sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Campo das Cebolas ao Cais de Santarém a sorver cultura

Teimei apreciar in loco as escavações arqueológicas a decorrer no Campo das Cebolas que se prolongam até ao antigo Cais de Santarém. Local que conheço muito bem, nos últimos 5 anos aqui me deslocava todas as semanas quando a minha filha morava em Alfama. São extraordinárias as substanciais mudanças em paralelo com a reabilitação urbana, abismal no período de dois anos percorri ruas, becos e vielas, com o meu neto no marsúpio, sempre a fotografar prédios em abandono em que a maioria já virou rejuvenescido...
O prédio com a placa toponímica estava à venda, no momento já vendido, o que irá aqui nascer?
Cais da Ribeira Velha
Em 2014 foram realizadas sondagens arqueológicas na frente ribeirinha do Campo das Cebolas onde   foi identificado um troço da "estrutura do paredão do antigo Cais da Ribeira Velha"-, cais do século XVIII que os técnicos da ERA - Arqueologia notaram em informações escritas estar "representado na planta oitocentista de Filipe Folque". Estrutura portuária, integrada no plano de reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755.
As obras para o  parque de estacionamento subterrâneo para 216 viaturas pôs a descoberto restos de um forte do século XVII , o Cais da Ribeira Velha, o seu paredão e a escadaria através da qual se chegava ao rio, agora visível depois de mais de um século e meio enterrado. 
Projeto do arquiteto Carrilho da Graça tem a intenção de usar a escadaria do século XVIII para ser utilizada pelos automobilistas que estacionam no parque para acederem ao exterior e ainda fica visível uma parte do paredão (?). 


Na Rua dos Bacalhoeiros onde era o Sindicato dos Bancários na sua frente distingue-se um troço de calçada bicolor ; calcário e basalto

Escavações  no tardoz do Cais de Ver-o-Peso onde se destacam as fundações  de uma casa de traça pombalina onde foram recuperados vários achados de cerâmica malagueira, majólica, vidros de importação, pentes de osso e,...segundo ouvi a arqueóloga responsável a falar na televisão no programa Portugal em direto.
Casinhas do Senado (?), construídas após o terramoto foram usadas até meados do século XX, restam muros e mais à frente antes da oliveira um chão lajeado de grande dimensão.

Paciente homem  a escovar o chão...à procura de tesouros!
Citando o sítio da Câmara Municipal de Lisboa
"O projeto na Praça da Ribeira Velha com a Doca da Marinha reveste-se de especial importância, tornando-se mais franca e permitindo o acesso efetivo até ao rio, com a demolição do muro dando lugar a um grande passeio arborizado, que desde Santa Apolónia se estende ao Terreiro do Paço, têm vistas privilegiadas sobre a encosta da Sé e Castelo e sobre o rio Tejo. A Poente, localizam-se os edifícios e equipamentos de uso mais público. Um equipamento cultural na extremidade da doca, junto à Estação Fluvial Sul/Sueste, funciona como espaço de apoio a eventos náuticos ou outros, contendo ainda um espaço de restauração associado a uma esplanada. Ao longo da Doca dispõem-se um conjunto de pavilhões, de caráter mais efémero, que se destinam a albergar atividades comerciais ou de restauração. A Nascente, junto ao limite da Doca, contrapondo-se ao edifício do equipamento cultural, localiza-se o edifício que engloba os relocalizados serviços da Marinha e da APL.Os dois edifícios propostos para o quarteirão a Nascente da Praça, albergando um conjunto de serviços e um silo automóvel, completam a volumetria do lote trapezoidal, garantindo entre si um afastamento que permite a passagem da Rua da Alfândega até à Avenida Infante D. Henrique. O edifício de serviços desenvolve-se em três pisos acima do solo. O piso térreo é recuado face aos planos marginais, prolongando o espaço público por baixo do edifício e abrindo a perspectiva sobre a Praça da Ribeira Velha, anunciando-a. Nos níveis superiores desenvolvem-se os pisos de serviços. O edifício do silo automóvel é um volume opaco, fechado, que alberga no seu interior duas espirais entrelaçadas que materializam o próprio estacionamento, uma de sentido ascendente e a outra descendente. Ambas as coberturas podem ainda ser utilizadas para eventos de várias naturezas e ser complementadas por estabelecimentos de restauração, aproveitando as vistas, simultâneas, sobre o rio e a cidade. No Campo das Cebolas vai ser criado um desnível suave que nos conduz ao interior da praça e a um anfiteatro que se volta sobre a encosta da Sé, que evoca a localização e geometria dos muros do antigo Cais de Ver-o-Peso. Uma superfície pétrea, permeável, que se dobra com subtileza para conformar esse espaço rebaixado e se reergue depois num pequeno pódio, estendendo-se sobre a avenida marginal até alcançar a Doca. A presença dos pinheiros mansos, espécie arbórea transversal a várias épocas e culturas, como que celebra simbolicamente a história — e futuro — deste lugar, um ponto de partida e de chegada à da cidade de Lisboa. Junto à Casa dos Bicos, a Norte, é sensível ao fato de estar aqui sediada a Fundação José Saramago e ao memorial do escritor aí erguido. Propõe-se uma entrada na Fundação mais suave, através da modelação do pavimento, e a definição de um novo banco, que confere ao memorial o espaço de reserva e recato de que é digno, recentrando-o face à Casa dos Bicos e ao terreiro fronteiro. O intuito de criação de um lugar para o memorial levou à localização do edifício da loja numa posição mais afastada mas de destaque, constituindo o remate do quarteirão. É um volume translúcido, com um alpendre prolongado, cujo extremo pousa no dorso de um elefante em pedra — espécie de cariátide."
Foram encontrados vestígios de barracas de mercado, restos de um poço e ainda um cais de finais do século XIX.
14 de fevereiro de 2016
 
Muita gente em vários locais a trabalhar
Assisti a cada  cavadela  da máquina retro escavadora a ser vistoriada-, um fragmento cerâmico foi recolhido pelo técnico que  foi buscar um balde para supostamente por mais...
Antes do Palácio Coculim vai nascer mais um novo hotel ?
 
Fiquei-me a olhar a planta do hotel no Palácio Coculim, antes o prédio era revestido a azulejos, sendo que agora uma parte da fachada vai ser pintada a azul forte...debalde fiquei a pensar que o embargo da obra pelos achados arqueológicos e de uma entrada da muralha para Alfama, ensejo que tive a sorte de ter visto, surripiada depois do terramoto para alargamento do prédio...ditou supostamente reduzir despesas!
 O portal do palácio mostra-se muito fragmentado suportado por uma viga metálica
Debalde em 14 de fevereiro de 2016 a fachada respeitante à antiga traça do palácio encontra-se revestida por azulejos padrão da Fábrica Viúva Lamego, no inicio das obras falei com o Eng Responsável a quem enviei foto com o padrão do revestimento antigo por ter sido retirado quando o edifício começou com a fachada a degradar-se.Coincidências de pormenor  exercidas no direito de cidadania!
Beco de acesso a Alfama

Pela frente passa despercebida a lápide na fachada deste prédio em memória do Duque da Terceira
De volta pela avenida Infante D.Henrique
Campo das Cebolas numa área de 6.000 metros tem sido encontrados vários achados; uma embarcação do século XIX bastante danificada que ficou aqui em abandono no enfiamento onde estava um armazém com um mural alusivo a Saramago e Pilar que foi demolido além de uma garagem com frente para a avenida.
 
Outra embarcação ainda submersa, dela já descobriram a proa que pode estar em melhor estado; dois cais em madeira; sementes, bolotas e caroços de pêssego e ameixa , sapatos e carvão possivelmente o tipo de carga das embarcações, o que se tem encontrado no mesmo aterro além de moedas, cachimbos de caulino, vidros que "parecem ser de importação", fragmentos de azulejos e de peças cerâmicas.
Itinerário apaixonante, por isso se diz que Lisboa exala PAIXÃO!

FONTES

http://www.cm-lisboa.pt/viver/urbanismo/concursos/campo-das-cebolas-doca-da-marinha
https://www.publico.pt/local/noticia/escavacoes-no-campo-das-cebolas-revelam-muro-e-escadaria-posterramoto-1732618
https://cld.pt/dl/download/
http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/
http://lisboaantiga.blogspot.pt/p/banhos-da-alfama-ou-alcacarias-da.html

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Aniversário do Vicente no âmbito da Web Summit e do Pop Galo

 

O meu primogénito neto Vicente, festejou o seu aniversário de dois anos no dia 3.
Tarde emocionante em Lisboa. Fizemos espera pela festinha na creche, que correu muito bem, o Pão de Ló que a mãe fez estava delicioso, e nada sobrou...em casa fizemos a nossa festinha ao jantar, porque outras se seguiram, em minha casa com a bisavó Ermelinda, e outra com os outros avós Odete e Fernando e bisavós, Helena, João e a minha mãe Ricardina, em Ansião. Preservo um código de conduta rígida, gosto imenso de agraciar, contudo as minhas prendas passam por privilegiar em engordar a conta poupança, sempre a pensar nos azares da vida, e no ditado popular "quem não tem dinheiro até os cães lhes cospem em cima..."
Há procura dos lápis...
Mas claro fiz à última hora um cartucho como antigamente se faziam nas mercearias onde coloquei dois grandes lápis antigos, usados em marcenaria, um azul e outro vermelho, para ele pintar, mal sacudiu o cartucho eis que logo lhe saltaram ...  
Os meus príncipes a brincar com o tablet ...não faltou ambiente de festa com bandeirolas, balões e guardanapos a condizer...
 





Brindes ao aniversário do Vicente já de pijama vestido

De regresso a casa por a noite se mostrar serena e muito agradável a lembrar o verão, decidimos vir a pé e à Ribeira das Naus  na frente da antiga doca do Arsenal do Alfeite vislumbrei na penumbra uma escultura de grande dimensão alusiva ao Galo de Barcelos, guardada pela polícia.
Pop galo
O Tejo corria de águas sereno espelhado em reflexos de mil luzes...
Já no barco vislumbro pela vidraça em forte andamento dois veleiros de grande porte em marcha de adeus a Lisboa, que na vinda à tarde tinha distinguido ao longe atracados na doca da Marinha, até me convenci que seriam a nossa Sagres e o Criola, debalde eram estrangeiros, muito maiores. Sobejamente iluminados, belíssimos, o primeiro abria caminho mais perto de Cacilhas adiantado ao segundo, mas algo aconteceu nas imediações de Palença onde deu meia volta voltando ao cais, sendo que o outro mais pequeno ficou em espera debaixo da ponte. Lamentavelmente este belo cenário não foi possível retratar com visibilidade porque a máquina é fraca...Debruçada na janela aberta admirei a viagem na penumbra da noite esbatida em mil reflexos de luz que deles emanava e amortecia no fresco e calmo Tejo de leito tão radiante, deu para sonhar!
 
Momento que se cruzam, um vai a sair e o maior veio atrás ao cais
O veleiro mais pequeno ficou em espera debaixo da ponte
No propósito da semana seguinte voltar a Lisboa para ver o galo de dia e de noite iluminado.  
"Pop galo", a recente obra pública da artista plástica Joana de Vasconcelos não é mais do que uma adaptação do souvenir português nortenho mais conhecido, o tradicional galo de Barcelos, e quiçá de outro em papel de jornal que há anos vive a decorar o Jardim do Martim Moniz do artista Rui Miragaia e para mim este estilo de galo se mostra mais fascinante.
Galo no Martim Moniz

O Pop galo é revestido a azulejo produzido pela Fábrica da Viúva Lamego, pesa 3,5 toneladas, com dez metros de altura, a obra, realizada no âmbito da Web Summit, está forrada com 17 mil azulejos e 16 mil lâmpadas led.
O objeto artístico apresenta-se, desse modo, com duas faces distintas, dada a forma como surge iluminado à noite. A ambivalência pretende colocar em evidência duas facetas distintas de Portugal: a tradição e a modernidade.
Ao que parece não acendeu na inauguração,o Primeiro Ministro Dr. António Costa ao carregar no botão não acenderam as leds...
Peça assinada como deve ser, coisa que no Maat não distingui nenhum mosaico azulejar com a menção da fábrica que os produziu, e devia!
Vai aqui estar patente até ao final do mês e depois segue diretamente para a China para a entrada do ano chinês, que nem de propósito é o símbolo do meu signo...e quiçá vai percorrer o mundo...

O meu marido sempre a ser solicitado para tirar fotos...

 
 
No Terreiro do Paço a menção ao evento do ano, a decorrer, Web Summit visto de dia e de noite.
Repto final do fim da convenão - Portugal com café a 60 cêntimos!
De regresso a pé no propósito de apreciar a noite no Terreiro do Paço andava pelos céus um drone a sobrevoar o galo que se mostrava radiante.
O galo pelas 10, 30 iluminado
 
 
Gostei da obra, sobretudo da ideia criativa de a revestir a azulejos, arte tão portuguesa agora revigorada, sendo facetados  em hexágono, não foi tarefa fácil de aplicar!

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