segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Ser ou não ser eis a questão do talude que ainda não foi feito na Mouta Redonda

Desde sempre o privilégio de ter alguma flor à minha espera na casa rural no Fôjo! 
Desta feita malmequeres amarelos em final de floração.

Tenho em meu poder ofício camarário de Ansião S/1302/2013 assinado pelo Presidente dando conhecimento que os serviços irão proceder à limpeza das terras e à colocação de pedra grossa no talude para evitar novas derrocadas, no meu quintal da Cabreira, na frente da casa rural.
Para cúmulo do espanto e consternação, dei-me conta que apenas se limitaram a retirar as terras que impediam metade da via, já o talude ...NÃO O FIZERAM!
Nestes dias de fevereiro de 2015 idealizei uma paliçada na barreira com paus espetados no barro mole, por estar vento inapropriado para fazer queimadas, o mato, giestas capim cortado em agosto e ainda os cavacos da poda da figueira com a forquilha aqui tudo deixei e ainda limpezas de flores e catos de um jardim, para sobre este amontoado que é leve crescer erva que uma vez enraizada assim espero protela a barreira de novas derrocadas(?)...
Tinha agendado dia para a apanha da azeitona com a minha mãe. Aprontado farnel na cesta -, bifes de cebolada com a ideia de na casa fazer um esparguete. 
A minha irmã o ano passado fartou-se de podar as oliveiras com a moto serra, o mesmo que afirmar, este ano azeitona nem vista! 
Mal estacionei dei-me conta que não tinha comigo a bolsa com as chaves...outra coisa não podia fazer senão voltar à estrada à casa da minha mãe "de coração nas mãos"...julgava que a tinha deixado no palanque das fogaças no adro da capela de Santo António em Ansião -, afinal estava numa cadeira junto da porta da cozinha-, grande alívio!
Com esta perda inusitada de tempo urgia aventurar-me ao trabalho. Depois de uma olhadela no correr do quintal só uma oliveira junto do ribeiro outrora encanado, agora a descoberto pelas enxurradas, e falta de limpeza dos ribeiros, na extrema com o vizinho a norte, estava embelezada de azeitona onde estendi a manta em redor do pé. 
Não usei escada, debalde ainda me vi enrolada de braços presa aos ramos, com as pernas tropeças pelas botas de borracha -, vi jeito de queda eminente, felizmente salva pelo último fôlego, puxei pelos músculos presos, no querer mayor de arribar, desistir do aparato de acidente! 
Pesadelo e tormenta -, o abaixo e acima para apanhar o varejão e o serrote, o mais difícil foi ter de cortar os "pulões" a caminho do céu. Teimar em deixar a oliveira redonda, airosa, uma princesa. O que eu me fartei de ripar azeitona! 
A minha Dina no fim de semana ao final da tarde tinha-me pedido as chaves para matar saudades deste espaço idílico, solitário, sereno, único...na volta disse-me " no quintal está uma linda árvore de folhas escarlate cor de fogo"-, o diospireiro! 
No imediato fez-me despoletar na lembrança dum episódio passado com ela no 5º ano -, a Profª pediu à turma para elaborarem uma ementa saudável. Seria outono, e por isso a sua escolha recaiu num Fertungado e a fruta uns dióspiros -, espanto foi aperceber-se que nem alunos, tão pouco a Profª, sabiam nada de nada...salvou-se o inusitado pelo pedido da receita da bisavó Maria da Luz da Mouta Redonda.
    Aferventado sem feijão
Nestas terras do Maciço de Sicó os antigos comiam o que a terra produzia em tempos e antanho. Era gente pobre. No tempo dos nabos fazia-se um panelão de ferro com o aferventado. Miga-se a rama com as cabeças cortadas às rodelas, há quem junte também uma batatinha feijão frade e ovos. 
O aferventado era servido numa bacia de faiança cujo fundo era coberto com broa cortada miúda que o caldo ensopava. 
Bom azeite para o regar.
O conduto; postita de bacalhau assado, sardinha frita , entrecosto ou febras. 
Como se fazia em grande quantidade, as sobras no dia seguinte, eram requentadas em tacho de barro ou frigideira eom azeite fervente com dentes de alho e louro, a que a minha avó materna Maria da Luz da Moita Redonda chamava Fertungado. 
Fácil é perceber que adoro continuar as tradições e ainda hoje fazer estes pratos! 
Regressei de Ansião no sábado com um carrego de nabos que os meus compadres me ofertaram, ontem fiz aferventado com feijão frade, que acompanhei com carapau pequenino frito, a minha Dina veio almoçar, quis levar sobras para fazer na sua casa o fertungado, que o meu faço amanhã. 
Deixei a minha mãe a limpar a casa com as janelas abertas para entrar o sol casa dentro.
Ainda antes do almoço parti quintal fora de balde na mão para ripar uns ramos numa oliveira na extrema da vinha da cadela. 
Sorte que levei o queimbo de oliveira do avô do Luís -, Ti António Veríssimo, sem o qual seria impossível puxar os ramos, ripar as azeitonas. 
Apeteceu-me subir o terreno para ver outras oliveiras entretanto cortadas para plantio de carvalho americano.
 
No último inverno as intempéries deitaram abaixo dois pinheiros junto da estrada, os carvalhos de grandes folhas amarelas e escarlates, aqui e ali sobrevivem como podem no meio de mato com silvas, para espanto meu, as oliveiras que entretanto rebentaram para gálio com azeitona grossa da boa. Uma atrás de outra e mais outra, enchi o balde de 20 litros.Claro que me demorei! 
Pior foi chegar a casa ... sentir a raiva da minha mãe que entretanto me procurou e chamou por tudo o que é sítio sem saber de mim-, aflita, julgava que tinha caído algures. Podia ter acontecido! 
De regresso de balde cheio pelas mãos ainda fotografei a casa em ruínas do meu vizinho .
                  
Aldeia quase desertificada-, um gato ao sol!
                   
Ao chegar ao jardim cansada deparei-me com o arbusto "rapaziada" que plantei o ano passado, aberto em flores pequenas e cheirosas em cor cerise tal como o botão de rosa da poda da roseira da frente da casa que avassalei à meses.
                  
Dei corda no tirar as botas para calçar os chinelos já passava da hora do almoço.
Aberta a janela da cozinha de par em par -, o carvalhal avizinhava-se verde ervilha sob o sol radioso, a minha mãe sentou-se logo defronte, para saborear tal paisagem.
Posta a mesa, fui ao bar buscar uma garrafa de vinho alentejano produção de 2007, bem encorpado. Para entrada desfiei um peito de frango assado que sobrara de véspera.
A minha mãe resingona com o esparguete acabou por lamber o prato...o molho dos bifes estava no ponto! 
Os pêros bravo de esmolfe estavam deliciosos, e o cafezinho quente com um pixel de aguardente de medronho rematou o repasto.Arrumei a cozinha, e de novo para a azeitona desta vez para a Cabreira-, o quintal na beira da frente da casa. 
O ano passado uma parte da barreira em terra cedeu com as águas que descem da Nexebra e ao chegar à estrada de maquedame encontram as regateiras entupidas pelos desperdícios de madeira deixada pelos madeireiros nos cortes. Há muito que deveria haver fiscalização, sobretudo com a colocação de placas com indicação de coimas. 
Na altura alertei a Câmara de Ansião para o problema. Não demoraram tempo a retirar a terra da estrada repondo as lajes de pedra alva que servem de escada ao quintal.
Pior, foi o espanto ao receber carta oficiosa a dizer que tinham efetuado a remoção de terras e sustentado o talude com pedra grossa para evitar novas derrocadas...debalde só consta a obra no oficio! 
Apesar dos e-mails endereçados -, e até uma "cunha" que em abono da verdade abomino fazer -, mas no caso considero como sendo pagamento a um funcionário a quem dei este ano a palha para alimento dos póneis das filhas -, ao me questionar quando vinha para o almoço, viu-me no meu Salgueiro, o olival onde andei na véspera -, perguntando quanto me devia. 
A verdade é que no passado para se alargar o caminho em estrada, o quintal foi cortado, na altura deveria ter sido feita uma parede de sustentação de terras como o fizeram mais abaixo no Vale, até porque na frente existe a casa, nada mais óbvio-, mas não tendo sido feita o deveria ser agora, porque as terras já cederam por 3 vezes , atrás delas tem ido oliveiras, outras 4 estão eminentes, nem tão pouco me atrevi a subir a elas e varejar, pelo perigo! 
Fechada a casa e o carro com saca e meia de produção de azeitona, partimos a pé na direção do Vale, à courela do olival da minha mãe ripar uns ramos da sua oliveira do talho do jardim...naquele sentir nostálgico de matar saudades ao final da tarde.
O sítio onde nasceu, que gosta de recordar, e eu também...
Na entrada da quelha do Vale na ribanceira do ribeiro da Nexebra sempre vistoso o velho arbusto perene que não sei o nome -, florido de bolinhas vermelhas, julgo venenosas, na frente da casa da Maria e do Silvério.
Ao subir a quelha do Vale depois do alcatrão acabar rés vez a adega da irmã do meu marido, encontrei cogumelos na fresquidão dos loireiros e da quietude do ribeiro ainda sem águas...com passarinhos a esvoaçar nas ramagens do sabugueiro.
                 
Desânimo é constatar o sítio da casa dos meus avós maternos Maria da Luz Ferreira e José Lucas Afonso, depois de uma lagarta camarária ter derrubado o que restava das paredes, apresenta-se hoje num amontoado de silvado, a crescer sem receio para as alturas...nem uma pedra se deslumbra naquele imenso emaranhado!

Ainda resiste na frontaria do muro do pátio um pé de jarros...
Euzinha na frente do sítio da casa dos meus avós na quelha do Vale sempre irreconhecível quando ando vestida de saloia agrícola...
A minha mãe a subir a serventia para o seu olival. Atrás dela a palmeira que plantei há anos, hoje pertença da irmã do meu marido. 
Não resisti fotografar o faustoso cato de flores cor d'oiro que já ninguém apanha para usar na feitura do queijo - o cardo. Só lhe resta a chegada dos ventos para levarem as sementes para outras paragens.
A parca azeitona "ardida" da oliveira do talho do jardim da minha mãe 
    Lágrimas, o arbusto perene plantado pela minha avó Maria da Luz na ribanceira da eira de xisto
      Muro da eira em rectangular da minha mãe
      Eira retangular vista pela frente, a quina marca a extrema
        Arbusto de espinhos e bolinhas vermelhas a lembrar o Natal



        Flores campestres no meio de silvas...de beleza incomum!
        Tristeza sentida no meu rosto a lembrar tempos idos que jamais voltam...por ali vividos nos leirões outrora amanhados, cheios de vida e muita água que descia em queda livre das minas dos costados da Nexebra sempre a correr por regateiras de terra a lembrar as levadas na Madeira .
        A minha mãe em debanda desolada com o matagal, e a pouca safra da colheita -, teimosamente não quisemos deixar para os tordos, que até precisam de comer, já antes na Cabreira deixei azeitona galega nas oliveiras, para não se engasgarem!
        O pipo da casa do Silvério e da Maria jaz no talho minúsculo defronte da casa.
        O talho com a oliveira e o poçito -, por causa deles, os donos, especialmente da Maria, a estrada não foi alargada com deveria -, discórdia sem razão-, diz a lei que dos lados das linhas d'água há que respeitar 3 metros...bem, ela depois disso já se finou... 
        Há pessoas que não enxergam que a vida é apenas uma passagem! 
        O pipo vai morrer de pé como as árvores. Se tivesse serventia há muito que o teriam furtado!
        O lavadouro e a fonte hoje seca, que o meu tio Alberto Lucas enquanto presidente da Junta de Freguesia de Pousaflores mandou fazer no largo onde corre o ribeiro que desce da Nexebra. 
        Quero muito acreditar que os serviços competentes camarários irão concluir a obra que se propuseram no ofício que me enviaram! 
        Pago impostos no concelho de Ansião como outro qualquer cidadão que respeita a lei -, no caso até mais do que a maioria no concelho, pelas avaliações terem corrido após 2004, com isso correspondem ao padrão em vigor, enquanto que os demais apesar de algum aumento, ainda não pagam o que deviam atendendo ao património.
        Se a autarquia tivesse a ousadia em corrigir a metragem das casas, barracões e anexos de cada cidadão....seria de fugir sentir o aumento ...ou não -, fácil seria entender que mais vale baixar o índice que é dos mais altos do País-, assim a população não se sentiria ludibriada, a bitola seria igual para todos, cada um pagaria pelo que tem na realidade com justiça para os demais. 
        Importante seria penalizar também aqueles que não cuidam do seu património. 
        Claro como a água "quem tem casas tem de pagar o que a lei determina" 
        Pior é constatar que a maioria dos cidadãos tem andado anos e anos a pagar uma miséria de contribuição 20/90 € sendo que eu pago nesta casa rural com 100 anos 58,33€ e da casa de Ansião "cega", sem anexos com 90 mts2 pago 274,33 € ... 
        Assunto para pensar!

        quinta-feira, 14 de novembro de 2013

        Azeitão na feira de velharias com verão de S. Martinho 2013

        O querer, voltou a teimar, em me fidelizar na feira de velharias de Azeitão. Como ainda não tenho lugar fixo, ao chegar já havia uma enchente de colegas na roda da D. Lúcia. 
        Uns para vender velharias e outros para artesanato. 
        • O fresco da aragem da manhã atazanava o meu pensar na pouca verdade com a ordem da lista de chegadas -, a meu ver seria mais sensata e correta -, se na árvore da concentração fossem colocadas duas folhas -, uma para cada especialidade e à medida que cada um chegasse preenchia o seu nome, há falta de melhor solução!
        Porque aquilo que senti e não gostei -, por um lado ver feirantes que tem de ir embora por falta de lugar, enquanto que outros sabichões os vi candidatar a um lugar de velharias, e na verdade o que venderam: roupas, sapatos, malas, loiças tudo em 2ª mão que trouxeram de casa ( porque ao montarem a banca no espaço adstrito a velharias há mais clientes com mais probabilidades de vendas)...
        • Sendo que esta categoria na feira  a ser permitida, deveria ter lugar especifico.
        • Não me parece correto misturarem artesanato com velharias e artigos em 2ª mão.
        O certame até se divide por patamares na frente do palácio. 
        Sendo definido(?) o das velharias em baixo, no patamar do meio artesanato e no de cima de novo velharias.
        • Também não me parece correto sendo Azeitão pertença do concelho de Setúbal  haver diferenciação de critérios.
        Em Setúbal os feirantes até podem começar por não estar credenciados, mas logo são disso chamados à atenção, quem não se coletar não pode abancar, também não é permitido venderem roupas  e sapatos em 2ª mão.
        • Já em Azeitão uma grande maioria são vendedores de ocasião, não estão coletados, não pagam impostos nem tão pouco Segurança Social, aproveitam  enquanto podem, só vendem em feiras onde não há rey nem roque -, isto é fiscalização. 
        • Há feirantes que começaram a vender em Setúbal, não se quiseram coletar nem tão pouco pagar o cartão que a câmara exige e para espanto tem lugar fixo em Azeitão, para pensar!
        Gostava de ver a GNR aparecer e pedir a documentação...por certo uma grande maioria tinha de levantar os estaminés!
        • Claro que a vida está difícil para todos, mas há que estabelecer regras, e essas tem de ser para todos  e não só para alguns.
        Quis o inusitado da espera reencontrar um antigo conhecido - Luís que na altura conheci pelo apelido Pires, já não o via há anos. Atrevida disse-lhe que o conhecia mas não sabia de onde ... diz-me se calhar é dos correios. Lembrei-me logo. Montámos no seguimento das bancadas com o Sr Carlos ao meio. Conversámos imenso. Falei de Ansião o que no imediato o fez lembrar dos bons momentos da sua infância, por 2 ou 3 vezes tinha ido passar uns dias no Escampado de S. Miguel.  Foi uma alegria recordar motes de episódios dum tempo de criança, de caminhos com buracos em terra, das casas de pedra, da lojita do Ti Nicolau, dos filhos e dos primos -, sobretudo do Isidro Leal com quem um dia de bicicleta e um garrafão de 5 lt de vinho no guiador e se aleijou...
        As boas lembranças tomavam conta dele ao recordar um tempo que com outro primo em comum, o Necas, viajaram cá dentro-, jamais se esquece das férias em S. Martinho do Porto e,...
        Perplexa havia de ficar quando me falou no Isidro que conheço do face virtualmente , aqui me encontrou com as minhas crónicas sobre recordações de  Ansião.

        O mundo é mesmo pequeno. O Luís é um homem de 62 anos,o seu rosto melancólico revela vida amargurada, sei e senti, fosse ao tempo incompreendido no trabalho, fosse pela filha de pêlo na benta, ingrata, de quem não abona carinho e devia, mas ali naquela conversa mostrava-se um homem solto, como se fosse amigo de toda uma vida -, fiquei tão feliz que não resisti na ousadia de lhe confidenciar. Humilde de olhar castanho e doce, cavalheiro, num repente foi à sua banca e trouxe um livro para me ofertar, sobre o Zoodiaco, tema que o meu marido em conversa lhe diz eu apreciar.

        Apareceram outros colegas que costumam andar por outras bandas-, Luís de Sintra trazia apetrechos da agricultura da sua casa da Covilhã. Outro alto, tatuado, não me recordo agora do nome, do Monte Estoril trazia um Santo António do século XVII e uns castiçais dourados. A banca do Tó do Pragal, pequenina, não me reteu o olhar. O Humberto fiquei contente de o ver de melhor aspeto, da outra vez em Setúbal de bengala parecia que ia morrer...magro e de cor cinzenta, andava mal medicado, ousadia teve ao mudar de médico. A Zélia também andava aflita da coluna tal como o João marido da Carla,e o Aroucha dizia que estava melhor do pé, se não cuida como deve ser...os diabetes não perdoam!

        O diabo desta feita ficou atrás da porta, a feira para mim desta vez revelou-se prazeirosa nas vendas, transaccionei algumas peças, fiz descontos, dei outras, conversei bastante, ainda comprei uns azulejos...
        Relaxei sentada na cadeira na hora do farnel aviado de casa, as pataniscas deliciosas feitas de véspera entaladas em pão alentejano comprado na feira do Montijo.
        • Refastelada com a maçã "casanova" que me dita mote para sonhar com o nome do sedutor D. Juan ... num ápice estiquei as pernas, de sombreiro na cabeça, que o Peres me deu em tempos na feira de Setúbal, parti em divagações muito pelo sol de luso fusco de  S. Martinho que me batia de frente, num repente se descobriu brilhante, doce e quente, me fez calores...quase me despi! 
        Enfim uma feira e pêras!

        sexta-feira, 8 de novembro de 2013

        Feira de velharias no Pinhal Novo em estreia sem glória ...

        Nem sei como o meu marido aceitou o desafio de experimentar Pinhal Novo, duas feiras no mesmo fim de semana. Em Setúbal tinham-nos dito que o local tinha mudado para o jardim ao redor do coreto que à partida parecia ser muito mais apelativo do que defronte da estação desativada da CP. Lancei o desafio ao meu colega Carlos que não garantindo a presença, participou para meu espanto, mal entrei no recinto o vi a montar o estaminé, claro que só foi para me fazer cortesia, na minha estreia. Colegas destes já há poucos, atendendo à idade mais de setenta, acredito foi uma maçada, sem proveito, antes prejuízo, acabei no final por o saber, o que lamentei e de que maneira!
        Mário, julgo funcionário da Junta de Freguesia encarregue da ordenação dos espaços atribuídos e cobrança aos feirantes, apresentou-se homem de bom porte, bonitão de cabelos grisalhos, vestido de cabedal .
        O melhor que se saldou no dia ? O descanso do meu olhar por segundos, várias vezes, porque da feira propriamente dita, não valeu foi nada!

        A afluência de "mira e anda" foi muito baixa o que estranhei, atendendo ao inicio do certame na calçada da rua principal ter sido ao tempo de grande afluência e bom negócio para os feirantes.
        A meu ver a feira de velharias deveria ser mensal e jamais semanal, com interrupção ao 2º domingo por decorrer a outra feira onde se transaccionam uma multiplicidade de bens.
        Bem me lembro há muitos anos de a ter frequentado e na altura nela haver feirantes de velharias e ferro velho. Porque razão não criam um espaço dentro do limite dessa feira só para velharias ? Assim as duas feiras decorriam no mesmo domingo e resolvia-se a questão dos clientes que no caso é muito escassa nas velharias.O precário da ocupação do espaço para novos cifra-se em 10€ por um lugar exíguo de 2x3 metros quem comprar ao trimestre fica por 29€, mais em conta.
        Se tivermos em consideração outras feiras, algumas isentas de pagamento, aqui mostra-se caro. Não me parece correto, acho carrérrimo aos dias d'hoje sendo que se transacionava muito pouco e muita coisa a um euro...também porque não sendo o Pinhal Novo ainda uma zona turística de excelência, não faz sentido.
        Haveria de me surpreender com o busto a JOSÉ MARIA DOS SANTOS no jardim em frente da igreja e do coreto com o seu nome. Dele se fala plantou a maior vinha no mundo entre Rio Frio e Poceirão. Fez uso de novas técnicas agrícolas, fertilizantes e seleção de sementes, entre outras. À época recorreu a incentivos para a colonização e fixação de trabalhadores .
        O que me impressionou foi a homenagem com o levantamento do pedestal feito pelos seus rendeiros.
        Fiquei a pensar. Ao tempo tinha de ser muito bom para os rendeiros. Só assim se compreende esse querer mayor ficasse perpetuado nas gerações vindouras...Aos dias d'hoje só se vêem roubos, gente que isminfra o povo, os desgraçados sem eira nem beira, e sem dó nem piedade, a ferro e fogo, só lhes falta tirar a pele da barriga!
        Há ainda um bom exemplo a nível empresarial, reconhecido por todos os portugueses na atualidade. O empresário dos cafés Delta em Campo Maior, o Comendador Rui Nabeiro.
        Fontanário com um belo painel de azulejos
        Pena o espelho de água do lago artificial não estar limpo, havia uma grande concentração de limos...

        Impressionante foi constatar que de todos os elementos de um rancho folclórico parados à espera do autocarro no gaveto do jardim, a escassos metros da feira apenas este e bem "entramelado das pernas e da fala" se dignou ver o certame com o banco na mão... e depois o chama de deficiente!
        No mínimo atitude estranha do rancho, atendendo à caraterística popular de antanho nos trajes, acessórios e rituais. A feira seria uma mais valia para o engrandecimento e redescoberta de valores da época que apreciam na mostra do dançar.

        O meu bom amigo Sr Carlos arrumava os toiros de latão na sua banca
        Visitei a Igreja e Capela de São José inaugurada em 1872 que me pareceu excessivamente decorada nos tetos com grandes painéis pintados, paredes com azulejos muito coloridos, a reportar serem mais recentes, altar mor onde o dourado é rei...sendo o espaço pequeno a exuberância chocou-me!
        Algumas imagens sacras belas, sem dúvida.
         
        O jardim desenvolve-se em várias vertentes polivalentes: espaços para as crianças, mini anfiteatro para eventos e espetáculos, canteiros com flores e bancos, espelho de água para refrescar nos dias quentes, coreto para música, e árvores diversas, encontrei medronhos que desde miúda me fascinam nesta época do ano que com a minha irmã íamos à procura deles madurinhos para os comer.
        Do outro lado da linha férrea esta bela casa a pedir restauro. Boa arquitetura Art Déco.
        A estação do Pinhal Novo desativada no meu parecer foi má aposta. Visitei a nova . Senti que apesar do exterior moderno não esbarra na paisagem do jardim com a vidraça em jeito de declive. Depois de fotografar os painéis de azulejos da frontaria da velha estação pensei ir de volta para fotografar do lado de dentro, debalde perdi-me com tantas escadas de degraus enormes, sem sinalética, acabei por ir parar numa estrada em sentido contrário...Tabelei conversa com um segurança que me disse ser proibido tirar fotografias...coisa que estranhei!
        O projeto parece-me megalómano, apesar de haver um segurança, senti medo, vi algumas lojas, casas de banho, guichés de venda de bilhetes, caixas multibanco, elevador, mas o que me chocou foi a imensidão das escadarias, dos degraus e dos corredores. Local frio, nada apelativo, possivelmente equacionaram a chegada anunciada do TGV, e nele o buliço de muita gente...mesmo assim desenquadrado. A estação antiga é bastante grande se tivesse sido bem remodelada com um túnel apelativo, com luz bastante, seria o ideal para a passagem para a outra linha em menos tempo, e se revelaria menos oneroso para a Companhia, ao que dizem tem prejuízos enormes...para pensar!
        Fachada da estação antiga a nascente praticamente encoberta com a estrutura da nova...um belo painel de azulejo datado de 1946 referindo - 2º prémio...
        A ladear uma das ruas do Jardim descobri esta casa encimada por uma platibanda de baluartes em cerâmica e pináculos no formato de pinha dos finais do século XIX.
        Fui abordada de manhã por uma senhora de belas arcadas em oiro que me questiona se compro velharias. Dizia-me que no final do mês ia mudar de casa para uma mais pequena , já tinha posto muita coisa no lixo, e dado...no entanto a aldeia angolana que o irmão lhe trouxe quando lá foi tropa e umas caixinhas gostava de vender...Para surpresa minha haveria da parte da tarde aparecer de novo, nas mãos trazia um saco de papel com as peças. Não resisti à doçura do olhar, aceitou o que ofereci. Não tenho o hábito de comprar, no caso quis sonhar e nisso elevei a imaginação a pensar que seria do Penteado  irmã do rapaz que foi colega de tropa do meu bom amigo JM , uma amizade frutícua que sei ainda hoje se mantém. Comprei nem sabia que tinha um tabuleiro esse ela ficou com ele!
        A minha Dina veio ontem jantar, deparou-se com a aldeia montada na sua escrivaninha...não se fez rogada a levar consigo para a sua casa: o porquinho, a canoa , remo, uma caixa de madeira cor d'oiro, macia, trabalho emalhetado colossal e,...

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