segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Típica a caça ao tesouro no buliço das feiras de velharias

Feira de Algés- um bom amigo o Sr António, conhecido pela alcunha "Igrejinha" (por ser desta localidade alentejana natural) a chamar pelo seu tesouro-, cão  "Óscar"
 
O culminar do ritual assíduo a feiras de velharias sejam pelos ganhos do contato anónimo, pelas partilhas, pelas vivências, porque resulto de vendas pouco há a acrescentar,  não tenho jeito para vender, ou porque explico demais ou de menos, ou simplesmente não vão com a minha cara ...na verdade não vendo "gato por lebre", seja também pelas novas ofertas de leilões, o público dos dias d'hoje se revela cada vez mais de carteira menos recheada (?) apenas aparece no intuito de passeio, outros a esminfrar preços para depois voltarem a revender o mesmo artigo nos sites da especialidade na net, aos amigos, ou em lojas, porque colecionadores de carteira ou amadores, são cada vez menos. Não sinto como dantes potenciais compradores, apreciadores de peças de qualidade que fizeram parte do nosso património histórico e cultural, o que vejo é muito lixo... 
Par de jarras "casca de cebola", anos 30, tonalidade dada pela alta temperatura do forno acima de 1700 graus, mas como não era uso o termómetro nem computadores, e sim " outras técnicas medidas a olho do operário " conferia a cada peça de vidro várias tonalidade, por isso única.
Ontem em Azeitão a falar sobre um cachepot em peça " casca de cebola" parou uma família que nada sabia deste assunto, o que não me choca, choca é não terem lembrança de ver as peças (jarras pequenas ou cachepot para se colocar flores) em casas dos seus avós, objetos imensamente usados nas mesinhas de cabeceira, ou junto da Imagem do "Santo" na cómoda que todos os dias iluminavam com uma candeia de azeite...a seguir um homem na minha banca desprestigiou um pequeno prato Sacavém "cavalinho" em preto, ao virá-lo disse "este já não serve para mim" o prato efetivamente apresenta uma pequena lasca no rebordo que não é visível na frente, no entanto por ter sido usado apresenta uma textura impregnada de gordura visível no tardoz que lhe confere uma patine interessante pela frente, seja por isso uma peça que "fala" que tem história, e ainda assim não o comprou, porque é daqueles colecionadores que só compra peças em estado impecável. Ora se o nosso passado foi de um  povo maioritariamente pobre, não se vivia um consumismo como nos dias d'hoje, por isso a loiça foi muito usada, há pratos que de tanto roçar a colher ou o garfo se mostram desgastados no esmalte, o que revela a sua história, outros que apresentam um pequeno orifício na aba, servia para ser pendurado no prego, à falta de móveis, esta a história dum povo humilde e sem dinheiro que se remediava a inventar. Gosto imenso de peças com "gatos", tenho pratos impecáveis que não valorizo tanto como os gastos, precisamente pelo que explanei, porque os que falam dão-me espaço para em liberdade deles contar estórias ...
Onde está o tesouro? Pelo Dr Jorge Sampaio 
"O programa carateriza-se por ser pioneiro em Portugal e por se dedicar ao mercado de objetos em segunda mão que estão espalhados pelas muitas feiras do País. Semanalmente, os “peritos” vão levar os telespectadores a “visitar” feiras, mercados e exposições de antiguidades à procura de autênticos tesouros perdidos. A estreia do programa acontece, precisamente, na Feira de Antiguidades de Alcobaça.
Ao alcobacense Jorge Pereira de Sampaio juntam-se especialistas peritos em diversas áreas, tais como Luís Castelo Lopes e Ema Blanc. Com autoria e realização de Paulo Grade e produzido por Jungle Corner em parceria com a RTP2, “Onde está o Tesouro” tem como objetivo dinamizar a cultura e as artes na sociedade portuguesa.O programa será também emitido com linguagem gestual, nas repetições de cada episódio às 13 horas de cada sexta-feira."
Julgo em junho na feira de Algés fui abordada pelo Dr Jorge Sampaio, diretor do Museu de Alcobaça na minha banca sobre uma bela jarra da Fábrica do Outeiro, Águeda, assinada "Pinto", produzida para a  Exposição Mundial que aconteceu em Lisboa em 1940, cujo motivo foi o de enaltecer os feitos dos portugueses além mar .
Lamentavelmente não registei em foto a jarra-, tratava- se de peça alta, elegante de pé redondo, apesar de esguia apresentava-se de bojo largo onde tinha pintada a Cruz de Cristo. Curiosa, que  a levou para  a sua coleção a muito bom preço.
Um tesouro,  guarda jóias da fábrica Constância da minha coleção  com a "Cruz"
Quando ia em viagem antes do Natal depois de passar a ponte do Rio Trancão recebo uma chamada dando-me conhecimento que o programa iria passar no dia seguinte, debalde assim não aconteceu, percebendo logo que fizeram confusão com outra senhora com o mesmo nome, mas durante a semana recebi novo telefonema a darem-me conhecimento que tinha sido de facto engano mas agora seria certo e ainda a agradecer a minha participação.
Seja o paradoxo a caça ao tesouro, que tem amplitude diferente para cada um de nós . 
Um tesouro da Real Fábrica Sacavém, prenda para a minha filha Dina
Gratificante sentir o feedback  com o impato da primeira série do programa  no canal "2" à sexta feira da "caça ao Tesouro", onde participei no penúltimo episódio. Reações; a mensagem carinhosa da minha boa amiga Marília Marques no dia 30 de dezembro  que cito " Oh minha querida amiga, vi agora o programa do tesouro.... Adorei vê la, sempre linda e especial. Que agradável surpresa.Feliz 2017 minha amiga. Beijinho carregado de saudades". 
Na véspera do Ano Novo logo e manhã quando me preparava para deixar Ansião, pára o carro do meu amigo de infância o Comandante dos Bombeiros de Ansião, António Neves Marques, para mim o Tonito, de braços abertos " vi-te na televisão, chamei a família toda para te ver..."
Ontem em Azeitão o "Paulino farmacêutico" , homem que também adora velharias, no cumprimento dos bons dias diz-me "vi-te na televisão, liguei logo à Olga para te ver, depois tive de vir atrás para ver do início, é importante que quem vende tenha conhecimento como mostraste sobre as peças..."
Para um final feliz em final de tarde aparece um casal muito bem vestido que apreciam uma travessa motivo "cavalinho" , diz-me a senhora " o meu marido gosta muito destas coisas,  diz-me ele, via-a no programa, onde era aquela feira?..."
Na feira da ladra encontrei o Miguel e a esposa Cristina, em logo me diz que também me viram...
O programa vai ter uma segunda série.
Dia de Ano Novo um tesouro de vivências
Tesouros para mim? O voltar às raízes e às lides de antanho. Aproveitar o forno para usar as assadeiras de barro com as carnes, e outra com  a assadeira com o arroz de pato, cozer o pão ,o tacho de barro com a tigelada e ainda assar batata doce, uma manhã em labuta à volta do forno da casa da minha irmã.
A massa para o pão a levedar em alguidar vidrado em verde
O nosso pão cozido no forno a lenha, a minha irmã não limpou o lastrocom o roldão onde fez a fogueira, por isso escaldava e o pão ia ficando queimado...ainda assim foi o nosso tesouro!
O que sobrou da Consoada em minha casa das minhas rabanadas à moda poveira, em forma de bola de Berlim, com pão comprado no mercado de Ourém.
O tesouro?A terrina Art Deco de Sacavém, aqui sem a tampa, onde ficaram muito bem.
Eu e o meu marido vimos todos os demais programas desta série.Apenas avisei a minha mãe para não deixar de o ver. No dia seguinte ao almoço perguntei-lhe a opinião, na vez de responder pergunta-me o que tinha na cabeça, se era uma pena...pois imagino que tenha ficado perplexa para apanhar a pequena reportagem, e se perdeu, para não reparar que estava vestida de boina de veludo preta com penas de pavão...a boina é a mesma , o cabelo agora branco, as argolas perderam-se e os óculos...
No dia de Ano Novo bem acomodados nos bons sofás depois do farto almoço todos em família gostaram de ver o programa, disseram que fiz boa figura...depois bem dispostos sentindo o sol que trespassava a vidraça do salão da casa da minha irmã onde os miúdos se fartaram de brincar com as almofadas no largo degrau...
Os meus tesoiros; Vicente e Laura


O meu marido a dar uns toques na guitarra, um tesouro antigo da minha irmã e no chão um garrafão de 16 L de bojo redondo , um tesouro, que lhe ofereci vindo do Alentejo


Outro tesouro, bela travessa inglesa que ofereci à minha irmã motivo William Patern, explana  a eterna história de amor vivida com a filha do Imperador, menina rica que vivia no pagode ao se enamorar por um homem pobre, por ser um amor proibido decidem fugir para viver o seu amor...as aves simbolizam os AMANTES.
A minha irmã com " os filhos; Tay e Cyd", os seus tesouros,  lhe guardam a casa e dão mimos todos os dias.

A minha mana presenteou-nos ao fim de tarde com um bom lanche, chá de hortelã e a fartura de bolos, tartes e,...Bolo de Ano Novo, tesouro feito pela minha Dina, massa folhada com chocolate e nozes.

 
Um tesouro para mim, bica de caldo a prenda que o meu marido me ofereceu

Nesta primeira feira de Azeitão de 2017 tive a sorte de ter como colega no lado direito o Carlos, só travámos conhecimento ontem, rápido se revelou de cultura enciclopédica, por ser guia turístico, amante de loiça Bordalo, saldo positivo e proveitoso a conversa a fio sobre o Palácio dos Duques de Aveiro, depois foi de D. Maria e agora Sampaio, dizia o colega da frente olhem lá em cima o dono do Palácio de cabelos brancos com uma brasileira...falamos do Conde de Atouguia, do Marquês de Pombal, da Opus Dei, dos símbolos em Lisboa ; Terreiro do Paço, um cruzar de mãos na Rua do Amparo,na relação da Inquisição e da Praça da Figueira, o brasão na rua...o obelisco nos Restauradores, mostrando-me os sinais numa nota de 1 dólar, falámos do Natal,da Coca cola que vestiu o Pai Natal, da esposa, dos filhos e dos sonhos...
Gentilmente deu-me a receita dos seus sonhos, tesouros da sua culinária.Hoje pela manhã meti mãos na massa quando toca o telefone, era a minha Dina a dar os Bons Dias, disse-lhe o que estava a fazer – mãe traz amanhã! Sim vou levar. A tarefa decorreu-me ao sabor da lembrança que a minha mãe ainda conta da sua irmã mais velha 10 anos, a tia Záira, na Moita Redonda os fazia na lúgubre cozinha da minha bisavó Brígida num tacho de esmalte azul com pintinhas azuis…debalde quando trazia  a palangana para a copa da casa dela só vinha com o fundo coberto...fritava e comia, aquela tia era gulosa e obesa!
Os meus sonhos, o meu tesouro, que me saiu das mãos,  podem não ter bom aspeto, mas o meu marido os saboreou e gostou muito e eu foi comer e chorar por mais...
 Um bom colega que gostei imenso de conhecer, o Carlos!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Deslindar primórdios da Perucha na Freixianda

Conheço desde miúda o trajeto de Ansião  assinalado a vermelho no mapa abaixo, a partir do Arneiro pela antiga estrada real onde ainda existe uma estalagem com data de 17... a caminho da Freixianda, Agroal, Ourém ou Fátima. Há uns bons anos que a Várzea do Bispo foi alcatroada e assim se tornou a variante na direção ao Fárrio, usada em detrimento do traçado pelo centro de curva arriscada no coração da Freixianda, onde a minha mãe chegou vir trabalhar nos Correios, houve dias que a acompanhei. Nesta terra sempre me intrigam nomes de aldeias alusivas à hierarquia da igreja; Várzea do Bispo, Abades, Casal de Abades, e ainda a capela grandiosa de Perucha, com a casa abastada que lhe fica a nascente de belas janelas em cantaria.Por certo, esta terra deu bons abades e bispos cujos méritos ficaram atestados na toponímia!
Na última quadra natalícia lancei o mote à família para mais uma vez irmos à mítica quinta feira ao mercado de Ourém e, almoçar nas tascas de mesas corridas. Claro, que o mercado perdeu a magia de outrora quando era a céu aberto pelas ruas em redor da igreja. Não gosto em nada do novo espaço por se mostrar enorme, desabrigado, tanto espaço bem poderia ter sido projetado em harmonia no primeiro andar, onde nada existe com alargamento do parque de estacionamento que se mostra deficitário, porque aqui aporta gente vinda de todos os lados. Almoçamos numa taberna na frente da igreja, um bom cozido à portuguesa. Na volta pedi ao meu marido para parar na rotunda do Fárrio e logo parti desaforada a pé até à Capela da Perucha, a minha mãe acompanhou-me.

Julgo que foi em  maio de 2002 que fiz pela primeira vez a peregrinação a Fátima a pé para cumprir uma promessa de infância. Neste trajeto a uns metros da entrada na Várzea do Bispo, afrouxei a marcha quando vi uma escada de pedra- o balcão de uma casita à minha esquerda,  onde decidi dar ao dente o que trazia de farnel, para voltamos a parar precisamente na capela da Perucha, onde estivemos sentados na sua frontaria e no tardoz. O espaço era naquele tempo diferente da  recente requalificação.Lamentavelmente não levámos máquina fotográfica. Recordo que me deixei a pensar quem teria aqui vivido na casa , se foi de um bispo que deu o nome à Várzea (?) cuja família aqui  lhe mandou erigir a capela  à sua dedicação religiosa. Se atendermos noutros tempos ao número de eclesiásticos era superior à proporção de locais de culto,sem igrejas que chegassem para todos os padres, era comum em famílias abastadas fazerem capelas para os seus filhos padres pudessem rezar como aconteceu em Ansião, na Capela do S. Mateus aos Matos. 
Aribas de pinhal na berma da estrada até Rio de Couros 
Muitos calhaus rolados, alguns de grande dimensão, a denotar que há milhões de anos aqui passou muita água. As fotos possiveis em andamento.

Perucha 
A palavra não tem significado em português, contudo o apelido Perucha em Espanha tem 612 pessoas como primeiro apelido, 764 como segundo apelido e 15 em ambos apelidos.Diz-me o instinto que o topónimo pode ter origem italiana - Perugia, pois aqui foi chão da via romana.Se atendermos a norte no mesmo corredor em Almoster - Romila e em Alvaiázere Romila.

 
No adro a poente resta uma parte de coluna circular, interessante, as primeiras que assim conheci existiam num barracão do meu bisavô em Ansião, outra nos Escampados no Lugar de Calados, agora num passeio pela Beira Baixa distingui outra na foto da direita tirada em movimento a servir de suporte a telheiro. O que evidencia serem de um tempo da era de 1600, com muita certeza (?)
 
Citar https://www.geocaching.com/geocache/GC4XZ6R_capela-da-perucha?"Presume-se que tenha sido erguida entre 1760 e 1810"
Não sou historiadora, apenas curiosa, pelo que me atrevo a contradizer a data exarada no site mencionado, atendendo ao fato desta capela ter sido mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758 o que fatalmente põe por terra tal afirmação.
Citar Memória Paroquial de Freixianda: 1758, Ourém, Câmara Municipal, 2012
"(...) As ermidas que há nesta freguezia são as seguintes; a ermida de Sam Miguel da Perucha, que pertence ao povo, na qual esta sacrario e tem irmandade do Senhor. A ermida de Nossa Senhora da Natividade que está dentro do lugar de Suymo da qual he administrador Luis Leytam Pereira sargento-mor de Ourém."
Julgo que atualmente o orago da Capela da Perucha seja Nossa Senhora da Piedade(?).
Citar Património Arquitetónico Religioso  de Ourém 2012 pdf
«Edificada no século XVIII. Em 1945 procede-se ao auto da entrega desta capela.
Não se explica o auto da entrega- pelo que indicia  a minha teoria de ter sido de origem particular do donatário da casa da mesma época que lhe fica contígua, tendo os herdeiros por altura da implantação da República (1911)  a ter entregue à Igreja ou autarquia(?), porque havia fome e o povo se revoltou e em rebelião houve igrejas profanadas(?).»
Num dos janelos exibe um sino de cobre, com a seguinte inscrição:
" Fundição de sinos em 1889, de António Alves Ferreira. Boca da Mata. Alvaiázere".
António Alves Ferreira
Nota muito importante para o concelho de Ourém saber mais do seu passado.
Lateral da capela a poente, foto tirada do exterior através de uma janela a nascente distingue-se um teto abobadado do altar mor lindíssimo  esculpido a gesso em reservas quadradas com delicadas flores a estuque e outras mais pequenas simples pintadas em policromia azul e vermelho.
A Capela apresenta uma planta de nave longitudinal e capela-mor retangular com cobertura em abóbada de berço, teto em estuque branco com molduras quadradas e medalhão vegetalista ao centro alternado por outros mais pequeno e simples pintados em policromia azul e vermelho.Coro alto com balustrada  em madeira a toda a largura da nave. 
"(...) Fachada principal caraterizada por um frontão triangular recortado, que se estende por todo o alçado, de onde sobressai uma custódia esculpida na pedra. Possui púlpito em pedra, e três altares em talha dourada além de outros valores artísticos. Porém, nos anos oitenta do século passado foi submetida a intervenções que desvirtuaram parcialmente o edifício, nomeadamente foram retiradas as cancelas e eliminadas as escadas de acesso ao púlpito. As lajes com inscrições epigráficas que outrora cobriam as sepulturas no seu interior constituem o pavimento exterior e, nas proximidades, um edifício em ruínas ensombra a pequena e graciosa igreja."
 Altar em madeira pintado a branco com dourados
Olhando o casario alinhado na estrada da capela é nítida a sensação que no passado foi pertença da mesma quinta (Perucha(?) com apenas uma casa nobre e seus barracões para acomodações, porque no tardoz do adro em paralelo à capela avistei um barracão a servir de garagem onde vi uma dobradiça com mais de meio metro de cumprimento numa portada de madeira, e ainda o telhado da nova casa feita atrás de outra no gaveto com o adro quase toca o telhado da capela como se  mostra na foto, revela que no tempo supostamente por heranças se dividiram em quatro casas (?).
                                        
Talvez a  casa mais antiga de belas  janelas em cantaria  com ombreiras iguais às da capela. Indicia terem sido na mesma cantaria e na mesma altura(?).
 Janela lateral da capela
 A casa do meio com quatro grandes janelas em cantaria abertas  na frontaria 
As últimas casas; a de gaveto com o adro da capela e outra adoçada para o tardoz ambas de cariz atual ainda conheci a da frente antes de ser requalificada.
Excerto do Dr. Paulo Alcobia Neves (...) a família de D. Guilhermina da Silva era oriunda de um pequeno lugar chamado Perucha, que por meados do século XIX era habitado por diversas famílias nobres desta região e no qual ainda hoje se encontram algumas casas solarengas.
Recorda-se o Sr. Padre Jacinto, actual pároco do Rego da Murta, de ver passar D. Guilhermina num muar (sentada numa cadeirinha), no trajecto Casalinhos - Perucha.
Quanto aos Baptistas vou ver se confronto os nomes que me forneceu com alguma informação manuscrita já que na minha base de dados nada encontrei a esse respeito.
Folgo muito por nos termos encontrado neste espaço e espero de algum modo poder vir a colaborar com as suas pesquisas.

A foto abaixo pressupõe inicialmente tenha havido uma ermida pequena
Como era comum e mais tarde foi ampliada e se distingue no seu tardoz com o corpo mais baixo e  a torre do campanário ? 
Na sacristia da Capela da Perucha
Adaptada uma torneira na figura antropomórfica esculpida em alto relevo vulgarmente chamada por carranca, antes saia a água por bica da boca, como existe numa fonte em Alvaiázere e outra em Penela.
Os azulejos em azul e amarelo da segunda metade do século XX com motivos religiosos, não sei a fábrica(?).
Vista panorâmica da estrada
Fontanário de espaldar datado de 1934, o ano em que a minha mãe nasceu. Por certo a minha avó materna de seu nome Maria da Luz, aqui saciou a sede a caminho das suas peregrinações a Fátima assim tantas outras pessoas que conheci de Ansião.Ainda me recordo da ruína que aqui existia no tardoz, com a requalificação  perdeu-se história...o mesmo no adro...
Na estrada em frente da capela uma casa que tem na frontaria esta peça de ferro com argola, que achei interessante, supostamente foi usada para nela se prenderem os animais(?).
 Ponte sobre a Ribeira do Fárrio de 1938 
Não me lembrei de verificar se existe algum indicio do arco romano, porque antes teria sido romana
Lagar  na beira da ribeira

Lápide esculpida em Cruz com  inscrição em latim que não decifro datada de 1767 na peregrinação a pé referida anteriormente.
Vista para poente da Quinta do Fárrio 
Memórias Paroquiais «  capela erguida em 1600 de orago a Santo António do Fárrio, administrada por António Pessoa de Andrade em 1758 . No lintel da janela do coro está a seguinte inscrição: MDCCLXXXII - 1782.»
A quinta esteve à venda, agora com uma grua onde distingui obras.Na primeira vez que aqui passei em criança reparei e estranhei o espigueiro que me deixou perplexa de o ver nestas terras. Anos mais tarde quis conhecer a grande casa em rosa velho e passei à porta, onde atestei a sua antiguidade, com janelas quase a rondar o chã o(?) debalde o caminho à frente se atrofia com cavalariças e do outro lado uma grande árvore, vi jeito do carro não sair dali dali...mais tarde descobri outro espigueiro em Rio de Couros, para pensar sendo comum nesta região, pintados a preto.Diz-nos que do Minho e Galiza onde são predominantes, vindocolonos, trazendo as suas tradições .
O espigueiro da quinta do Fárrio é grande e comprido pintado a preto para guardar as espigas do milho.

Espigueiros
Foto retirada http://auren.blogs.sapo.pt/16650.html
 "(...) Também designado por canastro ou caniceiro em função dos materiais empregues na sua construção (cana), o espigueiro constitui um celeiro onde o lavrador guarda as espigas. De posse particular ou comunitária, a dimensão do espigueiro reflete a grandeza da produção como de modo idêntico, a sua ornamentação depende da fantasia do construtor e dos recursos do proprietário.Devem ser preservados como um dos mais ricos elementos do património cultural de interesse etnográfico da região "
Acrescento que deveriam ser objeto de estudo a razão da sua existência nestas terras afinal tão longe onde os mesmos são desde sempre tradicionais.
Recentemente o local de entroncamento de vias com a Ribeira do Fárrio foi alvo de substancial melhoria urbanística com rotunda embelezada com as Mós do Lagar em frente(?) e um pequeno parque de merendas junto da margem da Ribeira com um poço e a tradicional picota ou balanço para tirar a água onde não falta o balde e folha de Flandres, oliveiras podadas com design moderno, de cúpulas pequenas e redondas e o chão vestido a policromia onde foi usado telhos cerâmicos alternados com cascalho e outros materiais.
Local agradável e aprazível para se degustar um piquenique, na rota do caminho de Fátima
Sempre conheci esta casa em abandono, supostamente teria sido uma venda com taberna (?), atendendo ao interior que me pareceu ser de prateleiras em madeira(?).
Ainda ostenta ao nível da cimalha na frontaria o emblema da Companhia de Seguros.
 Parece ser igual à primeira placa da Ultramarina (?) lançada em 1902

 Veja-se a modernidade de segurar estabelecimentos e casas. A Companhia  Mundial em 1927, teve agente  em Alvaiázere, o Sr Manuel Simões Cardo. Na aldeia onde a minha mãe nasceu,  Mouta Redonda, em Pousaflores, Ansião, haviam pelo menos 4 casas com esse emblema da Seguradora.

Breve nota dum passado mais longínquo desta terra Freixianda
Citar excerto de http://www.patrimoniocultural.pt/static/data/publicacoes/o_arqueologo_portugues/serie_5/volume_2/deposito.pdf RAQUEL VILAÇA, CARLO BOTTAINI, IGNACIO MONTERO -RUIZ
304O Arqueólogo Português, Série V, 2, 2012, p. 297-353
" (...) O achado arqueológico terá ocorrido em 1961, conforme se depreende da primeira notícia que se lhe refere: «Foi há cinco anos, quando se procedia ao arroteamento de um terreno de mato para plantar vinha, que o Sr. Manuel Marques Ferreira, do lugar da Granja, encontrou na sua fazenda denominada ‘Cabeço de Maria Candal’ uma coleção de machados, pinças, raspadeiras, todos de bronze, à profundidade de metro e meio» (A Voz da Freixianda, n.º 5, Março, 1967, p. 3). Informa o mesmo texto que, alertadas as autoridades, vieram de Coimbra peritos para investigarem o valor arqueológico do achado, tendo -o então atribuí do a 1500 a. C. Confirmado o interesse, talvez tenha sido também por essa altura que as peças deram entrada no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), Coimbra. Infelizmente, pouco mais se pode dizer sobre este aspeto particular, uma vez que não existe qualquer registo do seu ingresso no livro de entradas do museu..".
" Antes das obras de remodelação do Museu, recentemente concluídas, as peças encontravam -se expostas numa das galerias do Criptopórtico identificadas com etiqueta mencionando «Conjunto de peças da Idade do Bronze encontradas na região de Alvaiázere» (fig. 1), o que, sendo pouco preciso e propenso a equívocos, não deixando de ser verdade dada a proximidade geográfica de Alvaiázere e da Freixianda (...) "os quais terão sido vendidos pelo valor de 1500$00 (A Voz da Freixianda, Agosto, 1979, p. 4). Informação recolhida, muitos anos depois, por dois antigos alunos do Instituto de Arqueologia da FLUC, que entrevistaram o Padre Jacinto, de Aldeia da Serra, confirmou que o achador vendera as peças a um museu de Coimbra (Silva e Luís, 1995, p. 87)"

Citar excerto da Pagina do Museu Machado de Castro em Coimbra - Arqueologia 
"(...) Com origem no Instituto de Coimbra, a coleção foi constituída a partir de 1873, compreendendo «objetos de pedra, bronzes, ferro e barro». As peças pré-históricas – lâminas de silex, machados de pedra e três machados de bronze – devem-se às prospeções de superfície que António da Costa Simões e Augusto Filippe Simões fizeram nos distritos de Coimbra e Évora" 

Despautério sem invocar a fonte de onde provem -  FREIXIANDA!

Haja alguém com orgulho na sua terra que a ponha no mapa, tomando atitude certa!
Na realidade diz o velho ditado - o seu a seu dono, assim  o espólio em exposição no Museu Machado de Castro deveria conter informação correta do mesmo, o nome da propriedade onde foi encontrado o depósito e a data.
Interessante reconhecer que o local  se mostra sobranceiro ao Nabão onde viria mais tarde a situar-se o eixo das duas variantes mais importantes que faziam a ligação do vale do Mondego ao vale do Tejo.
Mais um tema apaixonante, andava há anos para o escrever.

FONTES
http://www.academia.edu/1933683/_Mem%C3%B3ria_Paroquial_de_Freixianda_1758_Our%C3%A9m_C%C3%A2mara_Municipal_2012
http://digitarq.adstr.arquivos.pt/details?id=1005117
https://pt.wikipedia.org/wiki/Freixianda
http://www.ourem.pt/index.php/municipio/freguesias/freixianda-ribeira-do-farrio-e-formigais/1600-freixianda-ribeira-do-farrio-e-formigais
http://auren.blogs.sapo.pt/154864.html
https://www.geocaching.com/geocache/GC4XZ6R_capela-da-perucha?guid=258edc66-e928-46b5-8377-e44c35857d42
http://auren.blogs.sapo.pt/16650.html
IV Património Arquitetonico Religioso - Revisão do Plano Diretor Municipal de Ourém 2012.
http://www.patrimoniocultural.pt/static/data/publicacoes/o_arqueologo_portugues/serie_5/volume_2/deposito.pdf
http://arpourem.blogspot.pt/2009/01/breve-histria-das-freguesias-do.html
http://www.museumachadocastro.pt/pt-PT/coleccoes/ContentDetail.aspx?id=614
Dr Paulo Alcobia Neves

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