segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Adoro-te mana na rota por Vila de Rei, Mação e Envendros!

Felicito os meus leitores no primeiro de janeiro de 2017 com paisagens serranas de beleza natural extraordinária, jamais assim vistas sitas na Beira Baixa; vales do Zêzere e do Ocreza e ainda outra que à primeira impressão a senti ao jus das emblemáticas e quentes cachoeiras do Brasil-, chama-se Pego da Rainha inserida aos pés da aldeia de Zimbreira, na freguesia de Envendos, no concelho de Mação.
Passeio ganho a prestar serviços na véspera na casa da minha irmã, um hábito ajudá-la sendo a paga em geral com passeio, no caso  só se sabia que o restaurante seria o Pescador em Mação, por isso o itinerário foi acontecendo com a primeira paragem para ela tomar café em Ferreira do Zêzere, precavidos o tínhamos tomado em casa, em sua espera ao sol  fazia um frio de cortar a pele nem apetecia comer laranjas, lindas a ornamentar a praça, para  na Rua Maria Vasques vislumbrar casa com escadaria circular e calçada de calhaus rolados do Zêzere onde tirei uma selfie com a minha mãe. Breve nota histórica sobre a toponímia da rua, em 1222 Pedro Ferreira e sua mulher Maria Vasques, deram carta de foral aos povoadores da sua herdade de Vila Ferreiro ou Ferreira.Águas Belas, na estalagem dos Vales, literalmente em ruínas, Alfredo Keil, aqui pernoitou com o Rei D.Carlos quando vinha à caça, tendo voltado mais vezes por esta paisagem lhe lembrar Barzibon, a cerca de 100 quilómetros de Paris, onde esteve e foi considerado o berço do início do movimento do naturalismo.Compôs o Hino Nacional para aqui em Ferreira do Zêzere o ter sido pela primeira vez tocado pela Filarmónica da Frasoeira. No exame psicotécnico de cultura geral para admissão ao Banco Pinto e Sotto Mayor em 1979, saiu uma pergunta sobre o hino, que acertei, porque o meu pai um contador de estórias com história quando  aqui vínhamos a passeio sempre abordava.  
Ferreira do Zêzere

Seguimos a estrada para Vila de Rei que é  a mesma para o Lago Azul,  logo à saída numa curva à esquerda fica a quinta da família do Almirante Américo Tomás, onde este passava férias, debalde a palmeira seca se mostra hirta. Por aqui a paisagem se mostra deslumbrante a perder de vista  pelos costados abruptos sempre verdejantes em forte contraste com o azul reluzente de brilho nas águas da albufeira do Zêzere,  e da graça das suas aldeias semeadas em local altaneiro ou ao longo das margens .
Na nova ponte a visão é fantástica, a velha ponte está submersa com o enchimento da albufeira. Paragem em Zaboeira, pequeníssima aldeia perdida na margem direita do Zêzere, encravada no costado de única rua estreita e íngreme, fiquei sem fôlego na descida e depois na subida com receio que outro carro surgisse no caminho...
Avista-se do povoado a ponte e no baixio a vista se revela paradisíaca  pela massa de água deslumbrante, sossego maravilhoso vestida de colinas verdes, potencialidades que em tempo de veraneio podem dar ao visitante momentos inesquecíveis.
Zaboeira
Logo à frente do lado direito avista-se da estrada uma pequena capelinha com pedestais encimados por Cruzes pintadas a cal e com painel azulejar em azul, por falta de sinalética cultural, não paramos, mas claro fiquei intrigada a pensar o que seria, até julguei ser um cemitério privado...numa pesquisa dei conta se tratar de um pequeno santuário e via sacra com estatuetas feitas pelos populares inserida no Miradouro Fragas do Rabadão, de onde se pode apreciar a paisagem agreste que desce para um braço da albufeira do Castelo do Bode e em plano inferior à flor da água, na margem direita da Ribeira do Codes, abaixo do Miradouro do Penedo Furado, existe uma curiosa gravura, a "Bicha Pintada", cuja origem se perde no tempo , um fóssil que, segundo alguns estudiosos, se crê que tenha mais de 480 milhões de anos, inserido no topo de uma camada de quartzito cinzento-escuro, com 30 cm de espessura. 
Na esquerda a estrada de acesso à Zaboeira 
Servida pelo restaurante Paraíso do Zêzere, julgo só funciona parte do ano (?), dele se fala que a comida é farta, bem confecionada e tipicamente portuguesa, serviço simples sem pretensões mas de uma simpatia e diligencia constante .
Fotos tiradas em movimento no calçadão em frente da albufeira do Zêzere, na esquerda existe uma pequena capela, defronte o restaurante onde invertemos marcha.
 
Casa típica em xisto com reboco em curva apertada. Distingui algumas placas em casas com anúncios de venda. Se eu aqui tivesse uma casita jamais a venderia...
Vila de Rei 
O certo era apostar em romper novas vias para melhorar substancialmente as acessibilidades, fazer parques de estacionamento, mais sinalética com indicação de praias fluviais em saber aproveitar recantos idílicos como nesta aldeia, sendo que se acham isolados nos confins da Beira (?), dispondo de locais paradisíacos onde deveriam apostar sem medo, nem receio a pensar no turismo, em visão futurista.

Vila de Rei assume-se como uma península por estar o seu concelho limitado a norte pela Ribeira da Isna (Proença a Nova), a sul pela Ribeira do Codes (Mação) e a oeste pelo Rio Zêzere.
De relevo bastante montanhoso atingindo altitudes próximas dos 600 metros, no ex-libris do concelho por albergar o Picoto na serra da Milriça – Centro Geodésico de Portugal.A última vez que aqui vim em rota de passeio a caminho do Sardoal, ao sentar-me bati com a pulseira de marfim no muro e logo ali se partiu ...ainda assim a guardo, porque veio de Angola.
Miradouro do Penedo Furado
Surpreendentes vistas sobre o vale e seus costados, daqui parte o trilho das Bufareiras, local de uma paisagem invulgar, fruto do maciço rochoso envolvente, por onde se descobrem várias quedas de água naturais,  um dos locais mais emblemáticos da região e importante atrativo turístico do concelho.
 
Encastrados nos muros pequenos painéis azulejares alusivos ao distrito (Santarém) ao concelho( Vila de Rei) e o outro indecifrável.Lamentável o vandalismo e a destruição dos painéis azulejares. Supostamente foram feitos na Fábrica da Viúva Alfredo Oliveira do Terreiro da Erva em Coimbra, olhando à bordadura floral (?).
 

O chão e muros do Miradouro feito com conheiras, seixos em sílex ao jus da calçada portuguesa. 
Conheiras
As conheiras são áreas de seixos rolados de grande dimensão amontoados como resultado da exploração mineira de ouro aluvionar pelos Romanos.Vila de Rei têm um dos maiores, e peculiar, conjunto das conheiras identificadas na península ibérica, com amontoados podem atingir 200-500 metros de extensão superficial e 10–20 metros de profundidade.
 
 
Descemos à praia de Penedo Furado de onde partem trilhos para o Miradouro e outros a descobrir em tempo de verão em dia longo levando piquenique.Aqui não faltam infraestruturas, sejam churrascarias, sanitários, aparelhos de diversão para as crianças, areia e,...
As águas corriam límpidas no seu leito em modo de calmaria pelo que me apeteceu saltar o riacho e partir à aventura do Penedo Furado...debalde eles nem saíram do carro, o tempo foi escassíssimo para avaliar tanta beleza natural...tanto a Ribeira do Codes, como a Ribeira da Galega e quiçá outras, foram no tempo um verdadeiro motor da agricultura de subsistência das suas gentes que ao longo dos seus cursos cultivaram courelas para plantio de cereal e hortas. Para conter a força e retenção das águas  no verão fizeram diques de xisto. A água da Ribeira da Galega foi sendo represada e conduzida por valas, por vezes esculpidas na rocha, contribuindo para regar hortas e movendo azenhas, onde se moíam os cereais para fazer farinha de milho, centeio, trigo e cevada.No curso da Ribeira podem ser vistos inúmeros açudes: pequenas barragens que têm o nome de Poço: ainda existem- o Poço da Lontra, o Poço Caçador, o Poço do Lagar, entre outros. Tinham como função elevar o nível da água para conduzi-la para mais longe, criando simultaneamente uma pequena albufeira que servia de depósito de água no Verão. Ao mesmo tempo o efeito de cascata escavava mais um importante depósito que servia para rega, lavagem da roupa e banhos. A poucas centenas de metros encontram-se minas de água escavadas nos costados .Estas minas escavadas no xisto para aproveitamento de águas encontra-se para poente até à Nexebra, no concelho de Ansião, ainda me lembro do ritual das levadas que traziam a água das minas para rega dos leirões, nesse tempo dividida pelas gentes, ao dia ou horas.
No alto o Miradouro onde estive antes , o sol forte esbateu a foto...
 
 Penedos de ardósia com laivos  de quartzitos
Deixámos Vila de Rei em Ponte do Codes com umas três casas, e no alto avistei um poste de iluminação sobranceiro em costado de silvado o que achei estranho, afinal mais à frente dei-me conta da placa sinalética de Codes , onde andavam máquinas a cortar madeira, mais à frente Chão de Codes, fatalmente deixou-me a pensar o que originou este nome  CODES, para ficar assim marcado na toponímia, pelos vistos ninguém se parece importar, vejamos: Ribeira do Codes, o que indicia Codes, ter sido nome de alguém que foi importante(?) para contradizer com Chão de Codes que a meu ver se deveria chamar Chão do Codes, ou não?
Logo mais à frente outro nome a bailar na cabeça - Milreu; Brascovo cuja pronúncia a senti ao jeito da palavra obrigado em polaco...Andreus e,...
Sempre lindas a vista de casario pintado com faixas laterais e na barra em ocre, o Sardoal tem o seu pico mais alto e outras a azul a lembrar o Alentejo ali tão perto.De repente já na A 23 avistei duas brutais chaminés iguais às que existem no Carregado, na margem do mesmo Tejo – torres de refrigeração a libertar nuvem branca, imagem de marca destas centrais.
Fiquei a pensar se o peixe do Tejo e a água que se bebe em Lisboa, não é prejudicada pelas radiações de Almaraz e a poluição desta...
Central Termoelétrica do Pego, no concelho de Abrantes.

Mação
Conheço esta terra desde a adolescência na família dos Correios, onde a minha mãe também trabalhou, e teve bons colegas, o padrinho do meu Vicente também é daqui natural, o super juiz, e de tanta outra gente de bem. Na verdade tem crescido a olhos vistos, apesar do núcleo histórico de ruelas estreitas e ingrímes a caminho da igreja, se mostra por demais acanhado...
Foto em movimento
Brutal  almoço no Restaurante o "Pescador " sito no alto de Mação nas imediações do Palácio da Justiça.
A minha mãe junto de uma barca típica usada no rio Tejo e Zêzere
Saboreámos o bom azeite desta região, de sabor inigualável, com pão sem rival, de côdea bem cozida mas macia e de sabor especial.A empregada esqueceu-se de trazer o presunto, sendo que estávamos na terra conhecida como a Catedral do Presunto...ainda bem que não estava no papel de cliente mistério para a avaliar em notação profissional...
Fritada de peixe do rio; sável e fataça, estava bem cortado como manda o cardápio, postas finíssimas , mas devia ainda ser mais frito para as espinhas não se sentirem, senti umas quantas bem fortes...a açorda de ovas estava deliciosa.
Lucioperca grelhado com alface e cebola cortadas em juliana, peixe cuja pele iguala a do bacalhau e ao seu sabor quando fresco, foi francamente saboreado com sabor a limão e laranja, uma delícia acompanhada por bom vinho da região!
 Sobremesa, montanha de chantily com frutas
Incrível não distingui a placa do Museu de Mação que gostava de ter visitado...
De saída junto à zona industrial onde fizeram uma alameda com oliveiras, mas em obras, a minha irmã negligenciou um STOP, debalde numa estrada paralela escondida pelos pavilhões vinham dois carros... senti um calafrio!
Zimbreira
Rua Cândido dos Reis

Aldeia onde não falta a igreja, pela rua seguia uma beata vestida de freira...a percorremos de carro e nos perdemos, ainda assim se mostra grande com uma Fabrica de transformação de presuntos que continua a ser uma das riquezas desta terra. Têm fama o seu fabrico como atividade empresarial iniciada por um antecessor dos atuais donos, no início do século passado. Hoje a Fábrica Damatta é uma das maiores entidades empregadoras da Freguesia, juntamente com as águas engarrafadas, as termas, as duas cooperativas agrícolas , uma em S. José das Matas, e Agrivendense, em Envendos - e ainda a fábrica de conserva de azeitonas. Mas a única sinalética que encontrei foi a das Termas Ladeira de Envendros de boas águas para doenças de pele (psoríase, eczemas, úlceras varicosas, acne); Sistema Osteoarticular (artroses, artrites, lombalgias, outras doenças reumatismais) e Patologias do aparelho digestivo.
Curiosamente não distingui na paisagem pocilgas, supostamente muito presunto deve ter outra proveniência do País para aqui ser embalado(?).
 
Passámos a pequena ponte de um arco, seguindo o caminho em terra batida debalde aonde não me atrevia a guiar pela falta de barreiras nas arribas dos costados, apesar do piso em bom estado...
Avistei na esquerda um morro em quartzito, tesouro natural de inegável beleza , lamentavelmente alguém, que só pode ser um asno, o vandalizou pintando algumas pedras em amarelo...
Assisti ao voo elegante de  milhafres, debalde não os consegui captar...andavam a rondar o penedo de lindas asas abertas e bicos curvos, mas a máquina não me ajudou a captá-los...mostro esta bela foto de Paulo Monteiro

Em plena rota dos trilhos rupestres do paleolítico não tendo a dimensão de Foz Côa, contudo a importância das descobertas e das gravuras aqui existentes neste fabuloso vale do Ocreza conseguem ter tanto ou mais interesse atendendo ao número de estrangeiros que aqui aportam para Mestrados.O Concelho de Mação é bastante rico em vestígios arqueológicos que se encontram espalhados um pouco por toda a região.
No topo do monte que lhe deu nome, o "Castelo Velho", ou "Castelo Velho do Caratão" como o povo lhe chama, Caratão provém do nome "Karat", antiga medida da pureza do ouro.como, encontra-se estrategicamente implantado, sobranceiro às ribeiras de Eiras, do Arizal e do Caratão, a cerca de duzentos e cinquenta metros de altitude, com um forte domínio visual sobre a paisagem envolvente, tendo sido originalmente dotado de um sistema defensivo, do qual resta apenas um troço muralhado.Foi em meados de 1940 que o sítio foi identificado por João Calado Rodrigues, encontrando, entre outros, vários elementos de moagem, machados, artefactos de bronze e diversos fragmentos cerâmicos, aos quais se acrescentaram outros objetos recolhidos no local já na década de 60, até que os anos 80 permitiram a realização dos primeiros trabalhos arqueológicos (Cf. PEREIRA, M. A. H., 1970).
Castelo velho, caratão ou da Zimbreira
Achados do Paleolítico foram encontrados sobretudo junto à Ribeira das Boas Eiras, mas recentemente foram descobertas algumas gravuras rupestres junto à Ribeira da Ocreza, entre elas a representação de um equídeo (cavalo), o primeiro achado de arte paleolítica ao ar livre no sul de Portugal, que segundo os especialistas terá mais de 20 000 anos.
Das inúmeras antas existentes no Concelho, apenas uma se encontra de pé, a Anta da Foz do Rio Frio, na freguesia da Ortiga. Dois castros no Concelho merecem uma visita: O Castelo Velho do Caratão, da Idade do Bronze, situado numa serra entre as ribeiras de Eiras, do Aziral e do Caratão, próximo da aldeia que lhe dá o nome, e o Castro de São Miguel, da Idade do Ferro, situado na Serra de S. Miguel na Amêndoa , ambos monumentos classificados.
Do período romano podem ser visitadas as várias pontes que se espalham um pouco por todo o Concelho, entre elas a Ponte da Ladeira (Envendos), a maior, com seis arcos de volta perfeita e proporções diferentes, a Ponte da Isna, apenas com três arcos, a Ponte Romana sobre a Ribeira do Castelo, na E. M. 548 entre as aldeias do Pereiro e do Castelo e o Balneário Romano do Vale do Junco (Ortiga), também estes monumentos classificados.
Das inúmeras antas existentes no Concelho, apenas uma se encontra de pé, a Anta da Foz do Rio Frio, na freguesia da Ortiga. Dois castros no Concelho merecem uma visita: O Castelo Velho do Caratão, da Idade do Bronze, situado numa serra entre as ribeiras de Eiras, do Aziral e do Caratão, próximo da aldeia que lhe dá o nome, e o Castro de São Miguel, da Idade do Ferro, situado na Serra de S. Miguel na Amêndoa , ambos monumentos classificados.
Do período romano podem ser visitadas as várias pontes que se espalham um pouco por todo o Concelho, entre elas a Ponte da Ladeira (Envendos), a maior, com seis arcos de volta perfeita e proporções diferentes, a Ponte da Isna, apenas com três arcos, a Ponte Romana sobre a Ribeira do Castelo, na E. M. 548 entre as aldeias do Pereiro e do Castelo e o Balneário Romano do Vale do Junco (Ortiga), também estes monumentos classificados.
Percurso de coisa de um km onde parámos antes da curva da descida para apreciar as vistas surpreendentes do vale do rio Ocreza e da sua albufeira.Na esquerda a estrada de terra batida por onde viemos.
Momento raro a selfie com a minha mana...
Pego da Rainha
Forçados a parar perante o riacho para avaliar o fundo se tinha consistência para se passar de carro. Antes tinha passado por nós um jipe a quem perguntámos, nos disseram que era firme de pedra. Também nos indicaram que podíamos seguir em frente, o que fizemos.

Sem receio passei o riacho pelas pedras sem me molhar, numa aventura inigualável...
O jipe pôs-se em marcha para mais acima parar... fiquei a pensar que não gostaram que lhes tivesse tirado a foto quando faziam a travessia...
Cascata e lagoa do Pego da Rainha
Absolutamente belo o que aqui apreciei; as ruínas da azenha, o que resta da roda de alcatruzes em ferro, das Mós em calcário que jazem já sem uso - a de baixo e a de cima, afinal como a maré da vida...em testemunho de uma vida que aqui existiu!

 
 
Fatal pensar nas gentes que em tempos de antanho aqui vinham por carreiros, os trilhos, com os burros carregados de trigo, centeio e cevada para moer, acredito deviam ser gente feliz apenas por contemplar o morro quartzítico a lembrar os gémeos das Portas de Rodão, habitat à maior colónia de grifos de Portugal, da cegonha-preta e do milhafre-real,  e a lagoa de mil cores serpintada pela vegetação pelos raios do sol ...
 
 Em rota de voltar à estrada, a minha mãe feliz de braços abertos...
O que falta?
Parca sinalética: Museu, Termas ( Fadagosa e Ladeira) e Pego da Rainha e Ribeiras. Apenas tabuletas em madeira a assinalar as rotas rupestres.
Na Zimbreira não distingui placa da Fábrica de presuntos, sendo que no concelho se produz 70% do produto o mesmo deveria ser mais publicitado.Bem podia ser um chamariz ao visitante para compra do produto, e também para quem procura artigo bom, mais barato, falo dos presuntos curados que não reúnem as condições para ser embalados para venda em espaços comerciais, mas estando igualmente bom, o pode ser vendido a quem o deseje por preço mais baixo, aliás como o fazem outras fábricas com os queijos e outros produtos.
A lagoa do Pego da Rainha devia ter placa com a profundidade.
Não devia ser permitido o plantio de eucalipto que descarateriza os costados e a paisagem. Aliás em todo o trajeto desde Ansião o que vimos foi madeireiros a cortar madeira, e nada mais.
Mais à frente dei conta de uma escarpa com pedras em calcário, um filão de calcário em terras de xisto, ao fundo na curva em jeito de meandro da albufeira do Ocreza.
Paramos para apreciar este espetáculo. Impressionante em plena rota das aldeias de xisto, a quilómetros onde acaba o calcário, precisamente  na vertical entre Condeixa e a serra do Anjo da Guarda em Ansião( veja-se o mapa no inicio da crónica) para  aqui se revelar de forte efervescência. Gostava de ter estudado geologia para entender estes afloramentos que os encontro nos cumes ou picos da serra de Nexebra, xistosa em (Ansião) com blocos de mármore semeados nos costados, e no mesmo se encontram para nascente, até esta zona, umas vezes a rondar o quartzo, outras o mármore, ardósia, calcário e ouro.
 
Falta de placa sinalética nesta estrada de terra batida que vai entroncar noutra alcatroada, debalde foi um tiro no escuro cortar à direita, seguindo o instinto do poder de orientação.
Na descida da encosta pedi à minha irmã para parar junto a uma ruína de  casa em xisto onde a paisagem se revela lindíssima, rodeada por água ao jeito de península.

 

Os silêncios interrompiam-se pelo barulho de águas em sussurro a passar pelas pedras vinda do lado direito, por certo será a ribeira que passámos na ponte de um arco em Zimbreira corre na esquerda no vale sobranceiro à estrada que percorremos para cair em véu de noiva ao Pego da Rainha( não sei a origem do nome) segue em riacho que atravessámos de carro, desce ao vale e nós de carro na estrada do outro lado, e a ribeira no vale em meandros a contornar os costados a vim encontrar aqui a desaguar no Ocreza.
Envendros
Terra dos três Ás
Boa Água, Ar e bom Azeite
Brutal contraste as cores fantásticas da albufeira entre azuis e verdes a lembrar o olhar da minha filha Dina...sei o quanto teria adorado este passeio...

Paragem na ponte do rio Ocreza, o último rio em Portugal onde ainda se pratica o garimpo.
Na outra margem junto a um penedo de ardósia de toneladas ali posto a título de quadro para nele se escrever com pedaços de calcário, o giz que por aqui no reino do xisto há dele valente efervescência.
 A minha mensagem deu-me o mote para o título da crónica!
O pedaço de calcário,o giz que trouxe como souvenir que o guardei na minha vitrine.

FONTES
https://pt.wikipedia.org/
http://www.zezeretrek.com/pt/regiao/vila-de-rei/
http://aldeiasdoxisto.pt/poi/4085
http://omirante.pt/semanario/2005-06-29/o-poder-local-aqui-tao-perto/2005-06-29-presuntos-e-termas-dao-fama-a-terra
http://www.mediotejo.net/macao-assinala-70-anos-da-descoberta-do-castelo-velho-do-caratao/

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Boas festas a todos os meus amigos e amigas

Praça do Município em Lisboa , 13 de dezembro, em ambiente de Natal
 
Quando aqui passei, o Pai Natal se mostrava sem miúdos, de cara feia...no regresso no barco, vinha um homem de forte estatura, barba farta, totalmente branca, igual ao cabelo comprido e sobrancelhas, a contrastar com o blusão em tom escarlate, só no desembarque quando ele me fintou, lhe reconheci o olhar debaixo da roupa de Pai Natal...
Por aqui a árvore de Natal veste-se de várias cores...para todos os gostos!
 
 
 Existem vários motivos para o registo de fotos, trenó, casas, renas e,...
 Na Rua do Arsenal  já pouco cheira ao tradicional aroma do bacalhau...
Mas venderam bem naquele dia, a avaliar os caixotes deixados no passeio
 
A minha consoada deste ano, vou ter algum tarbalho, vou cozer o pão de mistura.
Sopa de peixe com coentros do lavrado da minha mãe com cotovelo da Milaneza minúsculo.
Bacalhau confitado em azeite com sabor a alho e louro, servido em cama de grelos, batata salteada no azeite de confitar, coberto com molho do restante azeite depois de bem abanado com a escumadeira que ao ser agitado solta a gelatina do bacalhau que se concentra no fundo até ficar o molho de azeite, esbranquiçado e grosso.
Folhado de pato com bróculos e cenoura salteados
Fondue de chocolate com frutas variadas.
Rabanadas poveiras em formato de bola de Berlim, servida com doce de ovos.
Filhoses beirãs de sabor a laranja
Velhoses de abóbora
Creme de macãs rainetas em massa filo

Já o Natal clama por assado no forno a lenha em casa da minha irmã, onde se tira todo o aproveitamento para fazer tigelada, pão, bola de presunto para o lanche, e o arroz pingado.

Em vaidade acrescento, há muitos anos não recebia tantas prendas que me enchessem de alegria .
Num estaminé de chão comprei a deusa chinesa do Amor e Misericórdia, em porcelana branca, de esmerado requinte a  sua finura , que se lhe tira a mão...
Aguço o apetite com este bule de caldo, impecável, pintado com o tradicional casario, a pega da asa, a primeira peça que tenho com este formato...comprado ao Engº Maia, homem de belo olhar em azul, seleto, um cavalheiro no alto dos seus setenta anos, põe-me o braço no ombro em jeito de convite a mostrar a peça...despedi-me endereçando boas festas, mais à frente veio até mim sorrateiro com novo preço...
A coleção
Formulo votos de Boas Festas, a todos os meus leitores, com muita saúde. Em especial a todos cuja assiduidade se mostra perene no tempo, que me deixa envaidecida.
Podia dizer muita coisa, digo apenas que por ser época festiva apelo à Paz, que falta em tanto sítio, ao combate do flagelo da fome e das más condições dos muitos que vivem na rua, sendo certo que todos merecem um teto. Ninguém se esqueça que mais importante do que receber, é todos os que possam devam dar, eu gosto imenso de dar, ao jus do ditado popular - quanto mais dou mais tenho!
Feliz Natal e Próspero Ano Novo, são os meus votos a todos os visitantes , amigos e amigas, seja no mesmo ensejo o desejo para mim e família.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Ganhei a minha bicicleta francesa em 1969

Em miúda sentia uma vontade férrea de aprender a andar de bicicleta, o tempo dos triciclos de três rodas ficara-se para trás, contudo no mesmo condão, o prazer de desfrutar da liberdade, em sentir a aragem no rosto e conhecer caminhos. Aprendi com sete anos no Fundo da Rua, na estrada em frente à casa do médico Dr. Amado -, era vermelha, pequena, da Anabela Paz. 
Ao cimo do meu quintal o vizinho "Pregueira" e o cunhado Roberto, no início dos anos sessenta foram "a salto" para França -, não esqueço a primeira vez que comemos chocolate preto, trazida em jeito de souvenir pelo Roberto de "Vacanses ", num tempo que o chocolate não abundava, soube a pouco, apesar do sabor amargo, acredito que nem ele sabia destrinçar se havia outras qualidades, comprou o mais barato da prateleira, que nos soube a guloseima e da boa. Numa tarde ao cimo do quintal sentados no banco de pedra corrido defronte da casa da Ti Olímpia em tarde soalheira, o meu pai  com o "Pregueira” a mulher Zulmira, e o pai desta , já  velhote que se entretinha a fazer moinhos de cana para dar aos cachopos. Apareci com a minha irmã na sua bicicleta e logo aproveitei o ensejo para mudar para o selim, que  sem modos me destitui do poiso...barafustei alto, queria também uma bicicleta, que o bom do " Pregueira" não se fez rogado, de à-vontade que lhe era particular ali se oferece para no ano seguinte me trazer uma em segunda mão -, negócio acordado com o meu pai. No ano seguinte via-a chegar no seu lindo "Boca de Sapo em tom vinoso, parou junto à capela, no adro do Santo António, mandou-me entrar no carro com a minha irmã, sentadas em bancos de cabedal, macios, que logo afundaram, só me lembro do carro começar a subir e descer, parecia um carrossel... extraordinário luxo jamais assim desfrutado. Contas feitas a bicicleta custou uma nota de 200$00, tinha sido da sua filha Tina, a Robertina. A minha bicicleta era moderna, com lâmpada e carretos para meter mudanças, de cor prateada, martelada, a lembrar escamas, uma sereia. Loucamente vaidosa adorava-a. A da minha irmã tinha sido ganha depois da reprovação do exame da 4ª classe, nova, comprada em Sangalhos, com rede na roda de trás e flores em plástico, para as saias não se entalarem nos raios, e eu que também reprovei no mesmo exame, não ganhei nada...
A bicicleta francesa, minha amiga predileta para tudo o que era sítio-,  diariamente para o Externato, com o jarro buscar água à fonte do Ribeiro da Vide, à Fonte da Costa, à mercearia da tia Carma, do Ti Piloto, do Sr Domingos, ou do Carlos Antunes, levava a cestinha de verga entalada no guiador... 
Pior quando o vento me levantava a saia -, aflita para a baixar quase perdia o controlo do guiador, uma vez bati de frente num plátano, ao Ribeiro da Vide, na quina da estrada para o Hospital, esfolei os joelhos, mãos, cara, um mar de sangue -, aquela curva à casa do Ti Zé André era do katano, havia sempre areia, e fácil era resvalar-, certo e sabido, não seria a última vez de ali me voltar a estatelar...
Naquele tempo os caminhos em terra batida se mostram esventrados pelas chuvas, com pedras, buracos, e barrentos, um dia na descida do Largo do Bairro a caminho de casa, em frente do portão da loja, a falar com o Chico, o meu vizinho sentado ao rebordo da eira coisa inédita, rapaz muito tímido,  mas queria ver a bicicleta e as substanciais diferenças com a tradicional "pasteleira" e claro vaidosa a mostrar  os carretos das mudanças, para no descuido e com lama caí prostrada no chão...e ele se ficou a rir e a bom rir de gozo e eu envergonhada! 
O muro da eira ainda lá está, só que o chão agora é empedrado
Não sei dos cachopos do Bairro quem ficou pelo caminho na aprendizagem em andar de bicicleta, fosse na minha, fosse na da minha irmã, apesar de serem modelos para meninas, alguns cachopos andavam de pé por serem novitos -, um dia a "Deolinda do Pego" que mal chegava aos pedais, sai do adro a caminho da ladeira do Hospital,  teve azar ao resvalar na areia batendo no muro de pedra da Cerca, onde ficou de estar estático hirta em pé -, aflitos ficámos, sem pinga de sangue, nem nos mexemos por segundos, a julgar que estaria morta (?) até que ela acorda , dá de si , algum se urinou... 
As nossas brincadeiras tinham momentos assim de aflição, malvada tortura que nos abanava!
Vezes sem conta quando a minha mãe não tinha um carteiro à mão para entregar um telegrama me telefonava para lhe fazer o serviço -, que fazia de bom agrado, fosse pelo passeio, fosse pelo dinheiro. Conheci caminhos e lugarejos recônditos, mensageira de boas e más notícias-, aviso de chegada de parentes para o Ti Ventura da Lagoa da Ameixeira… parabéns ao Ti Samarra, a seguir à igreja do S. João de Brito, ainda de um falecimento nos Anacos. Algum ainda tinha de o ler, ou não sabiam, ou não encontravam os óculos que deviam estar na gaveta... não me lembro de receber gorjetas…
Bons os mecânicos das duas rodas os irmãos -, David e Artur das bandas do Pião à Lagarteira, com oficina montada no r/c do prédio onde também estava instalada a GNR, homens altos, sempre de calças azuis, de mãos sujas de volta de correntes, travões, óleos queimados com montes de desperdício às cores. Anos a fio a dar cartas em concertos nos veículos de duas rodas, de tal ordem que muito depois de encerraram portas nas obras na estrada se encontrou muito óleo queimado, os primeiros que se deram conta –, ignorantes, logo julgaram que havia petróleo em Ansião…
Ao tempo havia um movimento de agrado pelas corridas de bicicletas, os irmãos Murtinhos Manuel, Emídio, Albertino e Zé Carlos, sob o olhar do irmão Fernando, alcunha "Matateu" - encolhido pela marreca, só se ria, tal entusiasmo nato por entre trabalhos de calçadas só os ouvia falar de bicicletas, de Sangalhos e,… como a falar de mulheres, grande a paixão que sentia nutriam por elas, as bicicletas!
Lamentavelmente não tenho nenhuma foto da minha bicicleta, e disso sinto tristeza, com ela percorri quilómetros, senti emoções, vivi amores e desamores, conheci cantos e recantos, a minha princesa. 
A minha mãe que sempre gostou de vender "ferro velho" acabou por lhe dar sumiço!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

José Lopes, eternizado " Zé carates" , filho de Ansião

O Carlos Moreira, meu distinto colega no Banco, irmão do meu compadre Fernando quando lhe ia para oferecer queijo fresco que tinha comprado na Fábrica de Santiago da Guarda e o deixei ficar de noite com pedrinhas de sal para lhe domar o paladar, interpela-me pedindo atenção para ler uns versos feitos por uma senhora do Mogadouro, não me soube dizer o seu nome, é familiar de alguém que mora em Ansião, quem o souber que o diga que acrescentarei com gosto. Em abono da verdade, bem antes da leitura final descobri o visado das quadras...
Vai da alta para a baixa
Dentro do seu guarda pó
Com suas grandes sandálias
Nunca despe o abrenó

Só pensa na sua vida
Não se mete com ninguém
Trabalha de noite e de dia
É escravo do que tem

É casado, não tem filhos
Nunca foi a uma festa
Tem uma vida pior
Do que um lobo na floresta

Não tem dias de descanso
Passa as horas ao balcão
Não faz descontos nenhuns
Manda mais que o patrão

Arranjou umas achegas
Lá na cobrança da luz
Onde mete ele o dinheiro
Ninguém sabe meu Jesus
Ai se ele fosse o meu tio
Eu contava-te um segredo
Que o chamasse depressa
Para junto do São Pedro

Do distrito de Leiria
É natural de Ansião
Apalpa o cu às galinhas
Sua única distração.

Quando o patrão o chama
Ele vai logo sem demora
Montado na sua bicicleta
Não passa dos  dez à hora 

Cansado de andar a dez
Passou a andar a mil
Embarcou num avião
Foi viver para o Brasil.

Pus meus defeitos à vista
Mas não te digo quem sou
"Carates" minha senhora
Ainda não adivinhou?

Conheci desde sempre o Zé Lopes, eternizado com a alcunha " Zé Carates" desconhecendo a autoria de quem lhe a pôs, e o que na realidade a mesma significa. A sua mãe irmã da minha trisavó Adelina Augusta nascida no Bairro de Santo António. A tia do Alto, mulher de alta estatura cheguei a ir a sua casa sita precisamente no ponto mais alto depois do Ribeiro da Vide antes do entroncamento para os Escampados na frontaria com o caminho o muro tinha um portelinho de madeira, a casa de pedra de sobrado em formato de "L" tinha pela frente um terreiro de terra batida onde havia um grande poço e uma frondosa figueira, o quintal fazia extrema com a fazenda dos meus pais também com o nome de "Vinha" onde quase na extrema havia grandes pereiros de peros macios raiados de vermelho, sorrateiramente os roubávamos... o local escolhido para a sepultura do "Franjinhas", o caniche na década meados de 60 recebido como prenda de Natal que o meu pai foi de propósito de táxi com o Germano a Coimbra para o comprar , infelizmente ficou doente com o banho que eu e a minha irmã lhe demos, ou já viria doente (?) foi chamado o veterinário o Dr. Mateus dizendo para o meu pai que não havia nada a fazer tinha de ser abatido porque tinha pneumonia...à sua campa vínhamos assiduamente pôr flores como tínhamos visto no Jardim Zoológico em Lisboa... até ao dia de frio depois da visita à campa do "Franjinhas" levámos uns cavaquitos espalhados pela clareira para atear a lareira quando chegássemos a casa, azar, não nos livrámos de levar uma forte tareia, porque o nosso pai sabia que pereiro, era árvore que não tínhamos... o roubo para ele era coisa abominável!
O pai do "Zé Carates" conhecido por "Francisco da vinha", alcunha ganha depois de casar  e viver no que foi a "Vinha" da antiga quinta do Vale do Mosteiro de Cima. O pai oriundo do Marquinho morou no Canto, a casa ainda existe e tinha uma taberna na vila.
A casa inserida na quinta que foi do Vale Mosteiro de Baixo ao limite da vila a sul , corre-lhe na frente entrada franca para seguir quelha mais estreita do concelho, apenas a entrada a nascente e a poente, se mostram francas. A nascente a casa onde nasceu e a poente entesta com a minha casa, em tempos um barracão herança dos meus avós paternos, que são familiares.

Foto retirada da Pagina Facebook do Grupo Ansião cedida por João Ferreira na frente da casa da Sr D Piedade Lopes. Cortesia de Francisco Lopes, emigrado no Brasil em honra da festa de Nossa Senhora da Conceição ( julgo que seja outra festividade, porque os cachopos e a D Virgínia estão vestidas para outra estação do ano).
Os bombeiros de Ansião, encostado á porta o Albertino Carteiro e junto à casa o Hingá e o Trinta do Bairro seguido do comandante Artur Paz. Albertina casas com Francisco Lopes, o casal D Piedade e Sr Diamantino , na frente a mãe dela, a padeira Maria do Carmo  e o marido  "Xico da vinha", Lopes,  seguido para a direita do filho  "Zé carates"e da esposa Virgínia, ao lado, a tia "Maria José da vinha", segue-se julgo a irmã da D Piedade, Fernanda - mãe da D. Helena do Suimo, casada com o Sr Alexandre, será ele ou o sogro, na frente um dos meninos ruçito, filho da D. Helena,  veio a falecer criança e o Ruben Lopes, brasileiro. O Sr Júlio José da Silva junto a outro irmão dos Lopes, será o António? E o Necas, o filho da D Piedade e do Sr Diamantino, ou não,  é o cachopo de laço e, este é primo do Brasil?.
Foto retirada da Pagina Facebook do Grupo Ansião
Foi enviada do outro lado do Atlântico por Rubens Lopes tirada em Ansião em 1964.
Procissão de NSConceição
Os fatos eram alugados na minha tia Carma, casada com António Caseira, conhecido por "António ruço". Recordo de ela criar patos cujas penas depois de lavadas eram usadas para fazer as asas dos anjos. Fui vestida nas procissões com todos os exemplares da casa, no último ano de Sagrado Coração de Jesus , na cabeça aro dourado com estrela que tilintava e um coração em miniatura na mão cheio de serradura, mas tinha um buraquinho, deliciei-me no trajeto a despejar...Se a foto é de 1964, e julgo o Alfredo, ou é da minha idade ou mais novo um ano , eu teria 7 anos, e sim posso ser a menina vestida de Rainha Santa, entre dois primos parentes do meu pai.Mas não me recordo especialmente desta, a que muito favorece a procissão ser a NSConceição, que vai no andor, de quem o meu pai era estremoso devoto, dava-nos a mim e à minha irmã uma nota de 20$00 para depositar na caixa de esmolas. Eu deixei sempre a minha, a minha irmã não sei, já que do troco das compras quando a minha mãe lhe perguntava ela respondia - está na barriga.. Não tenho fotos nesta idade para mais apurar as feições.mas a postura, o cabelo e o olhar, induzem que sim, mas posso não ser.
A Dra Teresa Fernandes questionou se não é a prima Lila, neta da tia Carma. Em 64 ainda estariam na Venezuela. Eu era mais velha quando regressaram. A foto para estar na posse de um dos filhos Lopes no Brasil, retrata o pagamento de uma promessa, por isso o filho Rubens está na frente com o primo Alfredo, e ao meio a escolha da ferverosa devoção à Rainha Santa Isabel que em Ansião ainda é grande - a ser eu, a escolha por o meu pai ser primo dos brasileiros e o pai do Alfredo o seu padrinho de batismo. Bem recordo a afável acolhimento da mãe dos brasileiros, a tia Maria Zé do Alto, onde eu entrei muita vez com a minha irmã. E a tia Carma, irmã da minha avo Piedade, onde igualmente percorri cantos, quem se lembrou de lhes indicar o meu nome para encarnar o anjinho na promessa, o que me oferece especular.Porque a Celinha, irmã do Alfredo era mais velha como a Tininha, irmã do Necas e outra prima, que agora não recordo o nome, tem a vivenda adoçada à casa do Zé Júlio viúva do irmão do Sá.
O rasgo da Rua Dr Domingos Botelho de Queiroz 
Dividiu a quinta da Maria Francisca (hoje quinta do Dr Faria) o seu marido Fonseca  e Lopes ficaram com esta fasquia de terreno a nascente e sul , onde moraram até ao inicio do Cimo da Rua, entre os demais a padeira, a mãe da D. Piedade Lopes e a mãe da D. Helena.
Em finais de oitocentos o rasgo da nova Rua Dr. Domingos Botelho de Queiroz para o Ribeiro da Vide permitiu que a mãe da D. Piedade construísse a sua casa, hoje o sitio a Pastelaria Ansianense conhecida por ser a primeira em Ansião do Sr.Adolfo, para anos mais tarde também o sobrinho o "Zé Carates"quando se casou veio adoçar a sua casa na  parte  da herança do pai.Na frente da estrada era da mãe da D. Helena onde veio a construir a sua casa, adoçada aos meus avós e na frente, a minha casa.
Na Rua Políbio Gomes dos Santos na casa onde nasceu uma minha bisavó o CANTO é hoje o estabelecimento do Sr.Zé Júlio seguido para poente de uma casa que foi de uma irmã da D. Piedade Lopes, hoje da sobrinha. Portanto todos família.
O meu avô Zé do Bairro recebeu de herança um quinhão da casa do Canto onde o pai dele nasceu- Francisco Rodrigues Valente, ainda a conheci em ruínas onde se veio a construir o estabelecimento .
A quelha, viela ou Rua do Canto  sem placa na toponímia!
Entronca a nascente na Rua Polibio Gomes dos Santos

 A casa onde viveu Ludovina de Jesus (1885-1963) casada com Adelino Lopes (1884-1968) ela de Ansião ele do Marquinho,  Santiago da Guarda
Aqui nasceu o "Ti Francisco da Vinha" pai do "Zé Carates"
.Acima do lintel a meia lua em cerâmica, uma tradição na arquitectura ancestral.
 
A rua encurta no cotovelo e que maneira seguindo em caminho de pé direiro. Nesta casa viveu a Ti Ricardina, que já não conheci.
 
  O quelho a poente passava defronte da casa da "Albertina pau preta" e há alguns anos o Sr Diamantino abriu no seu chão a serventia atual a entroncar a Rua Dr.Botelho de Queiroz
Na vila o lote onde foi a casa  que tinha no r/c uma taberna do "Francisco da vinha"
Após  a casa ruir virou parque de estacionamento e poleiro de caixotes do lixo, será que o espaço  não é urbanizado, não paga IMI?
 
Falar do "Zé Carates" primo do meu pai Fernando Rodrigues Valente ambos puxaram genes à alta silhueta a rondar 1,90 num homem de cariz reservado, cortês e meigo, foi casado com a Ti Virgínia, mulher de muito bom trato, sem maldade, nem mal de inveja. Tanto brinquei com a minha irmã e a sobrinha Elvira do Escampado de S. Miguel na sua varanda de janelas corridas  repleta de quadros e flores e no terraço telhado, abrigado a sul. Sem filhos, mulher sofrida por sentir a falta deles, passava horas a conversar comigo à beira do muro, na altura da fruta, num tempo que dela não havia fartura, os abrunhos azuis raiados de amarelo, nem os deixávamos amadurecer, se comiam ainda amargos, sendo tão doces quando maduros...As vezes que nos emprestou o burro e a carroça na quinta feira de Ascenção para a cachopada do Bairro, onde eu com a minha irmã íamos arrumados entre os taipais, os mais atrevidos de pé com as mãos nos fueiros, acomodados com a manta e as cestas do farnel para o piquenique sem esquecer de apanhar a espiga. Não havia outra mulher igual amiga dos cachopos, uma paz d’alma, jamais conheci aquela pobre mulher zangada…já doente sem falar, a recordo debruçada no varandim da sacada vestida com o seu belo fio em oiro em malha batida e a sua medalha com a Nossa Senhora de Fátima, mas já não me conhecia...O seu marido as vezes que nos encontrou em casa nunca dele ouvi sermão, nem voz alta, no último tempo de vida falávamos mais quando o via a caminhar de muletas, disse-me que começou a trabalhar na Polícia de Segurança Pública em Lisboa, passou pela Brigada de Trânsito em Moimenta da Beira, até que o Sr. Francisco Silva do Fundo da Rua o foi buscar para trabalhar na sua loja no Fundo da Rua, onde o conheci durante anos naquele balcão corrido onde afavelmente atendia a clientela vestido de bata cinzenta, ainda tinha o suplementar serviço da contagem da eletricidade, em que todos os meses o via chegar e parar ao adro da capela onde encostava a sua companheira, a velha pasteleira. Havia um colega, julgo o Sr Pinheiro, da EDP que depois de reformados os via muito juntos. O "Zé Carates" era um homem alto e na mesma amplitude um ser simples, trabalhador, recatado, honesto, educado e diziam avarento, pois amealhou e não esbanjava sem razão, sendo claro que o dinheiro é de quem o ganha e sabe poupar. Julgo outro assim não conheci, o mesmo dos irmãos empresários a viver décadas no Brasil na cidade de Santos, o António e o Francisco, os três com o mesmo carinho pela sua terra, pelas raízes e pela família, herdeiros da casa dos pais foi deitada abaixo para a construção de chalé de arquitetura modernista onde habitualmente se deslocam anualmente para passar férias, porque tem piscina e ainda pinhal a extremar a poente com o quintal da minha irmã. A sua simpatia irradia todos que com eles convivem.Recordo o dióspireiro que havia abrigado com a parede da escadaria da casa do "Zé Carates", nos últimos anos me dava autorização para os apanhar, até que secou. Para ultimar, quando me despedi do "Zé Carates" na  última vez que foi para Santos, no Brasil, a quem aconselhei vivamente nesse sentido em não perder mais oportunidades de poder viver uma vida em melhores condições e na companhia dos seus irmãos e demais família, confidenciou-me que iam contratar uma empregada para tomar conta dele, mote que despoletou forte riso entre nós, fiquei com essa imagem retida daquele seu olhar esverdeado de alegria e malandreca disse-lhe,  " oh Sr Zé, você vai adorar, vai pensar  que doido não ter aceite ter vindo logo assim que me convidaram, as brasileiras são dóceis e  meigas com a benesse da linguagem que ajuda ao contato e a desinibir..."
No cemitério o jazigo de Francisco Lopes
Ainda me disse que tinha formado acordo com os manos, no caso de vir a falecer no Brasil a exigência de voltar a Portugal para o jazigo de família no cemitério de Ansião, onde está a esposa, a Ti Virgínia. E assim os irmãos cumpriram o seu último desejo.Deixou saudades. Todas as vezes que passo à sua porta e são muitas, saltam as lembranças destas pessoas que aqui moraram e onde vivi bons momentos  e a emoção salta em flecha... 

FONTES
Versos facultados pelo Carlos Moreira de autora dos lados do Mogadouro

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Aragão, apelido nobre em conversa solta na feira de velharias em Azeitão


Há muito que deixei de fazer a feira de velharias de Azeitão, voltei o mês passado em rota de passeio para me estimular para acontecer o regresso este mês. As novas obras de embelezamento na frente do jardim onde decorre o certame de velharias causa contratempo aos autocarros de excursões para estacionarem (?). Local turístico, que trás negócio à vila, deixou-me perplexa ao dar conta da chegada de um autocarro que ao entrar ao entroncamento virou à direita , para depois se ver obrigado a fazer marcha atrás para a estrada de onde tinha entrado, e assim virar à esquerda...no meu opinar havia espaço para terem feito um estacionamento para um autocarro que em nada colidia com o embelezamento efetuado, também mais à frente na antiga saída para a estrada nº 10, agora desativada, se transplantassem os plátanos para outro local depois de bem podados, que se mostram a caminho do céu, seria sítio ideal para se fazer novo estacionamento, aposta mais certeira (?). Renovada imagem de Azeitão, olhando à estética e aos seus valores (vinha, morango, faltarão as tortas(?) a vincar os marcos da vila, em destaque no mapa turístico que francamente gostei, sem deixar de olhar à impressão negativa que se retém dum tempo em que o povo foi adoçando casario a tudo o que era património, sem lhe dar a dignidade e valor que merecem no espaço-, flagrante a igreja a nascente adoçada a duas casas bem antigas, o cemitério enjaulado com o Museu e um Clube, na sua frente com a estrada distingui um muro sobre outro que não lhe achei serventia (?) bem poderia o espaço ser reaproveitado para usufruto da população com um banco de jardim (?), e o próprio lavadouro, embora renascido, não deixa de se mostrar incorporado em casario, o mesmo da Misericórdia em que apenas e só se distingue a fachada e,...erro crasso dum passado recente não deveriam continuar a ser perpetuados no presente, para em remate afirmar que as mudanças devem ser além do objeto de estudo fulcral contemplando sempre a opinião pública, no equilíbrio o bom senso, seja a discussão de prós e contras, para almejar o melhor para todos no presente, não descuidando a visão futurista.

Não sei se foi por ter havido o feriado na quinta feira que ditou um fim de semana prolongado, o Algarve diziam estar cheio, e o mesmo dos Fórum na azáfama das prendas de Natal, pelo que a afluência se mostrou escassa, a comandita de uma excursão de bolsos sem dinheiro, e outros à procura de coisa boa mas a baixo preço...reencontrei o Sr António "cigano de Portalegre", homem que no tempo sempre me defere cumprimento de respeito, a quem retribui ao elogiar o seu arado a pontas de sílex entaladas em tábuas de madeira, utensílio que veio do Alentejo, bem lhe disse que era peça para Museu, e ainda que em Setúbal ao meio da escadaria existe um igual... quando voltei para registar uma foto já não o vi, diz-me ele - a senhora quando elogia alguma coisa vende-se logo...
Ao meio da tarde mostrava-se a vendedora de estaminé na minha frente inquieta por pouco faturar, apesar de se ter estriado comigo, chega-se a mim  de porta moedas aberto a fazer balanço com a despesa do pequeno almoço, do lugar e do almoço com o filho, que nos interrompe a sussurrar ao ouvido "tenho as costelas pegadas às costas"... a mãe olha para ele e diz-lhe  " tens é uma grande barriga" - deixei-me muda a olhar sendo esbelto e seco de barriga...senti que demorou para lhe dar  5 € , mal os sente na mão num ápice desarvora, rematando ela  à laia de caiar que aquele dinheiro era referente a um disco que lhe vendera, sem lhe ter dado o dinheiro...na verdade viria a entender na continuada conversa solta que me dirigiu, apesar do meu estar impaciente, sem vontade de a ouvir (?), o que não é em mim nada normal, teria sido pelo seu falar apressado de muita palavra inteligível, e do sol àquela hora baixo, tinha de lhe bater pala continuada, para lhe poder dar atenção...notória necessidade em relatar desgraças da sua vida...dos negócios do marido que dão sempre para o torto, da carrinha vendida que o dono não averbou a pensar em a vender a terceiro pelo triplo,  que o soube pelo acaso de um dia a ter encontrado e ao afrontar o condutor a quem indigitou no dia seguinte a obrigação de irem mudar a documentação, sem antes a retórica a título de aviso - se não fosse, mandava aprender a carrinha...falou da pouca sorte do filho azarento nos empregos-, aquele rosto não me era alheio, seria de um tempo que o vi pelas feiras ... afinal foi um ano ao estrangeiro trabalhar nas obras, debalde as condições praticadas em muito País da Europa hoje em dia são de elevada  precariedade, além de pagar mal, não tem as melhores condições para acolhimento, o responsável juntou a família e o cão com outros trabalhadores, sem seguro de acidentes pessoais. Impôs novas condições ao patrão, que não aceitou, pelo que voltou a casa, atualmente na faixa dos 40 anos, a tirar equivalência no Centro de Emprego ao 12º ano com formação na Restauração e Bares. Veste-se de negro, de semblante místico, já leu o Livro de S. Cipriano... fatalmente o senti de bolsos rotos de notas e mal sentia o buliço das parcas moedas nas mãos, resulto da venda de algo seu, pela mão da mãe, apressado o via a caminho do café, sempre de cigarro na mão... 
A simples mulher desabafou dos azares com empréstimos no Banco estrangeiro, do engodo nas vendas e nas percas, afirmando aliviada que dorme descansada, sem dívidas. Falou da  sogra, entretanto falecida, afirmando que era de sangue nobre, assim o pronunciou-, uma Aragão dos lados de Vilar Formoso, cujos anéis brasonados deu à sobrinha... julgo pela doença da sogra (?) surgiu a razão da mudança de casa da margem norte para a sul, sem favor viram mais de 75 vivendas, até se decidirem,debalde a sogra achava  o nome da terra escolhida - Quinta do Conde, desprestigiante, no mesmo outros assim o pensam, reforçava-, ora só pode ser gente de mente curta, a pensar no tempo dos grandes senhores donos de quintas cujos trabalhadores viviam em pátios em redor dos seus solares ...afinal como tantos nesta região, depois de terem gasto a fortuna dos pais no estrangeiro e em Lisboa, e sem vontade de continuar a investir na agricultura, viram na venda das suas quintas a saída para realizar capital fácil. O que me transpareceu pela conversa é que a dita senhora Aragão, foi uma brasonada e seria quase falida (?), que em vida supostamente nunca se dignou vistoriar o património herdado, para agora os descendentes, pela mesma razia de dinheiro(?), se quiserem terão de se disponibilizar para o procurar, mas não sei se o acharão... seria a dita Aragão uma descendente da família da Rainha Santa Isabel de Aragão(?), que em pleno século XXI se mostrou de pêlo na venta a desprestigiar a toponímia da Quinta do Conde, seja tal determinado pela falta de cultura e conhecimento, porque a tê-la saberia a história da Quinta do Conde da Atouguia, e ainda, que na margem sul e também norte, há muita quinta que foi urbanizada em que algumas o seu nome permanece na toponímia, o certo, e outras não, perdendo-se assim a história do seu passado para os presentes e gente vindoura, porque os valores do passado deveriam ser respeitados.
Remato em poucas palavras, ao longo da vida fui tendo conhecimento de muito brasonado falido, sem eira nem beira, nesta feira já bis, embora aqui não tenha falado com a primeira pessoa, antes por afinidade, mulher simples de cariz pacato, na verdade em todos os nobres sem condado que fui conhecendo por Lisboa, o primeiro no BPSM, só lhe restava o anel no dedo a que se seguiram outros, na maioria sinto um semblante altivo, vaidoso e cheio de presunção, uns frudicas, mas este abençoado de olho azul, cabelo negro, pacato, pobre rapaz!

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