sábado, 14 de dezembro de 2013

Estremoz estreia sem glória na feira de velharias, saldou-se em júbilo Montemor o Novo

Quis o despertador não falhar no acordar-me na hora prevista 3,45 H para me estrear na feira de velharias de Estremoz. Verdade, verdadinha não me custou levantar.  
  • Ao chegar à garagem reparámos num grupo de "moinantes" sentados num banco junto da vedação da Escola, um outro de pé que até se deslocou para ver o que fazíamos... Ao sair reparei que chegavam umas "gajas" que se juntaram a eles pelas 4,30 H...pensei para com os meus botões "será que as mães não se importam de elas andarem na rua àquela hora?" O mesmo com os universitários na praia do Meco na noite seguinte...qualquer ignorante (?) sabe que o mar é perigoso, é para respeitar e no Meco -, basta olhar a beira mar na orla de rebentação como é brutal o afundamento e a força do regredir das ondas, o mesmo noutras praias desde Leiria , Figueira e... para já não falar que de 7 em 7 há uma onda maior...não viram o filme Papillon...
Será que estavam bem?...Partiram desta vida estupidamente em agonia e sofrimento,  na flor da idade -, os seus pais e amigos como ficam ? Uma dor que jamais sara! E porquê? Supostamente pelo prazer do desafio em testar o perigo? Difícil é entender o barulho das ondas abismal, na noite alta -, incitar neles adrenalina bastante no querer sentir a espuma a saltar agreste nos seus rostos...tantos, e nenhum deles revelou coerência e bom senso de tão grande perigo -,que se traduziu num fim de semana nefasto...há anos vi despedaçar-se no Cabo Espichel um barco nigeriano-,todos os tripulantes nunca apareceram, o ultimo viu-o  de mão presa num ferro com a outra a tentar pegar no cabo do helicóptero...sem êxito, veio uma vaga enorme que o derrubou, e levou para nunca mais ser visto...até se falou que as sapateiras passaram a andar gordas...comem tudo...nefasto não? Prefiro pensar na teoria de Lavoisier "nada se perde tudo se transforma"...
Espero que os corpos aparecem para as famílias fazerem o funeral e iniciarem o luto. Que descansem em paz!
  • Há trabalho de casa no incentivar a respeitar o perigo, e a identifica-lo! 
Porque mesmo com cautelas há acidentes.

  • O que sei -, na volta constatei que o portão da garagem da minha vizinha do lado recentemente mudado, tinha sido vandalizado...com aquelas latas de tinta que descaradamente ainda teimaram em deixar em cima da caixa de electricidade com duas garrafas de cerveja... o meu marido no papel de "Almeida" as levou  para o caixote do lixo, antes que esta noite as partissem, pior seria ter de apanhar os vidros...como outras vezes já aconteceu!
  • A partir de Montemor  o Novo comecei a ver aqui, e ali ,chuva de estrelas cadentes em flecha fulminantes, estupidamente esqueci-me que era mote de pedir desejos... 
Tempo ameno na  viagem, pior na chegada com frio , apesar de bem agasalhada e muita humidade.

  • A cidade apresenta-se na planície alentejana de grande imponência em termos históricos e arquitectónicos onde o mármore  é rey...
Minas de extração a céu aberto com clareiras, e na sua roda um jaz amontoado de  pedras com toneladas descoradas pelo tempo, também penedos esventrados a fazer lembrar um porco aberto pendurado no chamaril -, de entranhas a escorrer em cristais sem brilho, baços, casca de cebola, em jeito de borbulhas, sendo que todo ele, o mármore -, em jeito de ciranda...à procura de melhor oportunidade, do que jazer num  penar infinito, ao Deus dará!
  • Há muito casario emblemático, as portas da cidade  são deslumbrantes!

  • O castelo e a Pousada da Rainha Santa Isabel
  • Os espanhóis sabiam na minha vontade de me estrear, por isso poucos apareceram !
  • Os poucos que se mostraram procuravam peças abaixo do preço...uns fudricas, apesar de bem vestidos, a imagem que me deixaram  só comparável à dos chineses farejadores de feiras, oportunistas na procura de peças antigas a baixo preço  que vêem, revêem, mordem  com o olhar e até com os dentes ...para enviarem para a China para reproduções, no melhor serem vendidas a altos preços...No tempo da Companhia das Índias toda a produção de porcelana veio para a Europa, parece que  agora a querem de volta...Também ucranianos procuram latões, candeeiros e... para revenda na Ucrânia.
  • Mal chegada ainda de noite só ouvia perus... "gru gru,gruuuuu...." na outra feira dos vendedores agrícolas , que se faz em paralelo com a de velharias.
Mal o dia se levantou era gente e mais gente com os perus presos pelas asas para a ceia do Natal que embebedam com aguardente para o amolecer, e dar sabor à carne, outros com galos em caixotes com as cabeças de fora.
O Peres começou a tirar os caixotes da carrinha ainda ao lusco fusco, estava vento, o espelho da cómoda caiu umas 3 vezes -, até que o encostou à porta com um jarrão tipo romano e em cima dele um cesto de loiças e vidros...ao tirar uma jarra de vidro da Marinha Grande finais do século XIX...ainda mais bela do que esta e mais pequena sem ser lapidada.

Peça lindíssima. Repara que na viagem por não vir acondicionada tinha rachado junto da pega -, coisa insignificante, a peça no todo era linda...nem me deu tempo de lhe a comprar ou pedir, num ato inusitado diante de nós a joga ao ar, no imediato se estatela no chão em mil pedaços...partiu-me o coração, fiquei sem pinga de sangue...
  • Acabei por perceber que tudo o que seja vidros e esteja partido para ele é azar!
No final da feira havia de partir um cálice e uma boneca de porcelana...No entanto pediu-me a cola para colar um atravessa gateada inglesa que se tinha desintegrado e uma estatueta que se lhe partiu com o vento...O homem anda doente em 3 meses engordou mais de 20 quilos...e o humor não é dos melhores!
  • Vi alguma faiança que me encheu "as medidas".
A faiança boa, intacta  em pratos grandes com mais de 30 cm de diâmetros, rondava os 370 €-, Bandeira , Estremoz e Coimbra .
Havia um grande prato com os talheres e o peixe cortado ao centro atribuído a Bandeira , no tardoz tinha pintado a azul cobalto  MA .Outro de Estremoz com "cabelos" , lindo.

  • Se pudesse tinha trazido este "ratinho" com flores de linho.

No pior, constatei a falta de organização do certame. 
  • Só aparece o fiscal para cobrar o espaço -, no meu caso adverti-me para não voltar, sem antes me inscrever nos serviços da câmara -, com a retórica " tem de esperar porque os serviços estão atrasados, só agora estão a dar despacho ao mês de outubro"...ouvi de outro colega que a lista já passa dos 70...
Bem -, na verdade sempre ouvi dizer que no Alentejo é sempre lentidão...fato que constatei com grande pena minha -, para mim o Alentejo, e alentejanos-, só foi o meu primeiro grande amor nesta minha vida -, então não me lembrei do Arménio quando vi a laca do Sabugueiro antes de Arraiolos ?...Sorri ao recordar as suas graciosas botas alentejanas encerradas...Que Deus o tenha em paz!
  • Imaginem a prosa da lata do fiscal a fiscalizar ...não volte!
Ora sendo coletada, pagante de impostos , e no caso havendo lugares vagos,  não faturam porque não sabem fazer dinheiro...Só pode ser imbecilidade (?) porque então o terreiro seria gratuito, como numa grande maioria de terras-, que me perdoem a crítica , a meu ver  pretende ser construtiva!
Sinceramente tenho dúvidas que o pelouro adstrito ao tema, não deva acolher na estrutura da chefia, pessoa, com perfil para o defender como  bem merecia -, no sentir o filão de potencial negócio -, avaliando o tempo da existência do certame, e a falta de proactividade em fazer melhor -, sendo uma cidade turística deveria ser tratada com mais esmero e dedicação... 
Estamos no século XXI  e não no século XIX. 
Julgo agora estão a fazer casas de banho públicas. Pelos tapumes não vislumbrei como serão, se à antiga em betão e cal...No caso de sanitários públicos, o melhor para a população que os utiliza são os modernos blocos em cimento armado, em feitio de ovo, onde se introduz uma moeda de 50 cêntimos, depois da utilização fecha para ser automaticamente desinfetada. Já as outras, se não tiverem um funcionário para as manter limpas, e mesmo assim deixam dúvidas,  é um poço de infecções!
  • Urge urgência na marcação dos lugares -,que o podem ser no lancil do parque de estacionamento, deixando entradas para o público passar,já do outro lado a colocação de marcos em mármore, não choca o jardim, muito menos pode melindrar o espaço se for feito com lógica, bom senso  e harmonia. Os espaços devem-se pautar por vários tamanhos: grandes, médios, e pequenos intervalados para satisfação de todos, deixando o corredor livre ao meio, para o público passar, e não como se viu com panos por todo o lado, e bancas sem organização, que não respeitam a dianteira da banca dos colegas, algumas ao sê-lo deliberadamente puxadas para a frente, cortam a visão da feira, pior -, condicionam o público no seu visionamento e andamento, e nesse pressuposto outras bancas ficam sem ser vistas -,e não é correto!
  • Não devia ser permitida a entrada de veículos no espaço, destroem a relva, até estacionam em cima dela...Nesse pressuposto os lugares junto do parque de estacionamento deveriam ser mais caros que os outros na parte da frente.
Paguei por um espaço irrisório 3,30 "ditado a olho" quando a maioria com 10 mts a 40 com com panos estendidos atrás, pela frente e no meio, pagaram o mesmo...recibos sem nome, apenas a sua entrega!
  • Não há método, nem sistema, nem bitola, só fiscal, mais nada!
Os vendedores antigos mesmo que estejam meses sem aparecer, quando aparecem, tem o seu lugar garantido. Coisa impensável, do outro mundo -, só justificada pela falta de estatutos da própria feira, que em todas as outras no País, desde que faltem 3 vezes consecutivas perdem o lugar cativo!
  • Não gostei deste desleixo desleixado, muito menos da lábia do fiscal... 
E eu que andei meses a pensar em me estrear, a ponderar as conversas, melhor o coração de bons colegas, que sempre me acarinharam e incentivaram a fazer Estremoz -, Peres, Carlos, Laureano, Manel Ourives e até os "ciganos" António, e do pai o Sr Orlando, no caso até me dispensavam espaço  se acaso não houvesse, para eu abancar!
O forasteiro feirante desde que credenciado devia ser recebido com respeito por um funcionário destacado pela autarquia -, com o dever de atribuir lugares vagos no organograma do recinto, e sempre pela ordem de chegada,  após estes estarem completos sobram os lugares fixos de quem nesse dia falte, e não compareça até há hora limite fixada, por exemplo ( 8 H ) -, que uma vez ultrapassada seriam distribuídos imediatamente aos restantes feirantes.
  • Saí de Estremoz desiludida. Saldo-se com a compra de um pão genuíno. 
O meu estar, o mesmo que dizer fiquei com a "telha"... nem tão pouco o ensopado de borrego a que me tinha proposto degustar, o quis mais!
  • No caminho perto de Igrejinha, sob o sol radioso,alguns prados verdes, aqui e além blocos arredondados graníticos, pequeno choupal e vaquinhas brancas a pastar transportaram-me à paisagem  romântica "bocage" do Minho... e claro ao meu amigo JM... 

O melhor mesmo saldou-se com a brutal bifana em Montemor o Novo... no café da Rodoviária!

  • Espaireci ao contemplar a iminente ruína do Convento de S. Francisco...
  • Pedras sob as janelas -, piais, uma tradição portuguesa. Se não lhe acudirem a que caiu e está no chão pode bem desaparecer...
  • Inadmissível o algeroz de lata que puseram na gárgula -,o desaguadouro de escoamento de águas pluviais dos telhados, em formato saliente de animal em granito.
  • Disse adeus ao convento na esperança que alguém da câmara o  dignifique  em tempo.
  • Adorei as carpetes que as folhas dos plátanos faziam pelos passeios a cores quentes amarelos, dourados , castanhos a  tingir cerise...

  • Amazing...Montemor o Novo!
Ao ver pedras e outros materiais ao abandono, num repente lembrei-me dum príncipe... Desafogo meu ele não se lembrou de mim!
Debalde não fui de "modas e  afiambrei-me" a algo que estava ali à mão!
  • Um defeito de resolver tudo de forma prática!
  • Sorte a minha que em Montemor encontrei a telha...que tinha perdido em Estremoz...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Nem sempre é fácil dar "recados" a quem gostamos!

Na quinta feira sabia que tinha de acordar cedo para arribar a Lisboa para afazeres na casa da minha Dina, não que me pedisse, antes eu que me ofereci.

Saí de casa no lusco fusco do amanhecer, o sol fazia-se no horizonte para me presentear ao Cais do Sodré às 7, 47 como marca o mostrador horário.


  • Tanto de manhã com à tardinha quis o gosto teimar em registar momentos...
  
  •  Haveria de regressar precisamente ao lusco fusco do anoitecer apesar do meu estar aparentemente o mesmo por fora já que por dentro quase explodia...

Admirei os raios do sol em tons fogo ao nascer e a pôr-se no rasto do avião sobre a ponte.
 
O Cristo Rei sobre cores a fogo e o azul celestial


A margem sul-, a outra banda vista do Cais do Sodré com as luzes acesas

 
A lua em quarto minguante(?) minúscula na imensidão do céu...ficou desfocada por estupidez da minha falta de perícia...

Hilariante as luzes do paquete no cais de Santa Apolónia mais parecia uma feira popular, pela altura. 

Apesar do meu estar de manhã e à tarde-, nada aventava que vinha cansadíssima, sobretudo com dores de cabeça e coluna, valeu-me o botijo de água quente que ajudou a amansar as dores...

  • Dormi mal pelos "recados" que tive de dizer à minha Dina...mãe tem o dever de ensinar...
Mas o caricato e inusitado d'hoje haveria de me deixar por terra...
 
Acordei indisposta, fiz um chá tomei um comprimido , voltei para a cama de onde saí já melhorita.
Ao meio da manhã no sofá na sala estive a ouvir música, a campainha tocou por duas vezes  -, nem me levantei a julgar que seria publicidade...sem telemóvel ligou-me mais tarde do trabalho a perguntar onde andei -, disse -lhe que ainda não tinha saído de casa...
  • Fiquei gaga quando  me disse que tinha vindo a uma visita domiciliária na zona. o chauffer teve de abastecer de gasolina ...pensou em  vir dar-me um beijinho, e agradecer por ontem...ainda me disse  
" não sentiste que era eu?..."
 
Sei que ela não gosta de "recados"... afinal não ficou enxoufrada comigo, percebeu que tenho razão...esta minha mania de ser exigente!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Ser ou não ser eis a questão do talude que ainda não foi feito na Mouta Redonda

Desde sempre o privilégio de ter alguma flor à minha espera na casa rural no Fôjo! 
Desta feita malmequeres amarelos em final de floração.

Tenho em meu poder ofício camarário de Ansião S/1302/2013 assinado pelo Presidente dando conhecimento que os serviços irão proceder à limpeza das terras e à colocação de pedra grossa no talude para evitar novas derrocadas, no meu quintal da Cabreira, na frente da casa rural.
Para cúmulo do espanto e consternação, dei-me conta que apenas se limitaram a retirar as terras que impediam metade da via, já o talude ...NÃO O FIZERAM!
Nestes dias de fevereiro de 2015 idealizei uma paliçada na barreira com paus espetados no barro mole, por estar vento inapropriado para fazer queimadas, o mato, giestas capim cortado em agosto e ainda os cavacos da poda da figueira com a forquilha aqui tudo deixei e ainda limpezas de flores e catos de um jardim, para sobre este amontoado que é leve crescer erva que uma vez enraizada assim espero protela a barreira de novas derrocadas(?)...
Tinha agendado dia para a apanha da azeitona com a minha mãe. Aprontado farnel na cesta -, bifes de cebolada com a ideia de na casa fazer um esparguete. 
A minha irmã o ano passado fartou-se de podar as oliveiras com a moto serra, o mesmo que afirmar, este ano azeitona nem vista! 
Mal estacionei dei-me conta que não tinha comigo a bolsa com as chaves...outra coisa não podia fazer senão voltar à estrada à casa da minha mãe "de coração nas mãos"...julgava que a tinha deixado no palanque das fogaças no adro da capela de Santo António em Ansião -, afinal estava numa cadeira junto da porta da cozinha-, grande alívio!
Com esta perda inusitada de tempo urgia aventurar-me ao trabalho. Depois de uma olhadela no correr do quintal só uma oliveira junto do ribeiro outrora encanado, agora a descoberto pelas enxurradas, e falta de limpeza dos ribeiros, na extrema com o vizinho a norte, estava embelezada de azeitona onde estendi a manta em redor do pé. 
Não usei escada, debalde ainda me vi enrolada de braços presa aos ramos, com as pernas tropeças pelas botas de borracha -, vi jeito de queda eminente, felizmente salva pelo último fôlego, puxei pelos músculos presos, no querer mayor de arribar, desistir do aparato de acidente! 
Pesadelo e tormenta -, o abaixo e acima para apanhar o varejão e o serrote, o mais difícil foi ter de cortar os "pulões" a caminho do céu. Teimar em deixar a oliveira redonda, airosa, uma princesa. O que eu me fartei de ripar azeitona! 
A minha Dina no fim de semana ao final da tarde tinha-me pedido as chaves para matar saudades deste espaço idílico, solitário, sereno, único...na volta disse-me " no quintal está uma linda árvore de folhas escarlate cor de fogo"-, o diospireiro! 
No imediato fez-me despoletar na lembrança dum episódio passado com ela no 5º ano -, a Profª pediu à turma para elaborarem uma ementa saudável. Seria outono, e por isso a sua escolha recaiu num Fertungado e a fruta uns dióspiros -, espanto foi aperceber-se que nem alunos, tão pouco a Profª, sabiam nada de nada...salvou-se o inusitado pelo pedido da receita da bisavó Maria da Luz da Mouta Redonda.
    Aferventado sem feijão
Nestas terras do Maciço de Sicó os antigos comiam o que a terra produzia em tempos e antanho. Era gente pobre. No tempo dos nabos fazia-se um panelão de ferro com o aferventado. Miga-se a rama com as cabeças cortadas às rodelas, há quem junte também uma batatinha feijão frade e ovos. 
O aferventado era servido numa bacia de faiança cujo fundo era coberto com broa cortada miúda que o caldo ensopava. 
Bom azeite para o regar.
O conduto; postita de bacalhau assado, sardinha frita , entrecosto ou febras. 
Como se fazia em grande quantidade, as sobras no dia seguinte, eram requentadas em tacho de barro ou frigideira eom azeite fervente com dentes de alho e louro, a que a minha avó materna Maria da Luz da Moita Redonda chamava Fertungado. 
Fácil é perceber que adoro continuar as tradições e ainda hoje fazer estes pratos! 
Regressei de Ansião no sábado com um carrego de nabos que os meus compadres me ofertaram, ontem fiz aferventado com feijão frade, que acompanhei com carapau pequenino frito, a minha Dina veio almoçar, quis levar sobras para fazer na sua casa o fertungado, que o meu faço amanhã. 
Deixei a minha mãe a limpar a casa com as janelas abertas para entrar o sol casa dentro.
Ainda antes do almoço parti quintal fora de balde na mão para ripar uns ramos numa oliveira na extrema da vinha da cadela. 
Sorte que levei o queimbo de oliveira do avô do Luís -, Ti António Veríssimo, sem o qual seria impossível puxar os ramos, ripar as azeitonas. 
Apeteceu-me subir o terreno para ver outras oliveiras entretanto cortadas para plantio de carvalho americano.
 
No último inverno as intempéries deitaram abaixo dois pinheiros junto da estrada, os carvalhos de grandes folhas amarelas e escarlates, aqui e ali sobrevivem como podem no meio de mato com silvas, para espanto meu, as oliveiras que entretanto rebentaram para gálio com azeitona grossa da boa. Uma atrás de outra e mais outra, enchi o balde de 20 litros.Claro que me demorei! 
Pior foi chegar a casa ... sentir a raiva da minha mãe que entretanto me procurou e chamou por tudo o que é sítio sem saber de mim-, aflita, julgava que tinha caído algures. Podia ter acontecido! 
De regresso de balde cheio pelas mãos ainda fotografei a casa em ruínas do meu vizinho .
                  
Aldeia quase desertificada-, um gato ao sol!
                   
Ao chegar ao jardim cansada deparei-me com o arbusto "rapaziada" que plantei o ano passado, aberto em flores pequenas e cheirosas em cor cerise tal como o botão de rosa da poda da roseira da frente da casa que avassalei à meses.
                  
Dei corda no tirar as botas para calçar os chinelos já passava da hora do almoço.
Aberta a janela da cozinha de par em par -, o carvalhal avizinhava-se verde ervilha sob o sol radioso, a minha mãe sentou-se logo defronte, para saborear tal paisagem.
Posta a mesa, fui ao bar buscar uma garrafa de vinho alentejano produção de 2007, bem encorpado. Para entrada desfiei um peito de frango assado que sobrara de véspera.
A minha mãe resingona com o esparguete acabou por lamber o prato...o molho dos bifes estava no ponto! 
Os pêros bravo de esmolfe estavam deliciosos, e o cafezinho quente com um pixel de aguardente de medronho rematou o repasto.Arrumei a cozinha, e de novo para a azeitona desta vez para a Cabreira-, o quintal na beira da frente da casa. 
O ano passado uma parte da barreira em terra cedeu com as águas que descem da Nexebra e ao chegar à estrada de maquedame encontram as regateiras entupidas pelos desperdícios de madeira deixada pelos madeireiros nos cortes. Há muito que deveria haver fiscalização, sobretudo com a colocação de placas com indicação de coimas. 
Na altura alertei a Câmara de Ansião para o problema. Não demoraram tempo a retirar a terra da estrada repondo as lajes de pedra alva que servem de escada ao quintal.
Pior, foi o espanto ao receber carta oficiosa a dizer que tinham efetuado a remoção de terras e sustentado o talude com pedra grossa para evitar novas derrocadas...debalde só consta a obra no oficio! 
Apesar dos e-mails endereçados -, e até uma "cunha" que em abono da verdade abomino fazer -, mas no caso considero como sendo pagamento a um funcionário a quem dei este ano a palha para alimento dos póneis das filhas -, ao me questionar quando vinha para o almoço, viu-me no meu Salgueiro, o olival onde andei na véspera -, perguntando quanto me devia. 
A verdade é que no passado para se alargar o caminho em estrada, o quintal foi cortado, na altura deveria ter sido feita uma parede de sustentação de terras como o fizeram mais abaixo no Vale, até porque na frente existe a casa, nada mais óbvio-, mas não tendo sido feita o deveria ser agora, porque as terras já cederam por 3 vezes , atrás delas tem ido oliveiras, outras 4 estão eminentes, nem tão pouco me atrevi a subir a elas e varejar, pelo perigo! 
Fechada a casa e o carro com saca e meia de produção de azeitona, partimos a pé na direção do Vale, à courela do olival da minha mãe ripar uns ramos da sua oliveira do talho do jardim...naquele sentir nostálgico de matar saudades ao final da tarde.
O sítio onde nasceu, que gosta de recordar, e eu também...
Na entrada da quelha do Vale na ribanceira do ribeiro da Nexebra sempre vistoso o velho arbusto perene que não sei o nome -, florido de bolinhas vermelhas, julgo venenosas, na frente da casa da Maria e do Silvério.
Ao subir a quelha do Vale depois do alcatrão acabar rés vez a adega da irmã do meu marido, encontrei cogumelos na fresquidão dos loireiros e da quietude do ribeiro ainda sem águas...com passarinhos a esvoaçar nas ramagens do sabugueiro.
                 
Desânimo é constatar o sítio da casa dos meus avós maternos Maria da Luz Ferreira e José Lucas Afonso, depois de uma lagarta camarária ter derrubado o que restava das paredes, apresenta-se hoje num amontoado de silvado, a crescer sem receio para as alturas...nem uma pedra se deslumbra naquele imenso emaranhado!

Ainda resiste na frontaria do muro do pátio um pé de jarros...
Euzinha na frente do sítio da casa dos meus avós na quelha do Vale sempre irreconhecível quando ando vestida de saloia agrícola...
A minha mãe a subir a serventia para o seu olival. Atrás dela a palmeira que plantei há anos, hoje pertença da irmã do meu marido. 
Não resisti fotografar o faustoso cato de flores cor d'oiro que já ninguém apanha para usar na feitura do queijo - o cardo. Só lhe resta a chegada dos ventos para levarem as sementes para outras paragens.
A parca azeitona "ardida" da oliveira do talho do jardim da minha mãe 
    Lágrimas, o arbusto perene plantado pela minha avó Maria da Luz na ribanceira da eira de xisto
      Muro da eira em rectangular da minha mãe
      Eira retangular vista pela frente, a quina marca a extrema
        Arbusto de espinhos e bolinhas vermelhas a lembrar o Natal



        Flores campestres no meio de silvas...de beleza incomum!
        Tristeza sentida no meu rosto a lembrar tempos idos que jamais voltam...por ali vividos nos leirões outrora amanhados, cheios de vida e muita água que descia em queda livre das minas dos costados da Nexebra sempre a correr por regateiras de terra a lembrar as levadas na Madeira .
        A minha mãe em debanda desolada com o matagal, e a pouca safra da colheita -, teimosamente não quisemos deixar para os tordos, que até precisam de comer, já antes na Cabreira deixei azeitona galega nas oliveiras, para não se engasgarem!
        O pipo da casa do Silvério e da Maria jaz no talho minúsculo defronte da casa.
        O talho com a oliveira e o poçito -, por causa deles, os donos, especialmente da Maria, a estrada não foi alargada com deveria -, discórdia sem razão-, diz a lei que dos lados das linhas d'água há que respeitar 3 metros...bem, ela depois disso já se finou... 
        Há pessoas que não enxergam que a vida é apenas uma passagem! 
        O pipo vai morrer de pé como as árvores. Se tivesse serventia há muito que o teriam furtado!
        O lavadouro e a fonte hoje seca, que o meu tio Alberto Lucas enquanto presidente da Junta de Freguesia de Pousaflores mandou fazer no largo onde corre o ribeiro que desce da Nexebra. 
        Quero muito acreditar que os serviços competentes camarários irão concluir a obra que se propuseram no ofício que me enviaram! 
        Pago impostos no concelho de Ansião como outro qualquer cidadão que respeita a lei -, no caso até mais do que a maioria no concelho, pelas avaliações terem corrido após 2004, com isso correspondem ao padrão em vigor, enquanto que os demais apesar de algum aumento, ainda não pagam o que deviam atendendo ao património.
        Se a autarquia tivesse a ousadia em corrigir a metragem das casas, barracões e anexos de cada cidadão....seria de fugir sentir o aumento ...ou não -, fácil seria entender que mais vale baixar o índice que é dos mais altos do País-, assim a população não se sentiria ludibriada, a bitola seria igual para todos, cada um pagaria pelo que tem na realidade com justiça para os demais. 
        Importante seria penalizar também aqueles que não cuidam do seu património. 
        Claro como a água "quem tem casas tem de pagar o que a lei determina" 
        Pior é constatar que a maioria dos cidadãos tem andado anos e anos a pagar uma miséria de contribuição 20/90 € sendo que eu pago nesta casa rural com 100 anos 58,33€ e da casa de Ansião "cega", sem anexos com 90 mts2 pago 274,33 € ... 
        Assunto para pensar!

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