domingo, 16 de novembro de 2014

Museu Dr. Anastácio Gonçalves e a porcelana chinesa

Na Casa Malhoa,  sita às Picoas  que recebeu o prémio Valmor  em 1905-, obra do arquiteto Norte Júnior ao estilo Arte Nova, apenas durou 15 anos em Portugal. Nesta casa foi usada a técnica de massa de cimento pela primeira vez  numa decoração de ornamentação florista, naturalista, e curvilínea -, uma constante  como ponto principal e também no uso do ferro forjado dos portões em forma de borboleta , remates de muros,  vidraça do sobrado, da varanda do atelier e de outra com janelas seguidas a lembrar as naus na popa, escadarias elegantes, pormenores do tijolo dos canteiros do jardim em cerâmica da Fábrica Lusitânia, onde hoje funciona a sede da CGD na João XXI.Fachada com barras de azulejos  em florões na cimalha da casa e na volta das janelas de vitral com figuras, ao meio da fachada a legenda PRO ARTE , e um painel alusivo a uma pintora na quina a nascente.
Após a morte da esposa do Mestre José Malhoa por volta de 1918  a casa foi vendida, passou por dois compradores, sendo o terceiro  em 1932, o Dr. Anastácio Gonçalves que a deixou em testamento após a sua morte ocorrida em 1965, ao Estado Português, com a indicação de nela se criar um Museu que abriu portas em 1980. 
Reúne uma coleção de mais de 2000 obras de arte que se dividem em porcelana chinesa do século XVII/III, pintura portuguesa do século XIX e XX -, entre outros, Malhoa e Silva Porto, com espólio significativo deste, mobiliário português e estrangeiro, e ainda importantes seções de ourivesaria civil, pintura europeia, cerâmica europeia e oriental. têxteis, numismática, medalhística, vidros e relógios de bolso de fabrico suíço e francês. 
Escadaria do acesso da entrada com o chão em quadradinhos de mármore preto e branco, as paredes pintadas com a forma da borboleta, quiçá  o emblema da casa(?), está em todo o lado até na porta de entrada.
Na esperança de acalmar o stress na espera do nascimento do meu neto dei com o nariz na porta na segunda feira-, único dia que está fechado.Voltei tinha ele 4 dias.
Os jardins em redor da casa
Portão principal da entrada
Ao entardecer a visita, havia preparativos para lançamento de um livro, sem modos fiz-me à foto no plattoo...
       Quadro pintado pelo Mestre José Malhoa em 1932 do Dr Anastácio Gonçalves
A coleção inicia-se com loiça chinesa século XVII/III
Deleite apreciar tamanha beleza
Taça  do século XII  Dinastia Song do norte (960-12799
Loiça da Turquia
Os relógios ingleses -Taylor de hora certa
Casa de banho com a toalha de linho bordada com o monograma "A"
Quarto de cama pequena-,dormiam quase sentados com muitas almofadas com medo de morrer...
Presépio de autor desconhecido
Retrato de Bordado Pinheiro
As Meninas do Lumiar
Aquário
Contador
Sala de Jantar
Louceiro 
No chão o refrescador
A mesa natalícia à nossa época
Escadaria com patamar e nele potes de armazenamento 
Atelier com um belo e sumptuoso lustre  comprado no leilão do palácio da Junqueira do Conde Burnay juntamente com o canapé branco que está na foto abaixo.
O meu marido deslumbrado com o lustre que nos fez lembrar Versalhes
Pote dos meninos  Dinastia Ming, Período Jiajing (1522-1566)


O Museu alverga a pintura de vários pintores portugueses:

Marques de Oliveira, João Vaz, Mário Augusto e Veloso Salgado.

Columbano (“Convite à Valsa”)
António de Ramalho (“A Senhora de Preto”)
Atelier expoente máximo de pintura portuguesa 
As tampas dos potes pintados a dourado foram adaptadas à posterior

Mestre José Malhoa 
Paisagem de Figueiró dos Vinhos com a torre do seu casulo onde morou 50 anos que conheço tão bem desde pequena.
Estudo da Praia das Maças de 1919 
Entrudo 
Lamento não me recordar do autor ( julgo Malhoa)  e do dono deste retrato

Silva Porto (“Ceifa do Lumiar” e barca no Minho ).

Barca em forma de jangada  em Serreiles no Minho levando a manada de bois com o carro carregado, do pintor Silva Porto de 1892. 
O moinho gigante no Barreiro pintado  em 1887 por Silva Porto, ainda existe tal como outros ao longo do Tejo na Moita, Montijo e Alcochete que lembram pelo formato os da ilha de S. Miguel e os holandeses. Para mim fascinaram-me quando os conheci por serem ao nível da praia. Antes os conhecera sempre no cimo das serras, sendo maiores, e na região de Sicó eram em madeira de formato triângulo retângulo isósceles ( moinho de vento, cauda de pavão ou cadeira de noiva ) que rodam consoante o vento na eira de pedra à força de mãos .
Belo vitral
Preguiceiro século XVIII (1750- 1780)
Pote  executado em 3 partes, porque os fornos seriam pequenos, é visível no bojo os remates
Cofre em laca
Escrivaninha doada por D. João V à madre do Convento de Odivelas
Junto ao atelier havia um corredor encerrado por causa do lançamento de um livro,na saída quando quis fotografar o quartinho onde as "MODELOS" se desnudavam para o Mestre Malhoa as pintar, entrou uma desvairada senhora que nem me pediu desculpa...e a foto ficou neste lastimável estado!

Amei!
Peço desculpa de algum lapso, não tiro notas e oiço a correr...Também da fraca qualidade das fotos.
A casa é revestida a papel em tom grená muito escurecido no tempo, as luzes acesas não foi possível fazer melhor.
Fontes Wilkipédia
www.patrimoniocultural.pt

domingo, 9 de novembro de 2014

Alcochete um fracasso na feira de velharias...

Padre Cruz nascido em Alcochete a 29.07.1859
                                                          Casario forrado a azulejos Arte Nova
Remates no telhado em faiança  fábrica Devezas ou Santo António do Vale da Piedade(?)
Igreja matriz  dedicada a S.João apresenta uma bela rosácea, da era de quatrocentos
Catalogado como monumento nacional  desde 1910.
Há muito tempo na decisão em voltar ou deixar-me queda  no voltar à feira de Alcochete. 
Neste baixar da temperatura, apetece ficar no sofá enrolada em fato quente a recordar histórias vividas, ouvidas  e partilhadas nas feiras de velharias...

Tristeza senti ao constatar o miradouro Amália Rodrigues defronte do Tejo onde havia uma colónia de palmeiras centenárias, neste agora todas decepadas...
Aqui estive por várias vezes ao longo dos anos, na calçada apanhei sementes em tom laranja para plantar e, fazer nascer as minhas palmeirinhas - delas hoje ainda resistem 3, outras dei sumiço…
O miradouro apresenta-se belo  e de cariz idílico numa moldura fresca a lembrar quiçá África, seja pela imensidão do Tejo em calmaria, palmeiras e arquitetura antiga a lembrar a era dos descobrimentos.
Deslumbre a vista da capital em pano de fundo. 
Hoje, nem uma palmeira resiste, todas infestadas com o escravelho maldito que as dizimou uma a uma…as cortaram com um metro de altura (?) sem perceber este porquê...julgo, no receio de destruir a calçada...melhor seria destruir tudo para de novo se reflorestar com plantio de outra qualidade de palmeiras de tronco fino que julgo nelas o bicho não entra e, claro nova calçada. 
Assim como está  desvirtua o miradouro, já que em tempo não se deram conta da contaminação e atuar no matar a bicharada a tempo e  as salvar  . 
Constatei arruamentos de piso novo .
No jardim defronte do Tejo as palmeiras antigas no mesmo tormento, destruídas mas ainda de caule hirto.
A feira de velharias, artesanato e feira da ladra, na parte da manhã apresentou-se com pouco público, a destacar um homem frequentador habitual que se distingue pelo uso de um sapato de cada cor -, estilo peculiar, sendo um  em tom caramelo e outro preto...não quis levar um belo candeeiro de vidrinhos e fez mal porque acabou de tarde para ir para Espanha...
Já de tarde até havia gentes no vaivém ao longo do passeio central, na maioria gente mira e anda, nem declinavam o olhar nas bancas com a “cegueira” de abancar na esplanada do bar ao fundo do jardim sobranceiro ao rio e  ali se deixam ficar até ao cair da tarde para deslumbre do pôr-do-sol...Belíssimo!
Saldou-se a banca do mel no lucro, e no artesanato a miúda que fazia carteiras em boa pele, mais não sei!
Não dei conta do antiquário que vai de manhã à feira de Oeiras há procura de raridades a baixo preço e que de tarde aqui também aparece...o mesmo noutras feiras o costumo ver na companhia da esposa.
Reencontrei um colega amigo, na sua banca distingui um belo jarro ou gomil de bom tamanho de bordo e pé gomado em ótimo estado, que tenho um igual mais pequeno, mas com motivo floral diferente. Pedi para o ver,  logo reparei que no pé tinha um pequeno "V" pintado a verde-, obviamente é uma peça de Viana do Castelo, melhor Darque. Mesmo sem a marca impressa, só por si aventava, fosse pelo formato elaborado e pintura fina,  fosse pelo esmalte translúcido muito branco, que assim igual tenho umas três peças, sendo que nas minhas em duas a marca -, o mesmo "V" pequeno impressa na massa-, bem diferente da marca mais antiga com "V" grande.Quando lhe disse a origem de fabrico responde-me-, mas pelas flores julguei ser Sacavém-, nisto remata a sorrir "olha vende-se melhor se disser que é Sacavém"...Pois, para leigos! 
Rematei baixinho, se bem que Sacavém também produziu peças de rebordo  assim gomados...que já as vi nas feiras!
Contam-se pelos dedos as pessoas que apreçaram peças, estando todas marcadas e com placard em saldos.Só compram ao preço da “uva mijona”, esquecem-se da destrinça do trigo do joio, do que realmente é bom e do que nada, ou pouco tem valia(?).
Na banca da Misericórdia vi colegas sem escrúpulos(?) a ver desembrulhar as peças  na ideia de apanhar tesoiros ao preço quase a custo zero, dado!
A culpa (?) será de quem desembrulha (?) que no tempo já deveria ter percebido a técnica, que mal a vi neste dia logo a percebi-,  falta de perfil de vendas, pois a ideia é faturar com objetos doados pelos idosos.Assim faturam muito abaixo do que deviam, digo eu!
Vinham dois homens maduros no seu passeio da tarde,  um parou na banca e pegou num destes castiçais em pau-preto, pergunta-me a origem, a que respondo ser da antiga Rodésia, Suazilândia. Em voz baixa diz ao amigo" isto fazia-se em Moçambique" …questionei se os queria levar, em desplante responde! ”Se eu os levasse a minha mulher punha-me a mala à porta”…virei a cara e ri-me de lábios franzidos com a colega do lado, no propósito de gargalhar tamanha desgraça em não me estrear -, e ela ficou-se nos 50 cêntimos…Coitada de muita mulher de costas largas com maridos vazios de espírito…se este homem acaso se importasse com a esposa, teria gosto em a trazer a passear, em vez de a ter deixado em casa, como confirmou. Homem falso, não passa de “vazio” , sem voto para adquirir o quer que seja do seu agrado, ou terá, e denota o contrário, mas no pior repudia a contradição na imagem da mulher que voto não terá é nenhum. Ignóbil de burro mal parido!
Ao entardecer apareceu uma mulher que dava nas vistas pela roupa exuberante que não condizia com nada, aficionada pelos toiros, diziam mui conhecida na região na companhia de uma outra, alta, ao género"perrote"como em pequena eu chamava aos forcados em Abiúl ( dela se fala ter sido a primeira Praça de Toiros em Portugal introduzida pelos Duques de Aveiro(Távoras) sendo a senhora Ponce Leão de Espanha, de onde trouxe a paixão dos toiros). Conversavam com gente conhecida, depois do adeus desfilarem ao longo do corredor central sem olharam para as bancas, porque a cegueira seria outra...Neste querer maldizente  que me aflige pelo poder observador, eis que dou de caras com a barbela da senhora  mais idosa, inevitável a comparação a uma "vaca choca" daquelas que entram  na arena para conduzir os toiros aos curros...
Nem a propósito fui no sábado e no domingo nas feiras questionada por pessoas como fazer para montar banca e vender... Ao abrir o rol das exigências ficaram pasmadas...Quem estiver desempregado tem de se coletar, ficam  isentos de Segurança Social durante um ano. depois começam a pagar. Para quem já tem outra atividade apenas abre uma segunda atividade, sendo mais fácil porque já paga a segurança social.
Obrigatório livro de recibos e de guias para transporte, além de terem de pedir o cartão às Actividades Económicas ou na Câmara Municipal ,depois em cada terra há regras próprias...
Foram-se  de mim de boca aberta!
Se calhar pensavam que era só abrir estendal e vender o que trazem de casa sem ética alguma em relação aos colegas-, o que miseravelmente se constata hoje a cada feira mais e mais, porque tudo é lucro, o problema é que mal acabado o stock como comprar de novo!
Ninguém põe mão na regulamentação do negócio das velharias e todos andam doidos...
É como a febre da SECLA da zona de Alcobaça e FONTE NOVA E ALELUIA de Aveiro...Só procuram por peças destas fábricas!
Tabelei conversa com um restaurador de mobiliário de curso tirado na Fundação Ricardo Espírito Santo- periclitante a continuidade neste agora com o desaire da família que a criou…
Dizia-me que tinha ido a uma casa de uma senhora com assoalhadas acima da média aos dias d’hoje onde viu paredes cobertas de quadros, muito mobiliário, sendo todo o recheio de grande qualidade.
Foi chamado a solucionar arranjo em peças a precisar de restauro no local e outras que teria de trazer para a oficina. Depara-se com um roupeiro século XVII em castanho com uma grande racha. Ao avaliar o rombo comunica-lhe que o arranjo ficaria mais caro do que ele valia, porque teria de desmontar e levar…ao que a senhora apressada lhe responde, pague-se do que achar justo, para mim o roupeiro vale muito pelas recordações, pois nele me escondia com o meu irmão…

A lição que se retira desta história verídica é somente o prazer que algumas pessoas sentem pelas velharias e antiguidades -,sejam as emoções que as mesmas avivam a cada dia quando nelas o olhar se encadeia e simplesmente acontece a recordação prazerosa!
  • Nesta terra nasceu a 01 de junho de 1469 o Rei D. Manuel I
Estátua dedicada aos salineiros na zona histórica
Portal  triunfal para a entrada de cavalos na  Estalagem
O café no quiosque explorado pelos Bombeiros a 60 cêntimos servido em copo de plástico é caro.
Também servem bifanas e almoços, que não sei o valor, mas vi saírem alguns.
O certame vive da receita para os Bombeiros Voluntários,  que faturam sem passar recibo -, o que se pode questionar o destino total das receitas (?) num mero e suposto julgar plausível, neste momento de recessão!
Claro que falo sem qualquer ofensa para quem quer que seja-, mas  a verticalidade em civismo, obriga a transparência, e nestas coisas seria o correto para não se levantarem ondas nem suspeitas, haver sempre recibo, até porque os feirantes devem ser credenciados e coletados para com os ditos  recibos fazer encontro na contabilidade do IRS, e o mesmo nas contas da receita dos Bombeiros!
Assim entra num "saco azul"...ou doutra cor!
Já vi esta cena noutra terra com a receita para ajuda de animais, na volta o seria para animais donos, até que foi alterado como manda o preceito.
Um porém positivo -, o anfitrião voluntário, fez-se apresentar cedo, cumprimentando os feirantes, dando-lhes as boas vindas, deixando um rasto de agradável after shave...
Não ganhei para o prejuízo, entre o débito e o crédito um défice de…alguns euros!
Em final de feira apareceu a D. Guida e o marido, um alegre reencontro, pessoas de  Alcochete de alto valor credetício, o mesmo das colegas que abancaram ao meu lado-, mãe e filha, umas queridas. A Cíntia não a vi e dela me lembrei várias vezes.Vi colegas que aqui vêem a compras, o Sr inglês com a esposa, o João com o companheiro Sebastiã,o muito bem vestidos, pareciam modelos, exalavam charme  e sedução!
Foi com este olhar e as fotos que o meu marido tirou que vi  a feira de Alcochete neste agora, pois julgo não voltarei, sem jamais dizer Nunca!

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