segunda-feira, 24 de abril de 2017

Incêndio brutal na Mouta Redonda no concelho de Ansião

Faiança do Arieiro,Tavarede
Imagem do Santo António com o Menino 
Nos acuda de outro fogo desta dimensão!
Hora de azar neste mês de abril faminto de águas mil e de grau de calor em pico do verão fatalmente a ditar prejuízo a muitos pequenos proprietários o brutal incêndio ocorrido antes da Páscoa ao Marco, no limite do concelho de Ansião com Alvaiázere, onde em tempos de antanho as gentes atalhavam para as Vendas e Maças de D.Maria. Ocorrido em local conhecido por "buraco" por ser um baixio rodeado de silvedo em terrenos outrora de vinhedos e olival com costados eucaliptizados. Rapidamente o fogo se alastrou pelos canos de plástico duro aqui colocados na década de 50 para aproveitamento de água do ribeiro para a canalizar para as casas, depois da rede de distribuição de água pública foi deixada por todo o lado vendo-se esventrados da terra canos pretos, ao apanhar lume são pólvora, o rastilho com a projecção de fagulhas em chamas levada pelo vento caindo aleatoriamente noutros sítios onde haviam de provocar novos pontos de incêndio, tudo a acontecer a poente da Serra de Nexebra na Mouta Redonda de Baixo, alastrando a sul para a Ribeira Velha e poente aos Mortolgos, Pensal, Vale Cego, Pereiro, não menos intensidade o que veio a deflagrar para norte nos costados da Serrada, Serradinhos, Horta, Mina de S. João do Outeiro do Cuco, Mina da Cova da Raposa, Amieira, Santainho, Mina da Cavada ao alto da serra...
Fiquei zangada com mais um roubo, desta vez um suporte em cimento para o chapéu de sol...ao jus que o ladrão (a) mora na Mouta Redonda!
Aliás na maioria os ladrões vivem nos locais!
O nosso primeiro dia na Mouta Redonda depois do Natal em que a minha mãe teimou ir connosco para cortar silvas na frente da sua eira de xisto sita ao Vale, onde a deixei sozinha porque tinha outros afazeres no Fojo, por volta das 10,30 preocupada com o calor que se fazia sentir parti ao seu encalço com uma garrafa de água para me deixar ficar admirada com o seu desempenho em matéria de trabalho efetuado, e sem luvas ainda me piquei e bem, ao lhe dar uma mão nesta árdua tarefa. Há coincidências interessantes, por incrível que pareça esta limpeza viria a ajudar a cortar o fogo a não avançar sobre a casa da minha cunhada a rondar a beira do terreno roçado vindo de cima provocado por um foco de incêndio aéreo caído num silvedo na berma da estrada da serra onde caíram fagulhas gerando um pico de incêndio na curva ao cimo do Vale, antes da mina de S. João, local perigoso por abaixo da ravina haver um grande poço escavado no xisto sobre o comprido na última requalificação da estrada foi assim deixado, quando o certo era ter sido entupido por se encontrar em local desprotegido, alguém que se abeire da berma agora limpa (?) pode resvalar no cascalho xistoso de terra mole podendo sem saber que ao fundo se encontra tal perigo...
A seguir ao eucalipto  o desnível da berma tendo ao fundo um poço  com ravina de 20 metros (?) de altura...perigo iminente!
Ao fundo o Pensal já queimado.
Almoço refastelado de porta e janela aberta a olhar o vale ainda totalmente verde, com a minha mãe a dizer " de futuro quando me convidarem para vir nunca mais recuso, afinal aqui come-se bem e passa-se um dia muito agradável". Dormimos a sesta. Por volta das 2,30 acordei sobressaltada com uma sirene, por segundos nesta terra de silêncios interrompido pelo palreiro dos pássaros fiquei sem saber onde estava...Descalça mal cheguei ao patim dei conta da chaminé de fumo negro a subir aos céus na Moita de Redonda de Baixo que a JFP atribuiu a designação de "Fundo do Lugar"...
Sendo que em nenhuma outra artéria da aldeia lhe defere o nome do Lugar -, Mouta Redonda, em prol de "Rua do Lavadouro"...Quando o certo teria sido a atribuição de Rua de Mouta Redonda de Cima e Rua de Mouta Redonda de Baixo.
Em cheganças com muita pressa vinha um carro dos Bombeiros de Ansião em estrada estreita  com curvas fechadas viria a ditar mais abaixo embate com o jipe do comando...apenas o condutor se lesionou e teve de receber tratamento hospitalar. Chegaram muitos reforços de todas as vilas das redondezas, ouvi um bombeiro dando nota dos vários palcos incendiários a ocorrer nos vários flancos dando conhecimento do seu estado de, ou fora, de controle ao comando, que lhe ditou ir pedir reforços a Castelo Branco, Coimbra e Santarém, haveria depois de ver muitos operacionais com as suas viaturas sediados no Pereiro, Vale Cego e na Moita Redonda. A minha irmã vinda dos lados da Lousã ao ver o fumo se apressa em marcha aflita pensando na hipotética possibilidade do mesmo ter sido causado por nós...Felizmente não foi pela nossa mão! Até poderia ter sido, no melhor pano caí a nódoa...Filha de bombeiro voluntário aqui aporto para fazer trabalho rural, e de facto todos os anos a prática de fazer borralheiras, devem ser feitas dentro do período recomendado, sempre em dias de tempo húmido ou a chuviscar, e jamais com calor e vento, no período da manhã ou pela tardinha, sempre controladas, se possível com a mangueira ao alcance e lastro raspado em volta, jamais uso de gasolina para atear, pelo rastilho deixado, apenas acendalha, sempre com a forquilha e a enxada a controlar com terra para cima, ainda assim já tive alguns sustos-,a envolvente de erva verde arder e outra vez em segundos alastrou na folhagem seca dos carvalhos, nada que não conseguisse resolver com os ramos das giestas, rapidamente apagada optei por deixar ficar as ramagens da poda das oliveiras  no terreno a secar. Diz o povo "Quem tem cu tem medo". Confesso sei discernir o perigo, embora por vezes o espicace ao limite, o que só me engrandece a dosear e respeitá-lo ainda mais.
Borralheiras ou queimadas serviço que exige precaução e conhecimento dos limites desta prática, não basta uma vida sempre a fazê-las sem qualquer ocorrência negativa, para num segundo acontecer um acidente em dia de muito calor e vento...
Em dezembro a estrada da serra à Cabreira apresentava este esplendor
E a vista para poente do Santainho
 
O farnel depois de árduo trabalho agora se escafudeu a comer pastéis de massa tenra e...
 
O contraste do verde e do queimado de agora...
Costado norte da Mina de S. João do Outeiro do Cuco
 
Por onde o fogo passou deixou um mar branco de cinza, um caos com tresmalhado de madeira deixada nos cortes agora jazida em carvão, marasmo irreconhecível de uma serra outrora bela...
Brevemente irá mexer a serra com o movimento dos madeireiros, uma mais valia a sua grande vantagem de lucro, quando apenas se mostra a madeira chamuscada e não queimada, disso me dei conta ao descer um dos costados depois de chover em que a cinza era lama, para não escorregar na descida vim a saltitar com as mãos presas aos eucaliptos, para espanto ao chegar à estrada se mostraram brancas e não pretas!
Os prejudicados são grandemente os proprietários e não o deviam ser, porque a maioria da madeira não ficou amarela, estando boa, apenas os cortes até 3 anos não se aproveitam para papel, sendo claro que os troncos ao serem cortados e puxados pelos guinchos pela cinza cinza vão ficar de aspeto feio, mas apenas isso!
 
Imagem nua e crua que jamais se varre da memória, seja por a maioria das courelas da herança terem sido queimadas!
Desilusão com o salpico de tanto buraco no terreno com os cepos dos primitivos pinheiros e de eucaliptos...quem neles meter um pé o pode partir pela certa!Por isso todo o cuidado!
 
 
A serra de Nexebra foi outrora coberta de castanheiros, pinhal e abrigotas. Há mais de 80 anos os donos da Quinta de Cima de Chão de Couce por terem nas imediações ao picoto pinhal tipo nórdico, a minha mãe ainda dele se lembra, cortado para procederem ao plantio de eucalipto, claro que os vizinhos pobres entestantes viram nisso uma fonte de rendimento pela venda da madeira ciclicamente de 10 em 10 anos, deste modo todos plantaram eucaliptos dizimando o pinhal. Na verdade se a opção tivesse sido o plantio de vinha tínhamos hoje costados maravilhosos a rivalizar as encostas do Douro, apesar de não termos o seu rio, apenas o consolo da fresquidão da Ribeira Velha com as suas azenhas reconvertidas e ainda as inúmeras Minas esventradas no xisto da Nexebra, e isso sim seria uma riqueza!
O caudal da Ribeira Velha no limite da Mouta Redonda de Baixo com tanto matagal apenas se ouve o buliço da água em pressas por entre pedras para se fazer chegar à foz...
A ribeira ao Prazo 
Mostra-se atulhada de matagal quando se fosse limpo poderia integrar um circuito pedonal para caminhadas...
 Abrigotas resistentes
 
 Em rota de regresso a casa nas imediações da Ribeira Velha a caminho do Fojo
 
Ao que parece a capelinha não ajudou os supostos moradores a chamar ajuda dos bombeiros (?), no entanto os cães fartaram-se de ladrar à nossa passagem, estando presos, como o deve ser, ao olhar uma última e derradeira miragem dei conta de um vizinho se aproximar para enxergar quem seria, foi pena no dia do fogo não ter a mesma suposta pressa em solicitar ajuda  imediata aos bombeiros (?) !
A casa do Ti Columbano
Silvas em redor de três fachadas e não arderam...tendo ardido quase tudo na sua volta até às barbas da casa do Ti Plainas, a nespereira não sei se vinga...
O mesmo não aconteceu com outra casa desabitada há anos, sem limpeza alguma, em abandono, envolta em silvedo a nascente com floresta . Situada ao fundo no inicio do costado, ainda me lembro de serem emigrantes em França e de aqui virem passar as vacanses. No tempo se deslocaram várias vezes à Câmara de Ansião para lhes arranjar a entrada do caminho da serra até à casa com menos de um quilometro, infelizmente nunca lhe deram ouvidos e assim desmotivados foram construir no Pereiro...
 
 No costado oposto
Como já mencionei anteriormente o lavadouro público ao Vale, na Mouta Redonda mereceu honra na toponímia em prol de Rua da Mouta Redonda de Cima, o certo!
Na verdade a fonte é bem mais importante do que o lavadouro que já ninguém utiliza...
 No passado a fonte seca com aviso "Água não controlada"
A fonte esteve anos sem água por lhe terem cortado o cano que trazia a água de uma Mina nos Serrados (?) ainda assim tinha esta placa posta em tempo de outras por todo o concelho.
Obras de requalificação pela JFP em setembro de 2016 com a ligação da Mina de S. João.
Sem se saber se a água foi analisada. Serve para um morador regar a horta...
A Mina de S. João do Outeiro do Cuco
Das poucas que ainda tem água em virtude dos eucaliptos as terem secado . Sofreu obras com o muro pintado de branco e a ligação com cano à superfície pelo chão e pelo ribeiro...
Acontece que a JFP ao fazer a ligação da Mina de S. João do Outeiro do Cuco, durante anos de parca saída de águas em prol de uma vida a correr dia e noite em tempo que o povo a considerava sagrada, sendo que cada pessoa tinha direitos sobre a mesma durante dias ou apenas horas no ritual de abertura da levada para a água deslizar pelo carreiro de terra para regar leirões de milho e as hortas. Agora a ser deixada de porta aberta se mostra sujeita a vandalismos, supostamente a água não foi sujeita a análise (?) estando a fonte sem qualquer aviso, sendo inevitável que quem dela se abeire seja levado a beber água. Foi o que fiz pela saudade de outros tempos ao encher 3 garrafas, imagine-se foi um Deus que nos acuda de vómitos, disenteria, ficando o corpo sem forças!
O que não foi feito devidamente? O lavadouro foi requalificado e reabastecido de água. Alguém o mandou construir na década de 60, disso não tem qualquer menção, porque era pessoa sem vaidade, mas que hoje dá a falsa sensação que foi a JFP em 2016 que o fez, e isso não é verdade. 
A ser ligada a água da Mina, a JFP deveria ter procedido à análise das águas e ter afixado o relatório na fonte. A JFP deveria ter procedido ao fecho da Mina com porta de ferro por precaução de vandalismo com fonte na sua frontaria para quem passar pela serra se saciar.
Em cúmulo, a fonte não apresenta qualquer aviso sobre a qualidade da água!
E quando estava seca tinha aviso. O que leva qualquer pessoa a saciar a sede.
Esta água contaminou pelo menos 3 pessoas-, a mim, à minha mãe e ao meu marido.
A JFP deveria ser mais cautelosa ao executar tarefas que envolvem terceiros, tomando cautela de prós e contras, porque com a saúde pública não se brinca!
Palco visto do Fojo com incêndio a lavrar nos Mortolgos e Vale Cego

 


 

O Kamov julgo se abastecia no tanque junto da Fonte do Cano no sopé norte da Nexebra



 

 
Voltar aos Mortolgos pelas Lages
Tanta erva alta que nem conheça nem identifica que ali é um caminho...Das poucas propriedades amanhadas com uma bela ponte com 3 lages em calcário, julgo seja do João Medeiros.Adorei ver o vimeiro em arco devidamente podado.
Mortolgos
O nome é oriundo de um Lugar em Castro Daire e Oliveira do Hospital , não sei a sua origem nem o seu significado, tenha sido trazido por alguém para a Mouta Redonda (?). No Avelar existe na toponímia a Rua dos Motólogos - incorrecta grafia , tem gerado polémica a sua origem. Falei ao telefone com a minha sogra e confirmei nesta Páscoa pessoalmente com a minha mãe ambas nascidas na Mouta Redonda, só que desta vez pedi à minha mãe para escrever o nome na vez de o pronunciar, por ser estranho e assim de vez dissipar dúvidas e erros de verbalização.Escreveu Mortolgos. Acrescentou que a Sebastiana vivia numa casa pegada à do irmão António Rodrigues com duas irmãs, uma delas a Anita, foi criada da sua irmã mais velha, a Maria Augusta (Titi) e a Emília foi servir para a Rascoia no Avelar, tendo por lá ficado solteira.
O topónimo existe em Castro Daire A palavra deriva de arbustos de murta, nada enxerguei porque também não me abeirei da borda do ribeiro, o que vi ao longe se mostrava verde com jacintos silvestres...mas podem haver arbustos de murta.
 Ruínas da casa da  Sebastiana seguida da do irmão António Rodrigues e mais à frente da Pedra...
 
 
Aos Murtólogos no tempo da vereação do Delfim Dias o antigo caminho do Pensal para as Lages, sofreu requalificação de estrada corta fogo com desvio aos Murtólogos para poente passando acima do Portelinho, ligando a outra variante aberta para o Vale Cego, deixando a trajeto dos Murtólogos ao Portelinho pelas Lages sem intervenção, nada que um catrapiller não derrubasse, porque as lajes são em barro vermelho, material frágil...Em toda a caminhada até ao Pensal se mostra em grande área queimada, ao chegar ao ramal da estrada para o Pereiro, na descida eram notórios os rastos esventrados dos rodados dos carros dos Bombeiros em terreno fértil em água pelo que deveria haver valeta para o seu escoamento, agora nada aqui passa enquanto não for a terra reposta nos sucos das valas...distingui uma plantação de eucaliptal com uns 3 anos, sendo que desde 2012 o seu plantio obedece a prévia autorização.Não sei se foi aprovada ou não. Não sou fiscal.Acontece que o ano passado alguém denunciou a minha mãe de um plantio ocorrido em 2011, em que a lei ainda não estava em vigor, os guardas de Pombal tiveram o desplante de lhe perguntar se ela sabia de outros que tivessem plantado...quando o certo seja eles andarem no terreno!
Para agravar a situação o fogo em terreno de eucaliptos não é fácil de apagar pela altura descomunal de algumas árvores que chegam a atingir mais de 50 metros de altura, cujas ramagens fazem um capacete de fogo incandescente e crepitante arrastado pelo vento levando as folhas a arder para muito longe criando novos focos incendiários.
Beco do Vale
O caminho é estreito não cabe um carro de Bombeiros, sem espaço para manobras.
Quando se procedeu ao alcatroamento das duas estradas principais na Mouta Redonda o caminho do Beco do Vale não foi alargado, estando lá a máquina, fatal destino não motivou os donos da casa no início do beco por não o permitirem não abdicarem da língua e do pequeno poço entestante com o ribeiro. Infelizmente já faleceram. Seja agora nova hora visionária de pensar no futuro e finalmente fazer o que é necessário procedendo ao urgente alargamento do caminho ao limite do ribeiro, e ao cimo acrescentar manilhas na ponte que já existe mandada fazer pelos meus sogros para a Horta- bastam mais 3 para se fazer um largo para manobras e claro alcatroado, porque no tempo do Delfim Dias houve a promessa de calcetamento jamais foi executada, contudo calçada não resulta, só alcatrão. Nos últimos anos apenas uma vez ao ano a JFP procede à limpeza do beco do Vale, aquando da limpeza urbana do Lugar, segundo um trabalhador da JFP que aqui ocorreu para ver o cenário do incêndio me informou, por me confundir com a minha cunhada, aliás não é o único, na verdade durante anos ninguém enxergou que se trata de uma via de acesso a uma casa com terrenos de outros, que merece a mesma intervenção, porque as pessoas pagam impostos!
O incêndio no Vale foi dominado com prontidão pelo Leonel das Calhas, ao sair de casa armado com a sua mangueira que ligou à torneira na frontaria da casa da minha cunhada apagando o foco de incêndio junto da eira da minha mãe, porque já devia saber que a JFP aqui deixou uma torneira, foi ajudado pelo inglês, morador na casa que foi do Agustito, fizeram a união das mangueiras desta vez ligada à fonte para a deixarem ao meu marido na rega da adega... partindo para acudir a novos focos.Oiço o meu marido a chamar-me quando estava na Horta a falar com o senhor da JFP. Mal chego pediu-me para o apoiar a regar as casas e os terrenos na envolvente, pedi-lhe para ir buscar a nossa mangueira ficando eu a regar o quintal do Silvério, quando voltou ligou a mangueira na torneira na frente da casa da irmã regando a sua casa e tudo em volta com grande dificuldade por causa do matagal até que chega um jipe GPS que entra em marcha atrás até à adega dela. Um dos elementos pediu-me para lhe encher o depósito com a mangueira que tinha nas mãos, o que fiz, enquanto dois procediam ao desenrolar da mangueira para apagar o fogo a lavrar nos pinheiros aos leirões, um deles armado de agulheta na mão se apressa na caminhada para parar junto da barreira de silvas na extrema do quintal dos meus primos Lucas com a minha cunhada, barafustando alto " como é que um gajo passa, isto é um matagal"...a que respondi - se chegou até aqui é porque a minha mãe de 83 anos andou de manhã a limpar o que se enxerga, e o terreno não é todo dela, caso não passava da palmeira...
Chegada de uma equipada GNR
A desenrolar a mangueira para atacar o incêndio aos leirões, mas não conseguiram...
O meu marido a mostrar o rasto do fogo vindo de nascente começou na beira da estrada para descer à eira e se alastrar a poente, poupando a sul porque a minha mãe o tinha roçado de manhã...
 O talho do jardim da minha mãe agora limpo
 
O Luís, filho da Sra Idalina apetrechado com a sua mangueira dizimou um foco incendiário que começou  no silvedo na Horta. Neste beco da Horta não entra nenhum carro, nem jipe. Acaso não tivesse eficácia teria o fogo alastrado em fatal desgraça, se bem que também teria sido uma grande limpeza!
A torneira aqui plantada de água encanada da Mina de S. João também abastece a fonte pública e os tanques viria a ditar a diferença de se dominar o foco de  incêndio.
Acesso a norte à serra na Mouta Redonda de Cima
Panorâmica vista de dois ângulos diferentes onde vi  as viaturas estacionarem na volta do carvalho dos herdeiros dp Ti António do Vale
Três dias após o incêndio em caminhada demos conta que há pessoas sem escrúpulos fazem das barreiras esgrimes da estrada da serra vazadouro para despejo de detritos de obras e de entulhos que não querem perto de casa. No embocar da antiga quelha do Vale que no tempo de vereação do Delfim Dias a suposta engenheira (?) camarária decidiu fechar na requalificação do alargamento da estrada...
aqui distingui uma sanita, resto de uma escultura em cimento de uma figura feminina, latões, tijolos e outros detritos e a uns metros na curva numa propriedade da minha mãe deixada na mesma altura sem acessibilidade pelo cascalho de xisto rebentado no costado da frente onde sem escrúpulos foi deixada uma porta branca de madeira e outros lixos que o fogo deixou a descoberto.
Detritos na frente desta curva em dois pontos distintos
Quelha do Vale 
Na última requalificação da estrada da serra foi cortado o acesso na ligação da quelha do vale, e não devia! Agora temos de andar 2 km para dar a volta.
Falta sinalética na entrada da serra - COIMAS!
Proibido o despejo de lixo de obras,  prejudica o meio ambiente
Madeireiros deixam desperdícios dos cortes nos caminhos e nos terrenos, matéria altamente combustível.
Falta vigilância de proximidade.
Lamentavelmente também existem particulares que não cumprem a obrigatoriedade de limpeza num circulo de 50 metros das suas casas...
Todos tem de cumprir!
A Lei em Democracia é igual para todos!
Antigo entroncamento da quelha do Vale para a estrada da serra
A quelha do Vale fechada  foi fechada com eucaliptos sob o comprido a fazer a barreira para a fechar em definitivo, que vi e contestei, mas ninguém me deu ouvidos!
Neste momento mais limpo por o dono ter procedido ao desbaste de arbustos e corte de silvas  há uns dois meses pelo tamanho que levam de rebentação ditou a possibilidade de se voltar a percorrer esta quelha e não dar a volta pela estrada,  e assim poupar quase 2 km, tarefa que não se mostrava  fácil, sem delongas me aventurei com a ajuda de um pau para me apoiar na descida  fazendo caminho para o meu marido descer, que não queria, mas o convenci apesar de resmungar com as silvas de silvão e árvores caídas foi uma aventura em matagal denso que mete medo ao diabo! 
O alargamento da estrada da serra nunca mais teve manutenção, no tempo ao longo dela foram nascendo novos eucaliptos como aqui esta fila de 5...
O meu ar de felicidade por ter conseguido debelar a teimosia do meu marido e fazê-lo descer para outra vez caminhar na quelha do vale
 Ao lado da quelha do vale o ribeiro da Nexebra com árvores caídas
A caminho do meio da serra depois do entroncamento das duas estradas de sul e norte onde o fogo deu tréguas, sim porque houve clareiras que no meio deste inferno milagrosamente, se salvaram.
 O fogo pôs a descoberto uma Mina que não me lembrava- Mina da Cova da Raposa, hoje seca
Um pequeno costado de eucaliptal com idade de 40 anos ainda mandado plantar pela avó do meu marido a Ti Rosa da quelha, já sofreu na pele um outro incêndio há uns 30 anos e rebentou, no tempo ficou esquecido, em 2008  fui buscar o Ti António do Vale por entestar connosco a nascente e parte a sul, debalde não deu conta das extremas, os anos da sua idade eram mais que muitos ...
A poente no limite da estrada da serra existe uma fina faixa de eucaliptos novos de um herdeiro da Ti Rosa, do seu irmão Manuel Marques, e na extrema a sul alguém colocou um marco de cimento com indicação de corte para norte, junto de outro em pedra antigo, agora visível pelo fogo, que apenas é marco sem direção. O marco em cimento reforça uma divisão do terreno, no entanto supostamente foi mal colocado porque a nossa courela limita a poente na ribanceira abaixo com  mais uns metros de eucaliptos da mesma época, 40 anos, nada a enganar!
No passado o povo ao meter marcos, na maioria não os punham na extrema e sim a metros dela, ainda os metiam ao longo do terreno e não apenas nas extremidades, cada cabeça sua sentença...e outros ainda os mudavam...felizmente tudo já morreu, para agora se perceber as maroscas.Claro dá azo a más interpretações para não falar das escrituras com dados entestantes trocados; o do norte trocado com o de sul e vice versa... caso que ditou tantos anos de abandono. Nas Finanças fui duas vezes para fazer o levantamento dos números das courelas com organograma para entender o sítio. E uma vez encontrado, ardeu!
Sábado em véspera de Páscoa
Planeado almoço em família no Fojo que concretizei apesar de tanto contratempo; fogo e a disenteria causada pela água da Mina de S. João, de tal maneira intensa vimos jeito de não recuperar forças e ter de o cancelar. Felizmente consegui que o projeto se concretizasse e disso ficou a lembrança da boa comida cozinhada ao lume saboreada em bom ambiente à luz de velas em cenário antigo que bastante trabalho nos deu a limpar de teias de aranha...bem me arrependi de há anos ter enxotado uma colónia de morcegos que viviam num canto da adega...
Pela tardinha a voltinha em família com os resistentes por os demais já se terem ido embora.
Sem saber se a courela junto ao castanheiro belo, atrás mencionada tinha ardido...
 
 
Já de regresso ...os cachopos só queriam colo...
Ilações a retirar em época preliminar de fogos sendo que cada vez acontecem mais cedo.
Fica por esclarecer a razão de tanto hectar (50?) queimado apesar do cenário com tantos meios disponíveis, além de 190 homens (?) várias tipologias de viaturas e ainda pela tardinha o helicóptero Kamov. Cheguei a ver os bombeiros parados e a serra a arder -Sensato seria este incêndio ser matéria de estudo para melhorar a eficácia humana, os meios disponíveis e causas adjacentes deficitárias: Falta de bocas de incêndio na serra de Nexebra com uma massa florestal em toda a sua envolvente na ordem dos 99,9%, supostamente a maior do concelho de Ansião (?). Repensar as parcas acessibilidades de vias estreitas e com poucas estradas corta fogo.
Nas entradas para a estrada da serra na Mouta Redonda de Cima e na Mouta Redonda de Baixo devem ser objeto de estudo para a criação de espaços para manobras a norte e a sul, para as viaturas aguardarem instruções e das equipas de prevenção para não estacionarem em terrenos de particulares ou afiladas nas estradas antes do Vale Cego, ao Pereiro e,...Por último este fogo em pré época de incêndios  e de legislativas deveria ser motivo principal para envolver a autarquia, a JFP, Bombeiros e equipas da GNR, para em consenso definirem o que aqui aconteceu gerando uma visita de reconhecimento ao local, elaborando mapa  com as estradas e de caminhos corta fogo, fazendo um normativo para  novos rasgos no terrenos, colocação de placas com aviso de Coimas, vigilância, e limpeza por parte da JFP em manter as bermas  e os caminhos limpos e valetas pelo menos duas vezes por ano, e os particulares em volta das suas casas num perímetro de pelo menos 50 metros, com a ajuda das equipas florestais limpar terrenos outrora de cultivo, que em abono da verdade não são caras, tendo em conta o pessoal, máquinas, fazem as queimadas, sendo muito eficientes desde que haja alguém que lhes dê as cordenadas do trabalho a executar, sei do que falo, já andei com uma brigada numa propriedade em Ansião, em que o chefe da equipa me deixou admirada ao dizer que tomara haver muito homem a trabalhar lado a lado e a ditar ordens certeiras...
Não posso deixar de falar e dizer que senti deficiente planeamento ao ataque ao fogo em alguns sítios descontrolado com várias frentes, sobretudo o fogo vindo do flanco sul, a meu ver bem poderia ter sido cortado na estrada logo a seguir à mina de S. João, e assim ter poupado todo o costado norte, porque os novos focos iam sendo apagados por equipas de 3 elementos da GNR desembaraçados a meter a máscara na cara, a pegar nos equipamentos com destreza no terreno deram nota que sabiam o que estavam a fazer. O que se diz é que a opção dos bombeiros foi de proteger as casas...contudo uma casa desabitada na Moita Redonda de Baixo foi tomada pelo fogo.Um auto autotanque de Alvaiázere vindo de sul não conseguiu entrar na variante da serra, teve de fazer manobras.
Por segundos achei forte a possibilidade de toda a envolvente dos costados da Nexebra  arder e assim aconteceria se fosse verão com os fenos secos!
Foi notícia televisiva na SIC e TVI.
Para refletir, pensar e fazer mudanças, doa a quem doer!
Urgente romper Becos
Romper o Beco da Horta na direção da estrada da serra a escassos 200 metros a nascente
Romper o Beco da Serrada de acesso a poente na direção aos Murtólogos
Romper ao Portelinho na direção do caminho das Lages se mostra atulhado de erva com lages de barro vermelho a entestar com o ribeiro
O caminho das Lages para os Mortolgos
 

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Interpretar a aguarela de Ansião de Pier Baldi de 1699

O estudo à primeira representação icónica de Ansião de 1669, nasceu pela ampliação da aguarela retratada no motivo alegórico de 2014, da ALN dos Netos. 
Poderá na certeza representar núcleos na chegada e na partida a ansião, da comitiva do Príncipe Cosme III de Médicis . Viagem fora patrocinada pelo seu pai, o Grão-Duque da Toscana, inconformado com a tristeza do filho pelo abandono da esposa Margarida Luísa de Orleans, que o preteriu a favor da Corte do seu primo, Luís XIV de Versalhes. O objetivo além do consolo, o de conhecer parte da Europa, e do Caminho de Santiago de Compostela. E, oferta de grande comitiva; dois cronistas - Lorenzo Magalotti e Filippo Corsini e Pier Maria Baldi, o pintor florentino que eternizou trinta e quatro aguarelas, com três da região: Estalagem da Venda da Gaita, hoje Santa Cruz em Almoster, Fonte Coberta no Rabaçal e a panorâmica de Ansião, a mais complexa de interpretar e jamais conseguida. 

O relato do viajante estrangeiro descrito no Livro de 1986 do Padre Coutinho  (...) entrou de sul  com numerosa comitiva na tardinha de 21 de fevereiro de 1669. Aqui pernoitou e, no dia seguinte, 22, depois de ouvirem missa na igreja paroquial, partiram para Coimbra, passando por vales de montes estéreis e estradas irregulares e montuosas; tudo bem diferente das paisagens  da bela Itália!  (...) nas palavras de Lorenzo Magalotti, comportava 60 ou 70 casas,  pouco concentrado,  maioritariamente térreas a maior parte arruinadas, tanto quanto nos diz Filippo Corsini com uma só paróquia, diocese do bispo de Coimbra; alude a doação feita a Dom Luís de Menezes e, curiosamente, o autor afirma não saber por que contradições a posse da doação não tinha sido efectuada  (...)  a dar a imagem da vila setecentista, reunida junto à igreja de eminente torre encimada por uma elevadíssima pirâmide- o padre Coutinho diz que tal facto se deve à frequente queda de neve, ou era exigência estética? 

A comitiva vinda de sul, entrou na Cabeça do Bairro, onde estava a sede da Vintena de Ansião, tendo conhecimento que o Senhorio ainda não tinha sido entregue a D. Luís de Menezes, só o  foi efetivo em 1674. 
A torre da primitiva igreja sediada no atual cemitério, de cariz pontiagudo, fruto dos povos aqui aportados de origem germanica, e de outros como italianos, cujas tendências de cúpulas em bico reportam a países mais frios e com neve de onde vieram.

Ampliação da aguarela do Grupo Facebook Ansião
 
Réplicas da aguarela  de Pier Maria Baldi pela  ALN dos Netos



Sectorizada a cores por Fernando Mendes da Torre
A meu pedido na clareza aos vários palcos distinguidos



A aguarela imortaliza a frente, a tom rosa,  a Estalagem da Quinta do Bairro, alvitra fora a comitiva muito bem recebida. Existe a norte o lintel de 1777 tardio, da requalificação para a casa do carcereiro e da cadeia feminina; resta a grade na janela. No séc. XX, a sul, ainda existia a cozinha; sobrou a porta e um contraforte a nascente. 

Em amarelo; a Casa da Câmara, na oralidade corria Tribunal – e sim, teve as duas valências a casa de sobrado e janela de avental, na frente átrio lajeado com duas grossas colunas e a nascente porta cega, com lintel de 1679. 
A poente casa baixa, quadrada, teve lintel de 1680, guardado. Foi a Casa da Administração do Concelho.
Seguida de outra casa pequena fechada em moldura, veio a ser mais tarde outra estalagem onde se cozia o pão. No seu tardoz no correr da estrada real foi uma oficina de ferrador. Arte continuada mais tarde pelos meus avoengos de Tornado, Alvaiázere. 

A verde; o primeiro burgo no atual cemitério com o sítio da Igreja Velha ao alto do cerrado da Senhora da Lapa, na junção do muro velho com o novo.

Em amarelo-torrado - o Hospital, a Casa da Misericórdia e a Ermida de NSConceição.
Em azul, a Granja, Santiago da Guarda; o Paço Jesuíta, a Casa da Câmara e a da Roda - estratégico enclave, ao lado da Igreja Velha!

No dia 22 de fevereiro de 1669, a comitiva saiu pela manhã tomando o novo caminho roteado na Quinta do Bairro, pelo Ribeiro ad Vide, à vila, para ouvir missa na atual Igreja. Rua que no ano transato foi atribuída na toponímia - Travessa do Bairro – em nítido atentado porque é rua, o certo devia eternizar Conde Cosme de Médicis, pela valia histórica na centúria de 600 deixada a Ansião. 
Na chegada ao adro avistam a poente a colossal ruína no atual cemitério, na indignição das palavras de Lorenzo Magalott - “infelice borgo”… Após a Missa seguem pelo caminho a sul da Misericórdia à laia de protesto Pier Maria Baldi perpetuar a ruína da Igreja Velha, em detrimento da nova matriz rec onstruida num templo antigo há 76 anos, ao jus agouro o seu abandono!

Ao ter sido desprezada a rota do Bairro ao  vulgo mosteiro, a comitiva não avistou o Esmoliadouro nem o Pelourinho de 1514. 
O adeus a Ansião foi pela Ponte Galiz para o Rabaçal.
Antes, Pier Baldi enaltece o valor do pinhão com a pinheira, rainha exaltada! 

Pintura em 2013 de Jorge Estrela
Em 2013 o amigo Renato Freire da Paz falou-me que os originais dos desenhos tinham estado expostos na Fundação Mário Soares nas Cortes, em Leiria. Foi seu Comissário o pintor Jorge Estrela quem lhes incutiu uma nova interpretação ao relacionar os relatos da viagem com a sua palete cromática, criando nova pespectiva de interesse na História da Arte topográfica. 
Ganhou o desenho de Ansião nova imagem colorida, sem as manchas do tempo, de contornos definidos, devolvendo mais pormenores que o tempo apagou.

Contraste na réplica a carvão em contraste com a pintura do leiriense Jorge Estrela
      
Como comandei esta investigação
Tomei conhecimento desta viagem e da gravura no Livro do Padre Coutinho de 1986, em tamanho pequeno, a negro, tendo apenas como único elemento perceptível a torre da igreja, que foi interpretada como sendo da actual e não é. Graças à foto parcial, ampliada, a carvão, do carro alegórico dos Netos de 2014, o meu despertar à investigação. Em definitivo, não podia ter sido retratada a igreja actual e sim foi a primitiva, é notório a visão no corpo da igreja do óculo de iluminação no seu tardoz, num tempo que era obrigatória a frontaria para poente. Visão enxergada do adro da igreja actual, depois de ouvida missa,  ao mote da saida da comitiva no adeus a Ansião, a comitiva deixou a vila pelo caminho da Misericórdia na quinta de S. Lourenço, actual Avª Dr Vitor Faveiro,  seguindo pela rua S. Lourenço, onde avistou a colossal ruina do primeiro burgo religioso de Ansião, deixando Ansião pela ponte dos Poios, Nogueiros, Vale Boi, Granja, Fonte Coberta etc. A ponte Galiz, admito é mais recente, aquando da abertura da estrada para os Anacos. Como foi preterida a saida pela nova Ponte da Cal, de 1648 .

A aguarela de Ansião na minha perspectiva representa núcleos na chegada da comitiva à  Cabeça do Bairro e na saída no adeus a Ansião.

A corrobar estas conclusões vali-me das minhas memórias de mais de 50 anos, e do gosto nato pelo passado de Ansião. Percebi a necessidade de novas acessibilidades para a vila com o rasgo do novo caminho do largo da Cabeça do Bairro ao baldio do Ribeiro da Vide, em chão da Quinta do Bairro, foi deixado desirmanado um promontório, onde João Freire em 1603, instituiu uma capela de orago a Santo António, o patrono dos viandantes, indicia que a estalagem naquele tempo era por si explorada .O  novo caminho  contornava a Quinta do Bairro a norte ao entroncamento da Rua Direita, vinda da Ponte da Cal, para o Casal das Pêras, Barranco, onde entroncava na estrada romana/medieval para a Escarramoa.

Na minha perspectiva o artista em protesto teimou deixar imortalizada a vila de Ansião, centrando a brutal ruína da primitiva Igreja do burgo de Ansião -  a Igreja Velha. 

Estratégico,  o enclave da Granja, pelo interesse sentido e no esboço o único espaço para o marcar.

Fechar o ciclo com penhorado agradecimento à equipa de amigos da ALN dos Netos, pela escolha do seu motivo alegórico em 2014, que me permitiu enxergar clareza pelo conhecimento deste passado. 

Jamais sem aposta a investigação histórica ao Pelourinho Manuelino de 1514, nem mesmo nas comemorações dos 500 anos da atribuição do Foral novo a Ansião. E sim, devia ter sido aposta aos locais prováveis ao sítio onde tenha sido erigido. 
Graças a este motivo alegórico depois de 2014 foram 5 anos de estudo cumulativamente ao sítio do vulgo mosteiro, ao chão do atual cemitério , Cabeça do Bairro e à atual vila histórica, onde baseei as minhas conclusões com grandes descobertas.

Na minha perspectiva alicerço que o Pelourinho Manuelino foi erigido no vulgo mosteiro, o primeiro burgo social de Ansião, onde foi sediada a primeira cadeia e outras valências adstritas. Como o burgo religioso foi sediado no atual cemitério, com a igreja primitiva, casario do padre, sacristão, serviçais e almocatés, aferidores dos pesos e medidas, supervisionados pelo procurador do Mosteiro, que era o padre em exercício na vigaria, ao celeiro. Ali recebia os foros que eram levados para o Mosteiro de Coimbra.  Em 1359, já era viva a atividade moenga, atestada com contenda arquivada na Torre do Tombo. Por fim,  Pier Baldi teimou em deixar a colossal ruina exaltada...já os montes carismáticos do Rabaçal, não imortalizou ...Nunca se sabe o que uma alma de artista pensa em detrimento do que exprime no traço escorreito...

Mas, foi no vulgo mosteiro que conheci junto a um muro uma coluna partida ao meio, para com alguma segurança dizer que eram parte do Pelourinho Manuelino, embora incompleto sem o fuste, debalde perdidas em 2019 e na foto evidenciadas.
Um sintoma de alívio passaria por alguém de direito se debruçar sobre o que representa no fiel da balança o peso da cultura no concelho de Ansião e se dignasse intervir para as procurar, saber onde foram depositadas e as mandar estudar. Atitude certa em âmbito cultural com ação no terreno, a valorizar as pedras herdadas. Óbvio que sim . Ontem já era tarde!
Reprodução do Pelourinho do Senhor de Ansião D. Luís de Menezes no carro alegórico dos Netos de 2014
A transmissão do Senhorio de Ansião não operou os trespasses dos direitos senhoriais que aqui possuíam os Duques de Aveiro , herdados do 2º Duque de Coimbra,  D. Jorge Lencastre. D Luís de Menezes, depois de notáveis prestações nas guerras da restauração, casa-se em 1666 com a sua sobrinha D. Joana Josefa de Menezes, de quem recebe o titulo da Casa da Ericeira , do qual foi o 3 conde.O Senhorio de Ansião, foi concedido  depois de vários percalços em 1674, cinco anos depois da comitiva de Cosme de Médicis ter passado em Ansião. Contudo, a aposta na réplica da aguarela de 1669 foi extraordinariamente bem exaltada, debalde o Pelourinho deveria ter sido exaltado o Manuelino de 1514 e não o atual de 1686, porque ainda não existia!
Desencantar os palcos
Sítio da primeira prisão na Cabeça do Bairro
Na foto abaixo no lado esquerdo depois do Largo do Bairro o seguimento do que foi a estrada real  onde se encontra  um portão preto,  foi o sitio da primeira  prisão da Vintena da Cabeça do Bairro de Ansião. A prisão tinha uma janela com grade que mal me recordo dela onde seria suposto os presos suplicar esmolas aos viandantes . A cavalariça da estalagem, a parede em pedra que ainda se distingue na ligação dos entestantes. 

Estalagem térrea sob o comprido e para norte  de sobrado com o celeiro, palheiro 
Chegou ao Século XX,  por herança nos anos 60. A entrada  larga foi colocado um lintel em cimento e  portão,  e em 2019 de novo requalificado, ao lado porta que ainda existe. No tardoz existe um contraforte. A cozinha resistiu até há poucos anos.Estas estalagens acolhiam além de peregrinos, também pobres, almocreves e viajantes de todas as estirpes. E muitos por falta de enxerga e de dinheiro, dormiam no palheiro.

Até 2019 o que restava da primitiva estalagem da Quinta do Bairro
Desse tempo resta  apenas a porta
No tardoz o único contraforte a nascente de sustentação da parede
Perspectiva do palco no século XX
A estalagem estendia-se para norte com casarão de sobrado - celeiro, palheiro e a cozinha e copa.
José Maria Marques dos Reis com mais de 80 anos confidenciou -me que  em novo ali vinha cavar vinha onde fazia a comida no que foi a cozinha da estalagem tendo numa parede de pedra entalada o resto de uma panela, ficando curioso do seu significado, por isso jamais se esqueceu e até o impressionou onde se guardaria dinheiro...Julgo que a função ao que chamou ser panela pelo formato redondo o seria em cerâmica para guardar alimentos frescos, mais tarde vim a descobrir não longe dali noutra casa a poente onde também se possa aventar existiu outra estalagem uma parede com duas buracas onde meti a mão e senti fresquidão, por serem em cerâmica, de facto são púcaras que outra função não teriam senão guardar alimentos.Desde a pré história o homem arranjou forma de preservar alimentos, em Trás os Montes distingui talhas escavadas no subsolo argiloso dos terraços fluviais no rio Sabor e mais tarde os árabes as fizeram escavando a pedra no morro de Almada velha.
A estalagem ficou desativada, por outra nova surgir defronte a chegar até aos meados do século XX .
Na aguarela ao ficar retratada  uma abertura franca direita sem arco a evidenciar tenha sido esta a estalagem mais antiga que houve no Bairro porque outra existiu no século XVIII  com um arco de volta perfeita para entrada dos cavalos defronte desta a poente do largo do Bairro a chegar aos meados do séc. XX da Ti Maria da Torre  que os mais velhos se lembram bem, e dela ainda resta uma parte onde eram os cómodos.
O sitio da estalagem da Ti Maria da Torre
Resultado de imagem para ansião o largo do bairro
Perspectiva da volumetria da primeira estalagem no séc. XX
A casa de gaveto a norte apresenta na porta envidraçada  a sul lintel de 1777. O foi tardio da requalificação de parte da estalagem na casa do carcereiro e a mesma data, menos perceptível ainda existe na cadeia feminina,  no seu seguimento  de que resta a grade na janela.
Volumetria do palco da estalagem  hoje

Cadeia feminina
O lintel da porta da prisão feminina com data de 1777

Perspectiva na aguarela  em 1669 o seguimento da estalagem para a esquerda
Para poente  a Casa da Câmara  na Cabeça do Bairro
Porém, o impacto forte da palete cromática, choca o meu olhar no jogo medieval gótico e naïf em prol da cor sépia do original, o meu favorito.
No meu tempo a casa da direita foi o palco da Casa da Câmara cega a poente e a norte . A conheci  no sobrado com  porta/janela de avental e na frente da porta de entrada havia ainda um átrio lajeado debruado a dois degraus com duas colunas quadradas grossas onde já tinha desaparecido o terraço. A poente entrada para acesso ao tardoz aos quintais do Bairro dos currais para os gados maninhos. Adoçados a poente da casa ainda existem barracões que desconheço a função que tiveram, podia ter sido a Almoçataria da Vintena . A seguir para poente a casa quadrada a conheci em ruína e depois reconstruida, tinha  lintel de 1680  que se encontra guardado. A poente a aguarela apresenta casario térreo, que conheci de sobrado, estreito e em ruína. No tardoz onde se cozia o pão, ainda existe a maceira. E na frente no correr da estrada real a oficina de ferrador.Artes continuadas pelos meus avoengos de Tornado, Alvaiázere.

Panorâmica da vila, do novo burgo na réplica da ALN dos Netos

Não se evidencia nenhuma casa ao tipo senhorial.
Onde seria a casa onde nasceu António dos Santos Coutinho?
Não foi retratada a  Igreja matriz edificada em 1593.A razão do pintor não a ter deixado imortalizada?
Na direita em moldura casa de sobrado do hospital, hoje CGD, seguida da Casa da Misericórdia e a ermida de NSConceição.
Granja, em Santiago da Guarda
Os investigadores do nº 9 dos Cadernos de Estudos Leirienses apresentado em Ansião a 17 de setembro de 2016 pese os elogios, em verdade apenas fizeram compilação de dados recolhidos em documentação diversa e pouco quase nada lhe acrescentarem de valia, a recalcar o que o Padre José Eduardo Reis Coutinho já mencionara no seu Livro de 1986, o primeiro a partilhar este conhecimento e em acrescento apenas informação das Memórias Paroquiais relativamente à Vintena de Ansião, sem correlação do seu palco. A aguarela foi apresentada em escala maior, debalde sem mais nada de novo lhe acrescentar além do conhecido
O conhecimento de valorizar o património de Ansião partilhado na página facebook da Al-Baiäz
Associação de Defesa do Património  de Alvaiázere que promoveu a produção de dois painéis de azulejo para serem colocados na fachada do edifício da Junta de Freguesia de Ansião.Um dos painéis contém a reprodução do desenho, de cor sépia, que o artista italiano, Pier Maria Baldi, elaborou em 1669, quando passou em Ansião na comitiva de Cosme de Médicis, na sua peregrinação a Santiago de Compostela.
O outro painel reproduz o mesmo desenho, colorido pelo pintor leiriense Jorge Estrela, recentemente falecido.Foram inaugurados na Quinta-feira de Ascensão  em 30 de Maio de 2019 em dia do feriado municipal de Ansião.Para permitir o exercício da cidadania e o envolvimento da população nesta iniciativa, os interessados poderão contribuir oferecendo um dos 66 azulejos que comporão os referidos painéis. A contribuição mecenática de quem quiser aderir a esta subscrição pública será de 10 euros, correspondente ao custo de cada azulejo. É uma forma simbólica, mas merecedora de enaltecimento, de os cidadãos, interessados na cultura, contribuírem para o enriquecimento patrimonial da vila de Ansião.
Coysas e Loysas sobre Ansião : Abordar em maior plenitude o ...
Última análise 
Pese embora a aguarela a merecer análise por especialista, debalde se apresente tarefa árdua e muito difícil, mais facilitada a quem conhece o chão de palcos primitivos de Ansião.Credível Pier Maria Baldi há noite nas estalagens finalizava as aguarelas sobre os esboços previamente destacados a traço escorreiro no seu molinski.  Graças ao meu abençoado espírito curioso e guardador de memórias do passado no Bairro de Santo António de ouvir falar do Tribunal- afinal foi a casa da câmara que teve as duas valências .
A aguarela não retrata uma visão registada num determinado ponto e sim com retratos na chegada na Cabeça do Bairro, dando destaque em moldura à Casa da Câmara e da estalagem onde pernoitaram para acreditar tenham sido bem acolhidos por isso a sua menção na frente com conhecimento que a vila ainda não tinha sido entregue a D Luís de Menezes. O que se deparou difícil foi perceber por onde saiu do Bairro a comitiva, demorei a descodificar pela falta de tombos, e demais documentação,  sobre o poder da Vintena de Ansião, jamais abordada por historiadores, apenas levemente mas sem fazer menção onde foi localizada. A sua colocação no seu palco é minha correlação. No dia seguinte na Cabeça do Bairro a comitiva tinha duas alternativas de saída, a mais antiga  a poente com a estrada  real a caminho do Vale do Mosteiro do burgo primitivo desativado no actual cemitério,  contudo ao deixar retratada na aguarela o tardoz do corpo da primitiva igreja com o óculo de iluminação evidencia seguramente que a comitiva do príncipe Cosme de Médicis partiu no dia seguinte na direção do nascente da Cabeça do Bairro ao baldio do Ribeiro da Vide seguindo pela actual Rua de João de Deus e entronca na Rua Direita  tomando o norte para parar na atual igreja e ao subirem ao adro avistam a ruína da Igreja Velha e se indignam. Depois da missa passam pela atual Travessa da Misericórdia, e deixa o seu complexo retratado com o hospital, a casa e a ermida e seguem pela atual Rua de S Lourenço e depois pela estrada real a caminho da Ponte Galiz, porque o troço pelo Nabão, Lagoas,  em fevereiro levava água sendo negligenciado.
Pese amadora sem formação académica, os núcleos diferenciados descodificados  em entrega de corpo e alma  olhando aos pormenores, com muitas horas dedicadas por isso o dever de se valorizar esta apetência nata que muita terra do mesmo modo gostaria de ter gente!
Sem medo de sair da base de conforto explanar a minha teoria  em manifesto de liberdade o mérito do olhar peculiar e anos a investigar tão atroz lacuna, aqui em glória a se mostrar pela primeira vez aclarada, pese ainda longe de acabada!

FONTES
Livro do Padre José Eduardo Coutinho
No 9 dos Cadernos de Estudos Leirienses
Livro de Noticias e Memórias Paroquiais Setecentistas
http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Fotos do carro alegórico dos Netos de 2014

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