta, fazer o preço a contento do cliente com a dica " é para ficar freguez"...
Gostei muito de ter ido à feira de Montemor o Novo. A meu ver a Câmara que sei vai legislar a mesma e cobrar pela utilização do espaço, no meu entender deveria ser mensal, para o cliente se habituar a enfeirar e também o vendedor se fidelizar, já que com o intervalo tem de arranjar alternativa!

Andava na feira uma senhora de boa estirpe cheia de compras...perguntou-me se sabia de um vendedor que vendia quadros...que lhe tinha vendido um "Pé- curto"(?) cuja  certificação, aguarda há mais de 6 meses e,...bem, vi um elemento GNR a acarretar sacos para o seu Mercedes!
Ameaçou chuva, ainda recolhi os livros, esqueci-me de levar o plástico.
Na vinda a 5 mn de caminho a berma da estrada estava cheia de "escardoça",assim chamada por terras de Ansião,  vulgo granizo!
Espero que o Sr António que ficou sem vontade de arrumar não tivesse sido surpreendido com a trovoada!
Disse-me que não tinha pressas " não tenho mulher à espera"...remendou " até tenho"...
Dizia-me o Sr Lauriano  - "então domingo vamos comer uma sopinha de tomate a Évora", respondi, tenho de convencer o meu marido, se estiver bom tempo, até sou bem capaz de ir.Também a Isabel me perguntou a próxima feira onde vou, falou-me de Ponte de Sôr, sobre a das Caldas disse que havia muita areia, sujava-se tudo.O Sr Henrique e a esposa ponderavam fazer a feira anual de Figueiró dos Vinhos, este ano como não vou à terra não a  faço.
No recinto vi andar uma senhora com uma máquina de filmar. De longe julgo que me apanhou, fazia-me também para os planos das minhas fotos!
Ao chegar a casa depois do duche sentia a cara quente. Culpa deste chapéu esburacado, tenho de comprar outro de aba mais larga.
Coisa para voltar!

Seguidores

Arquivo do blog