sexta-feira, 19 de abril de 2013

Coimbra nas minhas memórias do 1º de maio de 74

O Externato António Soares Barbosa em Ansião foi instalado no Solar, onde viveu o Conselheiro António José da Silva -, apesar de António Soares Barbosa , ilustre ansianense ligado à filosofia das Luzes e à Universidade de Coimbra, ter sido a escolha para o nome. Estreei-me na primeira excursão efetuada à Serra da Estrela no dia 2 de maio de 74 com os Professores: Dr. Cardoso...homem de matemática -, carinhosamente chamava alguns alunos " de cavalgadura" e a esposa a Dra. Mané. 
Quem sabe por influência da liberdade, ou somente coincidência aconteceu o passeio! 
Passados escassos dias do 25 de abril, vesti saia e sapatos abertos de lado em cabedal de cor preta com fivelinhas, no tempo ainda não se usavam calças. Na Torre alguém improvisou escorregas com plásticos, os sapatos queimaram com o gelo. Gostei muito da Lagoa comprida, de ter visto pela primeira vez neve, do silêncio serrano, da Cabeça da Velha, dos rebanhos, pastores e cães da serra andantes na sua transumância por terras altas. 
Adorei a aldeia do Sabugueiro talvez por me fazer lembrar a aldeia com o mesmo nome onde morava na altura o príncipe pelo Alentejo… 
Não sei onde guardo um postal que foi rasgado, depois colado com mensagens dos colegas na excursão comprado em Viseu. 
Sondei a minha mãe para na véspera por ser feriado irmos a Coimbra no carro comprar salgados e bolos para levar de farnel. 
Comemorava-se pela primeira vez em Portugal o 1º de maio o Dia do Trabalhador. 
Mal chegadas à Praça de visitas da cidade no redol da cerca de ferro forjado da estátua do ilustre Conimbricense Joaquim António de Aguiar popularmente conhecido como o “ Mata Frades” por ter sido o responsável pelo decreto-lei que extinguiu as ordens religiosas em Portugal, reparei que os ranúnculos tinham sido arrancados o que me deixou pasmada, sempre o conhecera arranjado e muito florido. 
Nisto interrogava-me que liberdade era aquela que se apregoava! 
Na minha cabeça pairavam tantas dúvidas só via pessoas que falavam e gritavam, papéis no chão num descalabro brutal que jamais tinha visto na minha cidade onde nasci, ao longe ouviam-se lemas reivindicativos do povo oprimido sem “eira nem beira”...” A terra a quem a trabalha” “ abaixo os latifundiários” “ viva a classe operária” “fascismo nunca mais” “ abaixo o fascismo” ” viva o proletariado” “ viva o MFA” “ viva o 25 de abril”… Nada ou pouco havia para comprar...viemos de mãos vazias com a ideia de parar em Condeixa...mas do mesmo nada! 
Em Coimbra quisemos atestar o depósito nas Bombas na saída, por estar racionado tivemos de implorar...às escondidas elas traseiras conseguimos um garrafão com uns litros. 
Finalmente tinha acabado a censura com o regime deposto num ganho maior do direito à liberdade. Uma nova vida que permitiu uma abertura nunca antes vista numa mudança total de conceitos e atitudes -, também de exageros visível na falta de respeito uns pelos outros apesar das melhorias substanciais no ensino para todos, gratuito, com introdução da escolaridade mínima obrigatória. 
O País atrasado abriu-se finalmente para o mundo, para o fenómeno da globalização com o regresso inesperado dos retornados das ex-colónias. Foram repatriados milhares de pessoas de tantas cores... e com ideias modernas de abertura social inovadora para a época em controvérsia com a nossa conservadora e muito fechada, nas atitudes e formas de estar nunca dantes vistas como o simples beijo na boca, a moda de tomar duche todos os dias, nós por cá só só tomávamos banho uma vez por semana, muitos nem sabiam o que isso era... outros uma vez por ano no Agroal...então não levavam o sabão! 
Foram estas pessoas que nos demonstraram saber viver em liberdade, nós até ali vivíamos uma vida cheia de conceitos antiquados ! 
Fácil foi criar estereótipos por atitudes e hábitos arraigados da maioria de nós -, uma maioria teimou em viver integrada, adaptando-se às circunstâncias da própria circunstancia -, ainda alguns se instalaram sem contudo se integrar, pior foram outros morrerem sem ter aceite a perda dos bens, e das saudades do sol quente da savana da sua amada África...onde apesar de muito trabalho tinham sido felizes! 
Na década de 60 já tinha assistido à saída de pessoas à procura de melhores condições de vida no estrangeiro nas célebres “fugas a salto” com ajuda de “passadores” na fronteira espanhola -,perdidos por trilhos de contrabandistas andavam dias pelos montes a fugir da guarda-fiscal a caminho de França.
Acabado o fascismo a saída para a emigração passou a ser legal -, alguns milhares rumaram a novos Países da Europa e do Mundo, alguns retornados também. 
Da liberdade de arrancar os ranúnculos do jardim, dos papéis pelo chão e da gritaria não gostei! 
Acalmei a raiva a pensar na loiça "ratinha"...

O meu 25 de abril de 74 vivido em Ansião

O regime político em Portugal iniciado com o golpe militar de 28 de maio de 1926 daria início à Ditadura Militar que culminou no regime do Estado Novo de cariz ditatorial - com o Salazar no governo, que se institucionalizou com a aprovação da Constituição de 1933 e se manteve até ao 25 de abril de 1974, sendo aqui derrubado num golpe também militar premeditado por alguns militares saídos do quartel de Santarém rumo a Lisboa que culminou na revolução contra o regime Salazarista em dia escolhido. 
Na Emissora Nacional foram utilizadas as "senhas" das canções - Depois do Adeus de   Paulo de Carvalho  e  Grândola Vila Morena  de Zeca Afonso,  a escolhida tinha sido sancionada "Venham mais cinco" .
O grande acontecimento aconteceu quase a vésperas de eu fazer dezasseis anos|. 
Durante o fascismo o povo vivia massacrado sem liberdade com poucas oportunidades de empregos nos meios rurais a juntar a falta de ensino e de cultura na maioria da população fez com que vivessem até então em grande escuridão com medo dos “Bufos do regime” por isso afastados do mundo, do progresso e da evolução natural do ser humano que também tinha direitos, e não só deveres. Finalmente via nascer uma liberdade restituída depois de 48 anos de tortura.
O 25 de abril libertou o povo da PIDE, da rede de informadores, pôs fim à clandestinidade, à guerra colonial, e ao isolamento internacional. Vieram à Marinha buscar voluntários para segurança das instalações da sede da Pide ao Chiado. Um amigo meu do Murtal, Alvaiázere, ofereceu-se esteve por lá uma semana nos serviços administrativos. Um dia aparece uma senhora de idade num Mercedes, oferece-lhes boas sandes e muitas de leitão... 
Paços do Concelho
No dia 25 de abril de manhã como todos os dias  a caminho do Externato em Ansião ao chegar à Praça do Município reparei que havia letras gordas escritas a preto nas paredes dos Paços de Concelho junto da sirene e na casa do barbeiro Sr. Júlio Freire de Albarrol.
“ Abaixo o Fascismo” e “Bufo da PIDE”... 
Do lado de fora do portão de acesso ao recreio dos rapazes do Externato havia uma multidão encostados na tasca da "Ti Augusta do Tarouca” de braços cruzados , aproximei-me para saber a razão da concentração, todos falavam da revolução em Lisboa ...
No local depois do 15 de abril a primeira machadada em Ansião com a demolição do solar onde funcionava o Externato, e construído um mamarracho de varandas, inestético descontextualizado no passado histórico da vila e a abertura de  uma avenida.
Muitos anos mais tarde foi colocada na lateral do  edifício um painel azulejar com o solar, para não se perderem as memorias dos locais e na frente outro maior com os nomes dos fundadores do mesmo, este acabou por ser retirado para serem feitos os sanitários públicos. O painel desconheço se está guardado ou foi destruído.
A palavra  Fascismo -, ninguém percebia bem o que queria dizer, assistia-se a um movimento fora do comum na vila onde vi muita gente se juntar para tentar saber o que se passava na capital...Num dos intervalos das aulas da manhã fui à loja do Adelino Pires comprar um novelo de linha e agulha para me iniciar no croché com a minha prima Isaurinda Lucas  -, acordo firmado de véspera, só sabia fazer cordão que aprendi no Colégio Religioso as Salesianas no Monte Estoril, teimosia minha com as Irmãs só para as chatear nas tardes de sábado obrigada a sentar-me nas cadeirinhas da sala de costura, no final do ano trouxe um saco enorme cheio com  quilómetros de todas as cores ... 
A primeira mudança sentida no Externato António Soares Barbosa neste primeiro dia da Revolução do 25 de abril de 74, sem quê nem para quê raparigas e rapazes se juntaram no mesmo recreio que até ai era somente dos rapazes perante o olhar repreensivo da contínua D. Maria Neno, que se escudou em nos dar ordens repreensivas !
Em casa há hora do almoço segui a revolução em direto na TV no Largo do Carmo em Lisboa onde estranhamente vi pessoas empoleiradas nas árvores da pequena Praça defronte do quartel da GNR do Carmo onde estava um tanque apontado ao portão . De altifalante nas mãos o major Salgueiro Maia gritava " se não aceita o exílio abro fogo..." ao fim de algumas horas o refugiado Dr. Marcelo Caetano aceitou resignar-se e partir para o Brasil. A televisão só mostrava desfiles de tanques com militares de cravos vermelhos enfiados nas metralhadoras...Segundo consta uma governanta trazia do mercado um ramo de cravos, de repente viu-se confrontada com a revolução nas ruas para em ímpeto reagiu ao impulso de enfiar um cravo numa  metralhadora  num gesto de excelso valor pela paz,  numa revolução sem derrame de sangue…desta forma tão simples nasceu o símbolo da revolução do 25 de abril “ A revolução dos cravos vermelhos”. 
Em abono da verdade devo confessar que para mim a revolução foi um fracasso...desculpem a sinceridade. Explico. Era demasiado nova, do fascismo nada sabia, apenas ouvi a palavra nesse dia pela primeira vez, até difícil de pronunciar por ser forte, sem entender o seu significado, tive a sorte de ter nascido no seio de uma família que a custo de árduo trabalho já estudou, eram  funcionários públicos tiveram possibilidade de me terem dado a mim e à minha irmã boas condições de vida em relação à maioria, que vivia com dificuldades. Também porque na televisão o que conhecia das guerras a preto e branco no Biafra, províncias ultramarinas e Vietname eram corpos despedaçados com minas, outros mutilados a jorrar sangue, destruição de aldeias, miséria, fome, corpos de crianças desidratados, prisioneiros e em comparação a nossa guerra de cravos (?) não achei que fosse como as por mim até ai conhecidas na televisão...por isso senti um desconforto, uma revolução menor, como tudo o que acontecia e conhecia até essa altura no meu país” longínqua no tempo em que o povo português fora grande no mundo como lia nos livros de história, aquém e além-mar por mares nunca dantes navegados partiram na aventura de conhecer novos mundos em cascos de noz... Santa ignorância o que sabia eu da ditadura? Só relacionei ao lembrar-me de tempos idos numas eleições antes da revolução o meu pai se recusar a ir votar e recordo de ver  a minha mãe de roda dele quase de joelhos a implorar “Fernando tens de votar pelas nossas filhas, queres ser preso…” o meu pai perante tal pedido resignado votou contrariado! As mulheres sem direito a voto no tempo da ditadura ,e já a minha mãe ter tido tanta clarividência . As mulheres nunca deveriam esquecer esta grande conquista de abril 
O DIREITO AO VOTO, EXERCENDO-O INCONDICIONALMENTE! 
O País mudou!
Derrubado o fascismo e a secreta PIDE que aprisionou muitos daqueles que lutaram durante a ditadura  foram presos e torturados, outros enviados para o exílio no Tarrafal em Cabo Verde onde muitos morreram no degredo como Bento Gonçalves e,... 
O Povo com o 25 de abril sentia ter o Poder! Acabado o obscurantismo aos poucos os preconceitos também foram derrubados. A torto e a direito fizeram nacionalizações de grandes empresas e herdades no Alentejo. Chegaram magotes de retornados das ex províncias ultramarinas...com ideias modernas nunca antes vistas... Pela 1ª vez vi uma retornada de Ansião a dar um beijo na boca a um rapaz em Pombal ... Na carreira para Pombal ou na vinda vi engates no sopé da Gruta do Calaias a ver o Nabão com senhoras solteiras de família de Ansião... Maus tempos para os polícias da PIDE que regressarem às suas terras, olhados de lado durante tempos em Ansião… 
Excertos de ruralidade no tempo do fascismo…A população nos meios rurais vivia em extrema pobreza, todos comiam da mesma malga ou bacia de faiança em redor do lume, só nos dias de festa se matava o galo ou um coelho, viviam sem quaisquer condições, chegavam a dormir na mesma cama de ferro quatro, dois à cabeceira e os outros dois aos pés, sem água canalizada, enchiam cântaros nos poços e fontes, não tinham casa de banho, alguns retrete feita em madeira, porque a maioria fazia as necessidades a céu aberto “ao Deus dará”… sem rede de eletricidade, iluminavam a penumbra da noite com a luz do candeeiro a petróleo e candeias de azeite, sem estradas asfaltadas e raros transportes andavam a pé ou em carros de tração animal.Com a 2ª guerra mundial, agudizou-se a miséria com o racionamento de bens essenciais, nessa altura muitos fugiram das aldeias recônditas nas serranias dando origem a um movimento chamado êxodo rural encaminhando-se para o litoral. Os vieiros de Leiria vieram para as margens do rio Tejo onde construíram casebres de madeira suspensos por estacas, também para a Costa de Caparica e Lisboa acolheu muita gente na procura de trabalho melhor remunerado: armazéns, construção civil, carpintarias, caixeiros, caminho-de-ferro, refinaria, serviços… As mulheres empregaram-se como criadas de servir, governantas, lavadeiras, caixeiras e, … Portugal ainda era tipicamente um país rural na década de 60 a minha, o uso da bicicleta ficou na história com o nome pasteleira, um bem apenas de gente remediada nesse tempo. Com o 2º ano podia-se ser Regente escolar e com o 5º ano Professor, e havia muitos. Nos Correios foram das primeiras empresas públicas a admitir mulheres com o 5º ano dos liceus, durante décadas o histórico de colaboradores foi maioritariamente feminino, na minha família a irmã mais velha da minha mãe, ela própria, eu e a minha irmã, num tempo que não havia informatização e o telefone  só havia até à meia noite e era de manivela. Enquanto nos países europeus depois da 2ª guerra tinham florescido novas empresas no ramo da indústria, comércio e serviços com apoio estatal à educação, saúde melhorando as condições de vida para as suas populações, e por cá o País estagnou com o regime fascista sendo a discrepância na sociedade entre ricos e pobres abismal. Tive muitos colegas filhos de emigrantes, os pais em países como a França deixavam os filhos em casas de familiares para eles terem um dia uma vida melhor, como poderiam se estavam longe deles? Quem ganhava eram os familiares que com eles ficavam, afinal um rendimento mensal além dos cambistas a trocar notas de francos, ao cambio do cambista ...Os ricos senhores com grandes rendimentos de terras, casas, e fábricas, exploravam a mão-de-obra muito barata, pagavam salários muito baixos, um dia de jornada de um sapateiro que se deslocava à casa do freguês , a jorna, uma broa (pão de mistura de trigo e milho), havia escalões de jorna diferenciados para homens e mulheres, incrível que ainda hoje existe essa diferenciação nos trabalhos mais precários na vida rural e fábricas. Alguns desses senhores com nome de família, fomentavam o abuso de mulheres, algumas delas coitadas para sobreviver a tanta miséria sujeitavam-se à devassidão. Por todo o Portugal nasceu muito filho "incógnito" uma verdade reposta com o 25 de abril -, cada nascimento obriga a paternidade, em alguns casos recorre-se a exames de ADN. Sendo mulher… Não posso deixar de falar nelas, sempre as conheci num papel de escravas…A sina da Mulher antes do 25 de abril era ditada à nascença: aprender os serviços da vida doméstica, para saber governar com mestria a economia do lar com míseros recursos, sendo obrigadas a aprender cedo a ser criativas para o comer abancar na mesa todos os dias, ainda a trabalharem na lavoura de subsistência, donas de parco estudo, ainda criadas de servir, até finalmente casarem. O pai tinha sobre as filhas o poder, a que elas tinham de se subjugar -, tudo mudava com o casamento, nesse dia o mandante passava a ser o marido, incumbida no dever de ser esposa fiel, cuidar dele e dos filhos, sem outros direitos, o marido é que mandava e esta devia-lhe obediência, só podia sair do País se ele o autorizasse, não tinha direito a opinião, não exercia o direito ao voto, não podia ter contas bancárias, a violência doméstica era abafada, as vezes que foi exercida, o homem acabou por ver a justiça a seu favor com penas suspensas, porque o sistema era fechado, machista -, a mulher como não tinha quaisquer direitos, a lei era escura em relação a ela, o homem podia ser adúltero, porém ela se o fosse via a sua imagem denegrida, enxovalhada, tratada como uma prostituta, sem serem apuradas as razões porque praticara tal atitude... à mulher era proibido tudo, até de sentir prazer...muitas, acredito pariram sem nunca sentirem um orgasmo...nem conheciam o termo...só sabiam termos do calão... ouviam dizer que era bom(?), sentiam que para eles o era...sendo elas em muitos casos “depósitos de espermatozoides” coisa que faz pensar… A rede de escolas não cobria todo o País, não se valorizavam muito os estudos, porque eram dispendiosos … as famílias geralmente numerosas levavam uma vida muito difícil, havia muita pobreza e fome, os pais viam nas crianças uma ajuda nas tarefas da lavoura, muitas não iam à escola, geralmente as raparigas eram precisas para ajudar a cuidar dos irmãos mais novos e fazer as tarefas de casa, na maioria das famílias só aos homens era dado hipóteses de estudar, alguns rapazes saiam da escola com o exame da 3ª ou 4ª classe, poucos eram aqueles que continuavam os estudos, até porque só existiam liceus nas grandes cidades, nas aldeias quando algum deles se destacava na escola o padre o encaminhava para o Seminário, muitos aproveitaram esta mais valia de estudos quase gratuita -, raros foram os que continuaram no presbítero, também poucas foram as mulheres que estudaram e se licenciaram antes do 25 de abril. Sinto orgulho de dizer que o meu avô paterno José Lucas Afonso da Mouta Redonda, mandou para Coimbra para ser professora a sua primogénita nascida em 1911, a minha Titi, ao seu tempo a minha mãe e pai também estudaram. As mulheres toda a vida abnegadas e injustiçadas com a vida que Deus lhes ditou durante séculos, com o 25 de abril aconteceu o inevitável no marco decisivo de viragem -, de dizer chega, quero mais. Muitas com os maridos obrigados a ir para uma guerra no Ultramar sem saber se tinham bilhete de volta, viram-se obrigadas a procurar trabalho fora de casa, inicialmente nas fábricas, outras apostaram na sua formação na década de 60, vivia-se um novo tempo-, chegada da hora com premente urgência de se emanciparem, de procurar trabalho fora de casa, de ganhar para o seu sustento, de serem independentes. Noivas, algumas casaram-se por Procuração enquanto outras desencadearam vontades de derrubar amarras em ultrapassar conceitos, mudar atitudes e tradições, apostando na mudança em decidir por si, valorizando-se, enveredaram na continuidade dos seus estudos,  na grande maioria era do domínio dos homens. Estando a sociedade em mutação constante, um dos grandes desafios das mulheres no mercado de trabalho baliza pela aposta maciça nas Faculdades, o fenómeno indicia que num futuro próximo as mulheres continuarão na sua ascensão a mais e melhores remunerados cargos de chefias nas mais diversas profissões. Imprescindível observar a mulher integrada na sociedade conquistando o espaço que merece, ajudando e participando na construção de um país sem descriminação, onde homens e mulheres se deveriam completar na procura de um bem-estar conjunto, fazendo força nessa união. Cargos de responsabilidade em empresas com histórico de homens no comando tem vindo a inverter-se, são cada vez mais mulheres que tem vindo a ocupar lugares de chefia e a alcançar o sucesso num mundo que sempre fora dos homens. As mulheres além de femininas, mulheres, mães, donas de casa, são na vida laboral um exemplo de profissionalismo, desempenho, criatividade, perspicácia, audácia, rigor e poder de iniciativa invejável, conseguindo coordenar várias tarefas em uníssono e executa-las com sucesso, por serem práticas. As mulheres têm conseguido enfrentar as adversas dificuldades, tendo em conta os preconceitos formais da sociedade machista que ainda vigora, mas todas as suas vitórias são uma conquista de abril com a implementação da democracia, não há profissões fechadas às mulheres. Viver em democracia é ter igualdade de direitos e respeitar os outros, sendo que muitos desses outros tenham culturas diferentes, não esquecer que somos todos humanos!

terça-feira, 16 de abril de 2013

Coimbra nos meus tempos de cachopa...

Foto para o meu 1º cartão da saúde, do Ministério da Justiça, com a franja cortada pela minha irmã em brincadeira de crianças a brincar aos cabeleireiros...
Euzinha em adolescente
Foto tirada em Coimbra com a minha querida mãe em julho 2010

Desde sempre visitei amiúde Coimbra -, a cidade onde nasci na companhia da minha mãe. Em véspera do início da escola fomos na carreira do Pereira Marques , ao passar a Cruz de Morouços, bem no alto aonde se começa a avistar o Mondego e a cidade, a  chegada da hora de começar a ouvir reparos e repreensões ...
  • ” se te portas mal em Coimbra, se te perdes de mim, se foges, se começas a pedir que queres isto e aquilo, a ponte vai cair quando a camioneta passar... “ grande trauma em tão tenra idade...
Café Nicola…onde se tomava o pequeno almoço, chegava-se o empregado  à mesa de bandeja  na mão e pano branco pelo braço, delicado perguntava ...
  • “e para a menina o que vai ser? ”… aqui pela primeira vez  bebi galão, abri um pacote de açúcar refinado, comi uma carcaça cozida em forno elétrico e saboreei uma pata de veado dividida por fio de canela...uma delícia de fofura!
Rua Ferreira Borges
Vendedor de loiça decorativa de Conímbriga e Coimbra… durante anos com estandarte na frente da porta sempre fechada nas escadinhas da igreja românica de S. Tiago , um hábito enfeirar -, a minha mãe comprava sempre alguma peça decorativa , fossem pratos vazados com quadras com a  graça da aba aos buraquinhos ou estatuetas de estudantes de Coimbra, cestinho e,...Ainda existem peças.

Igreja S. Tiago
Ao tempo a única loja de chinos... que conheci uma vida instalados numa minúscula cave de gaveto na Praça Velha -, grande desfile na rua de estandarte com as novidades de cintos, sacos, bijutaria, travessões, escovas, chapéus, carteiras, porta-moedas e, …  


Casa Jorge Mendes… onde a minha mãe comprava cortinados, lençóis, toalhas, tapeçarias, uma casa infindável com tudo do melhor na voga para o lar. 
  • Ao meio da manhã a correria para o sanitário público instalado ao meio das escadinhas entre a Praça Velha e a Rua Ferreira Borges. A empregada uma senhora obesa sentada na cadeira tirava o talão amarelinho, cobrava-se de cinco centavos. 
  • Corriam-se os bazares, as lojas de pronto a vestir, a de tecidos , vidros e loiças do Saul Morgado.
Serviço da minha mãe  comprado no Saul Morgado
Claro a visita ao cabeleireiro favorito da minha mãe o Sr Monteiro ainda a funcionar no 1º andar da Rua Ferreira Borges , não era inédito para mim -, já conhecia o Sr Franco do Pontão a pentear senhoras. Uma das manicuras era a mãe do Goucha. A minha mãe distinguia-o com a preferência do seu dom para a pentear, enquanto isso o ouvia dizer  em voz alta com satisfação  " D. Ricardina a senhora é dona de belo e bom cabelo cor d’oiro..." - prazer sentia ele em os moldar na efémera imitação dos penteados da moda que saiam nas capas de revista -, no caso iguais ao da Grace do Mónaco
Pior a minha sorte. Sofria na sala de lavagem de janelas de guilhotina para a Praça Velha com pombos a deambular em círculos que nada me ajudavam a voar... sentada sobre um monte de listas para encaixe da tenra cabecita no lavatório  as "lavadeiras de cabeças" -, mulheres feitas conversavam sobre a vida alheia umas com as outras, enquanto os seus instrumentos de trabalho "unhas de meio metro" dilaceravam a minha cabeçita em movimentos sucessivos de forte violência na esfrega copiosa (sujinha estaria, na altura a lavava com sabão azul e branco, a lavaria mal (? …) de tal forma que condoída de dores sem poder dizer nada, no tempo não tínhamos opinião...manifestava-me rebolando de um lado para o outro, havendo alturas que resvalava das listas...as ditas senhoras nunca se condoeram, perdidas que estavam com as conversas alheias e se esqueciam da criança de moleirinha mole…  "lixada e mal paga" ficava a minha cabeça de pele fina logo ali a rondar sangue… 


O Mercado D. Pedro V… sentir aquele buliço -, no entra e sai, um corrupio de gente. Adorava desfrutar o colorido da fruta, das abóboras, das hortaliças, do aligeirar das queijeiras do Rabaçal a tirar os panos de estoupa das canastras abarrotar de queijos frescos, meia cura e secos , de ver os alguidares com azeitonas de várias qualidades, ouvir os pregões das vendedeiras - "freguesa compre arrufadas acabadinhas de sair do forno", dos quiosques ao meio das escadarias com broinhas típicas de fruta cristalizada, do pão fino, mistura  e de centeio, pastéis de Tentúgal e de Santa Clara, dos cesteiros com vergas em vários tons, dos talhos em fila com a carne cortada como nunca antes enxergara -, tiras de entrecosto finas que nessa altura chamava costeleta, da boa "passarinha" assada na brasa -, contrapeso das iscas, dos cabritos com a ponta do rabo para caso de dúvidas do freguês… ainda as bancas de roupas e de flores e da praça do peixe -, da peixeira de Buarcos -, senhora alta, formosa de cabelo preto e pele alva igualzinha à minha avó Piedade que nenhuma irmã se parecia tanto com ela como aquela mulher!
  • Gostava do frenesim dos elétricos e dos tróleis na baixa, das tricanas de socas e aventais atados em grandes laçarotes com lenços pela cabeça, dos ardinas e dos estudantes engalanados de batina -, uns doutores , outros fudricas!
  • A caminho da farmácia Luciano e Matos onde sempre íamos comprar cremes, perfumes, e pirexs da América em cor laranja uma novidade.
  • Perdia-me a contemplar a Igreja de Santa Cruz ...sem perceber o porquê do desgaste da pedra do grande portal, anos mais tarde soube que se tratava de pedra de Ançã -, macia de fácil manuseamento que a maldita erosão não perdoa, no seu interior alberga o túmulo do Infante D. Henrique mandado construir pelo rei D Manuel I quando passou em Coimbra a caminho de Compostela em 1502, tal requinte do minucioso trabalho na pedra, almofadas, elmo, armadura, qual bordado na perfeição.
No tardoz o lindo Jardim da Manga fazia-me lembrar a charola do Convento de Cristo em Tomar de cariz romântico com os repuxos a imitar Conímbriga. 


Euzinha no Jardim da Manga


O “Portugal dos Pequenitos” onde fui tantas vezes com os meus pais para voltar com a minha filha. A entrada ladeada de pajens de trompete, no meu tempo fechada entrava-se na lateral da rua da Quinta das Lágrimas.
  • O que eu gostava de entrar nas casas pequeninas, enfiava a cabeça nas janelas com tabuinhas entrançadas verdes, a minha irmã atrás de mim imitava-me até ao dia que voltámos e mal cabíamos na porta - a alegria dos nossos pais na explicação da história de cada monumento nacional aqui reproduzido em miniatura, ainda pavilhões alusivos às províncias ultramarinas onde se apreciava as diferentes culturas do vasto território nacional e ultramarino. 
  • Jardim muito lindo, bem arquitetado numa obra de mestre onde funcionava o jardim-escola Dr. Bissaya Barreto forrado a azulejos com bonecos, frontaria em semicírculo quase na extrema com a Quinta das Lágrimas.

  • Coimbra a cidade maravilhosa dos amores de Pedro e Inês - único romance que devorei numa correria desenfreada -, verdade seja dita julgo por o texto  escrito em letras gordas fez que a leitura fosse rápida… 
Conheci a Quinta das Lágrimas em quase abandono, hoje revigorada em turismo chique e histórico. O mesmo com o Convento de Santa Clara a Velha muitos anos assoreado era incrível ver a terra ao  nível de altares...hoje de novo limpo e restaurado voltou a ter o brilho e fausto do tempo que a Rainha Santa Isabel o mandou edificar.


No tempo que trabalhei na cidade nas telecomunicações de Portugal como assalariada a prazo em 78 ficava com o coração apertado com o corropio de ambulâncias a caminho dos Hospitais da Universidade...num tempo sem telemóveis...
  • Um final de dia depois do trabalho de volta a casa passava por mim a de Ansião -,num impulso forte subi a correr a grande escadaria, sem fôlego cheguei às urgências, tinha sido um acidente com um rapaz da Sarzedela o Mercantil (?) lembro-me dele dos bailaricos...
  • Pior foi ao sair do hospital ver o aparato de gente atrapalhada junto de uma rapariga que estava no átrio em cadeira de rodas,  - a coitada tinha-se masturbado com uma garrafa, com o vácuo que se gerou -, a malvada não saia... ninguém se lembrou de a partir…(dizia por entre dentes um enfermeiro)...
  • Estupefacta nada sabia sobre masturbação, a primeira vez que ouvi o termo...desta forma tomei conhecimento de assuntos tabus que nunca antes tinha ouvido falar.
Boas as recordações ir de táxi do Sr. Estrela ao Calhavé na companhia da minha mãe, que aqui se dirigia a consultas de nome caricato “ Médico das doenças das Senhoras”...
  •  Adorava passar junto ao lindo “arco em “U” virado ao contrário defronte do estádio que hoje lamentavelmente não existe mais. 
  • O que eu gostava de percorrer o Jardim da Sereia, apreciar a cascata cheia de avencas e o ar fresco e sombrio que me reportava para o Buçaco ou Sintra. 
O Penedo da Saudade com vistas  sobre o Mondego onde os  penedos com versos escritos a negro de poetas portugueses fazem o encanto do lugar. 
Decorei um nesse tempo que reproduzi vezes sem conta nas fitas de finalistas de filhos de amigos...
  • Se recordar é reviver todo o nosso mal e nosso bem é vontade de ter toda a sorte que ninguém tem!
A minha primeira vez sozinha a Coimbra…aconteceu após a  inauguração da Estação de Correios em Ansião. O almoxarifado -, pelouro atribuído à D. Maria Augusta Morgado da limpeza e manutenção do mobiliário apresentava sinais de dificuldades em ter de se contratar uma empregada -, atenta ofereci-me para fazer a tarefa da limpeza depois das aulas no Externato até contratarem alguém.De ordenado recebia 1.980$00 para ajudar nas despesas da casa -, o meu pai falecido, a minha mãe não recebia reforma, tinha 16 anos vivíamos as 3 com o seu ordenado. 
Entristeceu-me na altura ouvir por entre dentes pessoas  comentarem..."coitada da cachopa a limpar o correio" ora essa, coitadas elas que o falavam da boca para fora, desde quando trabalhar era desonra? Que eu saiba o trabalho nunca fez mal a ninguém, muito menos a mim e à minha irmã que de tudo em casa e na agricultura nos empenhamos em aprender e fazer, pelos vistos teimamos continuar!


Foram três meses, no último a minha mãe deu-me 20$00 o que perfez dois contos -, com a minha "pequena fortuna" na mão decidi ir sozinha pela primeira vez a Coimbra na camioneta do Pereira Marques. Embarquei na vila numa segunda-feira com o Toino “Tarouca” a atazanar-me a cabeça, andava na altura no quartel de Santa Clara na tropa, também quem era passageira -, a Fátima sobrinha da Isaura “Reala” que se sentou ao lado dele numa de conversa de disputa de interesse em o namoriscar … aquela era esperta enganou-me bem...
Comprei lembranças para todos, ainda me fascinei na  loja de novidades e bijutarias dos chinos onde comprei um cinto branco para a minha irmã e para mim uma fita para o cabelo , na loja da frente comprei umas botas de camurça e na Briosa saquinhos de bombons para a minha mãe e prima Isabelinha que adorava, na altura dava-me explicações de francês.
  •  Bom foi sentir dinheiro no bolso, ser livre para viver um dia de recordações inesquecível em Coimbra na minha primeira vez... sei podia ter aproveitado melhor se tivesse aceite o convite...que declinei!
Gosto de entrar em tabernas ou tascas ainda tradicionais engalanadas à antiga com o ramo de loureiro a chamar a freguesia para comer uma boa  sandes de leitoa .
Nesta numa viela estreita da baixa Coimbrã.
    Taberna ou tasca em Coimbra
Chego sempre a COIMBRA morta de saudades e parto com desejo de voltar para ver de novo o Mondego , as ruas e vielas, a arquitetura, a torre da cabra, a muralha, reviver lembranças dos meus tempos de cachopa...amo Coimbra!
  • Boa terra para se  namorar... sempre assim dela se escreveu. 
  • No dia que aqui fiz o exame do 5º ano fui abordada por uma cigana na ponte que me leu a sina, disse que casaria com um Luís...acertou pois ainda não o conhecia e à minha amiga Fernanda Carvalho da Sarzedela também acertou com o marido Bernardino!
Sinto a cada dia menos gente na cidade e disso tenho muita pena!


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Voltei à feira de velharias de Azeitão em dia de calor como se fosse verão

Ouvi dizer no recinto que o  palacete altaneiro ao cimo do  jardim da vila de Azeitão esteve à venda por um milhão e meio de euros...Ouvi falar do antiquário que daqui tirou uma grande mesa...Do palacete não sei se o imóvel mudou de dono!
A feira espraia -se  na sua frontaria apresentava-se pelas nove horas num andarilho de gentes, velharias, artesanato, clientes e mirones de ocasião.
 
Ao longe descortinei a D. Lúcia  com uma comitiva de gente atrás dela na espera de lugar para  abancar, onde me juntei. Mais uma vez pude constatar com agrado que não me enganei  quando escrevi sobre o perfil desta zeladora no sentido da  sua notória diplomacia -, cariz calmo e profissionalismo com que presenteou a contento, todos os presentes . Tive a oportunidade de observar um caso de negligencia na usurpação do limite de um dos espaços onde mostrou muita classe ao explicar a situação, depois ainda lhes disse..."deixem estar, já montaram tudo, mas tem de perceber que a banca se monta de nº a nº ,e não se pode ultrapassar, pois já ocupam o lugar para outro colega." No caso tratava-se de pessoas que andam nestas andanças à pouco... Supostamente ainda não se deram conta de meandros e regras porque fazem outras feiras onde a organização não é rigorosa pelo número restrito de feirantes .
  • Há quase um ano sem voltar, ainda se lembrar do meu apelido, no mínimo achei enternecedor!
Acabei por ficar na entrada principal onde sempre fiquei das outras vezes. Ajudou-me nos caixotes o Paulinho de Setúbal - um gentilmen...
Na boca de colegas apareceram excursões de "Miranda pronunciado em sotaque espanhol..." sob o meu espanto a pensar em Miranda do Corvo ou do Douro -, diz-me o colega de artesanato que estava ao meu lado "Mira e anda"...Passeiam e nada  ou pouco compram , porque o que aqui se vende é quase tudo transacionado entre colegas...
  • Não vale a pena levar livros...O que tenho sentido!
Há gente que gosta de comprar lixo (?) entenda-se objetos estranhos, aparentemente sem utilidade alguma e,...Francamente estranho o fenómeno -, mas entre o chamado lixo em estaminés de chão  sempre se encontram preciosidades, e depois ninguém tem nada com isso, apenas o saliento por achar interessante no desenvolvimento de monografia temática, no deslindar  perfis de clientes de velharias.
  • Senti haver vendedores que não devem estar credenciados, neste agora neste negócio para sobreviver à crise, vendem ao desbarato a colegas para faturar... Os ouviria em final de feira a penar entre dentes, em desabafos sentidos de honestidade...
 A feira não correu mal...Apareceu o Sr Eng de Setúbal, procurava uma garrafa em "casca de cebola" por ter partido a dele, também apareceu um casal muito simpático que se está fidelizando cliente, desta feita levaram um prato com decoração floral ao centro e estrelas na aba com bicos azuis no rebordo de Aveiro.
  • O homem da feira  para mim eleito de seu nome Zé Manel que já conhecia de outras feiras mas nesta onde falámos mais. De realçar o seu porte atlético, alentejano, de belo chapéu à cowboy , muito simpático com humor. Dizia-me "sou filho de mãe russa e pai inglês"...perante o meu olhar de espanto rematou " a minha mãe tem apelido, russa -, e o meu pai alcunha do inglês, acabou por ficar no meu nome, das minhas duas filhas e agora no nome dos netos..." curiosa perguntei-lhe o porquê...diz-me" era arruçado de cabelos, olho azul e boa figura como eu, que saí de olhos e cabelos à minha mãe tal como o meu irmão"...
Falou-me das migas à alentejana que na frigideira devem saltar com força para sair pela chaminé a correr para as apanhar na porta da cozinha...
Tabelei conversas com a D. São esposa do Aroucha que confessou ter vendido umas medalhas, pouco mais de 20 € faturados, melhor se safou o Moreira a vender lixoos que até se surpreendeu...
  • O Sr Carlos trazia uma bela camisa em tons rosa  na véspera na feira da Moita e de tarde na da Amora faturou  bem,  até a mulher estranhou...Também fiquei feliz por ele.
  • O Rogério com  o estendal de ferro velho comprou uma panela de 3 pés rota que disse ir remendar...
  • Na banca da D. Helena a mais chique, e de artigo caro tal como a da D. Carolina e do Sr Pedro e,...
  • Remato com o artesão das vergas, a Carla que reencontrei depois de Alcochete, o Sr Peres e o Sr António que teimam ficar na banda de fora do recinto.
Travei conversa com o "cigano António" de Portalegre com parte da sua banca prostrada no chão-, a quem perguntei pelas melhoras do pai Orlando, reparei que gostou, aproveitei para lhe  dirigir cumprimentos e rápidas melhoras, na certeza de me guardar o prato com o "peixe em tons azul melado que se lhe partiu no tripé "passados meses será que ainda sabe dele?
  • Senti o Santiago em baixo, nem piropos me agraciou como de costume, tinha três peças das Caldas muito interessantes a bom preço: um cão em pose; um galo paliteiro e uma caneca com bicos tipo ananás e flor abaixo do bico.
O Paulindo de óculos em aro branco e chapelinho na cabeça com ares de  hippie com a esposa Clara safaram-se com a venda do carrinho vermelho a um colecionador.


Na banca da D. Carolina fotografei um prato em tons verde para  comparar com um meu muito semelhante que julgo atesta autenticidade de Coimbra. Nesta banca há muitas e boas peças!
Na banca do Vitor fotografei duas travessas e molheira da Fábrica Sacavém.
Descobri este prato com motivo romântico com o palácio S. Marcos em Veneza da fábrica de Alcântara.
 
Na banca do Sr Pedro fotografei uma travessa em tons séptia que pode ser Sacavém ou Vista Alegre antes da porcelana, quando faziam experiências em pó de pedra, fazia-me um bom preço...
Redescobri a Ana Luísa Barros , esteve comigo há quase um ano, vende artesanato que ela própria faz.
  • Noutra banca de velharias conheci a Fátima  com o marido onde pedi para fotografar um grande prato de faiança de Coimbra gateado..Não pude trazer achei carote...
 
Travei conversa com uma senhora de olhar lindíssimo e de extraordinária apresentação  vestida de camisola azul bebé com florzinhas -, D. Maria do Carmo que se fazia acompanhar de outra amiga igualmente bela, D. Helena...perdoem se não são estes os seus nome, nesta feira contatei várias pessoas  e corro o risco de lapso de memória...confidenciou-me gostar de pintura.
  • relatou-me um triste episódio com uns colegas meus que lhe encomendaram uns restauros em tempo... no pagamento houve desacatos de má fé por parte deles...
Gostei francamente da senhora que me pareceu delicada, inteligente e muito sensível. Deixei em aberto a hipótese de levar da próxima vez  duas peças para ver se as consegue restaurar. 
  • Deixei Azeitão com os pés amassados de cansaço tal o calor, apesar dos sapatos da Lacoste com sola em cabedal ...o uso continuado de saltos altos durante 30 anos deformaram os meus ossinhos  dos pés delicados de origem fenícia...do que me restava de mais belo na minha fisionomia desses genes de longínqua dinastia!
Comprei um prato de bolo em vidro com 4 pezinhos, amoroso, e uma toalha enorme em linho com bordado a  tear, monograma a vermelho e renda no colega Moreira que me fez um bom desconto.

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