sábado, 22 de março de 2014

Ansião na feira de velharias de março

Em rota de despedidas de mais uma temporada por Ansião, decidi em boa hora de novo experimentar a feira, a minha 2ª, por estar em casa com o carro carregado onde cheguei quase em cima das 9H . 
Em paralelo neste dia realizou-se a feira de velharias e doces regionais integrada nas Comemorações da Batalha da Redinha, onde efetivamente teria imenso prazer em participar, mas estando com o tempo limitado para regressar ao fim do dia a Lisboa, acabei por ficar -, sem acrescentar que apesar de tudo não me posso queixar, sendo que a  estreia um fracasso, por ter saído a zeros  no recinto do mercado ao ar livre sob calor tórrido. Na altura alvitrei alternativa para onde agora se realiza, no estacionamento de terra batida defronte da avenida e do Intermaché, por maior visibilidade.
Não fosse no estacionamento estar um camião com atrelado que ali não deveria estar naquele dia ...Coisa que ninguém do pelouro parece se preocupar com o evento, cada feirante que se desenrasque como puder ao jus "carne para canhão" ...
De qualquer das maneiras o espaço não se aparenta o melhor, no verão a torreira do calor  sem sombras e no inverno a lama  e o vento uma parouvela...
O pelouro da cultura a meu ver não encontrou ainda o local ideal para o certame se realizar. Só vejo dois bons locais- um no centro histórico da vila onde se deveria apostar na qualidade e na diferença com barraquinhas todas iguais, como na feira de Belém, propriedade da autarquia, sendo que o certame se deveria desenrolar em paralelo com a venda de doces e produtos regionais.
Outro local  que me parece ideal, junto da rotunda dos Bombeiros a nascente  no terreno que sobrou da expropriação com oliveiras a ser podadas e o espaço requalificado no terreiro, seria ótimo por ser numa das entradas da vila com muita gente que por aqui circula com crianças para os parques, também pelo lazer, caminhar e onde há abundância de estacionamento.
Abanquei ao lado do Sr Serra e da esposa Linda comigo tinham estado na véspera em Pombal, de manhã se chegaram à Redinha,  por sentirem confusão na atribuição de lugares vieram recambiados...
Apareceram algumas pessoas antes  e depois da missa.
Alguns mirones que me viram, pela surpresa da estranheza de não me reconhecerem no papel de vendedora de velharias de estaminé prostrado no chão, de boca aberta os vi ficar, depois acredito, a outros no caminho avisaram, que me foram ver, por via das dúvidas o quiseram verificar. Farta de gente inculta, cheia de preconceitos e clichés, que na cabeça tem tudo mesmo neurónios ativos, nem a televisão que vêem todos os dias os engrandece, dá brilho em gostar de mais saber, sobretudo no gosto da reciclagem mental e de novos estados de vida, não sendo do seu gosto pessoal, seja por isso desprestigiado!
Ele anda gente em demasia em psiquiatras, a consumir botica da farmácia e herbanário, enquanto outros como eu se deliciam neste prazer das feiras onde dou azo ao gosto de travar contato com gente anónima na partilha de conversa e estórias, a rir com colegas e clientes ,que se traduzem em experiências muito esquecedoras, sendo que muitas delas me dão ainda em dobro também na escrita, para mais tarde recordar..
Vesti-me altiva de camisola verde na cor do meu Sporting, mostrei-me decidida e valente a fazer jus ao meu apelido de solteira nas minhas já habitués fotos self.
Participei na ideia de estar umas horas a pensar depois vir embora, acabei por ficar até quase ao fim, apesar de na hora do almoço começarem feirantes a arrumar as bancas ...
Um casal de estrangeiros nem se estreou. O Sr Vidal de Maçãs de D. Maria disse-me que nunca mais lá punha os pés, ainda desempatou 40€, só se lastimava na desfeita do fraco negócio " feira que não fizesse entre 200 e 300 € não era para ele..."Outro casal já arrumava sem se ter estreado quando passa uma família em fim do almoço com um filhote que se encanta com um barco de plástico, encantado o avô lho ofereceu por 2€ ...Espantada a mãe o achou grande e barato...Queria ver se o homem tivesse pedido 5 €  que os valia, se ela dizia o mesmo!
Outro casal vendeu pouco, quase nada, também arrumou.
O meu vizinho fez 8€, dizia-me a esposa D Linda " nesta terra as pessoas só vem para comprar tremoços... e mira e anda  ".O Sr Daniel vendeu uma toalha a um casal tradicional, a mulher escolheu perante o olhar do marido que abriu a carteira e pagou-, que me reportou à minha meninice nas compras atarefadas que se faziam no mercado na véspera da Páscoa para as madrinhas ofertarem aos afilhados...Um vendedor dos arrabaldes vendia ferro velho, maquinaria e cacos -, pena tive de não lhe comprar um pé de máquina que igual nunca vi....Tinha uma terrina VA linda, faltava-lhe uma pega com pássaros e ramagens em rosa e cinzento. Graciosa.
                        
Havia uma mulher um poço de banhas e a filha de traseira a caminhar igual, o marido de barriga a saltar da camisola parecia gravido de 7 meses, traziam um neto pequeno . 
Clima de grande ralho e gritaria-, a minha filha ficou doida de tanto ouvir barbaridades, no julgar como é que aquela criança há-de crescer a saber o real significado das coisas -, sempre a falar-lhe  com modos agressivos, exaltados, sem carinho, como se fosse para um cão que se repugna, onde as asneiras de meia noite sobressaiam sempre a comer comida plástica...Acredito seriam boas pessoas, onde a falta de formação é de extrema grandeza, sabendo que todos andaram à escola em tempo já  gratuita, enquanto eu,  os meus pais tiveram de pagar e muito.O que fatalmente me deixou a pensar!

Um dos feirantes falou-me numa cidade  romana perdida inserida no Maciço de Sicó, que foi explorada com fundos comunitários, supostamente dela saíram peças em oiro dentro de pacotes, que em Coimbra seriam limpas e catalogadas para mais tarde na cidade, ou em Sicó, serem espólio de um qualquer Museu. Supostamente o técnico que as descobriu (?) encontrou à posterior a parte em falta de uma já enviadae ao demonstrar querer juntá-las  sentiu do outro lado, que as peças tinham desaparecido...Veio a descobrir que se encontravam à venda num site estrangeiro...Parece se despediu, por ser homem honesto, o que é raro. A estória fez-me lembrar as escavações no claustro da Sé de Lisboa há coisa de 30 anos onde moedas em ouro encontradas foram desviadas por trabalhadores, a troco de quase nada, as vi algumas a serem depositadas num cofre do Banco onde trabalhava, por um jornaleiro de lábia sabida, que ao lhe perguntar o que ia fazer com elas, sem lata me responde vão para leilão para Londres, teria a 2ª classe e a escola da vida bem sabida!
Da cidade fantasma romana de Sicó nada sei e gostaria!
Enquanto isso seria lamentável haver gente sem escrúpulos que  aposta em fazer prospecção por conta própria , e saquear para seu proveito uma riqueza que é de Sicó, e das suas gentes.
 Alguém de direito deveria averiguar "dar corda aos sapatos" e atuar já, antes que seja tarde, porque gente sem escrúpulos parece haver e demais!
Pedi à minha filha para tomar conta da banca enquanto fui a casa apanhar a roupa. Não vendeu nada diz que não tem jeito, de mim falou que me dirijo às pessoas numa de estabelecer conversa criando empatia que  gera negócio... Tem dias!
Constatei com agrado que aparece gente a caminho de Pombal, da Lapa e, ...Vêem a Ansião à missa e ao Intermaché, a duas dessas pessoas vendi pratos. Uma delas disse-me nada gostar de velharias levou uma replica de uma paisagem inglesa em rosa, já a outra olhou para um prato que a recordou a casa dos avós a que respondi que aquela fábrica-, Outeiro de Águeda vendeu muito na região, vinha com o marido e o filho com síndrome de Down, de ar doce a quem teci uma carinho, perguntei "  o menino gosta do prato" a mãe sem rodeios é que me responde " ele gosta é de o ver cheio"...
Tabelamos conversa sobre o forno medieval de Abiul , do Avelar e outros no norte na tradição do bolo para distribuir pelos peregrinos na festa da padroeira .Confidencio-me que o seu avô  em Abiul foi o penúltimo a entrar no forno para  tirar o bolo, no ano seguinte coube a função a outro que foi  infeliz, não teve sorte de escapar ileso,vindo a morrer supostamente queimado, acabando o povo com a tradição porque se morreu estava impuro com Deus... 
Ainda questionamos como era possível ser um bolo de alqueires de trigo, parece dois, como o tenderiam no forno quente sem se queimarem, segundo o seu testemunho "o levavam numa padiola, o homem de chapéu de aba larga para não se crestar na cara e de roupa toda enxarcada em água" o que faz sentido, depois cozia de  porta  fechada  e tapada a barro.
Abertura da porta em  forma eclíptica para melhor o tirar rápido depois de cozido,outro segredo!
No pior apareceu-me um casal  sendo ele mais velho do que ela na procura de um candeeiro de mesinha de cabeceira que apreçaram por 2,5€  "de ar delambida " dos arrabaldes de nenhures, ostentava altar emproado em soutien fora de uso, que lhe chegavam aos beiços dele em bico...
Chateou-me a forma como despromoveu a peça no rasto irónico de voz surdida de gozo " nós não gostamos disso..." engoli o desaforo sem aqui não passar de lhe chamar  idiota - diz  não gostar  e tudo bem , agora ele tinha gostado, atendendo ao preço queria o quê? Detesto este tipo de mulheres com cara de cão com raiva de ar raivoso ! Elas a dominar e eles a deixarem-se ficar sem mais nem menos "uns conas de sabão"...Haveria depois de a ver passar emproada como um galo com uma lava loiças debaixo do braço, porco de sujo, enorme em inox...Na fúria ferida logo o imaginei plantado na cozinha em  cima de tijolos crus, a ser para ela mulher despeitada talhado a  mármore!
Só vendi um livro. Esta gente não lê e é pena...Um homem comprou-me na banca de um euro, 3 peças...Falta de hábitos pela novidade, nem leiem os avisos dos preços...
Apareceu um casal, ele que conheci na minha adolescência de manto alvo na cabeça e bons óculos de sol, um senhor, que nem me reconheceu, a mulher aperaltada a cetim preto, rodas curtas, a querer imitar uma lady a quem supostamente falta etiqueta...Também julgo não me reconheceram o Carlos Silva, o Filipe, o Mário, a Filomena e,...
Falei com o Zé marido da Mena a quem enderecei cumprimentos, que me comprou uns binóculos para o neto.Já arrumava os caixotes quando entra um carro de alta cilindrada certame adentro para espanto de todos...Eram mãe e filha com dinheiro. Enfeiraram sem contestar.
Apareceu a Ti Augusta que a vi comprar um fogareiro de ferro, farta dos baratos dos chineses-, disse-me "ó Bélita tenho lá em casa coisas para te vender ..."
Visível a falta de publicidade ao evento mensal  por parte do pelouro, e do acolhimento da população que não enxerga que se trata de certame cultural por nele se reverem objetos usados pelos nossos antepassados, por reportarem lembranças de  pessoas que nos foram queridas, que já não estão entre nós. Outros que caíram em desuso, e claro objetos de coleção.
Senti que não o prestigiam como bem merece por falta de cultura, pelo que o aprendizado se prevê longo, demorado...Melhor as gentes do lado de Pombal, mais sábias  e interessadas nestas andanças das velharias...
Ora já pertencem ao Litoral e por aqui terras do Pinhal Interior...
Arrumada a banca, ainda ofereci dois cinzeiros de vidro, um com  publicidade ao Sr Serra para juntar aos demais que tinha. Sou muito de dar... 
Mal cheguei a casa para descarregar dei  brindes à minha mãe...
Um fim de semana com duas feiras que se somaram de resultado positivo sobretudo mais do que o dinheiro faturado, pela lembrança do Nabão  de agriões floridos a imitar um manto de noiva na véspera ao entardecer!

Feira de velharias de Pombal

Por ter estado por terras de Sicó convidei a minha mãe para ir comigo faz hoje oito dias fazer a feira de velharias de Pombal. Vislumbrei o castelo altaneiro recuperado por fora e a encosta revitalizada, agora por dentro não sei o que fizeram , ainda me recordo a primeira vez que nele entrei teria 16 anos a fazer "pau de cabeleira" no namoro da minha prima Isabelinha  com o seu namorado que veio a ser marido- homem mais formoso de beleza imensurável julgo nunca conheci, a arrevesar modelo, ator, sei lá mais o quê, poderia ter tido o mundo,  homem garboso, belo, vaidoso e ambicioso de Leiria...Juntos a caminhar por montes de terra e de pedras, lembro-me dos poços - duas cisternas e os namorados a fugir de mim por entre ameias onde se beijavam na boca como eu via nos filmes a binóculos (de mãos enroscadas nos olhos, por achar tal  estar obsceno...)...isto  antes do 25 de abril em 73...
Antes ao chegar aos Ramalhais na mira da serra de Sicó , entrei num banco de nevoeiro cerrado e molhado "de não se ver um palmo à frente do nariz"...Odisseia turbulenta, nem sei se alguma vez assim conduzi nestas condições, agachada a olhar para o risco branco da berma, a única coisa que se distinguia naquela densa miragem...
Cheguei ao jardim  Marquês de Pombal repleto de feirantes, abanquei junto do estaminé do Sr Manel e da Ti Helena, gentis no acolhimento. O Sr Rafael de Alcanena chegou a seguir com a banca de livros, trazia um ajudante - o vi  mandar nele como se fosse um casal, na retórica de mandar e ralhar por tudo e por nada, até me admirei a calmaria dele de cigarro na mão, coitado aguentou tanto desaforro e no fim não se livrou  de mais ouvir quando arrumava os livros em caixas de bananas, frágeis ao ver parte da banca  se desmorona. sorte serem livros, ele na respinga a respingar "primeiro arruma-se a loiça, não vês que a 1ª banca é de cobre e loiça, onde tens a cabeça?..."
O recinto cheio de vendedores sem carteira diplomada que ocupam os melhores lugares e não deviam, a vender roupas e sapatos em 2ª mão, na feira de abril já não vai ser permitido assim ditava o edital que um homem fazia entrega, quanto a mim esqueceram-se da venda de malas...
Constatei que o público anda na maioria a direito, abanquei num passeio lateral com pouca visibilidade, pois a clientela  de "mira e anda" só caminha, mira bancas a direito e pouco olham para estaminés de chão...
 
As árvores floridas em antecipação da Primavera davam encanto ao jardim do Marquês de Pombal a rivalizar com a igreja de Nossa Senhora do Candal, e o seu antigo mosteiro de frades visto na lateral.
Apareceu-me um cliente de idade que conheço de vista e na feira se cansou a andar toda a manhã e de tarde por duas vezes...Compras de  coisas e loisas a um euro ou pouco mais.Comprou-me um par de candeeiros...Uma mulher que vendia roupa em 2ª mão chegou-se a mim e escolheu uma mala da Yves Saint Laurent em pele, vaidosa com a escolha dizia que havia de a levar a França...Mais tarde apareceu se eu não podia ficar com ela por ter um pesponto da alça descosido- uviu o pregão -, as coisas em 2ª mão são vendidas no estado em que estão, usadas, com sinais de uso ou não, antes de comprar é que se deve ter atenção. Na loja é que se  compra novo e tem 30 dias para trocar.
O dinheiro não lhe dou, o que posso fazer é deixar trocar por outra e assim foi.
O perfil da minha banca em "L".
O Sr Rafael que me apareceu de pandeireta rota nas mãos, alegre, mais parecia ser uma criança a sorrir com o som do batuque...
Apresentou-me o Sr Lopes, que estudou com rapazes de Ansião, os filhos do Forte do Porto Largo -homem de cabelos brancos, gosta de coisas boas - porcelanas, Companhia das Índias, faiança, relógios  e na banca do Sr Rafael sendo habitué, procurava catálogos de leilões. Contou-me como em tempos também foi feirante, correu o País, gosta das peças da Fábrica do Rato do tempo do Tomás Bruneto, da Maria dos Cacos que iniciou a olaria nas Caldas da Rainha - aqui o Sr Rafael desatou a falar da garrafa  em formato de viola com asas aladas em forma de serpente que uma mulher tinha numa alta prateleira, sendo oferta que tinham dado ao marido, cada vez que lá ia a casa para lhe comprar alguma coisa ela nunca se mostrou interessada em se desfazer dela, até ao dia que ele apareceu e não tendo ela nada para lhe vender, para espanto dele a tirou e vendeu...Ainda me disse a quem a vendeu, um antiquário que  lhe fez um pequeno restauro e disse ter vendido por  1000 €...
Quase fracasso as vendas, já as compras foram ótimas.

O Joaquim de Fátima, encontrou-me, está na mesma. Na minha volta à feira acabei por lhe comprar dois covilhetes de Sacavém que em tempos namorei na feira de Leiria, agora comprei por metade do preço para oferecer à minha filha, por já ter as duas travessas.
Ao lado, na  banca da Luísa, encontrei esta bela taça em estado impecável muito decorativa onde a palete de cores explode em harmonia exuberante e forte, seja do azul com o laranja e o verde claro.
Algo me prendeu a atenção que no momento não deslindei. Só no dia seguinte me lembrei que antes já vi esta decoração numa exposição na FIL julgo atribuída a Alcobaça OAL.

Ainda comprei um penico de olaria vidrado a verde que nunca vira em muito bom estado.Escondi, nem registei a foto para não ouvir a minha mãe...Abriu o sol em caloraço de verão. Valeu-me a camisola fresca que a minha irmã me ofereceu, o chapéu e os óculos versage da minha filha, os meus tinha-me esquecido deles na casa rural, e os das feiras, a gaveta não abria, o costume de inverno, por ser madeira incha com a humidade ...
 
Reencontrei a mina amiga Bela Pimpão , boazona uma bela figura de mulher esbelta, alta de ar misterioso, apesar do Joaquim dizer à boca cheia que não trata da pele "parece que andou na sacha do milho sem chapéu..."ainda nos rimos com o inusitado do desagravo do elogio, claro dei-lhe a receita da pomada que deve aplicar no rosto à base de estrogênios...Na companhia da filha da idade da minha Dina, linda e doce, não faltava a cadelinha no caixote...De tarde via-a dormir  a sesta na relva sem pudor!
Casa  com torre acastelada em rosa, recuperada, tantos anos a conheci abandonada e o coreto parecia uma casa de bonecas...Na doçura do rosa e do branco.
Pedra em mármore com a Cruz Templária NUNCA deveria ter sido tirada do local primitivo. Tal como os brasões acho um CRIME serem tirados das paredes.
Prato da Fábrica Viúva A. Oliveira de Coimbra e outro a preto de Alcântara rodeado de pratos Sacavém
                      
De tarde depois de tragado o parco farnel trazido de casa na espera de clientela, os homens, debaixo da sombra na minha frente davam "corda aos sapatos " na conversa fiada- o Sr Rafael, o Sr Manel e outro mais novo, que conheço de vista e a quem emprestei uma caneta, falavam do preço do quilo do cobre e do latão à mistura com problemas de saúde, dizia o Manel "andei dias sem por os pés na casa de banho com as tripas às voltas" respondeu-lhe o Rafael " há tempos li um livro que tinha na banca que explicava , pessoa que tivesse regulada a hora de ir a casa de banho era sinal  de boa saúde..."
Apareceram mais uns mirones  em final de tarde. Sem vendas comecei a arrumar.

De volta no IC 8 virei a  caminho do Marquinho para acalmar, só o consigo com as águas do Nabão que o vi lindo de manto florido de branco.
Gostei imenso de aqui parar para retemperar forças e vitalidade, razoavelmente  feliz!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Voltar ao mercado de Ourém...



Quinta-feira dia de mercado em Ourém. Tempos idos que se chamava Vila Nova de Ourém. 
De véspera espicacei a minha irmã se queria ir matar saudade como dantes na parceria as três, com a nossa mãe . Aperaltadas pelas 9 horas em rota de viagem em dia solarengo a despontar para a primavera no  recordar testemunhos, na mesma rota vivida tantas outras vezes.Sem antes a minha irmã emproada me dizer " tens de cortar o cabelo, está espigado nas pontas e feio a precisar de ser pintado..."sem papas na língua lhe respondi, estás enganada "espigado não está, pondero a possibilidade de o deixar de pintar ,com isso passa uma fase difícil ..."
Saboreei o Nabão cheio de águas na ponte de S. Jorge, ao Arneiro -, lembrei-me dum episódio numa feira anual de abril aqui ocorrido que a minha mãe contava da sua irmã mais velha, a Clotilde… Morena, a reivindicar heranças de moira por parte da minha avó, foi bonita em moça, de veia para o negócio, na gíria da casa “ olhão cigano” dos seis irmãos a mais esperta, enxergava longe para a sua bolsa…
Na feira do 23 aqui no Arneiro o Nabão transbordou sem pedir licença, com a chuvada forte, num instante grande a aflição dos feirantes protegerem as suas  mercadorias, na banca do meu avô, na arte de paneiro, cheia de fardos de fazenda na borda da banca estavam os da chita da tabela e do riscado de Santo Tirso mais baratos a chamar a freguesia, que nesta aflição aflita de águas fartas apanham pingos da chuva tocada a vento, o meu avô de volta do toldo a abarrotar de água que levanta com um pau alto para o esvaziar, no acautelar  prejuízos maiores no azar de se  molhar ainda mais... No meio da confusão a tia Clotilde começa com o pregão “quem tem pena da rapariga que teve o azar do fardo da chita e do riscado de Santo Tirso se molhar, quem me quer ajudar, vendo ao desbarato, ao preço de 2$50”… 
Mulher esperta com perfil de negociante e veia para a aldrabice (?)  acabou por a vender ao preço tabelado, sem qualquer prejuízo…
Na estrada real que liga Pombal, Abiul a Ourém, ainda persiste o casario da estalagem com a ostentação da data na fachada…Na Várzea do Bispo cortamos por uma variante, já se deixa de passar pela Freixianda, fatal lembrar a história do casal que perdeu o único filho, com isso doaram a casa remediada a fazer lembrar um solar à Junta (?) logo na entrada junto da igreja a seguir ao correio onde tantas vezes fui com a minha mãe. Abades e Fárrio, com  a igreja imponente, o lagar com uma cruz esculpida, e uma data de 17...Espetacular naquela várzea verde e farta de águas a imagem dos espigueiros altos de madeira pintada a preto, tão tradicionais no Minho, aqui logo dois numa grande quinta, seria de clérigos? A lagoa cársica do Grou mais à frente como outras espalhadas pelas redondezas. 
Em  Rio de Couros  onde se corta para o Agroal, lugar termal onde desde miúdas, e ainda hoje vamos a banhos, quantos piqueniques degustados à sombra no parque de merendas à beira da estrada a seguir à casa castiça, em abandono dos cantoneiros. Antes da entrada triunfante em Caxarias uma miragem no fontanário de pedra com bancos dos lados na frontaria de um solar de escadaria alpendrada com muitas janelas e belas cortinas, onde a minha mãe na nossa peregrinação para Fátima, em 2002  no mês de maio, teimou saciar a sede depois da sandes comida, instantanêamente se sente mal, sem saber como lhe acudir, após ligeira melhora apesar de branca da cor da cal, socorri-me de telefonar à minha irmã que fez o favor de nos vir buscar, em  outubro foi recomeçada a perigrinação do mesmo local . O antigo antiquário fechado à anos, aqui tinha na frontaria pias de pedra belas, algumas com uma cruz talhada como era a do Ti André do Ribeiro da Vide.
Na saída antes da ponte da linha do norte dos comboios, deslumbrei um plano para registar uma foto de casa abandonada no alto, junto a uma mesa de piquenique onde o  sol entrava pelas entranhas do telhado esventrado, sita no tardoz da igreja antiga, nesta  mesa já comemos uma arrozada de coelho, mas nem me atrevi a pedir para parar…Sabia que não aceitaria, não faltariam raios e coriscos…
A minha mãe admirou-se com o estrangulamento da estrada antiga com o entroncamento da Scut para Fátima e Tomar…Completamente baralhada, até nos rimos das razões como os velhotes entram em contramão…
Ourém aparentemente cresceu, hoje cidade, nas imediações do mercado os estacionamentos superlotados, encontramos um lugar numa rua paralela junto a uma urbanização de vivendas. O castelo estilo romântico altaneiro deslumbrava-se belo. As pessoas iam e vinham com sacos pelas mãos a comer tremoços. Os eucaliptos para trasplante já esgotados. A minha mãe comprou couve troncha para plantar e cebolo. Vimos as ferramentas e os alambiques na ideia de se comprar um mediano para se experimentar fazer aguardente de medronho.
Comprei um molho de grelos couve nabo, tenros, e ovos caseiros, a minha mãe ficou-se a comprar grão e feijão para semear. Munidas de sacos pelas mãos, feira  ao ar livre vista e a coberta também, naquele mercado enorme, frio, austero mal projetado sem graça nenhuma, uma aberração de arquitetura, um inferno a correr corredores largos, havia bom peixe, cestaria e flores artificiais…Quanto mais não valia o mercado de antigamente pelas ruas da vila  na roda do adro da igreja a ver ao mesmo tempo as montras das casas comerciais, depois comer nas tascas de comes e bebes…
Tinha-se combinado comer um cozido à portuguesa num dos restaurantes ambulantes como da última vez, debalde eram 10,30 decidimos comer umas sandes. Sentadas numa mesa coberta a toalha de plástico ao sol com o pano-cru em paus esticado a fazer de para-sol, sentadas, enquanto a minha irmã vai à cozinha, e da porta diz-nos que há dobradinha, acenamos que sim…
A minha mãe feliz e logo a seguir amofinada...por eu gostar de tirar fotos...
Comi a minha todinha, apesar de estar muito condimentada e apetitosa, a minha irmã não apreciou muito, e pede uma sandes de bacalhau frito-, que é vendido à posta,  tem de se tirar as espinhas, as havia a sair de carne cozida e carne assada muito bem servidas.

Na mesa atrás de mim a sandes de carne cozida gorda
Acompanhamos o repasto com tinto  em mistura de sevanap e pão para molhar o molho. Vi homens de volta do taberneiro que enchia copos de vinhaça, uns atrás dos outros àquela hora, um até o entornou de tão cheio na mesa, perante o meu olhar reprovador limpa o desperdício com guardanapos. A foto possível.


Outro passeia-a com um cabo de madeira maior do que ele...
A rapariga  da tasca ligeira a fazer a conta perante o olhar atento da minha irmã
De estômago confortadas em andar de abalada na rota de ir embora, ao fundo estava a camioneta com as farturas para onde nos dirigimos. O homem tinha nas mãos o torniquete da  massa para por na frigideira ao mesmo tempo que  falava para outro de aspeto grande, afanado e  da mesma idade trintão, a minha irmã  de olho ligeiro e de alcance pelos óculos, dá-me um encosto para nele reparar , melhor no tesão em jeito de estandarte!

Não resisti, lancei um riso alvoroçado que as embaraçou sem embaraçar…
O pobre homem estava tesudo com uma vontade doida de sair das calças…
A elas digo-lhes a rir -, então o que vocês queriam? O gajo deslumbra ao longe vir na sua direção três boas mulheres, bem vestidas, aqui na feira só anda maranhal velho, usado, gasto, e saloio, difícil foi conter-se, e com isso mesmo sem o querer neste aqui inusitado, excitou-se e de que maneira brava!
A minha irmã para me apaziguar neste encantar diz-me -, ele é quebrado!
Qual quê, então não o vi a saltar!
  • Nesta minha vida não houve cena igual , jamais assim aos meus olhos se mostraram, brutal!    
A fartura estava gordurosa…
De saída por outra variante, passamos em  Alcaidaria onde revi uma grande quinta , encastrado no muro da frontaria o que foi um dia um  belo painel de azulejos em oval de flores debruado com o centro todo vandalizado,  mais à frente outra bela quinta de portal em pedra alto que uma amiga da minha mãe aqui foi criada, tenho de saber mais para escrever..

Voltamos a parar a meu pedido nos viveiros de flores onde se compraram mimos.

Dia da Mulher em 2014



Entre o silêncio das pedras, ao alto da serra da Ameixieira no contraforte da serra do Mouro, por entre pedras semeadas à toa no terrado desfeito do costado, pelas mãos de gente que muito as procura...

Tamanho e desmesurado "fossar"  munidos de enxadas nas mãos como se fossem javalis no desejo de as encontrar especiais -, bem torneadas pela erosão que os milénios assim as enfeitaram, assim se mostram belas, aos nossos olhos de formas extraordinárias, algumas a rivalizar inveja a esculturas a escopro e martelo.
Com a desculpa de parar ao Alto da serra do Mouro, junto do entroncamento do Alqueidão , na pressa de  atravessar a estrada, por na banda sul se mostrar mais bela de paisagem aberta, onde os narcisos, lírios e a erva de Santa Maria despontam agora que o sol deu a sua graça -, arrebitam  floridas, se mostram belas, cheirosas, surpreendentemente iresistiveis de encanto naquela quietude de silêncios.
Amo sentir-me por estas paragens perdida, sem medos por aqui ficaria horas a fio de olhos pregados no chão na busca exaustiva de encontrar muitas, sem saber como as podia trazer comigo debaixo do braço…







Não estava sozinha, acompanhada pela minha mãe que não sendo nata apreciadora, antes pelo contrario até penso que odeia pedras, só acatou o imprevisto da paragem para apanhar tomilho na ideia do replantar no canteiro do jardim, mesmo sabendo que ele aprecia terra vermelha e secura…
Delirei em deleites por segundos e minutos de contemplação, feliz a mirar o horizonte, e a serra nos costados verdes por culpa da reflorestação, e da antiga vegetação mediterrânia crespada, fechada de grande beleza, ao cimo as antenas a desfiar a bela quietude deste lugar por demais emblemático cheio de magia, a lembrar os antepassados que por aqui vaguearam e talharam facas e machados no calcário para matar as suas presas, encontrei uma pedra deliciosamente delineada com linhas mais duras que parece pintura, só me faltou ver algum coelho a fugir apressado de rabo no ar, e perdizes…Outras vezes me presentearam sorrateiramente quando  se acham melindradas no seu espaço ou na declamação a suspirar em êxtase o vomitar versos de amor...
Fazia-se tempo de não ouvir mais lamúrias e despachar-me a caminho da casa rural para podar o parreiral, por culpa da invernia, só hoje possível. Mudava de roupa quando  irrompe o telemóvel, era a minha amiga Cristina, de visita a Campelo para ver a mãe, gentilmente me convida para  jantar na sua casa. Impressionante, de calças na mão, pois estava a mudar para a vestimenta de campónia, com isso disse que sim, levaria a minha mãe e um doce.
Ora não podia saber melhor o convite, se não fosse este, seria outro da nossa autoria, um baile em Pombal…
Divididas tarefas, calcei as botas de borracha, armada de tesoura de poda e serrote fui podar, a sensação de dor que senti, ao ver as vides depois de decepadas a chorar lágrimas grossas…Nem me lembrei que o devia ter feito no quarto minguante, a sabedoria aprendida em tempos de antanho anda arreigada de mim nestas lides e não devia.
 
  • Parreiral por podar, em baixo podado e as vides para as borralheiras

  • Fiz borralheiras, debalde só se queimou o que estava seco…Pela Páscoa queimo o resto

A erva verde à volta das borralheiras começou a crepitar, sorte não se ter levantado aragem, fácil seria se estender na iminência de fogo lavrado em extensão, o destino final. Mulher prevenida vale por duas e logo armada com um ramo de oliveira , em jeito de bombeira para  o apagar caso se mostrasse mais altivo.

Na cozinha velha, outrora antiga pocilga, o lume aceso na lareira, na trempe a panela com as batatas cozidas, brasas incandescentes para assar os carapaus, mesa posta, salada fresca de alface e cebola só faltava o vinho…No bar a última garrafa de ribatejano, boa pomada, aberta, só faltava encher a cafeteira  de água que na trempe minuscula a deixei ao lume para o café, que saboreamos com um cheirinho de cachaça amarela de medronho, a roer umas lesmas trazidos na cesta.
Arrumada a cozinha de tachos pretos, e arejada, estava na hora de dar uma mãozinha nos jardins. Muita erva para tirar…A minha mãe ajudou e muito, mas as tirava a eito, plantas e erva , atenta desatinei e ralhei nesta voz que Deus me deu, altiva e ainda por cima revigorada pelo emprego que tive a toda a hora no me fazer ouvir a reclamar....Amofinada ela dizia-me que não me fazia mais nada. Resolvida a situação com o meu controlo mais apertado, e com as flores arrancadas salvas das ervas, para lhe oferecer para os seus jardins, e assim se acalmou.
 
  • Tangerinas...3 e pensar que vi jeito de morrer com a secura de tantos verões, não fosse o meu carinho sempre de roda dela a podar...
  • Pior foi sentir que me roubaram  a fileira da frontaria da casa dos goivos floridos com o bolbo ...
Plantei outras flores que sempre levo: alfazema, mirtilo, uma roseira que tinha transplantado, estrelinhas que pedi à minha prima São e tantas me ofereceu. Regado o jardim e o patim limpo, deu-se um jeito à casa, só limpa foi de chão, fechadas as janelas, fazia-se tempo de voltar para nos engalanar para a nossa saída em rota de turistas, apesar de hora marcada para chegar, ainda assim controlada.

Grande o prato de arroz doce, amarelinho que nem coube na caixa hermética, tive de improvisar o seu condicionamento atrás do banco do pendura, esquecendo-me dele nas curvas, e contra curvas, a subir a Ribeira d’Alge até Campelo…Baldiou-se, mas comeu-se todinho!

Aperaltadas, a minha mãe ao ver-me chegar de vestido e crista branca emproada à laia de madeixa diz-me “ pareces uma extra terreste” habituada a estas atitudes agressivas, nem lhe respondi, pois sei que são os ciúmes e a idade farta  a falar…Só na paragem nos Olhos d’Água para rever as águas do Nabão ela me confidencia que o vestido é bonito ao invés de outros que falou, que deveria não voltar a usar…

 
  • A eira cheia de agriões floridos e o poço sem fúria a vomitar a água do algar
  • Um caneiro remodelado -, que abastecia o moinho de pedra, foi uma pena não o terem recuperado...
  • Nova paragem no Pontão para registar fotos de uma antiga cerâmica importante de Almofala de Baixo.


Queria parar mais à frente e registar um barracão em pedra deliciosamente belo, também uma armação redonda em ferro de um poço de nora e,…Desisti à persistência dela que retorquiu que não chegaríamos a tempo…Mas não resisti à saída de Almofala em fotografar uma casa outrora de fausto pela grande sala da varanda de gaveto em vidraças, em iminente derrocada, sobre o olhar atento dos velhos e gordos plátanos na beira da estrada muito bem podados.

Lindas as mimosas amarelas a subir as encostas, a fonte na beira da estrada de bica aberta a fazer lembrar criança de pilinha esticada a contemplar a sua própria micção… Mais acima outro fontanário mais robusto, mas ela continua irredutível para eu não parar, e lá subo a estrada de curva e contracurva a recordar diferenças na paisagem nos contrastes, e recordar outras viagens, tantas vezes vividas noutros tempos …
Depois da aldeia de Ana de Avis mirei de novo a Quinta dos paivas onde as camélias floridas ao cimo do muro altaneiro, com a capela na extrema, e nada de parar para registo de bela paisagem romantica -, o mesmo em  Figueiró, na mesma vontade para apreciar a antiga fábrica de fiação no caminho de Castanheira de Pera já na saída, em pedra de grandes janelas…Não pude, o entardecer ia alto, e Campelo há anos que lá não ia e nem sabia bem onde virar…
Atenta na sinalética virei na primeira tabuleta que me dá a indicação, com isso entrei numa estrada secundária, estreita, sempre a descer e a subir encostas de eucaliptos…Sem mais nada, já de medo amedrontada sem ver uma casa, avistar um telhado, fonte ou flor…
Ao longe avistei uma ribeira sob um arco de ponte alto e estreito, julgo ser Campelo, é apenas uma aldeia de nome…Cimeiro, só decorei este por ser usual na zona do Pinhal Interior, Fundeiro e Cimeiro acrescido de outra designação…
  • Cheguei pela calada do lusco-fusco ao largo da igreja de nome sonante da família do Ferreira do Amaral 




    Estacionei, logo o Humberto abriu a porta do antigo café, e me fez a distinta recepção.
  • Não resisti a registar fotos dos viveiros de novo no ativo na criação de trutas e de outros peixes para repovoamento dos nossos rios. E do núcleo da vila.

Apreciei a casa e tudo o que a Cristina me quis dar a conhecer, até ao quintal fui espreitar a coelheira com lindos coelhinhos brancos e dois pretos.
Haviam de chegar outras visitas,  nelas eu seria surpresa do casal que conhecera numa feira, amante da Loiça de Sacavém-, Esmeraldina e o marido Godinho, também o José Alves e a esposa Rosa que conheci nesta noite tal como os anfitriões da casa a matriarca Ermelinda e o filho Luís -, e a minha amiga Cristina casada com o Humberto, não faltou a cadelinha que gosta de dar beijos na boca…Nas despedidas na noite alta, se consola no lamber no imitar a dona.
Repasto em mesa corrida sob a quentura do fogão a lenha com o caixote da mercearia outrora do arroz ou do açúcar virou ajuntador de cavacas para não o deixar amolecer o fogão na quentura do bacalhau com broa no forno.
Variedade gastronómica aqui enraizada no gosto da couve-galega cortada a jeito do caldo verde mui fininha, batata e arroz entra na cebolada estalada em azeite onde se junta o bacalhau cozido sem peles nem espinhas, vai ao forno coberto pelo miolo da broa de centeio. As côdeas foram comidas no final com a barriga de leitão assada e o queijo.
Fui uma contadora de estórias com enredos de histórias verdadeiras, julgo não os macei, senti o brilho dos seus rostos no prazer de me ouvirem em sugar cada palavra, cada expressão exaltada, naquele ambiente de calor, onde nunca se falou na temática suposta-, as velharias.
Batia a meia-noite, nas despedidas segui o Mercedes do irmão da Cristina, o Luís até entroncar no IC8, o que me valeu pois não deslindava onde se ligavam os máximos…Não tenho conduzido de noite o carro da minha mãe...

De regresso, alegres e muito bem-dispostas, afinal um dia para não esquecer como antes assim nunca gozado-, o meu dia, e da minha mãe neste ano no Dia da Mulher -, no sentir a liberdade!
Bem hajam os meus amigos, agora acrescidos, pelo convite e no meu querer em não perder a oportunidade que na hora aceitei de agrado e amei!

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