quinta-feira, 9 de abril de 2020

A Capela de Nossa Senhora da Boa Morte na Quinta das Lagoas, em Ansião

Crónica com resumo publicado no Jornal Serras de Ansião
Pretensa em legitimar a história da Capela da Quinta das Lagoas, no pedido da sua construção a 16-01-1764, na “Documentação do Cabido e Sé de Coimbra” de Alice Rodrigues e Filomena Rodrigues, sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Morte.
Incorretamente referida a sua invocação em 2008, no Livro Património Religioso do Concelho de Ansião do Dr. António Simões, Dra. Joana Dias e Dr. Manuel Dias (…) nos arredores de Ansião, um pouco a norte e integrada na Quinta das Lagoas, encontra-se a Capela de S João…
Também na voz popular corre indevidamente o orago ao Senhor da Boa Morte, em justa confusão a outra Capela, a poente das Lagoas, que é dedicada ao Senhor do Bonfim, pertença da Igreja e dos Bombeiros Voluntários de Ansião.

O Padre Domingos Alves da Paz escolheu a padroeira a Senhora da Boa Morte, numa bela imagem de madeira estofada, que existia há poucos anos, segundo o Sr. Padre Manuel Ventura Pinho, que a distinguiu numa misas que lá celebrou. Já as imagens de S. José e de S. Gonçalo, se desconhece se ainda existem.
Referenciada no Inventário Artístico de Portugal de 1955  de Gustavo Sequeira de 1955
Gentilmente  enviada com excertos  por " JCMarques, o Castiço" do Avelar
De onde retirei a primeira foto conhecida da Capela da Quinta das Lagoas
A Capela apresentava na frontaria uma característica de filas de pequenos  quadrados minúsculos que ainda resistem na arquitetura ancestral na nossa região e na Europa. Julgo sem alguém sobre a mesma se ter debruçado na sua razão, ou funcionalidade que atribuo ao povo judaico, o mais provável para a colocação de barrotes, para sobrado, arejamento ou espreitar o inimigo de dentro para o exterior?


A foto mereceu coloração pelo Dr Paulo Alcobia Neves

No Livro Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes a transcrito do excerto pelo Sr. Padre Manuel Ventura Pinho da notícia de 29.05.1769 do Cura Jozé Fernandes da Serra «No Lugar das Lagoas esta huma Capella feita com toda a perfeissão ; hé feita de pedra, e cal forrada de painéis, bem pintados, e as mulduras douradas, e na circumfirencia das paredes os sete passos da paixão bem esculpidos, tribuna muderna bem pintada e dourado no mamerim, a Imagem da Senhora da Boa Morte ( o pedido da construção desta Capela data de 16 de janeiro de 1764) feita em vulto de páo munto bem esculpida e estofada, e na mesma tribuna tema mais as imagens de Sam Jozé, e Sam Gonçallo feitas em páo e bem incarnadas; tem tudo o necessário com munta abundancia com vermelhas vestimentas com tudo o necessario novas de osteda huma branca, e outra roixa, huma de damasco branco, huma de tella de fio de ouro, hum ducel da mesma com seus franjões, três albas novas, tres amitos, tres cordõens, dezaceis castissais, vinte e quatro placas de estanho fino, calis, patena, colher, e hum relicário de prata, por modo de custódia, duas lampadas de estanho fino, duas torres com dois sinos, sangunhos outo, quatro mezas de corporais, pias de água benta, sachristia, e caixão; hé feita por pessoal particular, mas publica para della se admenistrarem os Santos Sacramentos;tem património que lhe rende cada hum anno doze mil réis.(...) A Capela da Senhora da Boa Morte tem rendimento suficiente.»

Sobre a personalidade do padre instituidor da capela Domingos Alves da Paz « (...) de idade de outenta, e dois annos he formado nos Sagrados Canones;esta ja munto decrepito de sorte que há mais de vinte annos poucas Missas tem dito, e havera outo pouco mais ou menos que a não tornou a dizer por cauza de algumas vertigens que lhe derão;este sempre tem sido alguma couza teimozo,com o que tem inquietado o povo do concelho da Sarzedella, e com especealidade, o do dito lugar, por querer que não uzem o costume tam antigo que não há memória in contrario de poderem trazer os seus gados de cochinos abertos, e para mais os vexar mandou samiar hum baldio que hé incapaz de dar novidade para assim ter ocazião de incoimar, os ditos gados,e também,tendo algumas fazendas bem tapadas na forma também do uzo desta Freguesia, tem muitas vezes mandado alagar portais para o dito fim, e funda a sua teima em dizer que quer que huma capella que tem feito com munta perfeissão asim se conserva por fora,como esta por dentro, e que andando os dois gados abertos se esfregão as paredes, e as sujam;e desta sorte esta aquelle pobre povo em termos de nam criar gados de que lhe rezulta hum grande inconveniente,e já á annos costumava atirar lhe a espinguar, o que ainda fez avera trz annos, e naquelle tempo 0n admoestei que não podia fazer tal, e se emmendouagora nesta teima trez vezes lhe tenho falado nunca quiz seder,e na ultima que foi em dia de Corpus Chriti, lhe cheguei, a dizer que elle fazia aquillo só por vexar aquelle pobre povo, ao que me respondeo suponhamos sim,suponhamos não;finalmente hé muito rico, e quer que todos lhe guardem respeito, pois tem suas prezunssoins de fidalgo;no mais sempre foi bem procedido, e dá muntas esmollas tanto particulares como publicas»

Persistem erros que devem ser colmatados:
A Capela de Nossa Senhora da Boa Morte erradamente  evocada a S. João 
No livro Património Religioso do concelho de Ansião , igualmente o  certo alteração no site do orago da capela para Nossa Senhora da Boa Morte e  Sipa
Urge reverter a verdade 
Como a Localização  no Mapa aparece Lagoa - o certo Lagoas !
Como emendar a Igreja de Lagoa - o certo Capela das Lagoas !
Como Igreja de S. João - o certo Capela de S. João!

Vejamos: Versão errada
Capela de São João / Capela da Quinta das Lagoas
SIPA.00008874
Portugal, Leiria, Ansião, Ansião

Arquitectura religiosa, seiscentista. Capela de nave única e capela-mor. Duas maciças torres laterais com abóbadas boleadas cingem pano do frontispício. Edifício robusto de plantas baixas. A profundidade da nave é igual à da capela-mor, encontrando-se o arco triunfal a meio do templo.
Descrição do edifício e estrutura
Planta retangular composta por nave única e capela-mor, de onde partem duas alas perpendiculares, e por duas torres sineiras ao nível da fachada principal. Cobertura das torres a domo. Frontispício virado a N. com embasamento pronunciado acompanhando o declive do terreno, de pano delimitado por duas largas pilastras de cantaria e aberto por portal recto (1), cingido por duas torres laterais abertas por um campanário em arco alteado e rematadas por abóbadas boleadas. Fachada O. onde se destacam os volumes da ala colateral à capela-mor e da torre sineira rasgada por pequena fresta e respiradouros, com escada lateral de acesso à torre, que corre adossada ao pano da nave, aberto este por dois janelões rectos. Fachada S. em empena angular, cega. Fachada E. de semelhante feição à fachada oposta, exceptuando a escada de acesso à torre, visto este ser feito através de uma abertura lateral na base da mesma (agora parcialmente subterrado). INTERIOR: nave única de pavimento lageado iluminada por dois janelões de cada lado (sendo o terceiro janelão que se vê exteriormente para iluminação das torres). Arco triunfal de volta perfeita com voluta no fecho e intradorso do lintel revestido (vestígios) por florões e grinaldas a dourado, assente em pilastras de moldura vazada com base cúbica e capitel quadrangular de perfil chanfrado, dá acesso à capela-mor, profunda, aberta em ambos os lados por portas de frontão triangular que acedem a dependências dispostas perpendicularmente, tendo a do lado da epístula um banco corrido e um lanço de escada adossado ao pano exterior; altar em forma de mesa flanqueado por dois pares de pilastras que acedem ao Jubéu.
Bibliografia
COUTINHO, José Eduardo Reis, Ansião - Perspectiva Global de Arqueologia e Arte da Vila e do Concelho, Coimbra, 1986; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artistico de Portugal, Vol. V, Lisboa, 1955.
Observações
*(1) - A capela teve na fachada principal, até pelo menos 1955 (vide imagem SEQUEIRA) o brasão com as armas dos Noronha e dos Mendes de Tânger, com o escudo coberto por um chapéu episcopal. O tímpano apresentava um nicho entre dois óculos quadrilobados e rematando o frontão uma cruz recortada.


Livro do Património Religioso do Concelho de Ansião
António Jesus Simões, Joana Patrícia Dias e Manuel Augusto Dias 
Também faz menção errada do orago da capela
Capela de Nossa Senhora da Boa Morte da Quinta das Lagoas
Inventário Artístico de Portugal de 1955, Gustavo Sequeira 


Arte da Heráldica de Família colocada na Pág FB Análise  ao brasão, agradecimento a Nuno Borges de Araújo«Aqui o Noronha será supostamente o estoque,(espada) que depois foi acrescentado às armas dos Noronha e Meneses, marqueses de Vila Real e capitães-mores de Ceuta»


Desaparecimento do brasão 
Na década de 60/70 o brasão na frontaria da Capela da Quinta das Lagoas foi vendido pelos netos de Frutuoso Veiga - os manos Chiquinho e Zézinho Veiga, julga-se para Coimbra.
Em 1955 Gustavo Sequeira diz que a Capela servia para guardar com mato sem nada acrescentar sobre o interior da capela. Na voz do povo os sinos foram levados de noite para a igreja da Redinha. Um óculo supostamente foi encastrado na frontaria da Capela de S João na Sarzedela , para vida efémera para na última remodelação ter sido substituído por outro em redondo com traço de arquitecto, desapareceu ainda o nicho e a Cruz, os buracos minúsculos na fachada foram cheios e também desapareceu o castiço passadiço de ligação do solar à capela com platibanda de balaústres e corrimão.


Brasonária de Pombal  de 1991 Do Dr Pedro  José da França Pinto dos Reis, actualmente a lecionar na Escola C+S em AnsiãoExcerto no ponto  2.2  sobre o brasão partido : I/Noromhas (dos Noronhas Menezes),dos Condes de Vila Real; II/ Mendes, também impropriamente ditos "de Tânger"


Inventário Artístico de Portugal por Gustavo Sequeira  em 1955
Faz menção a um brasão igual ao da Quinta das Lagoas, em Ansião,  a encimar o portal estilo manuelino na Rua Almirante Reis nº 7 na vila de Pombal com as mesmas  armas .

Rua Almirante Reis em Pombal, porta encimada pelo brasãoAtualmente desaparecido.O brasão em Pombal teria sido de um ramo desta família que aqui se radicou .
A propósito deste brasão suscita-me a pertinente dúvida, se não se trata do  brasão que distingui em miúda?A casa teria sido vendida e retirado o brasão pela família que o trouxe para Ansião? Recordo uma pedra trabalhada a rondar o tamanho do brasão prostrada no chão no meio de ervas junto a uns barracões ao limite norte da quinta de Alice Veiga e do irmão Pedro Veiga, onde  tropecei...
Apimentar a curiosidade sobre andanças de brasões. Na minha visita ao solar apalaçado da Quinta da Trindade no Seixal, começou por ser Convento, mais tarde adquirida pelo Sr Martins, homem conhecido  pelo"Rei do Lixo" tinha gosto por pedras esculpidas antigas, restos de estatuetas de Conventos, Mosteiros e Igrejas ao abandono após a extinção das Ordens Religiosas em 1834, que as foi recolhendo pelo País e mandou aplicar na Quinta da Trindade tendo também comprado um grandessíssimo brasão da Família Noronha, para ostentar a entrada do solar apalaçado no Seixal. Outra família brasonada de Trás- os- Montes um dos filhos trouxe para a Linha do Estoril a pedra com o brasão que manteve no jardim pesando uma tonelada, mais tarde foi preciso parar o transito para a manobra de a trasladar com uma máquina para dentro de casa para fazer o pé a uma mesa...Desde sempre antiquários varejaram velharias, pedras (brasões e relógios de sol) pela região, conheci há anos um da Vidigueira e outro de Setúbal, confidenciaram-me histórias hilariantes de aquisições; mesas, móveis, cómodas, arcas em Pau Santo, pratas oxidadas por Ansião , Santiago da Guarda, Junqueira, Alvorge, Abiúl  e,...

O Padre José Coutinho no seu livro de 1986 refere  sobre esta Capela da Quinta das Lagoas
«A capela despojada do fausto que outrora teve, o lavor das cantarias e o ouro que ainda a reveste nos florões do arco cruzeiro continuam a atestar a riqueza da capela profanada pelos desertores da batalha do Buçaco e mais tarde derrubada da sua traça e decoração inicial. 
Tudo vai atrás de quem o deixa!»

E sobre o brasão «Emoldurado entre motivos vegetalistas estilizados e o chapéu episcopal ornado com dois núcleos laterais de cordões e três ordens de borlas pendentes. De facto as três ordens de borlas representam a honra de bispo.Houve um bispo na família, ou um eclesiástico, talvez este! 
Nas minhas investigações encontrei vários bispos na família. Verossímil tenha sido Dom Manuel de Noronha, Bispo em Lamego..
Excerto de https://repositorio-aberto.up.pt
« nasceu no Funchal ? Faleceu em Lisboa, 1590.
Ascendência - Filho de Simão Gonçalves da Câmara, 3º Capitão da ilha Terceira e de D. Joana de Castelo-Branco. Neto (pelo lado paterno) de João Gonçalves da Câmara (dito da Câmara de Lobos), 2º Capitão da Ilha Terceira; e de D. Mecia de Noronha. Neto (pelo lado materno) de D. Gonçalo de Castelo-Branco, Governador de Lisboa, Senhor de Vila Nova de Portimão. Descendente de João Gonçalves Zarco, cavaleiro e criado Infante D. Henrique, 1º Capitão da Ilha Terceira. 
Episcopado em Lamego 1551-1569 e Outros episcopados Dignidades eclesiásticas Capelão de el-rei; Camarista-mor do Papa Leão X. Encaminhado desde cedo para a carreira eclesiástica, D. Manuel de Noronha ascendeu a cargos de grande importância no reino português e em Roma, onde terá permanecido como camarista-mor do papa Leão X, função que lhe foi atribuída com apenas 12 anos . Pelo que pudemos apurar e, contrariamente ao que se veio a passar com os restantes bispos do nosso estudo, D. Manuel de Noronha não teve nenhum nível de formação académica (...)Em todo o caso, o facto de ter estado ao serviço do Papa conferiu-lhe o estatuto necessário a singrar no estado de eclesiástico(...) Do tempo que ficou em Roma foi-lhe concebido pelo Papa Leão X o título de representante da Santa Sé em Portugal, para além de outros benefícios. Marcou a presença no seu tempo ao introduzir a cultura renascentista em Lamego na arquitetura civil. Fundou o Colégio de S. Nicolau o qual durante muito tempo como seminário destinado a desenvolver a cultura do clero, segundo o que as diretrizes tridentinas impunham . E na catedral mandou D. Manuel edificar várias capelas, como as de São Nicolau, Santo António e São João Batista, todas viradas ao claustro da catedral, espaços que aqui propomos abordar (...) Nas grades da capela de São João Batista, da Sé de Lamego o escudo aqui presente exibe as armas dos Câmara .No dia 4 de Julho de 1460, D. Afonso V, atribui a João Gonçalves Zarco – avô de Simão Gonçalves da Câmara, pai de D. Manuel de Noronha, o apelido Câmara de Lobos (nome dado por João Gonçalves Zarco a uma localidade do Funchal, donde era governador). Porém, na geração que se seguiu, o apelido foi alterado ficando apenas o nome Câmara, o nome de família do lado paterno. O apelido de Noronha que o bispo faz questão de usar, provém da família de D. Joana de Castelo Branco, sua mãe; porém, esse apelido não faz parte das armas do bispo .
Assim, o escudo apresenta-se com um bordo de formas curvilíneas de negro, com uma torre de prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro. No timbre o chapéu de prelado em perfil – que, provavelmente terá recebido policromia – e sobe o escudo uma cruz. Do interior do chapéu caem longas cordas com as respetivas borlas, atribuindo a dignidade eclesiástica de bispo, a D. Manuel de Noronha. No que respeita às borlas presentes, para que representassem a honra de bispo teria de apresentar três ordens. Porém, estas armas ostentam um número de borlas superior, com uma ordem de quatro. Assim sendo, estaríamos aqui a atribuir a honra de arcebispo a D. Manuel de Noronha, dignidade que não alcançou.
No chão da capela de São Nicolau encontra-se a sua sepultura, coberta por lápide armoriada (com as armas atrás descritas)  

A descrição da lápide sepulcral do bispo Dom Manuel de Noronha 
Reporta ligação à família aos Condes de Castelo Melhor, do paço de Santiago da Guarda , em Ansião, por   tecto da sua capela fechra com o brasão dos Câmara de Lobos.
Invasões francesas em 1810
 A Quinta das Lagoas passou por tribulações com a passagem dos desertores da Batalha do Buçaco em setembro de 1810. Profanaram Capelas, fazendo fogueiras no seu corpo lajeado, queimando as suas madeiras e Imagens. Esta Capela e a do Senhor do Bonfim foram incendiadas ficando mais de 150 anos em aparente abandono. Levanta a questão pertinente - estariam vazias de espólio e por isso se enfureceram ao constatarem que não havia nada de valioso para roubar? No Rabaçal foram enterradas as Imagens de pedra defronte da igreja, há poucos anos foram reencontradas. Na Quinta das Lagoas tenha a noticia dos invasores a correr na frente para se acautelarem e as guardarem para as salvar ? Os invasores ao verem a Capela despida, furiosos a incendiaram ?Em verdade pelo menos a Imagem do orago da Capela da Quinta das Lagoas segundo o Sr Padre Manuel Ventura - Nossa Senhora da Boa Morte. Em 2001 em madeira estofada, fazia parte do espolio da capela houve rezou Missa. Compete ao seu donatário, a Câmara Municipal de Ansião, rastrear, inventariar e proteger , no dever autárquico, e no futuro o vir a dar a conhecer ao público em eventos culturais!
Existiam outras Imagens - S José S Gonçalo e outras no tempo do Sr. Branquinho, segundo informação da Carmita das Lagoas disse-me que os Santos tinham sido roubados...Mais tarde conversei com a Carmita Pires da Sarzedela disse-me ainda se recordar de ver Imagens grandes no solar e o mesmo o Jorge Silva para se ter perdido o seu rasto quando este vendeu a quinta ao Sr. Ângelo da Sarzedela ou não (?), sabendo deste último proprietário quem mais alterou para sempre a fisionomia desta quinta, anulando a bela entrada e fausto dada pelo frondoso portão em ferro forjado onde nascia uma alameda em caramachão fresco das trepadeiras ao solar (+-350 a 400 mts) e outras alterações no campo agrícola em plano inferior circundado por levada encrostada em muro de pedra que trazia a água da mina e,...

Fotos da DGPC de 1997?
Depois da aquisição da quinta pela Câmara Municipal de Ansião
No tardoz da torre encontra-se semi soterrada uma porta, bem antiga com o tradicional V invertido acima do lintel
Antes do restauro já murada e a estrada na frente calcetada

Jazigo da família  Veiga dos Mendes de Tânger e seus descendentes Mendes Lima de Góis  
Temos notícia de oito pessoas sepultadas na Capela das Lagoas, o primeiro jazigo da família Veiga dos Mendes de Tânger e seus descendentes Mendes Lima de Góis.
Finalmente conclui que a família Veiga e Rego, de Ansião, é uma e mesma família!
O excelente genealogista das antigas Cinco Vilas e Ansião -  Henrique Dias, a quem agradeço a parceria na minha investigação ditou frutos a entroncar registos de óbitos de descendentes da Quinta das Lagoas e Quinta da Bica , sepultados na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte.

1- Registo de óbito do Padre Manuel Álvares da Paz 
Do lugar de Sarzedela aos vinte e oito dias de outubro de 1784 foi enterrado na sua Capela com missa cantada e os sacramentos.
2- Registo  descoberto por mim.Solicitei ajuda ao  Henrique Dias para decifrar a capela pela leitura  entendia  Livramento...Aos 3 de novembro de 1785 faleceu com todos os sacramentos na sua quinta das Lagoas, o Dr António Roriz Pereira...capitão mor desta vila de Ansião 
Está enterrado na sua Capela da Senhora da Boa Morte, fez testamento e deixou Missas. A  viúva  D Ana Maria Noronha Menezes.  

3-  Cortesia de por Henrique Dias registo de óbito de 1835 de D Margarida Maria de Noronha 
Esta senhora foi casada com Vicente Xavier Leite de Morais moradora na  Quinta da Bica, sepultada na capela de Nossa Senhora da Boa Morte na quinta das Lagoas
A nota deste registo vem confirmar a descendência desta nobre na Quinta das Lagoas e sendo moradora na Quinta da Bica atestar que foi a primitiva quinta das Lagoas desmembrada pelo menos em duas, no meu opinar e ainda que esta nobre pode ser sobrinha de D Ana Maria Noronha e Menezes (?) . 
4- Cortesia de Henrique Dias aos 31 de Dezembro de 1828 se enterrou na sua capela da Srª da Boa morte, o Rev. António Rodrigues Pereira do lugar das Lagoas, e que tinha morrido no dia antecedente tendo recebido os sacramentos da última hora. Fez testamento Do que para constar faço este assento que assina em Ansião na data supra, O Cura João Crisogeno? de Figueiredo Perdigão.

5- Cortesia de Henrique Dias registo de óbito 1812
(logo a seguir às invasões Francesas, mas feito mais tarde num livro a seguir a um registo de 1829.
Por Despacho do Rev. Dr. Provisor deste Bispado e (??) informações que tomei com os Reverendos António Freire do lugar da Sarzedela e João Freire de S. José do Casal das Sousas, ambos desta freguesia, faço o assento seguinte:Aos 21 de Abril de 1812 morreu na Quinta das Lagoas e foi enterrada na sua Capela da Senhora da Boamorte, junto à mesma quinta desta freguesia D. Maria Inácia de Noronha e Meneses casada com José António Freire da Silva da Quinta de Reveles freguesia de Montemor o Velho, (hoje da Abrunheira) a qual faleceu com todos os sacramentos da última hora e fez testamento.
Do que para constar faço este assento que assino com os sobreditos António Freire e João Freire de S. José. Ansião 5 de Outubro de 1929.
O Cura João Crisogeno de Figueiredo Perdigão
António Freire do Espírito Santo e João Freire de S. José

6- Cortesia de Ana Ferreira registo de óbito do reverendo Domingos Álvares da Paz 
Pese a informação do incêndio da Capela em 1810
7 - Sem se saber se o telhado foi reposto, mais tarde foram na capela  sepultados mais duas pessoas em registos localizados e correlacionados por Henrique Dias
No dia 1/2/1727 se enterrou na Capela das Lagoas, Maria  Madalena, Solteira, que estava a morar com o Padre Manuel Roiz Pereira do lugar das Lagoas, Senhor da dita Capela.
 
8 - E no dia 31 /12/1828, foi o Padre na mesma Capela enterrado

Afinal jazigo subterrâneo à laia de carneiro-perpétuo
Perguntava-me o Henrique Dias já viu as fotos do interior? 
Como pode ver aqui na descrição do edifício em SIPA diz só "nave única de pavimento lageado", mas não faz qualquer referência às sepulturas?Vêm-se claramente, algumas lajes levantadas que poderiam ser das sepulturas que temos conhecimento. Será que teriam alguma gravação ou brasão?
As sepulturas que conheço em Ansião e arrabaldes dentro de igrejas e capelas
Apenas as tenho distinguido com numeração:1, 2,3,4... na igreja da Torre de Vale Todos, junto do altar. Na capela da Orada, em Santiago da Guarda. Na Igreja das Degracias, as lajes foram retiradas  e reutilizadas nos degraus da escadaria onde as localizei e no Cruzeiro. As primeiras que identifiquei foram na capela de Santo António ao Ribeiro da Vide, onde me fazia espécie desde criança ver algarismos esculpidos em volta da fogueira, seriam marcas deixadas pelos franceses? Anos mais tarde se fez luz e  percebi que a capela teve inicialmente frontaria para nascente e por isso as lajes numeradas se encontram junto da primitiva porta, que foi a da sua entrada. Em finais do século XIX, a decisão imperou desta capela prevalecer, enquanto outras foram desativadas, sofrendo alteração e ampliação com mudança de frontaria para norte, na ligação ao escadatório ao Ribeiro da Vide. Em 1929, o meu bisavô Francisco Rodrigues Valente, acrescentou-lhe a sacristia, a pedra com a data de 1647, a ficar na entrada do corpo da capela com a sacristia, possivelmente estaria na frontaria ou noutro local e foi removida para ali. Como se repara foi necessário muito estudo e reflexão para chegar a estas conclusões  sobre as sepulturas que eram apenas nuemradas, havendo um livro de registos, que se perdeu.

Sepulturas na capela das Lagoas
Devem apenas ter números, ou algumas inscrição. Suposto que a capela teria um livro e teria sido queimado pelos franceses. Não me parece que alguma sepultura tivesse brasão, por já existir na fachada da capela. Por outro lado em Ansião, os canteiros não evidenciaram no passado serem eximios a esculpir brasões. se atender à sepultura brasonada do padre João Crisogeno de Figueiredo Perdigão, na capela da Misericórdia. Muito mal esculpido, por isso foi difícil a sua interpretação, só possível na ligação ao brasão do seu pai de Arganil . E o brasão dos Paços do Concelho na sua ampliação não foi recolocado e perdeu-se no Escampado de S.Miguel. A matriz de Ansião, com  a alteração do chão de lajedo para soalho, foram perdidas as sepulturas, na década de 70 do séc. XX, havia junto da torre sineira uma montanha de crânios...Na igreja da Aguda, o adro defronte do portal com lápides sepulcrais, gastas, há poucos anos algumas foram as letras retocadas, ficando outras sem mensagem por já não ser possível saber a quem se referem. Sendo que algumas são de descendentes de Belchior dos Reis de Ansião, o seu filho, o capitão mor de Figueiró dos Vinhos, Marcos Freire dos Reis e o filho deste Bernardo.
Recentemente a Dra Ana Ferreira, minha amiga,  descobriu o registo de um seu ascendente sepultado na capela do Senhor do Bonfim, em Ansião, tendo eu descoberto outro na ermida de Nossa Senhora da Esperança, na Sarzeda, referente a Maria Ponces. Infelizmente a ermida na Sarzeda foi demolida há anos, tendo sido opção uma nova  capela a uns metros atrás para favorecer o adro. Não me choca. O que me choca é a destruição de património com história, no caso foi de famílias nobres,  sem aparente conhecimento  pela desvalorização do chão sepulcral . A ter conhecimento teriam deixado a calçada delimitada em cor diferente para não se perder o jazido de família que habitou esta quinta há seculos.
Infelizmente nunca entrei na capela da Quinta das Lagoas, nem antes nem depois do restauro. Desconheço se existe a marca da fogueira dos invasores e atrevo-me a dizer que o levantamento das pedras sepulcrais que se evidenciam nas fotos tenha acontecido na primeira venda da quinta ou na segunda, após o 25 de abril (?) antes de ser adquirida pela Câmara, na suposta procura de tesouros e libras de ouro...
Em Ansião, ainda me lembro de andarem com o livro de S Cipriano na procura de tesouros ... o Forte, da Sarzedela e o Rafael da Garreaza, os conhecidos, fora outros, todos procuravam tesouros em panelas metidas em paredes antigas . Na Lagoa do Castelo onde se diz estão duas arcas enterradas com ouro o Rafael quando lá foi levou uma tareia...óbvio que a fazer tempo até à meia noite no Fundo da Rua a emborcar copos  ter dado com a língua nos dentes e ao se pôr a caminho do Senhor do Bonfim foi seguido. Lá chegado começou a escavar e ouviu uma voz, pensou ser do além - que lhe pergunta tiras, tu tiro eu, tiras tu mais eu ? A que responde à voz - não, tiro só eu e nesse momento começa a levar porrada e forte, acagaçado de medo foge a sete pés, perde uma bota até chegar alucinado a casa dos tios do meu pai, António Valente...Onde passou o resto da noite...

Fotos do interior
Corpo da capela e capela mor divididas por arco de volta perfeita



O arco por dentro com vestígios de pintura floral

Restauro da Capela com inauguração no verão de 2001
A requalificação da Capela de Nossa Senhora da Boa Morte deixou a fachada sem os vestígios da retirada do brasão e dos pequenos buracos quadrados a remontar a sua ancestral origem que ainda se encontra em algum casario de origem judaica na região.




Suportes em pedra
Curiosamente na Quinta do Vale Mosteiro haviam suportes  iguais e varandim

Curiosas as cúpulas
Esta é muito árabe a lembrar o norte de África de onde vieram os Mendes. Existe outra em Santiago da Guarda na capela da Casa Senhorial dos Condes Castelo Melhor
Os degraus da capela em cimento...aberração total!
O muro em rodapé da capela onde assentava o varandim que dava acesso ao solar
As minhas fotos tiradas em 2016
Na visita à Quinta das Lagoas

Comparação dos arcos em laje cerâmica
Na ruína da casa da quinta do Dr. Faria que foi antes outra quinta da herdade de Ansião, junto do mercado em Ansião, encontrei ainda a abertura do forno que se mostra semelhante às guaritas desta capela revestidas a cerâmica . Os fornos que conheço em geral com V invertido em lajes de  pedra
Forno na quinta de S Lourenço no Vale Mosteiro
Semelhança  do bocal do forno com a guarita sineira 
f
Em 2015 uma intempérie deixou o solar e a Capela em degradação
Com telhas fora do sitio, a precisar de manutenção urgente, antes que se de deteriore mais, depois de tanto investimento!
           
Hoje assiste-se ao abandono, quiçá por culpa do contrato estabelecido no passado até ser devidamente arrumado a favor da Câmara Municipal de Ansião...como donatário, é hora oportuna de verificar o espólio da capela !
Se não estiver no sitio o reivindicar em tempo!
Como fazer manutenção, antes que o alto investimento seja maior, que se sabe é pago por todos os contribuintes!


FONTES
Livro Ansião de 1986 do Padre José Eduardo Reis Coutinho
Livro de óbitos digitalizados no Arquivo distrital de Leiria encontrados por Henrique Dias
Grupo Genealogia FC
Memórias Paroquiais
Testemunho do padre Manuel Ventura Pinho , Fernanda da Paz Freire, Ferananda Bernardino, Carmita Pires
Inventário Artístico de Portugal de Gustavo Sequeira
Brasonária de Pombal
Jornal Sicó
DGCP

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Bandeira da Misericórdia de Ansião à laia de Via Sacra

Angariei conhecimento da Bandeira da Misericórdia de Ansião num vídeo alusivo  às suas valências no seu stand, por altura das Festas de agosto onde me levou a minha irmã, e  presa me deixei a olhar a loiça reluzente da sua cozinha a  recordar a infância, assim igualzinha à que via no barracão da Cerca, hoje o Lar da Santa Casa da Misericórdia e no terreiro da frente em acampamento de ciganos...
Enderecei na altura pedido à Srª Provedora, a Drª Teresa Fernandes para  conhecer a Bandeira. Confesso, chocou-me o facto da pouca acessibilidade à capela  ao jus de reaproveitamento de um espaço, na minha perspectiva podia ter nascido na frente do empreendimento, ao meio do patim, com visão para a  vidraça do salão onde estão os utentes, nem era preciso pedir autorização, com  tardoz  para a rua .
Suposto  que a Misericórdia de Ansião assumiu na sua Bandeira, os símbolos da Misericórdia de Lisboa, naturalmente como todas as demais e o seu Compromisso.


 Bandeira da Santa Casa da Misericórdia de Ansião  

A Bandeira da Misericórdia de Ansião pintada sobre madeira ou tela (?) não lhe toquei,  fiquei petrificada a contemplar rara e brutal beleza. Mais tarde ao analisar a foto é que me lembrei dessa particularidade...
A Bandeira apresenta-se em forma de pendão, em aventar pintura sobre madeira, aguarda-se confirmação. Um dos seus símbolos exteriores mais representativos da Misericórdia no passado e no seu presente, debalde quase desconhecido, sem jamais me lembrar  de a ver em saída à rua na sua procissão com o estandarte de Nossa Senhora do Pranto e a sua Irmandade vestida com as suas opas , sei existem, esqueci-me da cor- serão brancas? 
Hoje em jeito de via sacra virtual, em contexto de quarentena presentar a Misericórdia, ao Ribeiro da Vide, em Procissão, erguendo alto a sua Bandeira ao jus de agradecimento ao amparo cuidadoso, atento e eficaz, prestado aos seus utentes residentes e exteriores, por toda a equipa, altamente coesa vivida em contexto especial em  se mostrar ao Mundo, líder, em denotar  saber impor regras duras, em horas chave, sem indecisões na vantagem ate ao momento resultados positivos, se esperando continue a colher frutos sãos!


A iconografia da Bandeira 
Na minha visão representa ao centro a Mãe da Misericórdia, de pés assente no Mundo de cabeça coroada vestida de branco a  irradiar Luz, de manto azul celeste aberto e preso por mãos de anjos, sob o qual se abrigam representantes de grupos sociais ligados às Misericórdias com o Rei D. Manuel I  de joelhos e coroa no chão, que atribuiu o último Foral a Ansião, a Rainha Santa Isabel, caminhante por Ansião vestida de hábito de clarissa que envergou por  duas vezes a Santiago de Compostela e com ele  se quis  representar no seu túmulo em Coimbra, obra  do Mestre Pêro,  a Rainha  D. Leonor de Lencastre - a mãe  das Misericórdias , entre figuras protegidas pela instituição onde distingo uma mãe com o filho nos braços, ou seria o amparo a um exposto? Um nobre, o Provedor a Misericórdia e um frade templário, aos pés agachadas crianças, todos de mãos postas em contemplação. Pobres ou doentes quem diariamente procurava ajuda nas Misericórdias, nesta Bandeira de Ansião não foram retratados.
Em rodapé a inscrição MÃE DE MISERICÓRDIA ROGAI POR NÓS 
Ao lado as siglas FMC referentes ao Frei Miguel Contreiras, o instituidor da Irmandade das Misericórdias.
Não distingui assinatura do pintor, pode ter, ou no verso.

Evidentes sinais de humidade  a necessitar restauro 
A criação da Imagem da Virgem da Misericórdia 
Remonta ao começo do século XV, quando, em consequência da peste, o terror da doença impeliu os cristãos para a necessidade de protecção sobrenatural, que se consubstanciou no recurso à protecção de Nossa Senhora. Surgem, assim, as primeiras pinturas, representando a imagem da Virgem Maria, que resguardava das «flechas» da peste os fiéis de todas as condições sociais, do Papa e Imperador aos mais humildes, abrigados sob o seu manto. Esta representação da Virgem, sob a denominação da Virgem do Manto Protector ou Virgem da Misericórdia, estava largamente difundida por toda a Europa, quando foi fundada a Misericórdia de Lisboa. 

As Misericórdias tinham funções específicas - hospitaleiro , recolha de passageiros carentes, com fome, frio e doentes em lhes prestar auxílio, dar agasalho e assistir na doença, os moribundos, dar a extrema unção no Hospital e quando morriam os sepultar .

As Misericórdias foram fundadas na maioria nas sedes concelhias. Tinham o compromisso de redigir cartas para os caminhantes seguirem viagem, freires, etc, por isso  chamadas Casa do Despacho . As  Misericórdias tinham vários cargos adstritos - Provedor, Escrivão , Juiz da Confraria, Juiz da Irmandade, Mordomo e Capelão. Cargos de serviçais; Hospitaleiro, o guardador das chaves da Ermida, Casa, Hospital e Albergaria no papel de acolher todos os que chegavam e precisavam de auxilio,  para continuar caminho.

O concelho de Ansião teve duas Misericórdias,  a primeira na vila de Ansião e outra muito mais tarde no Alvorge.

A Fundação da Misericórdia de Ansião 
Infelizmente reveste-se de condições e circunstâncias pela  falta de documentação que se admite perdida no incêndio de 1937 nos Paços do Concelho. E não seja verdade, porque as Misericórdias e suas Irmandades foram instituições civis independentes sem qualquer dependência da igreja , como é sabido,  nesse pressuposto não tiveram de fazer entrega do seu cartório aquando da separação da  Igreja e do Estado na implementação da República.Historiadores aventam a sua fundação a 1702, data da estela da segunda e actual capela, debalde, reflecte a sua finalização e da albergaria que lhe foi anexada.
No ano passado tive conhecimento de uma descoberta de  espolio em local improvável.Logo depreendi  tenha sido o seu depósito no final do século XIX aquando da extinção da Casa da Misericórdia  de Ansião na vila, onde foi fundada e  consequente venda do património - Casa do Despacho, Albergaria e Hospital.
Infelizmente  também o Hospital na vila, os historiadores  deram ênfase ao do Ribeiro da Vide, como o primeiro, quando  o foi em segundo lugar. Graças às  Memórias Paroquiais, ao meu conhecimento do chão de Ansião, e tantas memórias a correlacionar e a questionar para com talento identificar os seus palcos.

Atesta  a Misericórdia de Ansião na década de 1640 
Entre 1640 e 1750 surgiram mais 77 misericórdias, sobretudo nas Beiras para a de Ansião ter sido fundada. E outras na Estremadura e Alentejo.
Nas Memórias Paroquiais de 1721 o  juiz  avança a sua fundação há 50 anos, a extrapolar  1671.  Porém os registos de óbitos no seu hospital  em 1648, em  ditar  esse ano ou já existia  antes.
Também nada se saber sobre a sua Confraria e os seus estatutos na prestação assistencial a pobres e a enfermos no pequeno hospital e aos presos. E ainda a  sua fundação pelo povo.A evidenciar  um conjunto de pessoas- os seus Irmãos, os  seus fundadores com hierarquia - com escolha do líder o seu  Provedor, pelo cariz de afirmação e  imposição do seu Compromisso, na certeza o mesmo da Misericórdia de Lisboa.
As  suas Irmandades e  as Insígnias ? As fitas do Estandarte de Nossa  Senhora do Pranto, o novo orago do final do século XX e  talvez do orago anterior - Nossa Senhora da Graça e ainda do orago primitivo - Nossa Senhora da Conceição.
Para  melhor  entender a sua dinâmica vali-me de outras Misericórdias para melhor interpretar sistemas a que os Irmãos estavam obrigados «Irmãos a usar uma  insígnia e ao chamamento da sineta tinham de cumprir as obras da Misericórdia.»
A Bandeira, o símbolo da Irmandade, solenemente presente na procissão e ao Compromisso de quem a erguerá «diante irá a Bandeira da Misericórdia a qual levará um Irmão Nobre», e nos funerais «a Bandeira da Irmandade (será) levada por um Irmão Nobre.»

Habilitar o Hospital na vila de Ansião
Registo de mortes de pobres e inocentes no Hospital da Misericórdia na vila
1648  faleceu um pobre neste hospital, enterrado no adro credencia a Misericórdia de Ansião

1649  a morte de um pobre no hospital e enterrado no adro da igreja


Habilitar a Fundação da Misericórdia
Registo de 30 de agosto do batizado de Anastácio enjeitado deixado na capelinha de Nossa Senhora da Conceição na vila de Ansião , padrinho João de Barros 

Habilitar a Casa da Roda de Ansião
Registo aos 30 de outubro de 1824 do óbito de Maria Antónia de Almeida, inocente e exposta na roda desta vila de Ansião.
Estandarte de Nossa Senhora do Pranto
O que ainda existe por certo foi encomendado por altura da Imagem de Nossa Senhora do Pranto, em finais do séc. XIX, velhinho a necessitar de resguardo em acrílico para não se perder (?).
Partilho três relíquias de valor patrimonial e histórico da Misericórdia de Ansião.
A merecer atenção especial o acervo da Misericórdia e Ansião com sugestão encontrar Mecenas para patrocinar o restauro da Bandeira no Politécnico de Tomar,  e convento cujas freiras dominem a arte de passamaria para dignificar o estandarte ou então o guardar entre acrílico para no presente e vindouros o poder apreciar, antes que se perca.
Relíquias raras em Ansião deviam fazer parte de uma ala Museológica do futuro e demorado Museu que tarda em acontecer em Ansião!
A sede do concelho, Ansião, deve lutar para ter o seu próprio Museu, com didácticos espaços Museológicos, ala de fotografia antiga, arte sacra entre outros.
 Missal romano exposto na capela do Lar da Misericórdia
Um pequeno quadro com uma bela Imagem, assaz interessante.
Retrata Santa Ana?.Desconheço a sua proveniência.Possivelmente foi doação de algum utente.
De longe, mas perto com a Misericórdia de Ansião no coração, emano o meu louvor à Provedoria, colaboradores e à minha querida irmã pelo espírito imbuído de sacrifício acrescido nesta altura especialíssima, em cuidar em dobro da nossa querida mãe.
Em espírito e franca harmonia todos prestam um serviço de excelso cunho e qualidade a todos os parâmetros, afinal Compromisso, assumido desde a centúria de 600 na Casa da Misericórdia de Ansião - o mais antigo a prevalecer no concelho na sapiência de ser - CUIDADOR .
O sucesso das directrizes instauradas se mantenha em desejo de toda a família residente e de todos os ansianenses . Para em final de etapa pandémica,  a Misericórdia de Ansião, venha a receber o mérito por quem de direito, a começar por quem rege as Misericórdias, a que outros se devem seguir, pelo cabal exemplo terem dito não, a clichés, em prol da aposta de implantar novas regras com resulto positivo até ao momento e desse modo inevitável a comparar a congéneres, onde a aparente falta da mesma visão e nítida eficácia  imposta ao estilo militar, em momento certo e sendo por mulheres, é de louvar!

O meu contributo de autodidata, a dar cartas, sem modéstia mas com ela entranhada para reconhecer graças à  minha tamanha persistência mais  aclarei  da penumbra que sempre pairou ao passado da  Misericórdia de Ansião!
Cuja temática  se mostra extensa a dividir noutras , esta crónica deu enfoque à Iconografia, na calha -  Hospital, Capela, Casa do Despacho e Confraria da Misericórdia 
Afinal o que se sabia?Nada!

FONTES 
Memorias Paroquiais
Registos paroquiais -  um de Henrique Dias, outro de Ana Ferreira e dois meus

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Ansião, ao Ribeirinho de fugida em dia de Natal de 2019

Desconheço a origem do topónimo, lapas induz a buracos, tipo grutas? Por aqui o calcário apresenta-se assim em blocos tipo folhas sobrepostas, terão um nome cientifico, volto a encontrar este tipo no Pinheiro, onde de facto existem grutas.
Rapidinha na teimosia voltar a percorrer a rua das Lapas no Ribeirinho, Ameixieira

 Por aqui encontram-se exemplares de oliveiras seculares
Vista para norte para a Ameixieira
 Vista para nascente
Figueiras da Índia
 Ruína em pedra a perder-se...
Abertura horizontal acima do lintel 
Qual a serventia? Segurança da parede acima do lintel  da porta, mas aberta? Servia para ventilação?
O tradicional V invertido acima do lintel, de facto herança na arquitectura deixada pelos romanos, para segurança da parede
Da penúltima vez que aqui estive, ainda estava a casa de pé, o ano passado com as intempéries encontrei-a assim... 
 Casa tradicional com balcão para o sobrado
 Piais de sustentação de barrotes 

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