terça-feira, 16 de abril de 2013

Coimbra nos meus tempos de cachopa...

Foto para o meu 1º cartão da saúde, do Ministério da Justiça, com a franja cortada pela minha irmã em brincadeira de crianças a brincar aos cabeleireiros...
Euzinha em adolescente
Foto tirada em Coimbra com a minha querida mãe em julho 2010

Desde sempre visitei amiúde Coimbra -, a cidade onde nasci na companhia da minha mãe. Em véspera do início da escola fomos na carreira do Pereira Marques , ao passar a Cruz de Morouços, bem no alto aonde se começa a avistar o Mondego e a cidade, a  chegada da hora de começar a ouvir reparos e repreensões ...
  • ” se te portas mal em Coimbra, se te perdes de mim, se foges, se começas a pedir que queres isto e aquilo, a ponte vai cair quando a camioneta passar... “ grande trauma em tão tenra idade...
Café Nicola…onde se tomava o pequeno almoço, chegava-se o empregado  à mesa de bandeja  na mão e pano branco pelo braço, delicado perguntava ...
  • “e para a menina o que vai ser? ”… aqui pela primeira vez  bebi galão, abri um pacote de açúcar refinado, comi uma carcaça cozida em forno elétrico e saboreei uma pata de veado dividida por fio de canela...uma delícia de fofura!
Rua Ferreira Borges
Vendedor de loiça decorativa de Conímbriga e Coimbra… durante anos com estandarte na frente da porta sempre fechada nas escadinhas da igreja românica de S. Tiago , um hábito enfeirar -, a minha mãe comprava sempre alguma peça decorativa , fossem pratos vazados com quadras com a  graça da aba aos buraquinhos ou estatuetas de estudantes de Coimbra, cestinho e,...Ainda existem peças.

Igreja S. Tiago
Ao tempo a única loja de chinos... que conheci uma vida instalados numa minúscula cave de gaveto na Praça Velha -, grande desfile na rua de estandarte com as novidades de cintos, sacos, bijutaria, travessões, escovas, chapéus, carteiras, porta-moedas e, …  


Casa Jorge Mendes… onde a minha mãe comprava cortinados, lençóis, toalhas, tapeçarias, uma casa infindável com tudo do melhor na voga para o lar. 
  • Ao meio da manhã a correria para o sanitário público instalado ao meio das escadinhas entre a Praça Velha e a Rua Ferreira Borges. A empregada uma senhora obesa sentada na cadeira tirava o talão amarelinho, cobrava-se de cinco centavos. 
  • Corriam-se os bazares, as lojas de pronto a vestir, a de tecidos , vidros e loiças do Saul Morgado.
Serviço da minha mãe  comprado no Saul Morgado
Claro a visita ao cabeleireiro favorito da minha mãe o Sr Monteiro ainda a funcionar no 1º andar da Rua Ferreira Borges , não era inédito para mim -, já conhecia o Sr Franco do Pontão a pentear senhoras. Uma das manicuras era a mãe do Goucha. A minha mãe distinguia-o com a preferência do seu dom para a pentear, enquanto isso o ouvia dizer  em voz alta com satisfação  " D. Ricardina a senhora é dona de belo e bom cabelo cor d’oiro..." - prazer sentia ele em os moldar na efémera imitação dos penteados da moda que saiam nas capas de revista -, no caso iguais ao da Grace do Mónaco
Pior a minha sorte. Sofria na sala de lavagem de janelas de guilhotina para a Praça Velha com pombos a deambular em círculos que nada me ajudavam a voar... sentada sobre um monte de listas para encaixe da tenra cabecita no lavatório  as "lavadeiras de cabeças" -, mulheres feitas conversavam sobre a vida alheia umas com as outras, enquanto os seus instrumentos de trabalho "unhas de meio metro" dilaceravam a minha cabeçita em movimentos sucessivos de forte violência na esfrega copiosa (sujinha estaria, na altura a lavava com sabão azul e branco, a lavaria mal (? …) de tal forma que condoída de dores sem poder dizer nada, no tempo não tínhamos opinião...manifestava-me rebolando de um lado para o outro, havendo alturas que resvalava das listas...as ditas senhoras nunca se condoeram, perdidas que estavam com as conversas alheias e se esqueciam da criança de moleirinha mole…  "lixada e mal paga" ficava a minha cabeça de pele fina logo ali a rondar sangue… 


O Mercado D. Pedro V… sentir aquele buliço -, no entra e sai, um corrupio de gente. Adorava desfrutar o colorido da fruta, das abóboras, das hortaliças, do aligeirar das queijeiras do Rabaçal a tirar os panos de estoupa das canastras abarrotar de queijos frescos, meia cura e secos , de ver os alguidares com azeitonas de várias qualidades, ouvir os pregões das vendedeiras - "freguesa compre arrufadas acabadinhas de sair do forno", dos quiosques ao meio das escadarias com broinhas típicas de fruta cristalizada, do pão fino, mistura  e de centeio, pastéis de Tentúgal e de Santa Clara, dos cesteiros com vergas em vários tons, dos talhos em fila com a carne cortada como nunca antes enxergara -, tiras de entrecosto finas que nessa altura chamava costeleta, da boa "passarinha" assada na brasa -, contrapeso das iscas, dos cabritos com a ponta do rabo para caso de dúvidas do freguês… ainda as bancas de roupas e de flores e da praça do peixe -, da peixeira de Buarcos -, senhora alta, formosa de cabelo preto e pele alva igualzinha à minha avó Piedade que nenhuma irmã se parecia tanto com ela como aquela mulher!
  • Gostava do frenesim dos elétricos e dos tróleis na baixa, das tricanas de socas e aventais atados em grandes laçarotes com lenços pela cabeça, dos ardinas e dos estudantes engalanados de batina -, uns doutores , outros fudricas!
  • A caminho da farmácia Luciano e Matos onde sempre íamos comprar cremes, perfumes, e pirexs da América em cor laranja uma novidade.
  • Perdia-me a contemplar a Igreja de Santa Cruz ...sem perceber o porquê do desgaste da pedra do grande portal, anos mais tarde soube que se tratava de pedra de Ançã -, macia de fácil manuseamento que a maldita erosão não perdoa, no seu interior alberga o túmulo do Infante D. Henrique mandado construir pelo rei D Manuel I quando passou em Coimbra a caminho de Compostela em 1502, tal requinte do minucioso trabalho na pedra, almofadas, elmo, armadura, qual bordado na perfeição.
No tardoz o lindo Jardim da Manga fazia-me lembrar a charola do Convento de Cristo em Tomar de cariz romântico com os repuxos a imitar Conímbriga. 


Euzinha no Jardim da Manga


O “Portugal dos Pequenitos” onde fui tantas vezes com os meus pais para voltar com a minha filha. A entrada ladeada de pajens de trompete, no meu tempo fechada entrava-se na lateral da rua da Quinta das Lágrimas.
  • O que eu gostava de entrar nas casas pequeninas, enfiava a cabeça nas janelas com tabuinhas entrançadas verdes, a minha irmã atrás de mim imitava-me até ao dia que voltámos e mal cabíamos na porta - a alegria dos nossos pais na explicação da história de cada monumento nacional aqui reproduzido em miniatura, ainda pavilhões alusivos às províncias ultramarinas onde se apreciava as diferentes culturas do vasto território nacional e ultramarino. 
  • Jardim muito lindo, bem arquitetado numa obra de mestre onde funcionava o jardim-escola Dr. Bissaya Barreto forrado a azulejos com bonecos, frontaria em semicírculo quase na extrema com a Quinta das Lágrimas.

  • Coimbra a cidade maravilhosa dos amores de Pedro e Inês - único romance que devorei numa correria desenfreada -, verdade seja dita julgo por o texto  escrito em letras gordas fez que a leitura fosse rápida… 
Conheci a Quinta das Lágrimas em quase abandono, hoje revigorada em turismo chique e histórico. O mesmo com o Convento de Santa Clara a Velha muitos anos assoreado era incrível ver a terra ao  nível de altares...hoje de novo limpo e restaurado voltou a ter o brilho e fausto do tempo que a Rainha Santa Isabel o mandou edificar.


No tempo que trabalhei na cidade nas telecomunicações de Portugal como assalariada a prazo em 78 ficava com o coração apertado com o corropio de ambulâncias a caminho dos Hospitais da Universidade...num tempo sem telemóveis...
  • Um final de dia depois do trabalho de volta a casa passava por mim a de Ansião -,num impulso forte subi a correr a grande escadaria, sem fôlego cheguei às urgências, tinha sido um acidente com um rapaz da Sarzedela o Mercantil (?) lembro-me dele dos bailaricos...
  • Pior foi ao sair do hospital ver o aparato de gente atrapalhada junto de uma rapariga que estava no átrio em cadeira de rodas,  - a coitada tinha-se masturbado com uma garrafa, com o vácuo que se gerou -, a malvada não saia... ninguém se lembrou de a partir…(dizia por entre dentes um enfermeiro)...
  • Estupefacta nada sabia sobre masturbação, a primeira vez que ouvi o termo...desta forma tomei conhecimento de assuntos tabus que nunca antes tinha ouvido falar.
Boas as recordações ir de táxi do Sr. Estrela ao Calhavé na companhia da minha mãe, que aqui se dirigia a consultas de nome caricato “ Médico das doenças das Senhoras”...
  •  Adorava passar junto ao lindo “arco em “U” virado ao contrário defronte do estádio que hoje lamentavelmente não existe mais. 
  • O que eu gostava de percorrer o Jardim da Sereia, apreciar a cascata cheia de avencas e o ar fresco e sombrio que me reportava para o Buçaco ou Sintra. 
O Penedo da Saudade com vistas  sobre o Mondego onde os  penedos com versos escritos a negro de poetas portugueses fazem o encanto do lugar. 
Decorei um nesse tempo que reproduzi vezes sem conta nas fitas de finalistas de filhos de amigos...
  • Se recordar é reviver todo o nosso mal e nosso bem é vontade de ter toda a sorte que ninguém tem!
A minha primeira vez sozinha a Coimbra…aconteceu após a  inauguração da Estação de Correios em Ansião. O almoxarifado -, pelouro atribuído à D. Maria Augusta Morgado da limpeza e manutenção do mobiliário apresentava sinais de dificuldades em ter de se contratar uma empregada -, atenta ofereci-me para fazer a tarefa da limpeza depois das aulas no Externato até contratarem alguém.De ordenado recebia 1.980$00 para ajudar nas despesas da casa -, o meu pai falecido, a minha mãe não recebia reforma, tinha 16 anos vivíamos as 3 com o seu ordenado. 
Entristeceu-me na altura ouvir por entre dentes pessoas  comentarem..."coitada da cachopa a limpar o correio" ora essa, coitadas elas que o falavam da boca para fora, desde quando trabalhar era desonra? Que eu saiba o trabalho nunca fez mal a ninguém, muito menos a mim e à minha irmã que de tudo em casa e na agricultura nos empenhamos em aprender e fazer, pelos vistos teimamos continuar!


Foram três meses, no último a minha mãe deu-me 20$00 o que perfez dois contos -, com a minha "pequena fortuna" na mão decidi ir sozinha pela primeira vez a Coimbra na camioneta do Pereira Marques. Embarquei na vila numa segunda-feira com o Toino “Tarouca” a atazanar-me a cabeça, andava na altura no quartel de Santa Clara na tropa, também quem era passageira -, a Fátima sobrinha da Isaura “Reala” que se sentou ao lado dele numa de conversa de disputa de interesse em o namoriscar … aquela era esperta enganou-me bem...
Comprei lembranças para todos, ainda me fascinei na  loja de novidades e bijutarias dos chinos onde comprei um cinto branco para a minha irmã e para mim uma fita para o cabelo , na loja da frente comprei umas botas de camurça e na Briosa saquinhos de bombons para a minha mãe e prima Isabelinha que adorava, na altura dava-me explicações de francês.
  •  Bom foi sentir dinheiro no bolso, ser livre para viver um dia de recordações inesquecível em Coimbra na minha primeira vez... sei podia ter aproveitado melhor se tivesse aceite o convite...que declinei!
Gosto de entrar em tabernas ou tascas ainda tradicionais engalanadas à antiga com o ramo de loureiro a chamar a freguesia para comer uma boa  sandes de leitoa .
Nesta numa viela estreita da baixa Coimbrã.
    Taberna ou tasca em Coimbra
Chego sempre a COIMBRA morta de saudades e parto com desejo de voltar para ver de novo o Mondego , as ruas e vielas, a arquitetura, a torre da cabra, a muralha, reviver lembranças dos meus tempos de cachopa...amo Coimbra!
  • Boa terra para se  namorar... sempre assim dela se escreveu. 
  • No dia que aqui fiz o exame do 5º ano fui abordada por uma cigana na ponte que me leu a sina, disse que casaria com um Luís...acertou pois ainda não o conhecia e à minha amiga Fernanda Carvalho da Sarzedela também acertou com o marido Bernardino!
Sinto a cada dia menos gente na cidade e disso tenho muita pena!


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Voltei à feira de velharias de Azeitão em dia de calor como se fosse verão

Ouvi dizer no recinto que o  palacete altaneiro ao cimo do  jardim da vila de Azeitão esteve à venda por um milhão e meio de euros...Ouvi falar do antiquário que daqui tirou uma grande mesa...Do palacete não sei se o imóvel mudou de dono!
A feira espraia -se  na sua frontaria apresentava-se pelas nove horas num andarilho de gentes, velharias, artesanato, clientes e mirones de ocasião.
 
Ao longe descortinei a D. Lúcia  com uma comitiva de gente atrás dela na espera de lugar para  abancar, onde me juntei. Mais uma vez pude constatar com agrado que não me enganei  quando escrevi sobre o perfil desta zeladora no sentido da  sua notória diplomacia -, cariz calmo e profissionalismo com que presenteou a contento, todos os presentes . Tive a oportunidade de observar um caso de negligencia na usurpação do limite de um dos espaços onde mostrou muita classe ao explicar a situação, depois ainda lhes disse..."deixem estar, já montaram tudo, mas tem de perceber que a banca se monta de nº a nº ,e não se pode ultrapassar, pois já ocupam o lugar para outro colega." No caso tratava-se de pessoas que andam nestas andanças à pouco... Supostamente ainda não se deram conta de meandros e regras porque fazem outras feiras onde a organização não é rigorosa pelo número restrito de feirantes .
  • Há quase um ano sem voltar, ainda se lembrar do meu apelido, no mínimo achei enternecedor!
Acabei por ficar na entrada principal onde sempre fiquei das outras vezes. Ajudou-me nos caixotes o Paulinho de Setúbal - um gentilmen...
Na boca de colegas apareceram excursões de "Miranda pronunciado em sotaque espanhol..." sob o meu espanto a pensar em Miranda do Corvo ou do Douro -, diz-me o colega de artesanato que estava ao meu lado "Mira e anda"...Passeiam e nada  ou pouco compram , porque o que aqui se vende é quase tudo transacionado entre colegas...
  • Não vale a pena levar livros...O que tenho sentido!
Há gente que gosta de comprar lixo (?) entenda-se objetos estranhos, aparentemente sem utilidade alguma e,...Francamente estranho o fenómeno -, mas entre o chamado lixo em estaminés de chão  sempre se encontram preciosidades, e depois ninguém tem nada com isso, apenas o saliento por achar interessante no desenvolvimento de monografia temática, no deslindar  perfis de clientes de velharias.
  • Senti haver vendedores que não devem estar credenciados, neste agora neste negócio para sobreviver à crise, vendem ao desbarato a colegas para faturar... Os ouviria em final de feira a penar entre dentes, em desabafos sentidos de honestidade...
 A feira não correu mal...Apareceu o Sr Eng de Setúbal, procurava uma garrafa em "casca de cebola" por ter partido a dele, também apareceu um casal muito simpático que se está fidelizando cliente, desta feita levaram um prato com decoração floral ao centro e estrelas na aba com bicos azuis no rebordo de Aveiro.
  • O homem da feira  para mim eleito de seu nome Zé Manel que já conhecia de outras feiras mas nesta onde falámos mais. De realçar o seu porte atlético, alentejano, de belo chapéu à cowboy , muito simpático com humor. Dizia-me "sou filho de mãe russa e pai inglês"...perante o meu olhar de espanto rematou " a minha mãe tem apelido, russa -, e o meu pai alcunha do inglês, acabou por ficar no meu nome, das minhas duas filhas e agora no nome dos netos..." curiosa perguntei-lhe o porquê...diz-me" era arruçado de cabelos, olho azul e boa figura como eu, que saí de olhos e cabelos à minha mãe tal como o meu irmão"...
Falou-me das migas à alentejana que na frigideira devem saltar com força para sair pela chaminé a correr para as apanhar na porta da cozinha...
Tabelei conversas com a D. São esposa do Aroucha que confessou ter vendido umas medalhas, pouco mais de 20 € faturados, melhor se safou o Moreira a vender lixoos que até se surpreendeu...
  • O Sr Carlos trazia uma bela camisa em tons rosa  na véspera na feira da Moita e de tarde na da Amora faturou  bem,  até a mulher estranhou...Também fiquei feliz por ele.
  • O Rogério com  o estendal de ferro velho comprou uma panela de 3 pés rota que disse ir remendar...
  • Na banca da D. Helena a mais chique, e de artigo caro tal como a da D. Carolina e do Sr Pedro e,...
  • Remato com o artesão das vergas, a Carla que reencontrei depois de Alcochete, o Sr Peres e o Sr António que teimam ficar na banda de fora do recinto.
Travei conversa com o "cigano António" de Portalegre com parte da sua banca prostrada no chão-, a quem perguntei pelas melhoras do pai Orlando, reparei que gostou, aproveitei para lhe  dirigir cumprimentos e rápidas melhoras, na certeza de me guardar o prato com o "peixe em tons azul melado que se lhe partiu no tripé "passados meses será que ainda sabe dele?
  • Senti o Santiago em baixo, nem piropos me agraciou como de costume, tinha três peças das Caldas muito interessantes a bom preço: um cão em pose; um galo paliteiro e uma caneca com bicos tipo ananás e flor abaixo do bico.
O Paulindo de óculos em aro branco e chapelinho na cabeça com ares de  hippie com a esposa Clara safaram-se com a venda do carrinho vermelho a um colecionador.


Na banca da D. Carolina fotografei um prato em tons verde para  comparar com um meu muito semelhante que julgo atesta autenticidade de Coimbra. Nesta banca há muitas e boas peças!
Na banca do Vitor fotografei duas travessas e molheira da Fábrica Sacavém.
Descobri este prato com motivo romântico com o palácio S. Marcos em Veneza da fábrica de Alcântara.
 
Na banca do Sr Pedro fotografei uma travessa em tons séptia que pode ser Sacavém ou Vista Alegre antes da porcelana, quando faziam experiências em pó de pedra, fazia-me um bom preço...
Redescobri a Ana Luísa Barros , esteve comigo há quase um ano, vende artesanato que ela própria faz.
  • Noutra banca de velharias conheci a Fátima  com o marido onde pedi para fotografar um grande prato de faiança de Coimbra gateado..Não pude trazer achei carote...
 
Travei conversa com uma senhora de olhar lindíssimo e de extraordinária apresentação  vestida de camisola azul bebé com florzinhas -, D. Maria do Carmo que se fazia acompanhar de outra amiga igualmente bela, D. Helena...perdoem se não são estes os seus nome, nesta feira contatei várias pessoas  e corro o risco de lapso de memória...confidenciou-me gostar de pintura.
  • relatou-me um triste episódio com uns colegas meus que lhe encomendaram uns restauros em tempo... no pagamento houve desacatos de má fé por parte deles...
Gostei francamente da senhora que me pareceu delicada, inteligente e muito sensível. Deixei em aberto a hipótese de levar da próxima vez  duas peças para ver se as consegue restaurar. 
  • Deixei Azeitão com os pés amassados de cansaço tal o calor, apesar dos sapatos da Lacoste com sola em cabedal ...o uso continuado de saltos altos durante 30 anos deformaram os meus ossinhos  dos pés delicados de origem fenícia...do que me restava de mais belo na minha fisionomia desses genes de longínqua dinastia!
Comprei um prato de bolo em vidro com 4 pezinhos, amoroso, e uma toalha enorme em linho com bordado a  tear, monograma a vermelho e renda no colega Moreira que me fez um bom desconto.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Caminhos por entre muros de pedra seca na serra da Fonte da Costa em Ansião

Vistas  de Ansião da encosta da Fonte da Costa
Adoro os trilhos de antigamente ladeados por muros de pedra seca.
  •  Muitos encontram-se abandonados, outros assoreados. 
  • Praticamente quase ninguém se atreve a caminhar de novo neles, desde sempre os trilhei  na companhia da minha irmã para atalhar para as nossas fazendas, passear em aventuras e descobertas.
Na Barroca do Bairro de Santo António -, antes do Pinhal um desses caminhos no entroncamento para o Ribeiro de Albarrol nos últimos 40 anos ficou com o tempo assoreado apresentando-se hoje ao nível do limite dos muros de pedra das fazendas confinantes...sendo que era o traçado da antiga estrada real que no século XX foi retraçada ao nível  acima deixando ficar uma língua de terrenos de vários proprietários que no momento julgo só serem de dois, sendo que um deles descaradamente daqui a anos vai unir a pequena quintinha com a língua usando o caminho que está entre ambas...
  • Sendo  o trilho do caminho antigo público não devia. Isto acontece porque quem manda, quem tem autoridade não conhece Ansião desses tempos. O que se lamenta e muito!
Havia outro caminho assoreado que parte do Bairro de Santo António na direção da quelha do Vale para os Escampados -, julgo foi reaberto o ano passado porque o proprietário entestante com a estrada de ligação aos Escampados no gaveto da propriedade com o caminho abriu um grande portão na sua frontaria .
  • Outro caminho  foi vandalizado e fechado para sempre  há 3 anos na encosta da serra da Fonte da Costa ao lado de uma antiga pedreira desativada. Terreno roteado para plantio de eucaliptal cortaram sem dó nem piedade o caminho pedonal ,e não deviam - só existem duas  metades - no início e na parte final - o meio desapareceu O que parte da fonte  está também quase a ficar assoreado com o corte de madeira,  os pés dos pinheiros assolaram o caminho por o terreno ser de barro vai até à extrema do plantio, retoma após o limite da extrema com o caminho  que termina na estrada da Costa.
Na Costa existem vários caminhos ladeados por muros de pedra solta.
  • Vou falar do caminho que parte da estrada alcatroada antes do barracão numa curva. Desce a encosta ladeado por muros de pedra seca  -, pena as árvores que vão crescendo dentro dele, devia ter manutenção por quem de direito, pela Junta de freguesia.Apresenta-se no início em bom estado até que inesperadamente se encontra há frente um grande pedragulho, acredito  ali posto quando as máquinas roteavam o terreno do vizinho que plantou o eucaliptal .
  • Pior foi o seu propietário por ter duas propriedades frente a frente  com o caminho de permeio decidiu abrir os muros de ambas para supostamente as ligar numa só...valeu na altura a intervenção do filho do "Latoeiro" que na visita do pinhal de família, mais à frente entre as minhas propriedades,  ao se deparar com tal despautério,  chama a GNR para ver tal desplante de atitude na apropriação de Bens Públicos.

Após esse incidente fui ao local ,no meu jeito atrevido disse à pessoa em questão, que deveria limpar o caminho como lhe tinha sido ordenado pela GNR...o que fez mal, e porcamente...
  • Mais à frente o caminho vai estreitando ao limite da minha propriedade e da do tal vizinho "oportunista" contornando-a para se ligar a outro caminho que parte na extrema da casa  do "António Arrebela" na direção do poço da CUF, acredito no passado ligaria à Igreja Velha.
Há meses paguei 50€ ao tal vizinho entestante para limpar o caminho que ninguém passava por ele há mais de 50 anos... nesta Páscoa fui apreciar se o trabalho tinha sido executado, não o encontrei totalmente limpo de árvores na sua totalidade, pior os muros terem abatido ao longo dos tempos...

A minha irmã encaminha-se para curvar o caminho
A minha irmã de regresso depois de curvar o caminho
A minha filha no trilho do caminho ao lado da nossa propriedade
Na frente da minha propriedade e da minha irmã - A comprida


A comprida com 20.000 mts
Vistas da vila de ansião lá do alto da COSTA
Caminho de ligação às propriedades - pinhal da família do latoeiro onde se nota pinheiros caídos que o vendaval deste ano deixou pelo chão...
Propriedade da COSTA DA FONTE com vista deslumbrante sobre Ansião
Na estrada de ligação da minha propriedade junto ao muro da extrema da Celeste Borges onde plantei uma pinheira
  •  Estes caminhos deveriam voltar a ter vida sendo excelentes percursos pedestres. Quem de direito deveria apostar na sua preservação e manutenção com os muros derrubados de novo levantados para serem usufruídos pelas pessoas em caminhadas.
Pois as vistas são um autêntico...
E ainda revitalizar o pé do munho que até as pedras da eira se dignaram roubar!
Seria parecido com este que vi no Porto Santo!
  •  POSTAL ILUSTRADO SOBRE A VILA DE ANSIÃO!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sem regras a feira de velharias no adro do Convento de Santa Clara em Coimbra

Entusiasmada por colegas na feira de velharias de Figueiró dos Vinhos rumei no 1º sábado do mês a Coimbra para fazer a feira SEM REGRAS no adro do Convento de Santa Clara.
  Levei a minha mãe que gosta destas andanças.Cheguei antes das oito da manhã seguindo as coordenadas trilhando uma estrada secundária de terra batida com buracos cheios de água , num repente entrei no relvado adjacente ao Convento, subi uma rampa atrás de outro carro, deparei-me com o recinto completamente cheio de vendedores  tive de ir abancar ao fundo na calçada na curva da estrada.
  • Constatei tratar-se de uma feira da ladra onde na maioria é gente de todas as idades a vender roupas e sapatos em 2ª mão. Há outras bancas com espólio de heranças e bens de casa que no momento se desfazem para superar dificuldades, fatalmente o que ouvi de alguns.
Havia uma meia dúzia de bancas com mercadoria boa -, e até algumas com preços extraordinários para negócio, mas não ia com espírito para compras, mais para vender, e vendi pouco, porque os vendedores de ocasião vendem tudo ao desbarato -, tudo o que recebem é sempre lucro-, e com isso estragam as vendas dos colegas com o mesmo artigo...não me contive e tal transmiti ao colega que estava ao meu lado quando o vi vender um candeeiro de petróleo por 5€ -, há 15 dias só uma chaminé de bicos custou-me 8...
  • Falei com muitos colegas, cada vez vou conhecendo mais...Sr Zé, D. Helena e Tony todos de Pombal, Jorge de Coimbra, e um casal novo na sua 3ª feira - Paulo Pinho homem bem parecido vestido de negro a fazer jus à barba  e aos cabelos ondulados meio compridos, adora fotografia -, tirou algumas no recinto a preto e branco,- a esposa Agnes  de Monção nascida no estrangeiro provavelmente filha de emigrantes, senhora lindíssima que poderia ter sido Miss Portugal tal a beleza exótica e pele porcelana -, vinham da cidade da Feira num jipe vermelho para venda de stoks de roupa  de grande qualidade e outros artigos ,- comprei-lhe um par de calças que adoro. Casal muito simpático e afável com 19 anos de relação, de aparência mui jovem e moderna, simples, agradáveis na conversa, sempre atentos em aprenderem mais -, o Paulo confidenciou-me "hoje aprendi muito nesta feira" sem sofismas de gente de cabeça oca, antes gente boa, educada, descomplicada que dá prazer manter amizade. Adorei conhece-los fosse pela conversa ou pela partilha de histórias...dizia o Paulo "o meu pai faleceu  não tive tempo de lhe dizer o quanto gostava dele e,..."no final da feira o Paulo mostrou-se muito gentil  ao oferecer-se para me tirar o carro...quando o estacionei nem reparei que pela frente não era uma rampa como me pareceu, antes uma escadaria com degraus largos...devagarinho roda a roda o tirou, ainda ajudou a arrumar os caixotes. Julgo no domingo iam para a feira de Miranda do Corvo. 
  • Na minha frente montaram estaminé duas raparigas com roupa em 2ª mão, ao fim de uma hora por nenhum freguês lhes perguntar fosse o que fosse levantaram a tenda e partiram...estavam cheias de sono da nigt...
  • A outra ao lado trouxe duas caixas com vasinhos em cerâmica, neles plantas de salsa, reles, amarelada, e mui frágil a cair com o sol...sentada na calçada esperava freguesas...só enfeirou um, desolada levantou arraiais, pirou-se da feira.
Ao meu lado ficou a Tatiana de Poiares rapariga gira e modernaça mas de língua afiada para asneiras e que asneiras, até arrepiava ... "chisa penico" porque sendo bonita e simpática as asneiras assim ditas a torto e a direito não se coadunam, no meu parecer.
  • recebeu a visita de uma irmã que trabalha numa pastelaria na hora do almoço  que lhe trouxe pastéis de nata, haveria depois de me  confidenciar " não resisti saborear antes da piza, estavam tão quentinhos"...
  • Sem se estrear, e eu com 15€ realizados diz-me "se de manhã quando cheguei  me dissesse que só facturava 15 € fod... s...nem valia a pena ter vindo, mas agora se os facturasse fod... s...já dava para o gasóleo..."
Faturou na feira um mísero euro...o segundo ficou-se na expectativa pela boca de uma miúda pequena que quis apreciar um travessão, depois com uma grande descontracção vira-se para ela e diz-lhe " vou dar uma volta pensar melhor"...numa de imitar os adultos...e, esta ehn? Na banca trabalhos em felpo que faz nas horas vagas no seu atelier de florista: almofadas, carteiras, travessões, bandoletes e,...travou conversa com  mais amigos que aqui  encontrou.Com raízes por parte do pai do Casalinho no Avelar com família em Ansião que lhe ligou a perguntar como estava e falou de nós...gente boa!
  • Tenho o hábito nas feiras de ir namorando peças  na ideia de trazer alguma comigo no balanço preço e encantamento.
  • Comprei este penico  a um casal de Coimbra simpático em massa malegueira de fácil atribuição o seu fabrico a Coimbra a finais do século XIX para enriquecer a minha coleção, não tinha nenhum destes.
  • Também não resisti a comprar  ao Miguel que conheci na feira três exemplares em miniatura -, uma paixão - dois pratos falantes alusivos ao Amor e outro alusivo a casario.A senhora que estava com ele disse-me que o pai foi pintor numa última fábrica a laborar no Terreiro da Erva que encerrou portas em 1992 da Viúva Alfredo Oliveira.
  • Teimosei na eventualidade dos pratinhos serem fabrico de Alcobaça, o de casario de José Reis e os outros da lavra dos filhos do Manuel da Bernarda que vieram a dar origem, à OAL...ia -me esfolando viva...
Deixei de comprar uma travessa pequena e um covilhete em cantão popular ...estou chateadíssima, esqueci-me do meu bom amigo Arnaldo um amante fervoroso deste motivo.
Vi um cabaz em miniatura em verga pintado a laranja...uma máquina de costura minúscula antiga, vidros casca de cebola em bom estado, terrinas, tinteiro e,...
  • Um dos pratinhos falantes já tem dono  vai para a minha filha que adorou...talqualmente adorou o de casario!

 Estava chateada -, o sol aquecia,  saí de casa vestida para frio gélido segundo o boletim meteorológico...destilei e de que maneira
 Não vêem a minha cara!

Uma feira sem paixões de mayor sem vontade de repetir... senti haver pouco dinheiro nas bolsas, só compravam coisas a 1 , 2 e 3 €...as minhas malas foram um sucesso -, só custavam 5€ e  não saíram!
Depois há colegas que para ter bons lugares chegam pelas quatro da matina...
Tirei o ensinamento desta feira:
  •  Boa para comprar para colecionar e revenda
  •  Boa para vender lixo atulhado nos sótãos e,...
  • Como estava junto da estrada pararam alguns condutores a perguntar quando se realizava...fui assim de certo modo  zeladora do certame!

Ateanha, Alzajede, Fonte Carvalho e Constantina por terras de Sicó na companhia de água!

Adoro percorrer aldeias semeadas nas serranias de Ansião e limítrofes do Maciço de Sicó, mais uma vez, outra vez, sempre sem nunca me cansar, antes fico cada vez mais deslumbrada!
A minha mãe atazana-me a cabeça que só gasto gasolina...Pior seria se fosse vadiar ou perder horas em esplanadas de café...Ora se não a levasse, não ouviria epitáfios...Mas disso faço questão!
Por estas terras além de se respirar ar puro,derreto o olhar nas paisagens de cariz bucólico, ora desértico, de planura agreste e pedregoso, de chão serrano e outeiros em formato de pirâmide, semi despidos de vegetação, no contraste com o olival raquítico, enfeado, semeado à toa de padraria calcária salpicado aqui e ali com hortícolas em total prazer mayor o registo de muitas fotos a descobrir pedras de beleza esculpidas pela erosão, aqui sinto em aridez o local mais belo do mundo!
Tomei o rumo do Rabaçal onde fomos a compras de queijo na fábrica para governo das nossas casas .De regresso teimei atalhar por Casas Novas, pertença do concelho de Soure e na estrada para Penela virei para os campos da Atenha onde registei orquídeas silvestres a que chamava ironicamente jacintos, em lilás no meio de erva de Santa Maria, uma qualidade de tomilho e abundante cascalho calcário.
Por entre cascalho calcário à toa na terra enegrecido pelo tempo  ornado a erva de Santa Maria, há orquídeas, goivos e outras plantas que não sei o nome.
Na foto abaixo distingui no canto esquerdo  um ferro em "L" faz parte de uma grande estrutura em construção  para albergar cabras para a produção do queijo denominado Rabaçal. Em 2015 já não a deslumbrei...

Aprazível paisagem dos outeiros semi despedidos em forma de cone nesta zona caraterísticos: Monte Jerumelo na frente do Monte do Germanelo.Rezam lendas que a minha mãe me contava na carreira a caminho de Coimbra: Haviam dois germanelos (irmãozinhos) gigantes, cada um no seu monte -, Jerumelo a sul, e o outro, Melo -, a norte . Eram ferreiros cada um em seu monte com a sua respectiva forja, possuíam apenas um martelo do qual se serviam alternadamente.  A distância entre o topo dos dois montes era curta, mais ou menos dois quilómetros, os dois irmãos partilhavam o martelo atirando-o um ao outro quando dele precisavam.  Um dia o Jerumelo ao atirar o martelo com força o cabo perdeu-se no ar e a maça de ferro caiu no sopé do monte Melo onde apareceu uma fonte de água férrea, o cabo de zambujo caiu mais longe,deu origem a um Zambujal -, uma aldeia da freguesia do Rabaçal. 
A prova de que esta história tem um fundo verdadeiro está nas ruínas da forja do irmão Melo, que ainda hoje se encontram no cimo do monte com o mesmo nome. 
Outro dito popular " Pelo sinal do Rabaçal, Fonte Coberta e Zambujal -, se mais me desse, mais comia, adeus meu pai, até outro dia." 
Deixei os campos pedregosos do sopé da Ateanha a caminho do alto do outeiro onde se implantou a aldeia de Aljazede composta de casario castiço com capelinha descendo para o vale calcomargoso que lhe fica a sudeste onde fotografei uma lagoa, uma dolina cársica.

Parei mais à frente para roubar uns ramos de eucalipto para afastar os cheiros de mofo dos armários... Salpicos de casario na paisagem, num repente na minha direita corria em caudal abundante a  ribeira da Mata que nasce na Fonte da Quinta da Ladeia no Alvorge.
Ribeira 
   Lagoa do Pito
Quiseram os meus olhos ver por aqui estas terras do Maciço de Sicó uma cegonha branca apeada no prado junto da margem da ribeira -, nunca antes tinha visto por aqui, e tanto o tinha sonhado, adoro cegonhas!
Tentei registar uma foto quando levantou voo, debalde não fui perspicaz!
Na Lagoa do Pito foi feito no passado um grande poço -, possivelmente aberto nos anos 40 do século XX ao tempo mais dois foram igualmente abertos -, o segundo uns metros há frente junto do leito da ribeira - O Poço Minchinho.
No Mini mercado da Fonte Carvalho estavam no exterior duas senhoras, uma cliente com a filha bonita e sexy , a Matilde, carregava mercadoria num automóvel , voltariam a entrar. Parei o carro em cima da ponte para vir tabelar conversa com elas, saber mais sobre a Fonte Carvalho.Debalde quando tentava abrir a porta reparei que estava fechada -, logo reaberta com pressas e pedido de desculpas. As pessoas andam assustadas com os amigos do alheio a rondar a região...Não me conhecendo, ia bem vestida, podia muito bem ser uma burlona bem falante então não fui uma relações públicas...Rapidamente dei-me a conhecer -, a Matilde Arsénio até conhece a minha irmã Mena , o que francamente me deixou aliviada!
A Matilde senhora bonita de olhos grandes e doces falou-me dos poços -, da história do seu pai ter entrado no do MInchinho, há mais de 30 anos, se não tivesse sido içado poderia ter perecido, num repente se abriu uma buraca e dela veio uma enxurrada de água...Nem a propósito três dias depois na televisão em Porto da Espada no sopé de Marvão abriu-se uma cratera com mais de 100 metros de profundidade e vários metros de largura, fenómeno QUE está a ser estudado por ser uma zona calcária com existência de grutas, os solos encharcados de água sugaram as terras... Para corroborar o que a Matilde disse "uma dia lavava roupa na Lagoa do Pito há mais de 30 anos, quando viu parar um carro de onde saiu um senhor que lhe chama a atenção do perigo que corria ao estar dentro da Lagoa"... As pessoas desconhecem que estas lagoas cársicas tem geralmente buracas, se alguém caí nelas pode nunca mais se encontrar, vão para as profundezas...Com a noticia recente de Marvão o entendi também!
A Matilde ainda me falou do penhasco em forma de mesa no alto dos Carrascos, vinha a minha mãe apressada a chamar-me como se fosse ainda cachopa... Defeito que tem, não compreende que tenho de conversar para mais saber... Debalde não perguntei o caminho, lembro-me que me disse muita gente o visita, vou ter de voltar para perguntar de novo. Despedi-me deixando o endereço do blog...O Mini mercado da Fonte além de moderno e bem recheado de fazer inveja a outros na região, tem franco estacionamento com máquinas tecnológicas modernas para passar faturas . Ao lado exploram um café, até podia ter tomado um  mas a minha mãe estava farta de esperar.."atazanou -me a mioleira a dizer que tinha estado uma hora na conversa"...quando não demorei nem um quarto d'hora...

Na estrada na Fonte Carvalho
Fiz-me de novo à estrada tendo por companhia a Ribeira da Mata que a partir daqui toma o nome de Ribeira do Açor -, nome bonito a fazer jus ao leito abundante ao nível das margens de muros de pedra seca a caminho da Constantina depois da ponte na margem há uma casa em pedra que me reportou para Veneza..Interrogo-me sobre as pontes ditas romanas que haviam desde a Lagoa do Pito até ao Marquinho no passado todas iguais com o mesmo formato em pilares em pedra, aqui só existe para contar a história desses tempos um pilar de acesso a uma casa...hei-de voltar para registar em foto.
Senhora da Paz na Constantina… Desde miúda ouvia falar deste lugar associado a lendas, romanos, ainda de um rei Filipe III aqui ter passado deixando um pergaminho assinado na sacristia da Capela, na célebre visita que este soberano fez pelo País. Sobrevive até hoje o coche patente no Museu dos Coches em Belém. Interessante é pensar na força brutal dos cavalos para o puxar, tal a tonelagem de madeira -, uma jubilação real, pensar… A Constantina foi a meu ver um burgo muito importante na época romana e medieval. De evocar a existência da Confraria da Nossa senhora da Paz. No tempo houve Feiras francas: Pinhões e da Santa Isabel a 2 de Julho -, precisamente a data que se realiza hoje em Coimbra, mais tarde transferidas para o centro da vila de Ansião -, perdendo-se no tempo a da Rainha Santa, apenas jubilada na festa de S. Pedro em Além da Ponte. Tantas vezes para ir à Constantina à festa da Senhora da Paz, só fui uma vez, e para dizer coisa de maldizer!
Pontes sobre o Nabão velho em cimento -, perdeu-se a traça das antigas em pedra com os pilares quadrados encimadas de cornija de bordos salientes, estas de cimento armado descaracterizam-na, minha opinião, por se mostrar terra com cenário idílico, de muita história do passado e assim fica deslaçada no quase esquecimento - , bem que as poderiam voltar a refazer como antigamente.Isso sim seria uma medida acertada!
Notei mazelas na escadaria da Capela que o tempo descarrilou com as raízes das oliveiras.Parece houve alguém, em regime de mecenato, pagou o arranjo em 2014.
No terreiro do adro avista-se um telheiro grande desconforme ao corpo principal da Ermida, no chão lajes brancas iguais às da capela do Bairro de Santo António com a mesma marca de fogueira feita pelos invasores franceses -, data de 1623 a sua construção -, a imagem da Senhora da Paz muito parecida com a Senhora da Conceição da Igreja Matriz da vila, supostamente as duas Imagens foram pertença da primeira Igreja de Ansião, construída em 1259, sendo certo a da Imagem da Senhora da Paz, após a sua desativação foi guardada na sacristia da matriz que todos conhecemos, por na Constantina não haver Imagem a vieram buscar de noite para os Ansos de Ansião, muito devotos nela não se darem conta...gostei sim do varandim em madeira torneado a dividir o altar que igual retiraram da Matriz -, não aprovei as novas pias de água benta -, em substituição das antigas,- uma delas maior do que as atuais constatei a servir de lavatório no adro...Disso não gostei !
Nesta terra onde civilizações de estirpe apostaram viver, onde ainda persistem casas com janelas de avental, outras com datas nas fachadas de pedra, terra outrora importante deveria ser aposta permanente destas gentes em a preservar para os vindouros saberem das estórias, com muita história, nesta grande terra Constantina -, nome sonante na toponímia reminiscente desses tempos de ocupação romana que nos transporta para a grande cidade de Constantinopla, na Turquia!
Quem de direito e teimosia deveria agir em conformidade, não deixar destruir mais património - a Constantina poderá voltar a ser rica -, basta querer, porque gente bonita de todas as redondezas não há igual...resistem os genes de gentes do passado glorioso que aqui viveu. Ontem já era tarde para encetarem a melhorar caminhos, alargar estradas, abrir novas, estruturar o largo da Capela, preservar as pedras, valorizar o que ainda existe na arte de cantaria no saber esculpir, não deixar mais estropiar o local com construção moderna, desadequada num local com tanta história e voltar a enaltecer o Nabão que antes de chegar a Ansião aqui é rei!

Preservar a estalagem da Fonte Galega, caso ainda exista e avivar as Lendas.
É bom lembrar gentes da Constantina: "Fernando Paciência"; Graciana e a irmã Fátima; Luís Bicho; Zé Carlos, Fernando e Adail Simões; Ilídio; Zé Maria; Fátima Rodrigues vivia numa casa com quintal para o rio, a minha irmã amiga dela algumas vezes aqui a visitou e não esquece a beleza da paisagem, alguns dos rapazes a fazer jus à sua descendência romana, belos e, …desculpem todos aqueles que me esqueci!

Amo esta foto de excedível beleza no querer imitar cenários de Sintra...
A ribeira ao deixar a Constantina faz uma laguna no açude para se precipitar numa represa de pedras ...em graciosa espuma
Ponte particular fechada entre grades com honras de inauguração por sua Excelência o Proprietário!
O rio parte na direção do Porto Largo...de onde lhe virá a origem do nome? Para desaguar no Nabão novo que corre desde os Olhos d'Agua.

Vou voltar, voltarei sempre, acredito sempre me encantarei!

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