segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Voltar à Ericeira após 8 anos...

Incrível não tinha voltado à Ericeira desde fevereiro de 2011. Muito Tempo!
Porto de mar, foi ancoradoiro de fenícios! Remonta, a cerca de 1000 a.C.
O seu nome julga-se provêm da quantidade de ouriços do mar que abundavam nas suas praias.
No reinado de D Sancho II(1223-1248) o frei D. Fernão Monteiro, Grão-Mestre da Ordem de Avis, institui o Concelho de Eyrizeira por Carta Foral de 1229.
Não foram só as gentes do mar que a construíram, também aqui aportou gente vinda do interior.
Ermida de S Sebastião séc XVI/II
Muito casario com painéis azulejares na frontaria com Imagens religiosas
 Forte  de São Pedro da Ericeira, também conhecido como Forte de Mil Regos, Forte de Milreu ou Forte da Ericeira
 Porto de abrigo dos barcos de pesca
Capela de Santo António e de Nossa Senhora da Boa Viagem dos Homens do Mar
No tardoz
Cruz a S João Evangelista , Nossa Senhora da Boa Viagem   Santa Maria Madalena de 1789
 Um olhar à sua arquitectura da pedra e da cor predominante - o azul!
Praça
A câmara de Mafra e a Junta de Freguesia da Ericeira na contínua e correcta poda aos plátanos bem podados, assim não partem quando há intempéries, não causam prejuízo, e fazem menos lixo.
 Vasos nas laterais das casas
Predomina no casario o branco ornado a azul, a lembrar o mar
Arquitectura ancestral com os tradicionais caracóis ou espiral
Cactos aloe vera imponentes
Figueira nua de folhas e nespereira já florida em novembro...
 Horta no jardim ...
 Varandim em tijolo artístico a fazer lembrar como o que foi o da casa dos meus pais...
 Requalificação  de vivenda, na rua  banheiras antigas...
 Mercado
 Vista sobre o mar , a praia e o porto de abrigo
Pelourinho
Misericórdia
Igreja de S Pedro
Cruzeiro 1782


 
 Nosso Senhor dos Passos no seu trono
 Lavadouro
 Mina d'água
 O que encontrei de comum com Ansião?
Apelidos - Freire; Carrasqueira; Domingos Fernandes, um dos primeiros povoadores de Ansião;Lobo, Silva; Pereira
Ícones religiosos - S. Sebastião, S. João Baptista, Santo António, S Pedro, Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora, aqui da Boa Viagem, mote ao mar e Nosso Senhor dos Passos.
Minas d'água
Moinhos de vento, em Ansião também em madeira e azenhas.
No pior? A comida é em demasia cara!
Algumas mulheres varinas de língua suja escorreita, em terra turística, já deviam ter aprendido alguma cultura!

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

José Lucas Afonso Lopes , ilustre de Ansião, sem menção na toponímia!

Falta atribuir o seu nome na toponímia de Ansião 
O insigne Professor José Lucas Afonso Lopes de Ansião

O meu artigo de opinião publicado no Jornal Serras de Ansião, em Novembro

Na Assembleia Municipal de outubro o Sr. Presidente da Câmara Dr. António José Vicente Domingues abordou a temática de se batizar a Rua da Rotunda que nasce ao prédio "Tarouca" para o Mercado, artéria inserida na Quinta de S Lourenço, uma das cinco adquiridas pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra entre 1175/6 para formar a Herdade de Ansião. A deturpação em séculos em atentados à toponímia até meados do século XX na sua distinção pela  divisão da antiga estrada real em duas, a Quinta do Vale Mosteiro de Cima e  Quinta do Vale Mosteiro de Baixo, quando ambas foram palco da mesma quinta de S Lourenço.

Mais que justo a Rua citada vir a ser agraciada com o nome do Prof José Lucas Afonso Lopes
Nasceu no Vale na Mouta Redonda, a 24 de março de 1914, na freguesia de Pousaflores. Criança adorável, a sua prima Maria da Luz Ferreira, nascida em 1911, brincou com ele no mesmo terreiro alpendrado do quintal  e na quelha do Vale, a ouvir as águas do ribeiro da Nexebra na frente da casa dos pais dela e dos avós de ambos, onde o primo viveu até o seu pai ter construído casa ao cimo do Lugar. Nesses anos de convívio familiar foi fácil despertar com a sua forte personalidade acalentando nela fascínio e adoração a tamanha e brilhante capacidade de retórica, números e humanista . Mais tarde, ela apesar de primogénita e mulher, o seu pai José Lucas Afonso a pôs a estudar para professora em Coimbra, tenha o primo sentido constrangimento por não ter a mesma oportunidade, em virtude dos seus pais não terem naquela altura a mesma capacidade financeira. Não se deixou derrotar, homem dinâmico, interessado em mais saber e lutador, foi em Coimbra, no cumprimento do serviço militar que tirou o 2º ano para Regente Escolar, vindo depois a concluir o Curso Geral dos Liceus e mais tarde o Complementar. Eloquente autodidata, de grande craveira, sentia as enormes dificuldades que existiam nas vilas do interior para o ensino. Como Regente Escolar fazia-se transportar de bicicleta, andou pela Serra de El Rei e Maças de D. Maria. A minha mãe, sua prima com menos 20 anos e a Maria do Carregal, foram suas alunas entre outras, todos andaram de cama de ferro e malas às costas, por Santiago da Guarda, Lagoas e Ribeiro da Vide, em Ansião. Valeu a pena tanto empenho, as preparou eloquentemente para o exame do 5º ano sendo aprovadas com distinção. Em 1966 foi convidado para inaugurar a Escola Primária dos Casais da Granja, em Santiago da Guarda. Sobre a sua conduta, a minha querida mãe sempre me falou do primo como um homem acima da média de elevado cariz inteligente, excepcional carácter, nascido com a missão de passar a palavra, um verdadeiro professor pelo gosto que nutria pelo ensino, não gostava de mexericos nem conflitos, sobretudo muito respeitador, a mais-valia num tempo de menina e moça. No papel de marido a minha mãe via no primo um homem educado, encantador, verdadeiramente apaixonado pela sua esposa, e esta atenta às lições dadas às alunas, aprendeu de ouvido, falar francês. José Lucas decidiu residir em Ansião tendo adquirido um lote de gaveto ao quelho da Quinta do Vale Mosteiro de Baixo, na ligação à Misericórdia na vila, onde foi construída uma bela vivenda, o Mestre-de-obras, o seu irmão, conhecido por  António do Vale.
A glicínia na frente da vivenda de belos cachos lilazados será concerteza descendente da que existia no antigo hospital, hoje CGD. Num  tempo que esta qualidade  dos cachos da índia em Ansião, além desta, só havia a do jardim da D Maria Amélia Rego, na que foi a última estalagem da Ti Maria da Torre no Bairro e outra ao entroncamento junto da fonte para a Sarzeda. 
Conheci-as todas, mas a do antigo hospital, a casa do Sr Alfredo Simões, recordo  os grossos ramos que se enlaçavam no varandim da escadaria , com centenas de anos e os cahcos de flores e o aroma, o cheiro, o cheiro que irradiava, era divino...
Árvore genealógica de Jose Lucas Afonso Lopes
Cortesia de Henrique Dias
José Lucas imortalizado como Ilustre Ansianense no II Livro do Dr Manuel Dias (…) em 1941 sabendo das carências para o ensino foi sócio fundador do Externato António Soares Barbosa, onde foi Professor. Casa-se com a Srª D. Lídia Ferreira Afonso a 22 de setembro de 1945.O casal teve dois filhos - O Rui e o Luis. Na década de 50 entra como funcionário público na Câmara de Ansião. Em 1957 é o segundo sócio honorário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, seno o primeiro o Dr Vitor Faveiro. Igualmente também fez parte da Direção da Filarmónica de Santa Cecília. Por último foi Provedor do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Ansião. O maior responsável pela reabertura do segundo Hospital da Misericórdia, ao Ribeiro da Vide, na década de 60 do séc. XX,  desativado desde o início da década de 50 do mesmo século, pouco depois da chegada do Dr Fernando Travassos. Foi a faceta social que melhor conheci no primo José Lucas, na área da saúde, e se veio a constactar  tremenda eficácia. Reaberto o Hospital com enfermeira permanente e uma criada, além de médicos, a chegada de táxis e da ambulância dos Bombeiros com gente doente e parturientes era corropio- a menina dos seus olhos , tantas vezes o distingui na estrada, a pé, de pasta na mão para acompanhar o seu bom andamento e o bem-estar dos seus doentes. Um cuidador!
Anos mais tarde, já não estando entre os vivos aconteceu a infeliz medida da extinção do Hospital da Misericórdia de Ansião, não me oferece qualquer dúvida que se teria debatido contra tudo e todos pela sua continuidade, por ser um homem de valores, acreditava no progresso e no desenvolvimento do seu pequeno concelho inserido no interior, cujo crescimento se faz com apostas válidas, e o Hospital era valia necessária para com talento, engenho e arte argumentar em sua defesa, louvando o seu historial de 300 anos, de todos o mais antigo no concelho, debalde sem a sua voz a clamar merecida e justa defesa, se perdeu e não devia, por fatal desconhecimento cultural! 
José Lucas, como gostava de ser conhecido, faleceu a 5 de março em 1967 e com ele se finou repentinamente o Futuro e o Progresso do Concelho de Ansião, sem outro(a) desde então ao seu perfil se assemelhe; dinâmico, humanista e estratega!
 Partilha do Henrique Dias, falta saber o Jornal de 8 de Março de 1967
José Lucas e a esposa jazem em sepultura na entrada do cemitério com o passeio público, a metros do palco da primeira igreja de Ansião, mérito do destino em os presentear para a eternidade. Já lamentável passadas décadas e ainda sem ter sido distinguido na toponímia, como bem o merece, pese o alto contributo e riqueza testemunhal deixada ao concelho, a herança a deixar aos vindouros, de um homem único que não olhou a esforços para melhorar a vida das gentes do concelho de Ansião, quer no ensino quer na saúde, além de participativo noutras atividades de cariz social e cultural. Em repto final, a sua família sinta o calor de todos nós ansianenses na meritória distinção, mais que justa, urgente!

Excertos do livro Ansianenses Ilustres do Dr. Manuel Dias






sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Proteção das árvores no palco da Mata Municipal de Ansião

No Parque Infantil os meus netos brincaram para depois começar uma aula inusitada ao ar livre na procura do carvalho cerquinho, alvarinho, negral e americano, o último introduzido, nesta altura outonal se apresenta em tonalidades carmesim, ao jus da cor de alguns bugalhos de uma espécie de carrasco, parasitados por um insecto que tomam esta tonalidade. Em 1747 ainda era riqueza a grãa, nas Serras de Ansião. Deleite a mexer nas folhas grandes e rendilhadas, viçosas e verdes do caravalho alvarinho, em comparação com outras sem brilho, peludas de tonalidade baça do carvalho negral e as pequeninas do carvalho cerquinho em manto a cobrir o chão...Árvores seculares ainda vivas e outras mais jovens todas convivem em salutar e franca convivência com frondosos pinheiros; o manso e o bravo além de medronheiros. 

Paragem ao painel alusivo à proteção das árvores  com Poema de Veiga Simões, Arganil
O Vicente fez -se à foto a jeito do “Homem Vitruviano” que Leonardo da Vinci se retrata aos 38 anos para explicar a perfeição das proporções do corpo humano: ciência, arte e sensualidade.
Paragem para leitura e reflexão ao painel azulejar
Sentados nos bancos de pedra graciosos pela estética e pelo material igual nas mesas, no privilégio de ser usado um produto da região- pedras esburacadas, dantes se encontravam muito para os lados da Venda do Brasil, deixados do tempo que o mar cobriu estas terras, e a excelência dos medronhos em agosto já tão madurinhos, no meu tempo só me lembro de os encontrar em outubro, ainda encontrámos pinhões, ali partidos com uma pedra que foi deixada em
sitio que não afecte mal a ninguém, pelos passeios de areia e de calçada andámos na jogatina ao bugalho, e ainda lhes falei da famosa ceramista minhota Rosa Ramalho sobre os Cristos que fazia e pintada de amarelo ocre, a coroa de espinhos na cabeça teria sido inspirada em bugalhos...
A Mata Municipal com exemplares de Carvalho Cerquinho, Alvarinho, Negral , e Americano, o último introduzido, convivem com pinheiro manso, bravo e medronheiros

Carvalho alvarinho, carvalho roble ou carvalho vermelho
Folhagem do carvalho cerquinho ou português
Carvalho americano
Foto da Mouta Redonda, Pousaflores
Nas ribanceiras dos leirões arroteados pelos primeiros povoadores, o abandono das culturas há 30/40 anos, as raízes por terem permanecido  no subsolo adormecidas, há anos a rebentar...parece negral
No meu tempo de aluna no Externato a Mata tinha uma espécie invasora de acácias, talvez trazidas pelo Dr Adriano Rego quando foi médico em Quiaios, foram no principio do séc XX plantadas nos areais para segurar as dunas no litoral. Hoje dizimadas na Mata Municipal.
 O adeus 
Reconfortados de Cultura e alma satisfeita, num olhar à cisterna!

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Isabel não és tu que andas sempre com Ansião na boca?

A minha amiga Maria dos Anjos encontrou um Jornal bimensal de Antiguidades e Velharias  e 2º Mão que me ofereceu  com a lábia a servir  de título à crónica.

O palco do cemitério actual de Ansião foi sito no primitivo burgo de Ansião, a poente.
Depois de 1593 este burgo foi transferido para nascente, onde se encontra ,com os  enterramentos  no adro para o povo e pobres,  dentro da igreja para nobres, padres, licenciados, abastados e frades de caminho.
Com a  instauração da Comarca de Ansião em 1875 foi cumprida a lei que obrigava a locais próprios para enterrar os mortos em cemitérios para nesse ano ter sido reimplantado no mesmo local onde o foi em tempo medieval.
Em 1969 a ampliação  do cemitério
O terreno do cemitério e sua envolvente terreiro da Quinta de S Lourenço, vendido em haste pública a vários, desmembrada  e a nascente  do meu bisavô Elias da Cruz, herança  que veio a ser dividida pela  minha avó Piedade da Cruz e a sua irmã Maria do Carmo - reza na escritura o seu nome -  Ribeiro da Igreja, o ribeiro (Vide) ainda hoje  limite do que resta dessa fazenda  a nascente e a poente o chão do actual cemitério novo que veio a ser comprado para o seu alargamento. Quem conhece o terreno distingue do ribeiro para poente a inclinação com o pico  mais alto onde é hoje o muro do cemitério novo onde foi  o palco da primitiva igreja de Ansião e o seu cemitério medieval.Local avançado pelo Padre José Coutinho como provável, pelos achados, a se credenciar pelo topónimo perdido, atestado na escritura referida da minha avó, e em 1669 a sua ruína a merecer menção na aguarela de Ansião, ao ser distinguida do adro da igreja actual pela comitiva de Cosme de Médicis.
Prefaciando o Padre Coutinho na empreitada do alargamento do cemitério  o caterpillar a remover as terras e as  oliveiras  trouxe ao de cima com as raízes vários testemunhos desse passado ali vivido- moedas, ossadas humanas, pedras esculpidas, lajes sepulcrais, bilhas, cerâmica, imbrices e tegulae e pesos de tear partidos segundo informação do então Presidente da Junta de Freguesia José Capelo que  mandou guardar a base de  uma pequena estátua em calcário e um marco lavrado no mesmo material com 4 letras esculpidas STTL? Este foi abusivamente metido no novo muro do cemitério tendo sido retirada em 1979 e guardada convenientemente (...)Sempre que uma sepultura é aberta  outros achados são encontrados  e moedas da primeira Dinastia e reais e ceitis da Segunda, abarcando 14 reinados e somando 86 moedas. A segunda moeda de Dom Sancho I - Dinheiro Bolhão A/-,REX SANCIVIS, entre dois círculos  granulados. Cinco escudetes triangulares, em Cruz, cantonados por quatro besantes. 
Muitos anos mais tarde num funeral o Padre Coutinho chamou-me para ver na terra de uma sepultura aberta  com as terras na sua volta para distinguir facilmente fragmentos  cerâmicos e em vidro do tempo romano, demonstrando assim que foi chão de um habitat romano e depois medieval.

Numária Medieval do Cemitério antigo de Ansião do Padre José Eduardo Coutinho.
O pequeno livro foi-me oferecido pelo Padre José Coutinho, entretanto perdido, levando-me ao equívoco se não o teria entregue na Biblioteca com outros do mesmo tamanho, do mesmo autor, debalde disseram-me que não, na verdade a casa não tem buracos e o livro desapareceu!

O ANTIQVÁRIO  nº 20 de junho de  1997 
Artigo sobre a   Numária do Cemitério de Ansião pelo Padre José Reis Coutinho

A origem das Quinas de Portugal
Segundo o Padre Coutinho remonta ao reinado de Dom Sancho I, época em que se começou a generalizar o uso de armas de nobreza como símbolo heráldico. Entretanto, a primeira referencia textual ao Escudo Nacional data de 1380, quando o bispo de Lisboa, Dom Martinho, evoca, a Carlos V, de França, a História de Portugal, desde D Afonso Henriques, e onde, igualmente, descreve a origem das armas nacionais, dizendo representarem os cinco escudetes, ou Quinas, os outros tantos ferimentos que o Fundador recebeu durante a batalha de Ourique, em 25 de julho de 1139, as quais ficaram no corpo do Rei dispostas em cruz. Esse facto, bastante discutível(que para uns, foi tido como determinação dos desígnios divinos, para outros, como ocasional coincidência, para uns outros,m acção polémica acesa por ardor crítico(cf Alfredo Pimenta, Fontes Medievais de História de Portugal, Lisboa 1948, 10 e 70-71; e Manuel Gonçalves Cerejeira, Vinte anos de Coimbra, Lisboa MCMXLIII, 113-19) tem certo paralelismo na vida de S Teotónio, primeiro Prior do Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, onde é salientado ter o Rei combatido contra cinco reis mouros, que venceu com auxilio divino: devicit auxilio sibi facto divino, aspectos mais tarde retomados pelos frades daquele Mosteiro a fim de identificarem os ferimentos do monarca com as Chagas de Jesus Cristo.Simultaneamente, o culto das Cinco Chagas do Senhor, as feridas que Cristo recebeu na Cruz e manifestou aos Apóstolos, depois da Ressurreição, foi sempre, uma devoção muito viva entre os Portugueses, desde os começos da nacionalidade. São disso testemunho a  literatura religiosa e anomástica referente a pessoas instruídas. Os Lusíadas sintetizam (1,7) o simbolismo que, tradicionalmente relaciona as armas do estandarte nacional com as Chagas de Cristo. Assim, os Romanos Pontífices, a partir do Bento XIV, concederam para Portugal uma festa particular, que, ultimamente, veio a ser fixada a 7 de fevereiro.
O Autor da Cartilha da Numismática Portuguesa, 1, 266-67, assim, o fundamental acerca de tal problemática: A Heráldica portuguesa surge por ocasião do casamento da Infanta Dona Teresa, filha de Dom Afonso Henriques, com o conde da Flandres, em 1184; a representação das Quinas aparece em inícios do reinado de Dom Sancho I , a partir de 1185; a analogia às feridas de Dom Afonso Henriques é perfeita nos documentos diplomáticos, esfragísticos, e numismáticos de D Sancho I; as feridas, representadas por golpes desenhados, passaram a pontos aglomerados dentro de uma formação amendoada;evoluíram em alinhamento e fixaram-se em número de cinco, em casa escudete, no final do reinado de D Afonso III, antes de 1279;possivelmente, em atenção à determinação heráldica de ser colocado em número de cinco em sautor peças, de número e posição indeterminada; e tomaram essa disposição já no reinado de Dom Dinis.
Por conseguinte, tratando-se de matéria heráldica, é perfeitamente lógico que a simbologia seja baseada, principalmente nas gentes mais admiráveis dos cavaleiros medievais, com particular incidência para os feitos de armas praticados em combate, onde se situa a origem dos ferimentos recebidos por Dom Afonso Henriques, na Batalha de Ourique(?).
Portanto, as Quinas traduzem a honrosa evocação das feridas causadas e assinaladas em cruz, inerentes à paradigmática batalha ganha aos Muçulmanos, e imortalizariam a ideia de ter sido a espada e o escudo os agentes efectivadores da defesa e vitória da Cruz sobre o Crescente. Isso é peremptoriamente manifestado no dinheiro nº 9 de Dom Sanho I ( cf J.Ferraro Vaz e Xavier Salgado, op Cit.22;e Pedro Batalha Reis, op Cit., I, 268) e nos morabitinos do mesmo monarca, neles representado a cavalo, galopando, à direita, com o ceptro crucial levantada na mão esquerda, e, na direita, a espada erguida, numa atitude guerreira e outra tanto expressiva da Cruz defendida pela Espada.
Um tanto comum aos morabitinos, também os dinheiros permitem encontrar a representação figurativa do Escudo com as Quinas. Os exemplares de Dom Sancho I exprimem a difícil execução bem patente na incipiente monetária medieval.porque perdeu a tradição de elevada perfeição alcançada nas cunhagens clássicas dos moedeiros da Grécia e de Roma -, apenas indicando os escudetes através de cinco pequenos escudos triangulares, dispostos em cruz.
No reinado de Dom Sancho II, verifica-se um duplo processamento:inicialmente o escudo arredondado na parte inferior- cujo formato definitivo desde então se estruturou em evolução  no sentido do arredondamento, vai gradualmente, sendo acentuada até final da Dinastia Avizina -, com cinco escudetes, em cruz, ou menos, pela dificuldade de os colocar num espaço tão limitado, sempre mantendo algum dos eixos da cruz;e, ulteriormente, os cinco ou quatro escudetes , vazios, em formação crucial. 
Assim, começaram os escudetes por aparecer carregados de um só besante; depois, totalmente vazios e em número de quatro, por vezes com um besante entre eles. Com Dom Afonso III, a formação alarga-se até cortar as legendas, e cada escudete recebe mais besantes, desde logo fixados em cinco e dispostos em sautor, disposição essa que, a partir de Dom Dinis, é tornada representação comum regular nos reinados seguintes.
Poe último, a presença dos castelos apenas surge no séc. XV, com as cunhagens monetárias doe Dom Duarte, provavelmente ligada ao alargamento territorial, pelas campanhas ultramarinas do Norte de Africa, das quais Ceuta marcou o primeiro momento e início.
Ápice da impugnação de argumentos inerentes ao feito de Ourique, é a intrépida publicação de Alfredo Pimenta, Ainda a Batalha de Ourique, Lisboa 1945, de aliciante leitura.

Conclusão
A avaliar pela abundância dos referidos materiais achados onde, desde 1875, se situa o cemitério da freguesia, podemos chegar à existência de uma relação de simultaneidade, por ter sido ali uma estação arqueológica romana, posteriormente usada em local cemiterial, e é provável localização do primitivo centro da vida religiosa de Ansião medieval, pois, ao que inicialmente ficou enunciado, junta-se, ainda, a exumação de um tambor de coluna, em calcário amarelecido pelo tempo, e a base de uma ingénua imagem de S Sebastião, no mesmo material, a qual conserva visível o cuidado deposto da escultura, como evidenciam os pés; é datável do séc. XV e, certamente, deixada nos escombros porque está muito danificada (...) que sentido traduz o pedaço de imagem quatrocentista, entretanto surgida entre outros materiais arqueológicos da época e ulteriores?(..) assim à luz dos numismas deixados aquando de sepultamento, os quais abrangem um período de quatro séculos, trata-se de um cemitério medieval, e atendendo ao contexto  situacional em que aparecem os vários achados, necessariamente podemos inferir a proposição lógica consequente das premissas; 
a primitiva ou velha igreja de Ansião estava situada no local presentemente ocupado por parte das propriedades pertencentes a José da Fonseca Lopes, de herdeiros de Maria do Carmo Cruz e de sua irmã Piedade da Cruz, actual cemitério e terrenos limítrofes, a Norte (...)Além do exposto, os factos permitem estabelecer três momentos circunstanciados: inicialmente, a igreja medieval situava-se naquele planalto do lugar de Igreja Velha, e aí foi o primeiro e antigo cemitério, desde o séc XII a 1593; seguidamente, com o séc. XVI, o núcleo medieval estendeu-se para nascente, edificando-se, naquela data a actual igreja matriz , e para ela o adro envolvente passou o moderno cemitério, como testemunham os registos paroquiais, bem como algumas lápides funerárias, das quais apenas subsiste a de André Fernandes  e mulher, Catarina Fernandes, na sua capela lateral, seiscentista;finalmente, desde 1875, o local de enterramento é o cemitério contemporâneo, regressando, portanto, ao antigo local onde estivera do séc. XII ao séc. XVI.


Pese a aguarela de Pier Maria Baldi de 1669 retratar a primeira referencia sobre a vila de Ansião publicada no Livro do Padre José Coutinho em 1986, o facto de ser pequena, a preto e branco,onde apenas se permite distinguir uma torre de igreja, para o autor se ter referido se tratar da actual igreja - porém não o é, em verdade.Graças à réplica da aguarela, ampliada, num carro alegórico dos Netos em 2014, onde vim a identificar a ruína da primitiva igreja. A chave dada pelo óculo de iluminação para nascente, num tempo que a frontaria era obrigatória para poente.Diz-nos ainda que a comitiva não passou pela estrada real ao Vale Mosteiro,onde teria visto a sua ruína de frente, abrindo a investigação por onde deixou Ansião a comitiva . Foram  5 anos para interpretar a aguarela. O seu todo tem vários núcleos. Jamais alguém, além do Padre Coutinho, já mencionado, o tentou e apenas à igreja . Pela simples razão - é extremamente difícil. O artista no todo deixou retratos de sítios diferentes que distinguiu na chegada e na partida. Como cheguei a esta conclusão? Por paixão, por tenacidade afincada, a cruzar textos, a perceber como era Ansião naquele tempo medieval,  na vantagem de o conhecer como ninguém, por ser curiosa e observadora enxergo pormenores que aos demais passam despercebidos, e sim esta característica a me distinguir com apresentação de resultados.
Facto importante para credenciar finalmente o palco da igreja primitiva entre a junção do cemitério velho com o novo, no sitio onde o planalto é mais alto e por isso distinguida do adro da igreja actual onde a comitiva ouviu missa antes de deixar Ansião, a caminho de Coimbra. O autor teimou deixar  imortalizada a brutal ruína da igreja e seu casario associado ao burgo primitivo, ao jus de  lição - na sua visão devia ter sido recuperado e não mudado...O recado deixado a Ansião - não retratou a actual igreja em prol da ruína da primitiva , é um facto! Na perspectiva de uma amadora!

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