segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Abiul podia acolher festival de Sicó a rivalizar Cem Soldos!

De Ansião logo de manhã rumo ao sul  para assistir à missa do 15 de agosto na bela igreja de Areias, que mostrarei noutra crónica. Em Tomar curiosa a caminho de espreitar a aldeia de Cem Soldos acordada em arrumos findo o festival onde a minha filha tinha vindo de véspera. Almocei em Ourém, para de tarde ao Arneiro pensar em Abiul. 
Abiul
A placa toponímica há muito que devia ter sido alterada, quem não conhece sente-se frustrado por chegar a Abiul e não encontrar o Paço dos Duques...Ali devia estar? Centro histórico de Abiul! 
O rio Seiçal
Curiosa a grafia com nome que existe na serra de Nexebra onde a minha mãe tem uma courela Seixal, sem saber se é esta a grafia... Desconheço a origem desta ponte e da outra que se encontra a norte que ainda a conheci perigosa na entrada para Abiul . Apenas a ponte a norte mereceu atenção em melhoramento da envolvente e dos moinhos e lagar (?), riqueza tão viva desde sempre no passado em Ansião e no Nabão, rio que  delimita a freguesia de Abiul a nascente para aqui junto do rio Seiçal se equacionar arranjo dos espaços das suas margens verdejantes de o tornar mais emblemático extensivo à ponte a sul no reaproveitamento para várias valências, quiçá para um Festival de musica.Na minha cabeça ainda viva a imagem de Cem Soldos, ao jus de outros festivais que acontecem pelo Pais, para  aqui nesta vila a ser idealizado onde se fundem a mística das melhorias significativas do centro histórico e demais casario ao género concentrado com quintais pelo meio para palcos e estacionamento e ainda da praça de toiros para vir a  distinguir Abiul como ex libris de Sicó ao fausto do que foi o seu passado em teimar voltar à ribalta!
Ponte a norte
Foto tirada em movimento. Distingui alguns melhoramentos, parque de merendas?
Ponte a sul
Parece ser um lagar(?).
Na chegada à vila de Abiul à imediação da igreja distingui placas em acrílico com descrições a letras julgo em dourado para me deixar a conjecturar se foi boa aposta para uma vila histórica...acabámos por estacionar junto do que foi a capela do palácio, por isso não voltei à estrada principal onde as tinha visto...
Padrão em pedra com placa em mármore com inscrição da carta de Foro de Abiul
Já escrevi pelo menos duas vezes sobre Abiul sobre as minhas lembranças de aqui vir assistir a touradas. Em 2010 e 2015. Nessa altura foram alvo de bastante visualização onde recebi um comentário em 2015 com o nome "Luís" sobre o desaparecimento dum campo de milho de uma pedra de uma sepultura romana (?).
Numa tese de mestrado apreciei a partilha de uma sepultura antropomórfica  grosseira escavada na rocha a lembrar outras que conheci em Vila Viçosa.

André Silva Coutinho  
Nas Memórias Paroquiais Setecentistas « foy antigamente de André da Silva Coutinho, Fidalgo ilustre, e parente dos Duques que a tem por sucessam, por falecer sem filho o dito fidalgo»
« Pinho Leal também refere o mesmo nome: « (…) Este palácio foi mandado fazer por André de Silva Coutinho, do qual os duques de Aveiro herdaram este senhorio.» Contudo o mesmo autor escreve outra frase onde se pode tirar outras conclusões: «passando o senhorio da villa aos Silvas Coutinhos.» Com esta frase pode estar a referir-se a Gonçalo da Silva, filho de D. Branca Coutinho e do capitão João da Silva. Também na revista «O Domingo Ilustrado», de 1900, pode ler-se: «O Senhorio da vila era dos Silvas Coutinhos, e destes passou para os duques de Aveiro. O palácio que estes titulares habitaram ainda se vê na localidade, mas em completa ruína. Foi mandado construir pelos primeiros senhorios de Abiúl.» 
Mais recente, Matos Sequeira (1955), numa descrição do arco Manuelino de Abiúl descreve: «(…)é um dos elementos que resta do solar de André de Sousa Coutinho, edificado entre os finais do século XV e os primeiros anos do século XVI.» Claro que se enganou em vez de Silva escreveu Sousa!
A freguesia de Abiul é beijada pela serra de Sicó e o rio Seiçal.
Teve capitão com duas companhias de  ordenanças. 
Abiul teve um palácio mandado construir por André da Silva Coutinho do qual os Duques de Aveiro herdaram o senhorio.
Pinho Leal Dicionário de Portugal Antigo e Moderno 1873  
«(...) Querem alguns que Abiul derive da palavra árabe - Abizoude,  outros dizem do nome hebraico Abiud da geração de David , foi primeiramente priorado  e depois vigaria do Lorvão, tendo então três beneficiados que cantavam à Missa aos domingos e dias santos sem obrigação de coro, mas o Mosteiro do Lorvão só tinha o  padroado da igreja e suas rendas, ou, pelo menos só ficou com isto, passando o senhorio da vila aos Silva/Coutinhos, de quem o herdaram os Duques de Aveiro, que o possuíram até 1759 , passando então para a coroa, por elles terem perdido tudo (até a vida no suplício!)por crime de alta traição e tentativa de regicídio. 
A maior parte do que aqui tinham os Duques de Aveiro veio a ser comprada pelos fidalgos Alvins.

Existiam em Abiul muitas famílias de fidalgos que commettiam toda a casta de despotismo e arbitrariedades; e tantas queixas fez o povo, e tantas alçadas aqui vieram, que por fim ficou a aldeia  limpa de gente tão daninha.»
Tese de Mestrado para Turismo Interior de 2014 de Rui Pedro Fonseca da Rua - Proposta de dinamização turística do Património de Abiúl
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/13161/1/RUI_RUA.pdf « (...) Em 1462, “a pedido de D. Afonso V”, Duarte Borges devolveu à coroa a vila de Abiúl. O monarca doou-a, por sua vez, a D. Pedro, filho do infante D. Pedro. (Moreno, 1980:739)11 E assim em 1464, Lopo de Albuquerque que no ano anterior passara a ser camareiro e guarda-roupa do rei, recebe a vila de Abiul a par de outras terras. “A 7 de Março de 1467, Lopo de Albuquerque, conde de Penamacor, concede Abiúl à sua futura esposa D. Leonor de Noronha como garantia das arras prometidas na escritura antenupcial. Esta, por seu turno, vê confirmada a posse por alvará de 15 de Dezembro de 1496. Posteriormente, por carta de 6 de Setembro de 1501, a condessa teve autorização régia para trespassar as rendas e a jurisdição da vila a Gonçalo da Silva.” (Eusébio, 2007:87). Em função dessa autorização, Gonçalo da Silva, filho de João da Silva, Senhor de Vagos, e de D. Branca Coutinho, veio a ser Alcaide-mor e Senhor de Abiúl. (Moreno, 1980). Gonçalo da Silva faleceu em 1521, tendo a sua esposa, D. Joanna continuado em Abiúl até à sua morte em 1542. (Eusébio, 2007). André da Silva, filho de Gonçalo da Silva, veio a ser Alcaide-mor e Senhor de Abiúl. 
André da Silva Coutinho, segundo Pinho Leal (1873), mandou construir um palácio em Abiúl, do qual ainda hoje restam vestígios de um Arco Manuelino».
A tese de mestrado desmitifica a dúvida do apelido de André Silva Coutinho  se "Silva ou Sousa".
 Afirma ser Silva!
O que levou historiadores a duvidar do apelido de André Silva Coutinho em afirmar Sousa ?
Quanto a mim alusivo ao nome do último nobre aqui a morar Dom Manuel de Sousa Alvim.
Encontrei uma discrepância no texto do nome da mãe Dona Branca Coutinho viveu por volta de 1517 e Leonor Gonçalves Coutinho na centúria de 300.Em https://digitarq.arquivos.pt/ «Dona Branca Coutinho, mulher de Jorge de Melo em 1517-11-13- (...) Manuel de Moura a fez enquanto sua mercê de 5 moios de trigo de tença, pagos pelo rendimento do Paul de Muge.»O Senhorio de Abiul com descendentes na Golegã, Muge, Portalegre, Algarve e,...Excerto https://www.geni.com/ «Gonçalo Gomes da Silva, nascido em Santarém cerca de 1320, falecido em 1386 filho de João Gomes da Silva e Constanza Gil deYola. Casou com Leonor Gonçalves Coutinho pai de Diogo Gomes da Silva, 1º Senhor da Chamusca;João Gomes da Silva 2º Senhor de Vagos; Joana Gomes da Silva; Gomes da Silva, alcaide-mor de Noudar e Fernão da Silva irmão de Mécia da Silva meio irmão de Maia Gomes de Silva; Aldonza Gomes de Silva e Aires Gomes da Silva, Senhor de Fogocillo, Senhor de Aguiar. 
«Gonçalo Gomes da Sylva, rico homem, alcaide –mor de Montemor o Velho, embaixador a Roma ao Papa Urnano I, e Senhor de Vagos, Unhao, Gerftaco, Tentugal, Buarcos, e outras terras.Contava um grande número de avós. O qual era por Varonia quarto neto de D.Guterre, rico- homem, Senhor de Alderete, e Sylva, neto de D. Pelayo Freulla, filho del Rey D. Fruella II de Leao. Primeiro Senhor de Vagos, rico-homem de fangue, de cuha Cafa fao ramos todas as demais Cafas do appellido de Sylva; a faber os Condes de Unhao, e Marquezes de Alegrete, Condes de Villar Mayor, Tarouc, Viscondes de Villa Nova de Cerveira, marqez de Niza, Conde de Santiago, Condes de S Lourenço, e em Caftella Duques de Paftrana, de Hijas, Marquezes de Oeani, Melgar, Almenara, de la Elifeda, Aguiar, Condes de Galve, e outras muitas ilustres de Portugal e Caftella»
Afirma Carvalho da Costa, Abiúl 
“foy antigamente de André da Silva Coutinho, Fidalgo ilustre, parente dos Duques que a tem por sucessam, por falecer sem filho o dito fidalgo”. ( Costa, 1712:227). Com efeito Abiúl passa para o domínio dos duques de Aveiro, umas das mais importantes famílias da nobreza, na época. Embora se desconheça a data de concessão, é admissível que esta se situe por volta de 1547, data em que o Marquês de Torres Novas recebeu o título de 1º Duque de Aveiro. Como tributo, cada morador da vila de Abiúl passou a pagar aos duques de Aveiro, uma moeda de 3 reis. (Eusébio, 2007:87/88. De referir que em 1561, lavrou na região um surto de peste. Contaminou várias pessoas da terra, acabando com muitas vidas e apavorando muitos físicos, mezinhos e curandeiros que não conseguiam cessá-la. “Sem esperança nos recursos humanos, a Câmara do Concelho, com os seus oficiais, vereadores, almotaceis (antigos inspectores camarários de pesos e medidas que também fixaram o preço dos géneros) Juízes, Capitão-mor, povo e fidalgos que em Abiúl tinham assento, foram em procissão à Igreja, com o luto das almas, implorar a Nossa Senhora das Neves, o fim da epidemia”. (Cunha,1996:6). Ao pedido feito à padroeira da Vila, prometeram por voto, a obrigação de festejar no primeiro Domingo do mês de Agosto de cada ano, com missa solene, procissão, sermão e corrida de touros à tarde. Para que esta promessa não deixasse de ser cumprida, a Câmara estabeleceu em estatutos a eleição de mordomos, sendo os oficiais camarários superintendentes das mesmas festas, subsidiadas e presididas pela própria Câmara. (Cunha,1996:6) Pouco depois de feita a promessa, a peste cessou e o povo, como agradecimento, prometeu solenemente cumprir o seu voto. A esta promessa estão associadas as festas do bodo e milagre atribuído, pelo povo, a Nossa Senhora das Neves, padroeira da vila. Na posse dos Duques de Aveiro, Abiúl atinge o seu maior desenvolvimento.É exatamente a época em que começam em Abiúl as touradas que a tradição diz serem as primeiras que ocorreram no país. Os duques aficionados das touradas mandaram fazer um palanque para que pudessem, com o devido destaque, assistir às mesmas na praça. De referir que são os Duques de Aveiro, que concedem à vila casa de misericórdia e hospital. Nessa altura também Abiúl passa a deter tabelião, juiz de cabeça de julgamento e capitão-mor de duas ordenanças. (Lopes Ferreira, 2005).O facto de Abiúl ser domínio dos duques de Aveiro e de o 8º duque, D. José de Mascarenhas, ter sido acusado de implicação no atentado a D. José em 1758, trouxe consigo consequências nefastas para Abiúl. Assim, em 1759, os bens daquela casa senhorial passam para o Estado e irão posteriormente ser adquiridos por D. Manuel de Sousa Alvim, fidalgo da Casa Real e Capitão-mor do termo de Abiúl, para cujo domínio passaram por compra e na posse dos seus descendentes se conservaram até meados do século XIX”. (Eusébio,2007:136) Com efeito, em 1808, os invasores franceses, antes de chegarem a Abiúl, atacaram as proximidades de Pombal, pedindo auxílio à mesma, que manda seguir para Pombal uma das suas ordenanças, comandada por um alferes. (Cunha,1996). Não se conhece o resultado da missão do pequeno “exército” que partiu de Abiúl em defesa de Pombal (Cunha,1996:10), sabe-se sim, é que durante a 3ª invasão francesa, os franceses estacionaram, em Abiúl, durante muito tempo, «abarracando nesta vila de Abiúl e seu termo trinta e cinco dias saquearam toda a qualidade de roupas, gados Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra 58 de todo o género sem ficar uma só cabeça». São mortas 35 pessoas, 20 homens e 15 mulheres, «sem contar com os que depois morreram em virtude de maus tratos».(Eusébio, 2007:158/159). A violência, segundo Eusébio, é indescritível.(Eusébio, 2007). A Igreja Matriz sofre bastante com as invasões francesas. As portas da igreja foram destruídas, quatro imagens de Santos foram quebradas, bem como foram queimadas as grades do púlpito e a maior parte dos panejamentos, tendo sofrido vandalismos quatro dos altares, sobrevivendo apenas o altar do Santíssimo Sacramento. O templo serviu de dormida, cozinha e estábulo às forças invasoras. (Eusébio, 2007). Depois das Invasões Francesas o país tentava refazer-se. No entanto, Abiúl, como muitas outras terras, não conseguiu reerguer-se e entrou em declínio. (Cunha 1996). Até meados do século XIX, pertencendo a vila a D. Timóteo de Sousa e Alvim, este vendeu a maior parte dos seus bens ao Capitão Gerardo António da Costa, do Casal de S. Vicente. (Cunha,1996) .O Capitão era casado com D. Ana Lúcia da Conceição Costa, filho do Capitão João da Costa dos Santos e de D. Maria Teresa, pessoas abastadas e possuidoras de grandes bens e prestígio. Depois da sua morte, herdou todos os seus bens o seu filho Dr. Gerardo António da Costa, figura pública de grande relevo, prestando sempre grandes serviços nos Concelhos de Alvaiázere e Pombal. (Cunha,1996)»
Excerto de https://www.cm-pombal.pt/freguesias/freguesia-de-abiul/ 
« Abiul recebeu o seu primeiro foral em 1167 por Didacus Peaiz e sua mulher D. Examena. Em 1175 foi doada ao Mosteiro do Lorvão que vendeu parte da vila a André da Silva Coutinho, passando mais tarde para os Duques de Aveiro que a fizeram prosperar.»Não fazendo referência em que data passou para os Duques de Aveiro. Em comparação com a monografia «Embora se desconheça a data de concessão, é admissível que esta se situe por volta de 1547, data em que o Marquês de Torres Novas recebeu o título de 1º Duque de Aveiro. Como tributo, cada morador da vila de Abiúl passou a pagar aos duques de Aveiro, uma moeda de 3 reis. (Eusébio, 2007:87/88)».
Os Duques de Aveiro
Foram senhores de vários senhorios na região centro; Abiul, Penela, Condeixa, Montemor o Velho, Lousã e a Alcaidaria-mor de Coimbra.
Na quinta de Sarzedas, hoje Sarzeda em Ansião, viveu a nobre Mariana Josefa Silva e Sequeira Ponce Mendanha , vinda do reino de Espanha, teria  ligação familiar à esposa do duque de Aveiro casado com uma Ponce Leão em Abiul, o apelido Silva, costado dos Silvas de Abiul, Mendanha de Montemor o Velho, só não descodifico a origem do Sequeira.
Interessante interligar a migração interna de gente entre Abiul, Espinhal, Condeixa, Lousã, Torres Novas, Montemor o Velho, Torres Vedras e,...com apelidos Gameiro; Freire; Barros; Jorge; Lobo; Godinho; Cutrim; Alarcão, entre outros, na  ligação ao senhorio de terras do Marquês de Torres Novas, mais tarde Duque de Aveiro para onde foram trabalhar.
Excerto de https://geneall.net/
« em 1551 os Duques de Aveiro passavam a ter bens em Arruda (fala-se que a Escola do Paço lhes pertenceu). Aqui viveu e partiu para o cadafalso o ultimo Duque de Aveiro, D. José de Mascarenhas, acusado de cúmplice de tentativa de regicídio a D. José I a 3 de Setembro de 1758. Os bens dele são dispersos por outros nobres. Nos autos da Inquisição e dos livros de Visitações a identificação no Séc. XVI constam 3 hereges, 2 acusados de judaizantes e 1 fanchono (homosexual); 1 teria sido vitima de auto-da-fé e executado no Monte da Forca, fora da vila.  Os Duques de Aveiro tiveram em Arruda um palácio que derruíu». Julgava eu que tinha sido o duque preso no seu palácio de Azeitão...
As vezes que voltei a Abiul  
Senti  sempre um profundo abandono, sem viv'alma... De Abiul recordo as touradas na companhia do meu pai na década de 60 e depois do 25 de abril os colegas que estudaram comigo em Pombal. Gente bonita de olhos claros e cabelos loiros, ao tempo terra castigada pela forte emigração para o Mundo. Nesta curta visita em tarde de muito calor apreciei o investimento que a freguesia em colaboração com câmara encetaram e o deve continuar.
Abiul dois Arcos em tijoleira sem classificação
Iluminação pública na vila com candeeiros de braço em ferro forjado. Uma boa iniciativa.
Levei a minha querida mãe que adora as minhas passeatas históricas.
O terreno e o casario em ruínas será da Fundação Dr. José Lourenço Júnior (?)
Reutilização de partes de colunas do palácio numa reutilização em umbral como a 1ª foto demonstra.

Espaço onde outrora foi o Palácio de André Coutinho e depois dos Duques de Aveiro
Monumento de comemoração dos 500 anos do seu Foral.
 
Entrada do Palácio
Palácio de André Silva Coutinho 
«O arco manuelino  um dos elementos que resta do solar de André de Sousa Coutinho, edificado entre os finais do século XV e os primeiros anos do século XVI (Sequeira, 1955). Veio a ser herdado pelos Duques de Aveiro.
O arco Manuelino ostenta ao centro no interior letras esculpidas  não foram abordadas na DGPC nem na tese de mestrado. Sequência da letra  "A" "G" "A" evidenciar  os antecedentes do Senhorio de Abiul 
Dois Senhores de Abiul com o mesmo nome - Ayres Gomes da Silva centrado com o primeiro Senhor de Abiul Gonçalo Gomes Coutinho, o que depreendo...E ainda os remates das letras traçadas e acima destas , uma impercetível e acima um triângulo a lembrar ligação à Maçonaria?

 
O que foi uma fonte a poente de Abiul às imediações do nicho seiscentista a necessitar de reabilitação. Há outra em bom estado que a distingui ao longe na estrada principal que não fotografei.
 Chão junto do que foi a capela do palácio com eira e casario pobre em várias tipologias...
Nicho seiscentista
Encontra-se a poente do arco Manuelino do palácio
«O nicho da capela que se apresenta  com arco assente em pilastras coríntias. » 
Em 2010 quando aqui vim encontrava-se o centro histórico em total abandono.
Em 2014 a tese de Mestrado alertou para a sua requalificação.
E sim foi tratado, para hoje se mostrar vaidoso, mas ainda a necessitar de mais intervenção.
Onde teria sido a pedreira onde se esculpiu estas lindas ombreiras ?

Reaproveitamentos de fragmentos em cerâmica faiança e metal encontrados na requalificação deixados a embelezar a parede. Testemunhos da vida e do passado recente e mais antigo aqui vivido. 
Cerâmica a lembrar o meu tempo; asa do barril ,faiança pintada de Coimbra de alguma bacia e asa de um penico, o que mais me intrigou foi a cerâmica pintada a preto, de onde será a sua origem? Miranda do Corvo? A peça em metal lembra o tempo romano...


 

 


 

O Abade Dom João de Lorvão 
Intrinsecamente ligado à Lenda dos Degolados de Montemor o Velho. Foi abade de Almoster que pertencia ao tempo ao Mosteiro do Lorvão.
Retirado de https://mosteirodeseica.com/artigos/ 
Capela de Seiça
Traduzido pelo prof. A. Vitor GuerraQuer como soldado, quer como abade lorvanense, João, que se portou com valentia no castelo de Montemor, degolou os que não podiam combater, a-fim-de que não fossem presa de mouros, que prodigiosamente derrotou, pondo-os em fuga com a espada. Este ficou vencedor; e os mortos, tornados à vida, festejam a vitória, enquanto que ele rende graças a Deus e a Maria. Tendo edificado esta capela e aqui morrendo, goza agora a bem-aventurança eterna”.
Em tempos ouve outra inscrição latina que estava sobre a sepultura do Abade João:
João, outrora abade do Mosteiro de Lorvão, tio paterno do rei Ramiro I, que, na era do senhor, 850, para defesa do corpo de tropas de Montemor levara de vencida Abderramen II, rei de Córdova (sendo mortos 70.000 Sarracenos) com uma pequena força de cristãos, e veria ressuscitados por intervenção desta S S. Virgem as mulheres e crianças mortas por seu conselho, jaz aqui sepultado”.
A obra em Abiul dos Duques de Aveiro
Mandaram construir  igrejas, capelas,  hospital e mandaram instituir a Misericórdia .
Misericórdia de Abiul
Da porta distingui uma escadaria em pedra para o pátio interior.
Largo da Misericórdia

              
Por todo o lado Casas Senhoriais em mistura com modernas que destoam...

Pedra do renascimento, conforme informação do Dr. João Santos
Possivelmente do período em que os duques de Aveiro frequentavam a região, ou seja de um tempo próximo das obras do convento de Tomar, são da mesma natureza: renascimento italiano. 
Canteiro forrado a azulejos antigos 

 

Palanque
«Onde os Duques assistiam às justas, cavalhadas e largadas de touros no dia da Padroeira.» Evidencia a importância que os duques de Aveiro atribuíram à vila de Abiúl.
O palanque   não é o original, mas uma reconstituição do povo, atestado em placa. 
Origem da Festa Brava 
«A festa brava acontecia na Praça Velha onde os Duques assistirem à tourada no redondel no terreiro do burgo no ano de 1561, onde se correu toiros em Portugal pela primeira vez, como promessa por se ter erradicado a peste desta Vila .Há quem diga que a festa brava começou na Atouguia da Baleia, introduzida pelo genro dos Duque de Aveiro, o Conde da Atouguia, sendo os sogros os mentores de a terem trazido de Espanha para Abiul quando herdaram o senhorio, disso parece não haver qualquer dúvida.Há outros que atribuem a primeira praça a Abiul em paralelo com Sousel. A festa brava provavelmente foi  trazida por «D. Gabriel Ponce de León e Lencastre nascido em 1667 o 7º Duque de Aveiro em 1720. Morto solteiro, sem filhos, o Ducado de Aveiro passou para José de Mascarenhas Lencastre, seu primo afastado.  D. Gabriel de Lencastre ou Gabriel Ponce de León e Lencastre, cujo nome completo era Gabriel de Lencastre Ponce de León Manrique de Lara Cardenas Giron e Aragão nascido em 1667 e faleceu em 1745 e foi  o 7º Duque de Aveiro em 1720, confirmado em 1732 e 6º Marquês de Torres Novas. O 7º Duque de Aveiro D. Gabriel era o 2º filho do fidalgo castelhano Manuel Ponce de León, 6º Duque dos Arcos, e da sua mulher Maria Guadalupe de Lencastre Cardenas Manrique, que se tornou a 6ª Duquesa de AveiroPor promessa judicial, Gabriel herdou o Ducado de Aveiro de sua mãe, com a condição de vir morar para Portugal. O Ducado dos Arcos ficou para seu irmão mais velho.Morto solteiro, sem filhos, o Ducado de Aveiro passou para José de Mascarenhas Lencastre, seu primo afastado.»
«Em 1766 o Bispo de Coimbra D. Frei Miguel da Anunciação, bispo conde de Arganil chegou a excomungar as touradas de Abiul que se realizavam no dia de celebração das festas em honra do seu orago, Nossa Senhora das Neves,  situação desabonatória que provocou um grande diferendo com o povo amigo da festa brava e veio a ter despacho de el-Rei D. José I no dia 27 de Agosto de 1769
 " (...) para não faltar ao costume e devido culto, que nesta posse se conservam desde tempos que excede a memória dos homens, presidindo a Câmara a todos os atos desta festividade, porém que neste presente ano sucederá que julgando Vós não ser decente outro festejo que não fosse o da Igreja, pretendestes estabelecer que não houvesse touros, nem os costumados divertimentos que vêm em consequência deles… sou servido declarar-vos, que tão dissonante é impedirdes a festa que costuma fazer naquela igreja a Câmara e o povo de Abiul, com excesso e abuso da vossa jurisdição e ministério é proibir direta ou indiretamente os touros e que a uma ou outra coisa vos deveis abster…", com esta decisão os touros continuaram a ser lidados nos dias de festa em honra da sua padroeira. As touradas mantiveram-se no terreiro até 1898, ano em foi substituída por uma outra praça em madeira que tinha a sombra do tejadilho de lata com rendilhado pintada de vermelho. Em 1951 as ruas eram fechadas com carros de bois e toros de pinheiros para a largada dos toiros.»
Conheci Abiul na década de 60 
O meu pai era aficionado das touradas. Em 69 levou a família de táxi à inauguração da praça de toiros atual. Em 1969 no 1º domingo de agosto estive na praça  tinha doze anos. Havia muita gente vestida de negro e outros de corres garridas onde estava junto dos arcos em meia derrocado o repórter Fernando Pessoa com o seu grande microfone da EN a fazer reportagem  naquela voz sonante a dar ênfase «seria aqui, aqui, neste preciso lugar onde me encontro, o varandim do palácio dos Duques de Aveiro, de onde avistavam o boi»... A título de curiosidade nesta região de Sicó o povo chama bois aos toiros. E as mulheres dos Ramalhais, as conhecia de venderem loiça e barros na feira de Ansião, vestidas de traje castiço que jamais foi objeto de recolha e divulgação. Altas e secas de carnes, cara rude vestidas de negro com saia dobradas pelas costas à laia de xaile a brilhar d'oiros, orelhas com  grandes arcadas e ao pescoço cordão com medalhão - dizia para a outra, anda ver o boi... e abalam em passo corrido em cima de pernas tortas ao mesmo tempo que elevaram mãos para ajeitar o lenço da cabeça e o baixar a guisa de palas aos olhos para em bicos de pés esgueiradas  e curiosas espreitavam pela guarita, o curro!
                           
O contraste do antes e do depois do muro antigo na foto de cima com a em baixo, consolidado.

 Entrada para o varandim pela lateral a poente.

O muro da frente do palanque até ao forno sem vestígios de aqui ter havido qualquer casa.
Antes indicia apenas serviu unicamente de palanque


 


O bolo cozido no forno
Pinho Leal no dicionário antigo e moderno« Abiul  tinha 420 fogos, implantada num vale cercada de outeiros, com um ribeiro, Seiçal. Havia antigamente por ocasião da festa de NS das Neves em agosto muitas festas de touros, cannas, justas, cavalhadas, etc, etc, - havia na praça um grande forno que se acendia na sexta feira antecedente, e depois de arder até ao domingo ( para o qual se gastava 12 ou 13 carradas de lenha) que lhe metiam dentro um bôlo (fogaça) de 10 ou 12 alqueires de trigo (é grande...) indo um sujeito, previamente confessado e sacramentado, dentro do forno virar o bolo. Consta  que em 1561/2, houve uma grande peste nesta villa, que matou a maior parte de gente da freguesia. Um figurão daqui prometeu então fazer todos os annos a festa do bôlo e a de NS das Neves, que fez logo cessar a peste. Por morte do tal figurão se continuou a festa, por muitos annos, à custa da câmara e depois foi feita por mordomes voluntários.»
Realçar neste excerto em época medieval as festas concorridas com touros, abrilhantadas com música de canas, ainda me lembro do som magnifico que exalavam as canas rachadas numa das pontas, engalanadas de fitas coloridas, e o tocador com toques de mãos em mestria delas fazia soar música, as  justas seria um combate ou duelo amigável para apurar o popular mais forte e cavalhadas  o mesmo entre os nobres.A quantidade mencionada de alqueires de trigo os entendo em grão, para depois de moídos ser menor a quantidade. Não encontrei equivalência para um quilo de trigo em grão em farinha. O bolo ou fogaça nada mais que um pão de trigo alvo, em tempo que só comiam pão escuro - broa de  milho ,centeio , cevada, bolota ou castanha.Se o bolo era colocado com a ajuda de uma pá larga, só se compreende a necessidade de alguém entrar dentro do forno para o virar quando o forno se encontra de calor mais brando já em final de cozedura, doutra forma seria impossível.A entrada de um homem dentro do forno é mais um ritual em demonstrar força com proteção divina do milagre de sair salvo  que rotula o FIGURARÃO, em retratar à época um homem  destemido exibicionista, desafiador do  perigo, e  bucho cheio de vinho, vigorou  até aos finais do séc XX, além de fortemente beatizado, analfabeto e afoito  preparado com os sacramentos da confissão e comunhão designado pelo povo, de Juiz, nome  que o enchia de orgulho, acompanhava o andor da igreja ao largo do forno e retirava da mão da Senhora um cravo que o prendia nos seus dentes para não se queimar, armado de  chapéu molhado e tamancos entrava no forno onde dava três voltas, virava o bolo  e saía  sem ter sofrido quaisquer queimaduras. Tudo isto se passava sob o olhar de Nossa Senhora das Neves colocada em frente ao forno para a sua protecção, perante assistência de povo  incrédulo que o via sair vivo e salvo - milagre, debalde de vez em quando um morria...para se dizer - pecador.. Esta tradição foi mantida até ao ano de 1913, quando morre o último homem que entrou no forno, foi uma sua neta que me contou .Não há relatos do que se fazia com o bolo - naturalmente seria dividido em pequenas porções e distribuído por todos...que o entendiam como amuleto contra pragas, doenças e outros males que não sabiam justificar e encaixavam na sua alta beatificação.
Recebi na altura um comentário anónimo sobre a partilha do nome do homem que entrava no forno com um cravo na boca... José Lopes Domingues

Tinha de entrar no forno para sentir a emoção...

 
O autor da tese de Mestrado não abordou estas mensagem em latim nem as traduziu...

Não sei a quem pertenceu este solar em ruína defronte da Praça velha de gaveto a merecer atenção
Seria a Casa da Câmara? E a cadeia, ainda existe?

Casa Senhorial com belas janelas ao estilo de avental de quem teria sido?
Inscrição 1787 numa janela pequena o que teria sido aqui nesta casa? Casa da Roda?
Muito ainda falta para explorar e inventariar em Abiul...


A quem se deve o celeiro? Onde foi? 
Não se encontra identificado.

 

 
Faz falta a menção do nome das famílias nas Casas Senhoriais.De as ver requalificadas.O município devia apoiar os proprietários para as manter na sua traça.
Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal em Portugal Antigo e Moderno 
Excertos sobre as queixas (...) do povo de Abiul dos seus fidalgos que cometiam toda a casta de despotismos e arbitrariedades; e tantas queixas fez o povo, e tantas alçadas aqui vieram, que por fim ficou a aldeia limpa de gente tão daninha. Na verdade a fidalguia sentia-se superior , maltratava quem muito trabalhava e pouco recebia.

Solar reforçado com placa julgo há anos sendo que se encontra em derrocada iminente. 
Ao fundo enxerga-se um penico, e disso me recordo há anos de o ver, ou não?

 Varanda castiça do século XVII


 

 Igreja
Estava fechada, devia estar aberta pelo menos até ás 5 H para os turistas a poderem apreciar.
Segundo Pinho Leal «D. Manuel I, os Duques de Aveiro e o povo reedificaram a igreja em 1520»

Encontrei as pedras visigóticas que se encontra nas vergas exteriores laterais do portal  da igreja num arquivo PDF, debalde não consegui copiar
 
 Não encontrei esta Cruz alta
Replica do Pelourinho?
O que aconteceu ao primitivo Pelourinho de Abiul?
Escola de Música de Abiul
Terá aqui nesta casa nascido José Lourenço Júnior ?
Excertos de http://www.solidariedade.pt/site/detalhe/13233
«A  Fundação foi criada, em 1992, por vontade de José Lourenço Júnior e por abnegado empenho de Alberto Vaz Serra e Esmeraldo Cunha, presidente e administrador secretário, respetivamente. Nascido em 1902, o benemérito, segundo resenha escrita pelo próprio, “queria ser médico ou advogado, mas o pai não tinha meios financeiros para lhe dar o curso. Foi falar com o avô, o Sr. Morgado da Fonte Fria (Freixianda) que lhe disse que só o ajudaria se ele quisesse ser padre, porque os médicos «matam as pessoas e os advogados são ladrões!». Resignado, desistiu”. 
Iniciou, então, uma primeira carreira, começando por trabalhar numa farmácia em Abiul.
Mais tarde, com o sonho de ser advogado concretizado, José Lourenço Júnior desenvolve uma carreira de sucesso entre o Brasil e Lisboa e, já com 90 anos de idade, faz nascer a Fundação que perpetua o seu nome e o da esposa. Falecido cinco anos mais tarde, não veria a sua obra edificada.
“Ele chegou a um determinado momento da sua vida em que, não tendo nenhum descendência direta, quis deixar uma marca, um legado importante para a população, para que esta se recordasse dele. Apesar de ter estado muitos anos fora no Brasil e ter desenvolvido a sua carreira profissional em Lisboa, acabou por não se esquecer da terra que o viu nascer e o apoiou”, conta Isabel Vaz Serra.
“Sem descendência, José Lourenço Júnior entendeu que queria deixar em Abiul o seu legado e, sendo a principal missão da Fundação o acolhimento à terceira idade, quis também que o lar tivesse o nome da esposa, Lar Otília Lourenço”
“O apoio à população é feito através do Lar Otília Lourenço, com as três valências: Estrutura Residencial, Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Dia”.
O benemérito de Abiul 
O local onde se encontra implantado o Lar é tão verdejante e belo que nos transporta para uma zona de água e flores em abundância.
O menos bom em estética com o centro histórico de Abiul?
Prédio novo ou requalificado em  má aposta  pela arquitectura simplista que nem os painéis azulejares lhe conferem graça tão pouco os postes provisórios das festas e dos fios em inestético estar...apenas o suporte da varanda a salientar.Se o seu proprietário apostasse em tirar o reboco e as persianas ganharia outra graça o casario com o painel azulejar de Nossa Senhora recolocado acima dos outros.
 Cenário mais bonito e bem enquadrado na frente
Voltar à Praça Velha
Em verdade Abiul goza de ter sido o primeiro local em Portugal onde se toureou, por isso catalogada como a praça de toiros mais antiga de Portugal. A festa brava provavelmente foi  trazida por «D. Gabriel Ponce de León e Lencastre nascido em 1667 o 7º Duque de Aveiro em 1720. Morto solteiro, sem filhos, o Ducado de Aveiro passou para José de Mascarenhas Lencastre, seu primo afastado.» 
Onde foi o velho redondel ?
Aqui nesta praça onde havia um grande carvalho que fazia sombra ao redondel.
Obras na praça de saneamento foi retirado o fontanário de carranca com dois sóis que os duques mandaram fazer tendo um vizinho velhote se disponibilizado logo para o guardar no pátio de sua casa mandando  recado a um antiquário do distrito de Setúbal, vinha amiúde a Pombal onde ficava sediado numa pensão e varria a  região e  logo lhe o vendeu ...quando era do povo!
Excertos retirados de https://deskgram.net/explore/tags/Abiul

«HEMEROTECA ABIULENSE A 16 de agosto, no ano de 1963, a revista quinzenal «GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO» na rubrica «TERRAS DA NOSSA TERRA», publicou o artigo «As Cinco Vilas», da autoria de António Simões do Rosário. Referindo-se às vilas de Aguda, Avelar, Chão de Couce, Maçãs de Dona Maria e Pousa Flores, refere que em Avelar, no primeiro domingo de setembro tem lugar uma romaria e o forno que era a atração principal da festa, também conhecido por «festa do forno», igualmente realizada em Pombal e Abiul, proibida pelo «bispo-conde de Coimbra». O autor conclui com a interessante nota relativa ao bailado criado com base nesta tradição: “O homem do cravo na boca”. «Símbolo da passada autonomia municipal, possui o Avelar o seu pelourinho, incluído entre os nossos monumentos nacionais e, no vasto terreiro central, a Igreja Matriz, de Nossa Senhora da Guia, sem grande interesse arquitectónico ou artístico, mas na qual, no primeiro domingo de Setembro, se faz uma concorridíssima romaria, a que não faltam numerosas fogaças – como aliás ocorre em todas as que se realizam nos mais pontos das Cinco Vilas. Próximo e ainda no Terreiro, vê-se o forno que constituía o centro da chamada festa do forno (que também se realizava em Pombal e Abiul) e que foi proibida, já há algumas dezenas de anos, pelo bispo-conde de Coimbra. Nessas alturas, acendia-se o forno na véspera da festa e nele se punha a cozer um bolo; no dia seguinte, um homem de cravo na boca e de chapéu armado entrava nele, dava três voltas no seu interior e retirava o bolo já cozido, no meio do entusiasmo algo supersticioso dos romeiros. Esta festa deu origem ao bailado, do grupo Verde Gaio, O homem do cravo na boca.»

Festas do Bodo 
Alusão à Rainha Santa Isabel e ao culto ao Espírito Santo  em dar o bodo (pão) aos pobres
Escadaria na ligação da Praça Velha ao que foi o Palácio a norte
O duque de Aveiro um nobre  Távora
Viu-se implicado numa tramóia contra o Rei D. José. Para muitos historiadores e para mim perpetuada pelo Marquês de Pombal, homem visionário por ansiar o poder apenas para ele e claro os nobres Távora eram ao tempo os que tinham mais poder no reino. O avô paterno do Marquês vivia em Pombal numa quinta cuja proximidade  com o Senhorio dos Duques  era próxima. «O Duque de Aveiro veio a ser condenado à morte, a 12 de Janeiro de 1759 e todos os bens da Casa de Aveiro foram confiscados  para a Coroa e vendidos em hasta pública tendo sido adquiridos por D. Manuel de Sousa Alvim, fidalgo da Casa Real e Capitão-mor do termo de Abiúl, e se mantiveram na posse dos seus descendentes até meados do século XIX”. (Eusébio,2007:136).» Alguns bens móveis quiçá roubados vendidos a varejadores antiquários, em verdade  sempre por aqui andaram.
«Fatal o declínio da vila de Abiul  e sede de concelho, constituída apenas por uma freguesia, entre 1167 e 1821.O que restou do fausto da vila  de Abiul do século XIII a meados do século XVIII sofreu outra machada final  com a passagem da 3ª invasão francesa em 1810 e ainda a pestilenta cólera-morbus que dizimou muitos populares para na derrocada final acontecer em 1821 ao ver extinto o julgado e concelho de Abiul e em 1870 a Misericórdia ser anexada à de Pombal que passou a ser o concelho.» Também muito contribuiu o traçado da ferrovia e da estrada nº 1 na ligação Lisboa/Porto pela mão do então ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco.
Apelido Coimbra
Os Duques de Aveiro tinham ligação ao Duque de Coimbra onde iam amiúde com serviçais.
Neste tempo o povo tinha por costume dois nomes próprios sem apelido,  muitos para se distinguirem agregavam alcunhas e nomes de terras de onde provinham.Encontrei um pedido de passaporte em nome de António Coimbra, sem saber se regressou.
António Coimbra
1896-03-16 com Idade: 28 anos
Filiação: Joaquim Coimbra / Florinda de Jesus Naturalidade: Vale das Velhas / Abiul / Pombal Residência: Vale das Velhas / Abiul / Pombal
Destino: S. Paulo ( Brasil ) Observações: Não escreve
Da aldeia de Cancelinha em Abiul  saiu alguém para casar na Ameixieira ou Matos em Ansião onde  ainda existe em Albarrol e Sarzedela. 
Feitiçaria em tempo de Inquisição
Excerto  http://ch.guimaraes.pt/uploads/actas/1CHI/vol3_1/1chi-vol3_1-005.pdf «Um curador de êxito considerável Manuel Ferreira, porteiro do concelho da vila de Abiúl, delatado por seis ocasiões entre 1742 e 1743. E Dom António Velasques Sarmento Alarcão , natural de Penela e morador em Abiúl, era fidalgo da Casa Real , o qual consultou algumas feiticeiras, tendo inclusivamente mantido uma relação próxima com a famosa Maria de Gouveia. » 
Onde foram as suas casas? Deviam estar assinaladas.
O Mestrado para Turismo Interior
Valoroso, pese embora o defina incompleto, na minha perspectiva de autodidacta e conhecedora do local faltou abordagem aos fidalgos que tiveram solares em Abiul, dos apelidos do passado que ainda vigoram,  e da sua interligação aos concelhos limítrofes, mais saber sobre o porteiro de Abiul, dos problemas do povo com a Inquisição, o que aconteceu ao seu Pelourinho, Fontanário de carranca com dois sóis que um idoso sem escrúpulos  vendeu a antiquários, o sitio da Cadeia, da Câmara, Casa da Roda, Casa de Almocatés, Celeiro, Lagares, de uma sepultura romana  desaparecida e,... enfim do que foi uma grande  sede de julgado e seria hoje a sede de concelho se não tivesse acontecido o fatal morticínio na família Távora, perpetuado pelo visionário e louco pelo poder absoluto- o Marques de Pombal com a preciosa ajuda do jurisconsulto de Ansião -  Pascoal José de Mello Freire dos Reis, então com 19 anos, em especular o que lhe ofereceu?Com o arresto de bens para a Coroa, pelo menos os da região centro o Marquês os vendeu aos manos  Lemos Faria Pereira Coutinho- o Desembargador e Bispo Conde de Coimbra formando a Casa de Pereira , com várias  propriedades em Ansião, a quinta das Sarzedas, hoje Sarzeda, então no limite a sul com a herdade de Ansião.E ainda sem dar aparente importância  ou valor à minha crónica  na altura com  grande visualização, como qualquer livro escrito! http://quintaisisa.blogspot.com/2010/10/festa-brava-em-abiul.html cujo conteúdo não foi dignificado em WEBGRAFIA ...
Sabendo ainda que qualquer trabalho desta envergadura deve ter visita obrigatória ao cemitério para entender a arte fúnebre para mais explicar o passado dos seus nobres e de outros que deixaram obra, e saber se lá se encontram sepultados. Ainda não visitei o cemitério de Abiul, reparei que foi acrescentado ao passar ao seu lado  distingui um grande muro em cimento armado e a capela mortuária em grandeza.
Mais uma partilha de uma amadora no papel de cidadania cultural sobre Abiul !

FONTES
Pinho Leal Dicionário de Portugal Antigo e Moderno 1873
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/13161/1/RUI_RUA.pdf
https://www.cm-pombal.pt/freguesias/freguesia-de-abiul/
https://deskgram.net/explore/tags/Abiul
http://www.solidariedade.pt/site/detalhe/13233  
 https://mosteirodeseica.com/artigos/
Memórias Paroquiais 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Falta em Ansião Associação de Defesa do seu Património Cultural !

 

Acordar com a mensagem no  Portal do Município 
«A riqueza de Ansião reside na multiplicidade da sua herança arquitectónica, histórica, cultural e de génese popular. » Um óptimo slogan!
Porém na prática  ainda fresca a herança da pouca valia  cultural de vida autártica PSD traduzida em mãos cheias de quase nada no concelho de Ansião, quando apesar de tanta destruição ainda se pode reverter e mostrar vivo no reinado PS em Passos de Memória, na já instituída rede de percursos pedestres do Município com novos a retraçar para cobrir todas as freguesias em destaque à riqueza e panóplia paisagística beijada pelo rio Nabão de inverno até junho com courelas  debruadas a  muros de pedra seca, poços de chafurdo, eiras de pedra, dolinas cársicas (lagoas) lapiaz, terra rossa, mancha de carvalho cerquinho, pinheiro, medronheiro e arbustos; carvalheiros, esteva, urze, rosmaninho e zambujeiro e para mal dos nossos pecados por todo o lado prolifera o nefasto eucalipto entre salpicos de olival frondoso e enfezado com exemplares de sobreiral e azinheira adornado  por todo o lado a pedra calcária ora em ambiente verdejante ora  quase desértico beijada a carrasco, lentisco e flores únicas do Maciço de Sicó,  a rosa albardeira, lhe chamam cuca, orquídeas, jacintos, lírios amarelos, brancos e roxos, rosas de Alexandria cobrem ribanceiras à  mistura com cascalho miúdo e nos pinhais carqueja e monteiras de erva de Santa Maria, alimento de ovelhas e cabras o travo especial ao queijo denominado Rabaçal, sempre em roteiro no respeito ao equilíbrio ecológico em fatal deslumbre também da arquitectura ancestral guardadora de vestígios únicos da herança romano/visigótica deixados na região com os piais para flores a ladear janelas, tradicional V invertido em laje calcária acima do lintel das portas, ou na horizontal e ainda arco de meia lua em laje cerâmica, balcões com ou sem telheiro, janelas de avental, duplo beirado português,  almoinhas , pequenos quintais onde se planta a horta deixada de herança pelos árabes, o era geométrica  em rigor, ainda me lembro dos talhões bem feitos à enxada para o plantio do feijão verde, sempre em âmbito cultural  a dar as mãos ao progresso de um novo e melhor futuro a começar por privilegiar a criação de uma Associação de Defesa do seu Património Cultural com inventariação a todos os tipos de património concelhio, o primeiro passo na ousadia de o levar a discussão pública à Assembleia Municipal pela cabal importância e urgência em ser criada nova segmentação sob orientação do Pelouro da Cultura, em sensibilizar a população a reflectir o que é de facto Património, os vários tipos e interesse na cultura nos dias d'hoje:

Património Histórico
Inclui o religioso, edificado, ruínas e vestígios arqueológicos romanos e outros ,muros de pedra seca, poços de chafurdo com escadaria
Património Vivo
Pessoas que detém conhecimento e técnica para a produção e preservação de aspectos da cultura popular e tradicional no respeito à sua ancestralidade. 
Património Natural
O próprio nome o indicia, rio, pedras, lápiaz, machados de pedra, grutas, lagoas cársicas.
Património Imaterial
Saberes,celebrações, festas, danças, músicas, costumes, lendas, rituais.

Importante tradição de património imaterial acontece em Assamassa em  Soure, exímio laboro a dar voltas e mais voltas a trabalhar o pinhão em mil enfiadas torneadas em S revirados a imitar cornucópias alusivos à fertilidade na evocação ao ritual aos deuses da Grécia, suposta herança trazida pelos povoadores na glória maior engalanar o Ramo de Pinhões ao Divino Espírito Santo, obra comandada pela paixão desta tradição ancestral só possível o tamanho sucesso deste grandioso costume em gente de excelso mérito que trabalha sem remuneração e  nos deve merecer respeito e franca admiração com Mordomes, familiares e amigos em franca união no trabalho formam fenomenal  de grande equipa, a dar bom exemplo, não só à região, como ao país e ao mundo, por terem discernimento em não deixar perder um testemunho desta natureza tão importante enraizado na cristandade que se traduz em Património Imaterial, idealizado na minha objectividade por Filisteus vindos do litoral , aportados a Lavos, trazendo a semente e a plantaram num ciclo especifico do Maciço de Sicó em Ansião, entre Pinheiro , Costa e Constantina na centúria de 500, onde vieram a instituir em meados da centúria seguinte por alvará régio a Feira Franca dos Pinhões, o certame  viria a mudar daqui para a vila em finais do século XIX onde se mantém com mais de 300 anos, à Constantina vinham vendedores de pinhão de Soure na centúria de 800, segundo relatos nos manuscritos da sua Confraria que o Dr Manuel Dias exarou em livro, debalde sem nada correlacionar da transcrição documental... Verossímil dissecar ainda na leitura o sucesso da feira, do dinheiro que geria tenha incentivado o cultivo da pinheira e do pinhão em Assamassa para fazer nascer um costume cristão/profano do Ramo de pinhões ao Divino Espírito Santo em meados de 800 (?). Jamais algum historiador ou investigador juntou estas duas realidades que se unem pelos povos e pelo produto o pinhão em concelhos limítrofes, a merecer mais estudo.Triste realidade da ineficácia da autarquia a sugestão do  título da crónica Ramo de Pinhões ao Espírito Santo, a Câmara de Soure, Depois, Vai-se a Ver e Nada!
Até hoje pese a dimensão cultural que transmitem ao Mundo de um ritual único a autarquia sem denotar sensibilidade cultural para lhe destacar o merecido crédito e mérito entregando candidatura para a sua classificação como património imaterial nas Terras de Sicó sendo certo se devia juntar com a autarquia de Ansião em virtude do conceito se mostrar enraizado e herdado nos dois concelhos. Não encontro na região maior vontade de associativismo de cariz popular em trabalhar por uma causa maior onde todos se revelam de brutal paixão na sua execução e finalidade, só quem sabe o que custa partir um pinhão sem o molestar...em Assamassa são milhares...

O que ainda faz falta em Ansião? 
Gente no concelho estudante em História, Arte, Arqueologia a explorar Teses e Dissertações de Mestrado, sobre o que foi o passado  da região onde se implantaram as Ordens Militares , as influências em Ansião nas quintas do Mosteirod e Santa Cruz a ligação a nobres dos concelhos limítrofes , actividades económicas de moengas vivas até Tomar, estalajadeiros e tradições para virem a ser contempladas pela DGPC, para não se perderem.


Pretensa e tenaz a sua divulgação, sensibilização e classificação que os vários tipos de património cultural da região; histórico, natural, vivo e imaterial deve merecer com sessões de esclarecimento à sensibilidade e reconhecimento cultural em palestras na sua Biblioteca Municipal, Associações Culturais nas vilas do concelho e na Casa Senhorial Conde de Castelo Melhor em Santiago da Guarda, complementada no Portal do Município com design estético e apelativo de conteúdos equilibrados a chamar o turismo na publicitação de eventos gastronómicos dos produtos endógenos na máxima atrair público de todo o lado no âmbito da Ciência Viva de Verão em ambiente sustentável no respeito caminhadas e traills pedestres nos carreiros, os trilhos marcados sem prejudicar o ambiente vivo, natural, histórico e imaterial, com respeito pela água, animais e aves e flora apostando em piqueniques em baldios, para contemplação e lazer a ser assinalados e limpos e a descoberta de outros pontos interessantes a estudar, patrocinando locais de produção de mel, aguardente de medronho e ameixa , avistar rebanhos nas costeiras com cabras  e ovelhas, queijarias certificadas do queijo denominado Rabaçal, o mais tradicional produzido nas quantidades da mistura de leites  que dita o preceito da sua confeção, com cardo, planta típica de Sicó, em levantamento de sítios de produtos da região. Aposta em profissional conhecedor da  paisagem cárcica, das aldeias desérticas, fauna, flora, o deslumbre do  pôr do sol ao alto da Ameixieira, serra,  das esculturas em pedra calcária trabalhadas pela  erosão e outras fossilizadas, pontos de escalada na gruta do Calais, introdução de festas em revitalizar tradições adormecidas envolvendo a população e os de fora no proveito maior mais fomentar as massas apaixonadas por esta ruralidade que acrescenta dinamização ao concelho todo o ano,  olhando ao grande potencial que se distingue se for bem dinamizado e explorado. Sem peneiras deixo palpite para a designar ANSUR a louvar o passado na ligação ao suposto parente mais chegado, o povoador Goesto Ansur, heróico cavaleiro germânico salvador de 5 donzelas, a paga anual do tributo de pazes ao rei mouro de Córdova ao derrotar os seus embaixadores que as vinham buscar no Figueiral, hoje Figueiró dos Vinhos, pese o derrube da  espada com destreza partiu um ramo de figueira e se defendeu a lhe proporcionar a alcunha, fidelizada no apelido Figueiredo, excerto da Miscelânea do Sitio da Senhora da luz do Pedrogão de Miguel Leitão Freire d'Andrada de 1629. O apelido Figueiredo no principio do século XX era de um comerciante, corria na voz do povo que tratava mal os empregados na sua loja, abaixo de animais...a minha avó materna detestava-o, o que não lhe invalidou ser considerado ilustre ansianense...Desconheço  o que fez de mais valia para o concelho...

Aprender a reconhecer e proteger o Património público e privado começa com Educação Patrimonial
Num processo que conduz ao entendimento do mundo em que se está inserido, elevando a sua auto-estima e à consequente valorização da sua cultura, na melhor forma através do respeito e interesse de cada um de nós em assegurar a protecção dos testemunhos herdados, permitindo assim o exercício pleno da cidadania no papel fundamental no momento presente em se querer projectar para o futuro, transmitindo às gerações vindouras as referências de um tempo e de um espaço singulares, jamais voltarão a ser revividos, somente revisitados, criando a consciência da interligação do que foi o passado na história. A Constituição de 1946 contempla no seu texto a proteção do património dizendo no seu artigo 175: "As obras, monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a proteção do Poder Público ou seja, são coisas que têm valor histórico ou sentimental para os habitantes de uma região por se referirem às origens e à forma que escolhemos para sermos lembrados e o Património Imaterial um bem de natureza intangível, a sua importância abrange valores ao reconhecimento das tradições orais e Imateriais da cultura popular.
A Constituição de 1976 determina no seu Artº 78 que "incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais promover a salva-guarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum."
Segundo a Lei de bases do Património compete ao IPPAR atribuições que serão assumidas pelo IGESPAR-Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, no âmbito da nova lei orgânica do Ministério da Cultura - proceder à inventariação e classificação dos bens culturais portugueses.De acordo com a lei, os organismos competentes definem os critérios de seleção dos locais, quer numa óptica histórico-cultural, estético-social ou técnico-científica, quer ainda na perspectiva da integridade, autenticidade e exemplaridade do bem.A inventariação e classificação dos bens culturais leva a que sejam desencadeados mecanismos de proteção a esses mesmos bens, quer no que diz respeito à sua manutenção e conservação, quer à sua eventual alienação ou alteração.
Infelizmente na prática pese haver leis de proteção ao património cultural assiste-se no tempo a um registo de tramitação lenta por cabal falta de sensibilidade, conhecimento e inércia de quem tem o poder nas mãos, acrescida da falta de perfil e de interesse em se destacar na função pública, e mesmo aquele que depois de ter sido inventariado e com estudo levantado continua em abandono, em geral porque é de domínio particular e a autarquia não tem capacidade financeira para o adquirir e claro requalificar . O fatal esquecimento caí em ruína, roubo e destruição para mal dos nossos pecados a ditar incúria a testemunhos ricos de património que se perderam irremediavelmente para sempre, e outro se estão a perder, apenas se salvou o que se mostrava claramente espectacular em contexto de ruína como a Casa dos Condes de Castelo Melhor .

Precisa-se de angariar gente credetícia com perfil
Pessoa amante do concelho, que o conheça como as palmas da mão, sensível a distinguir a diferença e a sua personalidade para o diferenciar em contexto de Património concelhio, público e privado, no dever de ser inventariado com apoio das Juntas de Freguesia, conhecedoras das suas próprias realidades sobre tudo o que mereça destaque e olhar diferente no edificado, ruína, natural e vivo - uma janela com parapeito em pedra diferente, uma porta com ombreira larga ou com inscrição no lintel, ou acima da verga pedras em forma de V invertido ou em meia lua em lajes cerâmicas, restos de paredes grossas, piais a ladear janelas, muros de pedra seca com lajes em degraus sobrepostos, sitio de fornos de cal e outros, lagares, teares, adegas, moinhos de água, vento, etc tudo a ser documentado com fotos em todas as perspectivas, coordenadas do local e preenchimento de relatório com ajuda de sociólogo no terreno para aprofundar os indícios de usos, costumes, cancioneiro, lendas, toponímia dos nomes antigos que foi alterada, no mesmo os caminhos antigos desativados pelo traçado de novas estradas, localização de fontes e minas de água na Nexebra e das aguas férreas referenciadas no Livro Topografia Médica das Cinco Vilas e Arega de António Augusto da Costa Simões de 1848. As regadas soltas das minas da serra de Nexebra na Mouta Redonda, Pousaflores, ainda me lembro, poços de chafurdo com escadaria junto das antigas estradas, lagoas cársicas vivas e as que foram entupidas, levantamento de apelidos do passado se ficou descendência ou se perdeu e outras vivências de rituais e tradições, usos e costumes na oralidade ainda é fiel guardadora, como o pedido do terço na casa das pessoas, tradições nos casamentos com roscas e rocas de espigas e outras, do uso do vinagre para quase tudo, da barrela para lavar a roupa, da sopa da panela, das sementeiras descontinuadas como da feijoca de flor vermelha, do chicharo há anos revitalizado com o festival em Alvaiázere, da forragem para os animais, o ferrrujal os gatos adoravam nele se embrulhar no cio, dos utensílios usados na terra e nas casas e outros demais para não mais se perder sendo classificado nas suas diferentes categorias.

Nova medida para protecção do património histórico
No acto da venda a parceria com os Notários para a  sensibilização aos compradores nacionais e estrangeiros da obrigatoriedade da manutenção da traça ancestral, já regulamentada, e nem sempre cumprida, onde o moderno e o antigo não esbarre em desaire , mantendo os testemunhos do passado com  fotos do antes e do depois e  vistoria com coimas para os infractores.Contrariar em definitivo o que se distingue com venda a estrangeiros e outros em contexto de ruína e dela fazerem o que lhes apetece, descaracterizando a região com a perda significativa de valores que mais podiam vir a falar do passado, está na hora de clamar o património toda uma vida descuidado, chegou a hora  em ser exaltado!

Desafiar em crítica acutilante o património religioso pertença do Bispado
Das fábricas de igrejas e suas capelas, com requalificações no passado sem olhar à preservação dos testemunhos antigos sem respeito pela traça antiga, modernizando-se, sem se equacionar o valor do património herdado e o dever de ser protegido e salvaguardado, não culpo as pessoas que se empenharam, antes os padres, ao estar nas paroquias deviam supervisionar as obras explicando a necessidade em proteger o passado e os seus testemunhos, tendo sido na maioria desleixados nesse fulcral interesse, por isso tanta aberração. Nesse pressuposto para não mais se perder devia nascer articulação também ao bispado com os padres das paróquias e estes por sua vez com as respectivas entidades camarárias, todos em parceria se envolver na essência fulcral de ser criado um novo conceito na protecção do património religioso concelhio que mobilize todas as partes e o publico nessa necessidade urgente de se valorizar e não mais se perder, além do edificado, o espólio que todos os dias se assiste em feiras de velharias com estaminés com venda de arte sacra, pias de água benta , distingui um frontão de entrada do tamanho de colcha em veludo ricamente bordado ao meio com cruzes sobrepostas a fio de ouro e pendões enormes com simbologia às quinas dos castelos, uns em em verde e outros em vermelho suspensos em rolo de madeira a lembrar os editais no tempo dos Reis que eram lidos ao povo debruados a cordões de cetim engalanado de faustosas borlas, embora com uso e velhos, sem estar rotos deviam fazer parte de um espaço museológico, o local certo - das duas uma ou foram desviados pelo amigo do alheio, postos no lixo e recuperados, ou vendidos por serem velhos....ao meu desagrado ouvi alguém em tempos abordado para comprar Santos de um Santuário na Beira Baixa, cujos padres pretendiam vender para ajudar as obras da igreja...está tudo dito! Pior, é não haver qualquer fiscalização nestas feiras com suposta gente a trazer objectos roubados ...um vaso em pedra gomado, partido do seu pescoço, o pé estaria cimentado, sendo decepado pelo lado mais frágil e pias minúsculas de água benta em mármore de Carrera e em pedra, uma fonte roubada de uma quinta nos arrabaldes a norte de Lisboa vendida ao telefone a alguém da Ericeira, e outros objectos de providência duvidosa a serem mostrados dentro de porta bagagens, ora quem esconde pende que dele algum mal se suspeite...Tanta conversa para se acordar sobre o espólio roubado vendido a preço ridículo, o certo estar acautelado em Espaços Museológicos, por ser herança do passado de todos nós.
Descobri pela persistência em Ansião, uma Imagem de pedra, grande, de talhe meticuloso - Senhora d'Ó, espólio que foi da capela particular da quinta de Sarzedas na matriz de Ansião. O seu donatário foi Capitão-mor. Esta Imagem, o Santo André de pau e ainda outra arrumadas com outras em reservas, algumas há séculos . A Imagem da Senhora D'Ó um tesouro - uma das 7 maravilhas na escultura sacra escondida a 7 chaves...Não pode ser!
Ontem já se fazia tarde para tomar providências!

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