sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Pinhal Novo fundada por caramelos beirões do litoral centro

Migrantes sazonais vindos da região da Gândara, Mira, Tocha , Pombal, quiçá também de Ansião à procura de trabalho em terras que  hoje compreendem o Pinhal Novo, Rio Frio, Barroca d'Alba, Quinta do Pereiro, Monte da Caparica Marinha, Sesmaria de Ussa, Lagoa da Palha e terras limites; herdade com 18.000 hetares entre sapal, terra adentro nas margens de aluvião do Tejo com  pântanos, paúles e Charneca, de vegetação mediterrânica crespa e de folhas perenes, montado de carrasco, tojos, esteva, sobreiro, outrora coutada de Reis e nobres. Em 1562, era chão da Coroa  com produção de  lenha para abastecer Lisboa, então o único combustível e carvão, produzido em vários fornos. Os solos eram pobres, em corredor romano e depois da estrada real de Coina a Évora, para Espanha e para norte, Santarém e Coimbra. 

Já conhecia a região, mas foi com o filme  A Herdade que me apaixonei
A despertar  mais querer saber do que foi  a sua história,  levada pelos apelidos de proprietários no passado - Coutinho e Veiga, comuns ao passado de Ansião, de parco estudo. A que se junta o Santuário de NSAtalaia  ao análogo milagre da Fonte Santa, com o da Constantina,  talvez por influência (?).

Um pouco de historia desta região
Barroca d'Alba foi cabeça de Morgado da Casa de Bragança 

(...) O terramoto de 1755 deixou arruinado Rodrigo Caetano Ximenes Pereira Coutinho Barriga e Veiga e para tentar salvar as terras, as aluga a José Gomes de Abreu da Rua Augusta , Lisboa. Tinha de abrir valas, secar paúles, fertilizar e pagar anualmente  14.000 cruzados a livrar, dentro  do prazo determinado, os bens das penhoras que sobre eles pesavam(...) Não devia ter dinheiro para rotear a Barroca D'Alba, a terra era de sesmaria, sujeita a condições de cultura. Para em 14 de julho de 1767 é lavrada a escritura com Jácome Ratton  do emprazamento  das terras (...)Jacome Ratton  nas suas recordações em 1767,  refere os indícios arqueológicos na Barroca d'Alva  (...) só havia  huma pequena  ermida,  que  ainda existe (Sto António), a qual por ser abobeda se conservou, e nella se recolhia Rodrigues Ximeno quando passava para o Alemtejo, ou Hespanha; por quanto huma antiga  casa,  pegada  com  a  ermida,  se  achava  tão  arruinada,  que  era inhabitavel. Quanto a moradores somente achei hum pobre cabreiro, que se acoitava nas ruínas da dita casa. Hum poço entulhado, e restos dum tanque junto a este davão indícios de ter havido ali huma pequena horta. Na  abertura  dos  alicerces  dos  edifícios,  que  depois  construí,  apareceraõ fragmentos de potes, que tinhaõ servido à fundição de vidro, e fragmentos de  vasos  do  próprio  vidro;  o  que  me persuadio,  que  em  muito  remota antiguidade,  houvera  alia  alguma  fabrica  deste  género,  assim como também  outra  olaria,  junto  ao  sitio  da  Fonte  da  Rapoza,  pelos  muitos fragmentos de louca não vidrada, quando por minha ordem se plantou de vinha.

(...) Entre 1984 e 1990 com apoio das Câmaras de Almada; Alcochete e do Seixal o Centro de Arqueologia de Almada, desenvolveu campanhas arqueológicas (...)O  “Porto  de  Cacos”  foi descoberto  em  1984  por  um trabalhador  rural,  que  permitiu  a  identificação  do  Conjunto  de  fornos romanos da Herdade de Rio Frio (...)No inicio dos trabalhos agrícolas com acomodagem para os criados, palheiros, abegoaria, e cómodos para gados, a comprar segundo a quantidade as espécies  que seriam necessárias e como a todos os utensílios para a lavoura como carros e charruas. O Mestre de abrir as valla é Manoel Gomes, o ruivo(…)  como mui  eminente  na factura de vallas, vallados, guardamatos, e sarjetas dos paues, tanto para preservar  as  ágoas  de  fora,  como  para  dar  sahida às  de  dentro;  no  que empregeui  cousa  de  duzentos  valladores,  que  me  vieraõ  dos  campos de Coimbra,  e  de  Leiria (…)E  com  efeito  romperaõ  os  ditos  paules,  e  se semeou logo, naquelle Outono de 1767, e primavera seguinte, a parte deste que  foi  possível.  Com  tudo  o  dito  mestre  de vallas,  naõ  sendo  melhor prático  do  que  eu,  fez  erros  que  depois  a  minha  própria experiência  mensinou a emendar (...) Ao mesmo tempo que se trabalhava nas obras da vallas com a actividade expressada, se hiaõ construindo as acomadaçoens, e alojamentos para 24 famílias  de criados;  no  que  se  ocupava  um  nume  proporcionado  de pedreiros,  carpinteiros,  de  modo  que desde  Maio  até  o  São  Miguel,  se aprontaraõ os alojamentos dos criados, abegoaria, celleiros, palheiros e até se repararaõ as casas para minha habitaçaõ, e de minha família, quando ali íamos passar algum tempo(...)Porém huma grande alluviaõ, que houve no memorável dia 17 de Abril de 1770, bem conhecida pelo nome da cheia das cobras, em rasaõ das muitas,que arrojou ao mar, assim como também palheiros e gados que existiaõ na margem do Tejo, inundou aquelles meus situios, de modo que rompeo os fortes  vallados,  e  inutilizou  todas  as  minhas  despezas,  tanto  na abertura dos paues como o dito moinho. Em 1781 muda o moinho.Abandonou a cultura de trigo no Paul do Torrão pelo prejuízo da cheia. A marina produzia sal de fraca qualidade. Em dois anos salda a divida de mais de 200 mil réis

Concluir destas deslocações sazonais?

(...) Deram lugar à fixação e colonização na região de destino, impulsionada pelo sistema de foros vigente. A atual freguesia de Pinhal Novo foi uma das zonas onde esta fixação se revelou mais profícua, dado que o Palácio da Herdade de Rio Frio e todo o núcleo habitacional construído para alojar os trabalhadores contratados, que  se situa nesta região, a poucos quilómetros do centro da vila.

Mais, sabe-se a origem do seu topónimo- Pinhal Novo

(...)Os terrenos de charneca de matos José Maria dos Santos mandou vir durante mais de 20 anos do Pinhal do Rei penisco para semear que resultou no maior pinhal na região de Lisboa. Com muitas despezas em guardas para o preservar de fogos acidentais, ou postos de propósito, dos quais já tem padecido.

O Pinhal Novo desenvolveu-se pelo eixo do caminho de ferro a partir de 1856. Sendo favorável à fixação das populações. 

(...) Em 1769 manda plantar, nos terrenos de Barroca d’Alva, amoreiras brancas de Piemonte (Itália) para fornecimento da Real Fabrica da Seda e cria ainda uma horta e um pomar junto à herdade (...) Em 1808, por ser francês foge para Paris por causa das invasões francesas deixando o filho Diogo à frente dos negócios (...)Após a Republica a colonização feita  pelo proprietário com “400 casais  ocupando  2.000  hectares  divididos  em courelas de 4 a 6 hectares. Os colonos foram implantados por contratos de arrendamento que procedem da Beira. Pagam a renda de 1$000 réis  por  hectare, era  a  medida  indicada  para manter a sustentabilidade do projecto porque ―se  os  campos  fossem  maiores,  com  9  ou  10 hectares,  teria  sempre  que  fazer nele trabalho,  deixando  de  ter  possibilidade  de fazer  trabalho  de  jornaleiro  para  proprietário.  E  é  esta  combinação  entre  a grande  propriedade,  com  necessidades  de mão-de-obra  em  certas épocas,  e  a  pequena propriedade  onde  se  assegura  a  subsistência básica,  que,  segundo  Oliveira Martins,  se encontra  o  segredo  desta  colonização,  que para  além  do  exemplo  de  Rio  Frio, defende para todo o Alentejo. Eram  Caramelos  beirões  semi-nómadas:  vivem  hoje  numa  casa telhada, têm  a  arca  fornecida  de  grão,  no  chiqueiro  um  porco,  junto  à  casa  uma horta  e contíguo  um  campo  de  semeadura  com   pés  de vinha”.

(...) Gente do Concelho de Leiria aos subúrbios de Aveiro, atingindo particularmente Mira, Quiaios, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Figueira da Foz, Soure, Pombal e norte de Leiria. Fortuna, um historiador local, conclui que as freguesias de maior número de migrantes foram Tocha e Cadima, do município de Cantanhede, depois Arazede de Montemor-o-Velho; e várias freguesias do concelho de Mira .

(...) As populações de Rio Frio e de Poceirão identificam-se com a denominada cultura caramela.

Descodificar a origem do termo "caramelo"?

Excerto de http://ebzecaafonso.blogspot.pt/2011/02/historia-do-pinhal-novo-biografia-de.html
(...) O termo "caramelo" está relacionado com "caramuleiro" oriundo do Caramulo. Mas, ao certo ainda não sabemos realmente quem foram os primeiros habitantes destes sítios, nem de onde vieram ou quando. Muitas histórias se contam. Diz-se que a Sesmaria da Lagoa da Palha seria pertença de um Administrador Espanhol do tempo da ocupação Espanhola. Esta Sesmaria e a da Venda do Alcaide seriam habitadas por uns raros protegidos dos seus titulares. Trabalhavam na agricultura e seriam filhos de famílias desconhecidas, oriundos de terras longínquas.
Sabemos que por aqui também passavam os Espanhóis, dirigidos à Moita do Ribatejo com as suas mercadorias destinadas a Lisboa, utilizando para o efeito uma estrada desde Badajoz, a qual ainda hoje é conhecida por "a estrada dos Espanhóis", que passava por Águas de Moura, Pinheiro de Sete Cabeças, Areias Gordas, Palhota, Venda do Alcaide e Pinhal Novo (actualmente Rua Infante D. Henrique onde se situa a sede do Agrupamento de Escolas), onde se encontram as casas mais antigas da Vila.
O caramelo, gente de princípios religiosos, foi-se fixando e crescendo, arroteando e cultivando os terrenos. Os seus contactos com os povos já existentes nos arredores, mais propriamente nos lugares da Carregueira e Lagoa da Palha levam-nos à necessidade de criar um Centro Sócio-Religioso.
As primeiras manifestações organizadas por estas gentes acontecem por volta do ano de 1833, com o aparecimento do Círio da Carregueira, mas a grande força de imigração deu-se a partir de 1850.
Os Caramelos, originários de uma zona profundamente religiosa, trouxeram vários hábitos e costumes, mas quando chegados a esta região rapidamente os abandonaram.
Viviam num mundo à parte. Os rituais do casamento chegavam a prolongar-se por três dias. Ao princípio casavam entre si, mas depois os cruzamentos foram inevitáveis.
A matança do porco é também motivo de festança, com jantarada, música e baile, em que confraternizavam os vizinhos.
Os funerais também tinham o seu ritual próprio e até foram criadas Irmandades com corpos gerentes, associações que faziam os funerais. São conhecidas duas Irmandades: a Irmandade de S. José na Venda do Alcaide com capas brancas e a do Senhor dos Passos com capas rochas. Ambas foram extintas em 1970. A linguagem do Caramelo é bastante característica. O homem Caramelo é seco, rude, trabalhador. A mulher é anafada, de rosto corado, pele tisnada pelo sol e trabalhadora. É desconfiado, mas correcto nas suas obrigações para com credores e benfeitores. Tem uma natural propensão para o negócio e, por natureza também é divertido, gostando de festas e Romarias. Diz-se acerca dos Caramelos: "... gente religiosa e respeitadora, cumpridora dos seus deveres ".

No meu opinar constata-se que o relato retrata gente chegada por volta de 1833. Quando o termo "caramelo" é menção por  Fortuna, um historiador local, num documento  de 1613,  relativo ao batismo de S. Lourenço, filho de Gonçalo Fernandes, caramelo do Duque de Aveiro. 
(...) Fortuna (1997) começa por afirmar que o substantivo designa a deslocação dos ranchos do norte que anualmente transpunham o Tejo a fim de mourejarem em campanhas sazonais de trabalhos agrícolas: com esse êxodo rural de de dúzias – mesmo centos – de famílias, os caramelos personificam capítulo tão capital da história da agricultura e ruralidade de Palmela (1997: 59). Todavia, considera que a marca mais profunda desta gente não foi o ir trabalhar para fora, mas a fixação nas terras de acolhimento. Desenhou o cenário das suas principais ocupações agrícolas, dividindo-os segundo as seguintes categorias: Caramelo da Uva – habitava entre estação ferroviária de Palmela ao Poceirão, de Agualva a Pegões, Asseiceira e Forninho, Cajados, Carregueira, Rio Frio; e Caramelo da Hortaliça – a mancha hortícola fixava-se em zonas onde a água era abundante e a pouca profundidade, o que no concelho de Palmela corresponde a uma linha que vai de Pinhal Novo à Barracheia, com o epicentro nos Olhos de Água.
Quanto ao significado, considerou que poderia ser sinónimo de rijo e duro, de acordo com a capacidade que estes trabalhadores tinham em se adaptar às difíceis condições de trabalho.

 De outra perspectiva, Maltez considera que o ”caramelo”, açúcar em ponto e solidificado, também significa “doçura” e, consoante as fases de confecção, “brandura”, maleabilidade”, facilidade de se adaptar às situações
(...) As gentes gandaresas de rosto e corpo tisnado pelo sol, “cavando a leiva”, ritmadamente com os pesados alviõs, por certo “derretiam” as fracas reservas que as migas com o toicinho frito lá iam fornecendo. Cabrita assinalou também uma primeira referência ao termo, em 1609, com as “charamelas” – tocadores de instrumento. É-nos possível sugerir que esta denominação coletiva se formou através da conjugação dos fatores origem, destino e ocupação. Os migrantes originários das zonas delimitadas por Fortuna que se deslocaram para as terras que atualmente compõem a freguesia de Pinhal Novo (...)Fortuna, no seguimento da pesquisa de fontes históricas encontrou vários registos de róis de confessados e outros documentos que indicam a presença desta designação (caramelo) em grande número. Com recurso ao registo de batismos, que denomina por registos dos caramelitos, por um período de quase cem anos: 1850 a 1945, verificou que as primeiras e maiores zonas de destino foram Azeitão, Moita e Palmela.

O apelativo surgiu com uma forte conotação pejorativa
(...) Com o objetivo de identificar o outro, o que veio de fora para aqui se sujeitar a precárias condições de vidaEram gente habituada ao trabalho do campo,  que provinha da Beira Litoral, entre Mira e Pombal e procurava melhores e maiores proventos. Chamados para desempenhar tarefas sazonais, na sua maioria, eram apelidados de caramelos de ir e vir. Os que se fixavam por ali eram conhecidos pelos caramelos de estar. Aos poucos, foram transformando as terras incultas obtendo culturas de sequeiro e de regadio, abrindo poços, regando, cavando. Dentre os utensílios de designação característica desta comunidade, salientem-se: a copa (alcofa de comer), a torta (enxada), a tampana (cesto de vime para carregar o arroz) .Particularmente interessante é o apontamento de traje regional, à época, que segue os modelos pesquisados para os ranchos folclóricos e que se baseia no vestuário quotidiano e de festa do caramelo (...)o retrato do mundo agrícola.

Mais dissecar
A depreender que o apodo ou alcunha "caramelo" ao fácil associar dos típicos caramelos espanhóis que passámos a conhecer depois do 25 de abril, nas idas a Badajoz, e dos caramelos que se agarravam aos dentes, em analogia ao nome a gente rija e doce, quando sempre o foi rija, mas rude... Porém,  se julgue a alcunha advenha da cor, por serem mulatos, que ninguém se lembrou. A região de onde provinham - o centro do País, foi depois da Reconquista cristã fortemente habitada por mouros, após a reconquista cristã e na região se foram cruzando, a perpetuar o topónimo - Serra do Mouro . Por aqui viveram escondidos até se cruzarem e ganharem a vida a trabalhar para os Senhores, donatários das terras, com escravos negros trazidos de África e do Brasil, em cruzamento sucessivo com brancos, deram boa natalidade ao se aclarar a tez em pele sedosa, caramela, bonita e macia, na minha opinião .  Obreiros a desbravar moiteiras e costados em leirões, arroteio como  secagem  para cultivo das terras, sendo claro, sendo senhores, faziam das mulheres o que queriam, na contribuição da natalidade mestiça a progredir em  sucessivas gerações que se iam aclarando. Ainda prevalecem características; cabelos carapinha como seus resquícios, em fotos quando eram novos, de cabelos com as linhas de ondas bem definidas, pele seda, sem rugas, olhos escuros, tez morena, lábios grossos e outros nariz achatado. Há registos na região de Ansião onde entravam terras do Duque de Aveiro e, de escravos forros a morar em casa de capitães mor e de um topónimo algures ao Pontão - Vale Escravo. 
Cerca de 1500. D. Jorge de Lencastre, mandou edificar a ermida a NSAtalaia, o seu filho foi o Duque de Aveiro. Se possa concluir que as terras naquela altura estavam na posse da família, tendo entre outras, a Casa de Pereira, em Montemor o Velho e, na região de Ansião o Morgadio da Sarzedela, seguindo para nascente, Lagarteira, Caneve, Penela, e daqui para sul, Avelar, Aguda, Chão de Couce até o  sul da Mouta Redonda, onde teve moinhos de água, seguinte para poente, Pereiro, Pousafoles o Velho( hoje Pousaflores) para se distinguir de Pousafoles o Novo, que ainda existe  no Espinhal),  Martim Vaqueiro e quinta de Sarzedas, à  extrema com a herdade de Ansião no Suímo( Cavadas).Em Ansião houve um paúl de terras alagadiças , chamado Paul de Ansião. Se avente  foi ao limite a sul no vale do Buyo, aos Olhos d' Agua, onde ganhou o topónimo Porto Largo e, se estendia para o Fundo da Rua, onde hoje existe um prédio com bombas sempre a bombear água.  E claro, terras onde já se praticavam trabalhos árduos a enxugar e secar para a criação de  gado bovino. Portanto, pelo menos já na centúria de 600 quem trouxe serviçais alcunhados caramelos - mestiços de tez caramela, vindos das suas propriedades do centro, a trabalhos a que já estavam habituados. Admita-se, alguns vieram a se fixar e constituíram família, se deixando ficar remediados a viver em casebres nos séculos seguintes,sendo  rejuvenescidos por outros conterrâneos na aventura de melhores condições de vida . As terras precisavam de muita mão de obra no arroteio para amanho e, na atividade moageira , nos moinhos de água, ou de maré, arte em Ansião documentada numa contenda na Torre do Tombo em 1359. A seguimento, o chamariz a outros, para virem fazer safras sazonais ou temporadas maiores, cuja decisão pendia de voltar à terra ou ficar, se encontrava encosto para se juntar, formando família, sem casamento, não batizavam os filhos, tão pouco a prática da religião , dizem , arreigados pelos maus caminhos e as igrejas serem longe. Embora pareça plausível, se admita era gente revoltada e rude com a religião, pelos seus antepassados terem sido obrigados a professar a fé cristã em prol da judaica, ainda viva na sua recordação, apenas iam a romarias pela festa, pelo encontro; homens e mulheres, pela folia, pela pinga, pelas broinhas, cavacas  e, da bulha com os paus, mas, também pelas oportunidades que se podiam estabelecer, como mostrar filhas para arranjar bom partido, vender ou comprar bens e ouro ou prata a ourives. Agora dizer que era gente de fé, me pareça difícil acreditar, antes gente de profanar a religião em prol a ganho de alguma coisa, o sofisma do povo judeus expulso de Espanha depois de 1492 e se fixou na região centro, dando azo a milagres e a retirar proveito, jamais explorado. Uma coisa é certa o povo era letrado quando chega a Portugal perdendo essa faculdade,nos séculos, ma,s não o instinto judeu.
(...) Boa parte das tradições e festividades que trouxeram dos seus locais de origem já desapareceram. Subsiste o gosto pelo jogo do pau e a participação nos círios da Atalaia,  no final de Agosto. Segundo Cachado (1988, 221), existem  ainda três Círios na zona caramela: o círio da Carregueira (1833), o círio dos Olhos de Água (1856), o círio Novo (1943).  O  círio da Carregueira refere-se a uma promessa no período da cólera-morbus. Consta de uma caminhada (atualmente em carros e camionetas) em direção ao santuário, com estandarte e bandeiras. Uma delas é a bandeira do círio, com a imagem da Senhora pintada, e que está à guarda de um juiz, o cabeça da comissão festeira, responsável pelo património do círio (Marques,1996, 70). Além das bandeiras e das fogaças (bolos tradicionais com função de voto), que são arrematadas, há ainda as medalhas, de fatura artesanal, em  papelão, papel metalizado, missangas e tecido, que funcionam como insígnias, distintivos, com uma carga simbólica muito particular. A constatação da importância de preservar os traços de uma primitiva colonização da zona tem vindo a incentivar a realização de recolhas e de mostras que divulgam e cuidam da gestão desta memória coletiva. Outros decidiam regressar à terra, dando azo ao dito popular - caramelos de ficar e caramelos de ir.
(...) em 1776, a informação relativa ao lançamento das sisas de um vinha de António Jorge Caramelo, na Moita. Em 1779, a única referência em documentos oficiais de Palmela ao nome Caramelo: Miranda, Caramelo de Rio Frio. Também em 1791, o desembargador Joaquim Pedro Gomes de Oliveira, natural de Azeitão, numa análise apresentada à Academia das Ciências, observou: “...o que mostra ser muito antigo o uso que ainda atualmente existe, de vir todos os anos estabelecer-se ali muitos homens da província da Beira que, acabados os trabalhos das vinhas, voltam os mais deles para a sua pátria.”. As informações apresentadas pelo autor revelam uma migração do povo da beira litoral para o sul com origens antigas, sendo que, depois de Azeitão, foi o concelho da Moita o segundo local de destino, e posteriormente o concelho de Palmela, mais propriamente a atual freguesia de Rio Frio. Os migrantes só passavam a ser caramelos no momento em que chegavam a esta região. Nos seus relatos dizem desconhecer completamente o que terá originado tal nome, e o mesmo sucede com os habitantes locais.
Todavia, considera que a marca mais profunda desta gente não foi o ir trabalhar para fora, mas a fixação nas terras de acolhimento. 

A  herança na gastronomia da sopa caramela
(...) Ainda hoje muito conhecida e difundida, à base de feijão, batata e couve, continha os ingredientes-base da alimentação destes rurais, a que se juntava o pão de milho e, em dias de festa, a carne de porco. A vivência em quartéis (nome dos barracões das herdades junto das áreas de cultivo, alimentação, constituída por sopas com massas e feijão, arroz, farinha de milho e de trigo e chicharro (sopas caramela), aos modos de trabalho agrícola essencialmente nos arrozais e vinhas.

A Herdade de Rio Frio, em 1892
(...) Tinha 17 mil hectares, entre arrozais, sobro e o veterinário José Maria dos Santos, filho de ferrador, em 1890 plantou vinha, com 6 milhões de cepas,  num total de dez milhões, exploração vinícola sem rival no mundo. Nas gerações seguintes, a herdade continuava a ser uma das maiores do pais e foi deixada em herança ao sobrinho  Alfredo Santos Jorge.

(...)O  nome  Lupi  está  intimamente  ligado  ao  mundo tauromáquico  da  Península  Ibérica.  Isso  se  deve  em maior parte ao nome José Samuel Lupi, clássico cavaleirtauromáquico português, a quem, a a par de outros como os Doméc, se deve  uma grande divulgação do  "rejoneo"em Espanha.

1982 Falecimento de Maria Amélia Pereira Lupi. Partilhada Herdade de
Rio Frio. José Lupi fica com a Barroca D’alva e transfere a sua coudelaria
para Espanha
1988 Alienação da Herdade Agrícola de Rio Frio ao industrial Francisco
Garcia

(...) Terão os novos senhores de Rio Frio o génio e a sabedoria dum José Maria dos Santos, ou a habilidade e equilíbrio de gestão de Santos Jorge e José Lupi  para  utilizar  essa  memória  como  ferramenta  de  futuro?  Este  é  desafio do presente! 

Em verdade, mal aqui cheguei fiquei até hoje com a sensação que já aqui tinha estado...telepatia!

                                  

Na abertura dos alicerces dos edifícios, que depois construí, apareceraõ
fragmentos de potes, que tinhaõ servido à fundição de vidro, e fragmentos
de vasos do próprio vidro; o que me persuadio, que em muito remota
antiguidade, houvera alia alguma fabrica deste género, assim como





A  entrada para a Herdade de Rio Rio, apresenta-se cingida em cotovelo, quando por ali se apresenta chão plano, pese a ribeira ou será o Rio Frio que lhe atesta a toponímia, acresce a sinalética desatualizada, já não existe adega e esqueletos de outdoors...e por todo o lado canavial em despautério.
Pese o letreiro - Propriedade Privada
Continuámos...A estrada divide duas facções, da divisão da herdade com o falecimento de Maria Amélia Pereira Lupi. Partilhada a herdade de rio frio José Lupi fica com a Barroca d'Alva e transfere a sua coudelaria para Espanha.
Em 1988 alienação da herdade agrícola de Rio Frio ao industrial Francisco Garcia, supostamente hoje na posse da Banca, afilada na  esquerda.
Na direita mantém-se  privada,  de Maria de Lourdes Pereira Lupi d'Orey, atual proprietária do Palácio de Rio Frio. 
A cegonha não se deixou fotografar na boca da chaminé...

            

Esqueletos do engenho do arroz e das adegas 

  
O sino que ao toque dava o sinal do pessoal entrar ao trabalho
Palácio em Turismo de Habitação
Alfredo Santos Silva quem mandou construir o Palácio de Rio Frio em 1918. Não se sabe quem foi o arquitecto, mas há muito traço de Raul Lino. A documentação desapareceu num incêndio, os azulejos que decoram o exterior e o interior  foram encomendados a Jorge Colaço. Quem pintou em 1930 os painéis azulejares da Estação da CP de Vila Franca de Xira.
Vista para sul
A piscina
Vista do terreiro da capela de NSConceição

A graça da moldura em barro dos frades a segurara a Cruz  

O orago da herdade é a NSConceição que tem um grande obelisco na Barroca d'Alva e se revê no filme A Herdade
Distingui o interior através da grade das janelas
Os painéis azulejares reportam para a Fábrica Viúva Lamego, pela semelhança na capela do Bairro do Pombal em Almada dos anos 50 do séc. XX
O altar mor com uma pintura, não sei se tela de NSenhora rodeada por anjinhos
Não fotografei os Bairros dos colonos residentes, junto à capela, o Bairro Novo e no alto para norte distingui as casas adoçadas e suas chaminés,com infra estruturas sociais de apoio à população residente. Tem sido palco de rodagem de telenovelas como Terra Brava.

Fontes
Wikipédia 
https://vdocuments.site/rmemoria-da-herdade-de-rio-frio.html
António Matos Fortuna (1930 – 2008) foi um historiador local que publicou diversas obras sobre a história da região. O tema dos Caramelos foi largamente abordado em algumas das suas publicações e comunicações, em encontros locais. Com recurso às suas próprias memórias, difundiu uma imagem poética das gentes que o acompanharam na infância. No âmbito deste trabalho, apresenta-se como um dos protagonistas centrais no processo de fabricação desta identidade colectiva. Macacos me mordam se sou capaz de perceber a indiferença, o desprezo ou a ignorância, talvez tudo junto, que envolve, por parte dos estudiosos (mestres, alunos ou curiosos) da antropologia cultural portuguesa, esse filão riquíssimo da sua especialidade no ramo das ciências humanísticas, que é o dos caramelos. [Fortuna11:1997:43] 
Pois, caro Fortuna, façamos-lhe a vontade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Santuário Mariano de Nossa Senhora da Atalaia no Montijo

Atalaia, no Montijo, em  itinerário de  Ansião para Almada e vice versa, antes da auto-estrada. A recordar o fulminar olhar do Cruzeiro, pela semelhança ao de Maças de D. Maria, Alvaiázere; implantado em farto terreiro, de quando em vez contorcida para enxergar escadaria  e o Santuário, escondido pelo casario afilado no corredor da estrada em garganta de paredes altas com aplicação em pedra.

Há anos, numa feira de velharias comprei a Imagem de Nossa Senhora da Atalaia, sem o saber. Curiosamente,  ao falar com a senhora da loja souvenirs no Santuário, soube que as Imagens à venda  são o mesmo molde, em porcelana,  há 30 anos...na módica quantia de 30 €, com botão de rosa na  mão. Reconheci que a compra  na feira, a julgar seria a Senhora de Tróia, acresce a ilusão à sua antiguidade, e alto preço, carregada de gordura...a   limpá-la, a tinta desmaiou, e sem a rosa,o botão seco é da minha autoria.

Origem do  topónimo Atalaia?
DGPC (...) O monte, explorado desde a pré história pelo achado de um machado. A ligação de Lisboa a Mérida era feita por duas vias: primeira atravessando o Tejo para Coina (Aqua Bonna),Setúbal,  Agualva,  Marateca  Alcácer  do  Sal  e  Évora, onde  seguia  em  direcção  ao  Guadiana,  até  Mérida,com o total de 212 mil passos. É esta via que atravessa o território de Rio Frio e nos interessa. A  segunda via, seguia  por terra o  curso  do  Tejo  para  norte,  passando  por Santarém,  Abrantes,  Alpalhão,  Aramenha,  Assumar  Arronches,  onde  seguia  para  Mérida,  com  uma extensão de 220 mil passos.  
Segundo o historiador Rui de Azevedo, em 1249 já haveria uma referência à “carreira da Atalaia” ou caminho de carros, pelo que, por esta altura, a Atalaia seria apenas um lugar de passagem para o Alentejo.
Verossímil, o historiador ao se referir em 1249,  a passagem para o Alentejo, o seria igualmente para norte, pelo trajeto acima retratado. Onde em 1669  passou a comitiva do príncipe Cosme de Médicis, vinda de Badajoz, brindada por Pier Maria Baldi com a aguarela da Aldeia Galega, hoje Montijo. Acresce ainda o seu uso continuado pela barreira da travessia do Tejo, a necessidade de o contornar. 
Corredor romano atestado pela Fonte de mergulho, incisa ao Milagre das águas, Porto dos Cacos, os fornos de cerâmica de anfôras e outro vasilhame e de vidro, na herdade de Rio Fio no testemunho de Jácome Ratton na centúria de 700, atestam inegavelmente  a vivência romana neste palco.
Em época medieval, teria sido chamado Monte da Atalaia, o topónimo, deriva do árabe at-talai'a, plural de talaiâ, lugar alto para vigilância, sentinela, por emergir da planura em seu redor com panorâmica abrangente, diria de 360º em enxergar quem se aproximava vindo de norte e de sul. 
Como surge o culto a Nossa Senhora da Atalaia?

Dissecar excertos da DGPC (...) 1409, documentada a devoção a Nossa Senhora da Atalaia desde esta data - 1470 - referência  a "ermida de Stª Mª da Atalaya" - 1500, cerca dessa altura os terrenos coutados são destinados à capela por D. Jorge de Lencastre, filho de D. João II, para património da capela e logradouro dos romeiros - 1507 - na sequência da epidemia que assola Lisboa, os oficiais da Alfândega de Lisboa organizam romagem à NSAtalaia em  Aldeia Galega; data do Compromisso do Círio da Alfândega de Lisboa. 

Credível em tempo romano neste monte houve um podium, cuja ruína, tenha  sido mote para a ermida de culto cristão a NSAtalaia, antes de 1407 .Como aconteceu noutras terras em contexto de ruína romana ou visigótica no mesmo palco vir a nascer um culto cristão com reutilização de materiais.Pese a falta de claridade na noticia da devoção a NSAtalaia em 1407, sem se saber quando foi iniciada. E ainda a discrepância da noticia - em 1470 de uma ermida a NSAtalaya  e por volta de 1500,  o monte da Atalaia em terrenos coutados são destinados à capela por D. Jorge de Lencastre, filho de D. João II, para património da capela e logradouro dos romeiros. Ora, D. Jorge de Lencastre nasceu em  1481, para supor a capela foi instituída pelo seu avô ou pai, e D,Jorge quem lhe vai  acrescenta a coutadinha do monte. Em 1780 por alvará de D Maria I a coutadinha de NSAtalaia media 3613m,50, balisado por seis marcos de cantaria com o nome gravado - Atalaya".

(...) em 1507, na sequência da epidemia que assola Lisboa, os oficiais da Alfândega de Lisboa organizam romagem à NSAtalaia em  Aldeia Galega; data do Compromisso do Círio da Alfândega de Lisboa. 
Lisboa, de quando em vez vivia tempos de peste. Já a margem sul sem nota de pestes pelo numero de pessoas ser substancialmente menor, como de forasteiros de além mar . Em 1507, (FONSECA, 1944, p.6 ) aborda a terrível peste que assola a capital. Todo o crente acreditava na sua fé cristã para se salvar da peste. Até porque antes, quer Reis e nobres,  em tempos de peste já se refugiavam em palácios e solares na margem sul, pelos bons ares. A influenciar os oficiais da Alfandega de Lisboa, a romagem de barco até ao atual Montijo, e antes Aldeia Galega, trazendo em mãos um Círio, uma grande vela em cera seguindo  em procissão a caminho de Santa Maria da Atalaia, pedindo à Virgem para os livrar da peste.Em virtude do seu pedido ter sido atendido, vieram a instituir  uma Confraria, em 1551. O  Cruzeiro no terreiro atesta o ritual anual de peregrinação àquele Santuário,  quiçá se generalizou com outras terras das redondezas, se olhar à quantidade de Círios que aqui vinham em romagem. Com celebração no último domingo de agosto.
(...) em 1525,  segundo a Visitação dos freires da Ordem de Santiago, Aldeia Galega tem 145 vizinhos e descreve a capela, com as paredes de pedra e cal, tem a nave com onze varas de comprimento e cinco varas e quarta de largura e a capela-mor, com seis varas de comprido e cinco varas e meia de largura; o arco da porta principal é de pedraria; a nave tem dois altares, um com invocação de São Gregório, de alvenaria e tendo em cima um retábulo com imagem do orago e umas cortinas brancas com seu guarda-pó, e o outro com invocação de Santo André e de Santa Catarina, com outras cortinas brancas e um retábulo pequeno; o corpo da igreja é ladrilhado e coberto e forrado "dolivell muito bem olivellada" e tem uma roda de campainhas; no arco triunfal, de pedraria, tem um crucifixo de vulto e à entrada da capela-mor umas grades pintadas; na capela-mor tem um altar forrado a azulejos e detrás do altar um retábulo "pintado de Images Rico e muito boõ de gramdura do altar e no meio dele hua charola pymtada douro e dentro dela hua imagem de nossa senhora cõ ho menino Jhesuu no colo E mais no dito altar hua Imagem de sam Sebastião nova e muito devota E outra de sam cristovam com o menino Jhesuu em cima dele E outra imagem de samta luzia piquena e muito devota"; no altar há ainda dois espelhos grandes e uma "corrediça de pano de calecu pymtado"; em frente do dito altar há três degraus de pedra forrados de azulejos, por onde se sobe ao altar; a capela-mor é forrada "dolivell e ho olivell pymtado dazul e estrellas douro e no meio della estão tres alampadas"; dianteda porta principal está um alpendre cercado todo de pedraria e sobre esteios de pedra coberto de telha vã, tendo 13 varas de comprimento, três varas e terça de largura, e nele está uma "campãa cõ que tamjem a deus"; à direita da capela-mor existe sacristia de pedra e cal, sobradada e coberta de telha vã, com quatro varas de comprimento e duas varas e duas terças de largura, com duas arcas para guardar os ornamentos; em frente do dito alpendre e igreja estão 59 pinheiros grandes e muito bons onde se agasalha a gente que vem à romaria; em redor da ermida existem seis casas suas, quatro do lado N. que servem de hospedaria e uma delas tem uma chaminé e forno de duas em que vive o ermitão e uma delas tem uma chaminé e as paredes são de pedra e cal e cobertas de telha vã e madeiradas de madeira de castanho; o Visitador manda fazer na ermida as seguintes obras, no termo de seis meses: retelhar os telhados, colocar uma vidraça na fresta da capela-mor, consertar e igualar as escadas da entrada do alpendre, em frente da porta principal, antes que se danifiquem de todo, sob pena de dez cruzados pagos de suas fazendas aplicadas a metade para as obras da ermida e a outra para o meirinho da visitação.
Em 1527,  segundo o Cadastro da população ordenado por D. João III, Aldeia Galega tem 106 vizinhos e 67 moradores.
Em 1540, 10 janeiro  carta do Mestre da Ordem de Santiago confirmando o acordo que estabeleceu a separação da freguesia de Alcochete e da de Aldeia Galega, na qual ficou incorporada a ermida da Atalaia, com a condição de que a casa do Círio que a confraria de Alcochete ali possuía, estivesse ao dispor sempre da mesma e dos moradores de Alcochete quando fizessem a sua romaria.
séc. 16, meados - a capela passa a ser administrada pela paróquia de Aldeia Galega.
Em 1551,  data inscrita no cruzeiro alpendrado assinalando a sua construção pela confraria de Lisboa. Em 1551, data inscrita na casa adossada à fachada lateral esquerda da igreja assinalando a sua construção pela confraria de Setúbal, sendo mordomo Belchior Fernandez Bertam.
Em 1574,  feitura de algumas marcações por "aver algas diferenças e duvidas antre as vilas d'aldeia Galega de Ribatejo e Alcochete sobre a demarcação dos termos delas".
Em 1602, data da lápide inscrita integrada no pavimento, com os nomes dos mordomos Manuel Monteiro, António Pinheiro e Pedro Gonçalves, que pagam à sua custa os azulejos da igreja.
Em 1602, a referência das obras na Igreja, que se atrasam, só o telhado estava feito em 1609.A primeira vez que é referido igreja e não ermida, se admita que já seria a atual igreja.
Em 1606, deslocavam-se à Atalaia 23 círios.. Revela  uma quantidade abismal de terras, que não se sabem, na maioria; apenas conhecidas: Setúbal, Azóia, Quinta do Anjo, Lisboa, Oeiras, Tróia,Alcochete...  
Em 1609, Visitação refere a falta de obras, para o que pediam que Sua Majestade lhes concedesse mais tempo, tendo-se encontrado feito apenas o telhado.
1613 - Visitação revela que nem todas as obras haviam sido feitas, referindo-se que nas traseiras da igreja, no alto da parede situada ao lado da anterior torre sineira, é bem visível parte de uma pedra saindo do alinhamento com uma inscrição que não se consegue decifrar, provavelmente correspondente às obras executadas nessa data, à reedificação ou a anterior templo.
1620 - Aldeia Galega tem 290 fogos e 2920 pessoas.
1623 - data apontada por Frei Agostinho de Santa Maria para obras na igreja.
Em 1623, a data apontada por Frei Agostinho de Santa Maria para obras na igreja.O dado para historiadores atestar a fundação do Santuário.
Debalde, seja verossímil afirmar a vontade em alterar a ermida, em igreja, é sem duvida  anterior a 1602.Mas a mudança em Santuário?
Em 1609 Manuel Serafim de Faria, Arcebispo de Évora, deixou-nos três descrições de viagens pelo Reino.Esta SERRÃO, Joaquim Veríssimo (1974), Viagens em Portugal de Manuel Severim de Faria: 1604 -1609 e 1625, Lisboa, Academia Portuguesa de História.

" Em 27 de Outubro de 1609 sai de Évora, dirigindo-se para Miranda do Douro, tomando a direcção de Lisboa No primeiro dia chega a Vendas Novas, onde pernoita. No dia seguinte continua a viagem. Fez três léguas todas de Charneca até aos Pegões. Sobre Pegões afirma que tomaram esse nome devido à existência de três grandes pêgos. “Também nas cercas destas vendas se enxerga o benefício da agricultura que dissemos das Vendas Nova”. Aí fez a sesta. Prosseguiu até Aldeia Galega. 

“Dos Pegoens a aldeã Galega há cinco legoas as duas ultimas das quais são pouoadas todas de pinheiros, de que he abundantíssima esta ribeira do Tejo cõ particular prouidencia do Ceo para assim se poder sustentar o grande pouo de Lisboa” (pag, 73)"-

Porém não  fala do SANTUÁRIO, o que implicita ainda não existir. Contudo na viagem de 1623, passa na Constantina e visita a Fonte Santa .


DGPC(...) A atual igreja foi construída no séc. 17, com linhas eruditas de influência maneirista, com obras pagas pelas várias confrarias ou círios, existindo inscrições alusivas, nomeadamente, à feitura do púlpito, pelo Círio de Palmela, ou, em 1602, por uma outra confraria, à colocação de um anterior silhar de azulejos, com policromia azul e amarela, de que hoje existem fragmentos integrados no silhar do coro-alto (...) A igreja possui duas torres sineiras, uma construída na fachada posterior, datada de 1894, e a outra lateralmente, construída depois de 1942.
De fato, no tardoz do Santuário existem dependências e um deposito de águas da câmara(?), com o picoto encimado na torre, foi cortado um enorme eucalipto e outro vigora, em emaranhado construído e outro em desprezo a colidir com a estrutura secular do Santuário, que merece ser requalificada. A fachada da igreja apresenta-se austera sem saber se foi reedificada após o terramoto de 1755.
                 
O que levou a mudança de ermida para Santuário da Atalaia?
Na minha perspetiva depois de anos a investigar.A importância ocorrida na centúria de 500 e 600  com a chegada de judeus expulsos de Espanha depois de 1492, foi pródiga no aparecimento de milagres e fontes santas; uns vingaram, outros não. Mentalizada e engendrada pelos novos povoadores, que se foram  encaminhando da raia beirã para o interior até ao litoral, onde se iam fixando em pequenos bairros como estalajadeiros e taberneiros.Num tempo que não existia o conhecimento básico das propriedades da água que fecunda, purifica, regenera e cura, e o povo judeu sendo  letrado, de cariz inteligente e ardiloso na sapiência a implantar milagres, por o povo ser néscio, fortemente  beatizado e analfabeto. Na audácia a profanar a fé cristã, cristãos novos, na obrigatoriedade de abraçar esta nova religião, a manobraram  a seu contento, no sofisma ganancioso do ganho a riqueza fácil, tirando partido dos romeiros doentes na procura de curas milagrosas com as águas, e da  noticia  levada em boca  na única estrada medieval de norte para sul. Logo ali acorreram peregrinos à procura das águas, onde se lavavam, acreditando na cura das suas maleitas, e de certa medida ao se lavarem sentiam uma imediata melhoria pela  matança da  bichesa (pulgas, piolhos, lêndeas e percevejos) ao purificarem o maior órgão do corpo, a pele, libertavam a carrada de suores recalcados. Deixando a sua esmola, que veio a  contribuir para as obras e para os bolsos de alguns....Falta saber se o Santuário teve a sua própria Confraria,, já que existia a Confraria de NSda Atalaia do Sitio do Louro, no excerto da entrega de ouro e prata das capelas para os invasores franceses em 1808(...)A 5 março, entrega à Casa da Moeda de 9 marcos e 3 onças de prata da confraria de Nossa Senhora da Atalaia do Sítio do Louro e aldeia da Quinta do Anjo; dão ainda entrada peças de prata da capela da Atalaia com o peso de 97 marcos e 3 onças, onde se inclui uma lâmpada da capela-mor com o nome do Sereníssimo S. D. Francisco Infante e uma perna de folha de prata com a inscrição "S Dom Franc.cº",
Analogia a outro Milagre de cariz idêntico a águas santas 
Em Ansião, no centro do País, o Milagre da Fonte Santa ocorrido a 11 de agosto de 1623, onde rebentou inexplicavelmente uma nascente ( hoje explicada no enquadramento do vale aquífero do Nabão) em chão de saibro, em plena secura de terra cársica, na imediata atribuição de águas milagrosas. A mesma  génese a credenciar milagre como na Atalaia.Agora qual foi o primeiro? Em Ansião idealizado por os judeus ali fixados que o credenciaram rapidamente, ao ampliar uma ermida em quatro meses, na grande capela com galilé suportado por colunas (se admita em palco de um suposto podium romano com reaproveitamento das colunas , em 1623, se olhar ao escasso numero de habitantes, quantos canteiros tinham de haver para em 4 meses fazer tanta coluna em pedra ? Debalde, jamais algum historiador se questionou... Povo vaidoso com a sua fausta capela, sem grandeza de Imagem para colocar no altar, e mais uma vez esquema pensado ao idealizaram ir "roubar" em conluio com o padre , a Virgem, em reservas na sacristia da matriz, espólio da primitiva igreja desativada em 1593,  de noite, para os ansos (da vila) não se darem conta, pois eram muitos chegados àquela Senhora, no relato de Severim Faria em agosto de 1625 na sua viagem ao Santuário da Constantina com o Chantre de Évora. Pintaram e vestiram a Imagem e deram-lhe o nome de Nossa Senhora da Paz, a quem instituíram uma Confraria concedendo empréstimos a juro aos seus confrades. Dando inicio do conceito da Banca atual em Portugal, o distingui na leitura da transcrição dos  manuscritos pelo Dr Manuel Dias, sem essa interpretação, já eu por ter sido bancária, me ser familiar, com confrades a não pagar. Já o ritual  das águas, foi-se  desvanecendo no tempo, pela escasseza até secar.E, sim, foi através desta investigação que teimei vir à Atalaia , no porém curioso- na Atalaia haviam grandes pinheiras, serviram para as obras. Em Ansião, a existência de mancha antiga de pinheiro manso, sustenta a credibilidade do clã judaico, quem trouxe  a semente do pinhão da  Grécia, além de se apresentar favorável a engendrar este tipo de  milagres. O pinhão era uma fonte de alimento durável, trazida de Soure ou Ansião, o local da sua origem, da região centro, onde a sua Feira Franca, decretada por alvará já leva mais de 300 anos  onde vinham vendedores de Soure. E aqui perceber que os grandes Senhores medievais traziam serviçais para as suas muitas terras. O Duque de Aveiro teve a Casa de Pereira em Montemor o Velho e quintas em Ansião entre outras. Destas terras a que acrescem outras do litoral vieram pelo menos desde a centuria de 600 gente que era intitulada por caramelo.

As populações de Rio Frio e de Poceirão identificam-se com a denominada cultura caramela
Gente com origem no Concelho de Leiria, Mira, Quiaios, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Figueira da Foz, Soure, Pombal e norte de Leiria. Fortuna, um historiador local, conclui que as freguesias de maior número de migrantes foram Tocha e Cadima, do município de Cantanhede, depois Arazede de Montemor-o-Velho; e várias freguesias do concelho de Mira.

A razão do distintivo ou alcunha caramelo?
Fortuna, um historiador local, encontrou num documento  de 1613,  relativo ao baptismo de S. Lourenço, filho de Gonçalo Fernandes, caramelo do Duque de Aveiro.
Depreende-se que a palavra caramelo, se aplica a serviçal rijo, dado a todo e qualquer trabalho, sendo difícil acreditar nesta centúria já existirem os rebuçados espanhóis, caramelos, doces, que se agarraram aos dentes, na analogia a gente doce, quando sempre o  foi rude...No porém, cerca de 1500 D. Jorge de Lencastre quem mandou edificar a ermida a NSAtalaia, o seu filho foi o Duque de Aveiro.Onde se conclui, as terras eram nessa altura da família, os transferindo da região centro onde tinham feito trabalhos árduos a enxugar as terras e a trabalhar nos arrozais.Portanto, pelo menos já naquela centúria de 600 até ao séc XX, aqui aportaram trabalhadores rurais da região especifica acima referenciada, alguns voltaram à sua terra, designados os caramelos de ir, com os caramelos de ficar, os que aqui casaram, acabando por se  fixar. Formaram o Círio da Carregueira em 1833.  Estes colonos acabaram por se fixar, sem casamento, não batizavam os filhos, sem praticar a religião , arreigados pelos maus caminhos e as igrejas serem longe. Boa parte das tradições e festividades que trouxeram dos seus locais de origem já desapareceram. Subsiste o gosto pelo jogo do pau e a participação nos círios da Atalaia, a romaria ao Santuário de N. Sra. Da Atalaia, no final de Agosto. Segundo Cachado (1988, 221), existem  ainda três Círios na zona caramela: o círio da Carregueira (1833), o círio dos Olhos de Água (1856), o círio Novo (1943).  

A fonte santa da quinta de Caría ou da Atalaia
Agora quando irrompe a lenda da Fonte Santa? A que credencia o milagre da Senhora da Atalaia sob uma aroeira, junto a uma fonte que torna as águas milagrosas? Existem vários topónimos com o nome -  Fonte Santa na Caparica e em Ansião, que conheço, e podem haver outras. Se a ermida data pelo menos de 1470, o nascimento do Milagre, ocorrido perto da fonte passando a ser chamada Fonte Santa, quando aconteceu? Duas coisas, 1º, o nome da quinta onde estava a fonte - Caría, indicia judeus vindos da raia da beira baixa. Por outro lado se estas terras recebiam colonos para as terras do Duque de Aveiro que tinha terras em Ansião, onde ocorreu o milagre igual em 1623,  para aqui ter sido implantado, em atrair romeiros  doentes para se curarem nas águas milagrosas,deixando a sua esmola.O verdadeiro sofisma dos judeus recém chegados a Portugal a proliferar na onda milagreira que  vingou, para o último a vigorar, o de Fátima. Lamento, a minha frontalidade. Não acredito nestes milagres.Foram fabricados para enriquecimento. Mas, gosto de Santos, pessoas que sofreram a praticar o bem a favor dos outros, os que venero.
A descrição de 1623 de frei Agostinho de Santa Maria não se mostra clara, devia fazer menção ao dia e mês, para me instigar a dizer o foi fabricada,  quem copiou o milagre primeiro foi Atalaia ou Ansião?
"SEGUNDO REZA A TRADIÇÃO, FOI JUNTO DESTA FONTE (A QUE CHAMAVAM FONTE SANTA), NUMA AROEIRA / FRONDOSA QUE A COBRIA, E QUE PRODUZIA INCENSO E DONDE OS DEVOTOS TIRAVAM VARAS E AS LEVAVAM / COMO REMÉDIO CONTRA AS SEZÓES, QUE APARECEU A IMAGEM DE NOSSA SENHORA. CONDUZIDA PARA UMA / CASINHA, NO CIMO DO MONTE COLOCARAM-NA NUMA CANTAREIRA, SENDO-LHE PRESTADO CULTO FERVEROSO. ECOANDO A NOTÍCIA PELOS ARREDORES, COMEÇOU A AFLUIR IMENSO POVO, FAZENDO À SENHORA PRODÍGIOS E MILAGRES. À VISTA DESTES, DESPERTANDO A FÉ E A DEVOÇÃO DOS FIÉIS, RESOLVERAM, COM AS  OFERTAS, EDIFICAR AO LADO UMA CAPELA, COLOCANDO A IMAGEM NO ALTAR-MOR; PORÉM, COM SURPRESA, DE TODOS, NO DIA SEGUINTE FORAM ENCONTRÁ-LA NA CANTAREIRA, FACTO QUE SE REPETIA SEMPRE.  ENTÃO OS DEVOTOS, PARA NÃO CONTRARIAREM A VONTADE DA SENHORA, MANDARAM FAZER UMA OUTRA  IMAGEM, A QUE DERAM A MESMA INVOCAÇÃO, COLOCANDO-A NO ALTAR NOVO, SENDO ESTA A QUE SE VENERAR NO TEMPLO: A IMAGEM QUE APARECEU, MAIS PEQUENA E COM UM CUNHO DE MUITA ANTIGUIDADE, FICOU NA CANTAREIRA, TRANSFORMADA MAIS TARDE EM DEVOTO NICHO, NA PRIMITIVA CASINHA, A QUE  CORRESPONDE A ACTUAL SACRISTIA. DO LIVRO SANTUÁRIO MARIANO / DE FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA".
 
DGPC(...) Em 1897, fotografia desta data retrata a fonte num sítio isolado, com caixa de água retangular, rebocada e pintada de branco, com cobertura piramidal formando curva; na face frontal possui vão retilíneo, moldurado e encimado por lápide inscrita. Junto à qual, segundo a tradição, apareceu a Virgem, é uma fonte mergulho profundamente descaracterizada pelas obras de finais do séc. 19 e do séc. 20. Sabe-se que já em 1752 a Câmara Municipal de Aldeia Galega deu pedra e tijolo para consertar a fonte, e em 1873 a Câmara de Alcochete reedificou-a, invertendo a sua orientação, mas foi sobretudo as obras de 1897 e as de 1964 que descaracterizaram a fonte, transformando a caixa de água retangular num corpo cilíndrico com cobertura em coruchéu bolboso, pontiagudo.
Outros dados
No séc. 19, finais, provável feitura da pintura representando as festas em honra de Nossa Senhora da Atalaia e representando a capela e o cruzeiro alpendrado.
Em 1900, já nesta altura a estrutura da cúpula do cruzeiro alpendrado está reforçado com tirantes de ferro, aplicados no capitel das colunas.
Em 1903, a venda das casas do Círio de Oeiras, em hasta pública, devido ao declínio do mesmo, a um morador de aldeia Galega.
Em 1930,  mudança do nome de Aldegalega do Ribatejo para Montijo.
Em 1942,  fotografia do santuário mostra que os arcos laterais da frontaria haviam sido fechados, possuindo janelas com molduras curvas superiores; em frente da igreja existe uma ladeira, em terra, flanqueada pelas casas dos círios; ainda não havia sido construída a torre sineira na fachada lateral direita.
Em 1962, arranjo do recinto envolvente à Fonte Santa, pela Câmara Municipal de Alcochete, com colocação de registo de azulejos de Nossa Senhora da Atalaia, feito pela Fábrica de Aleluia.
Em 1985, criação da freguesia da Atalaia, desintegrada da do Montijo.

Uma fonte de mergulho
No tempo romano eram normais ao longo das suas estradas e poços de chafurdo com escadaria para se descer no verão há medida que a água escasseia. A  região de Sicó ainda guarda alguns exemplares de poços de chafurdo, e outros descaracterizados no séc. XX, em fontes, por falta de conhecimento cultural.As heranças do passado devem ser preservadas para deixar aos vindouros.

O Santuário está catalogado de Imóvel de Interesse Público desde 2010

Excertos da DGPC

(...) Em 1669, data inscrita no plinto do cruzeiro de Alcochete, assinalando a sua construção.

Em 1686, 2 dezembro - Câmara Municipal determina que se "entregasse a chave do caixão dos ditos vestidos ao procurador da Câmara, afim d'este dispor a quem vestisse Nossa Senhora, até Sua Magestade ordenar, quem entendesse nomear e confirmar".
No séc. 18, início, segundo Frei Agostinho de Santa Maria, no Santuário Mariano, vão ao Santuário 25 círios , e a imagem grande da Virgem é "estofada, & está sentada em hua cadeira, & faz assim de altura pouco mais de três palmos. Tem nos braços ao Menino Deos, mas unido, & formado da mesma matéria, de que he a Senhora"; Frei Agostinho de Santa Maria refere ainda que nas paredes daquela casa da Senhora existem "muitas memorias de cera, quadros, mortalhas, & outras coisas..." que oferecem como prova de agradecimento quem recebe benefícios da Senhora; também "parece que a Senhora gosta de que sobre as peanhas se lhe fabriquem os seus Altares".
Em 1709, Aldeia Galega tem 400 vizinhos, 9 estalagens e 18 barcos.
Em 1723, data da caixa do círio dos trabalhadores de Alcochete.
Em 1738, 24 fevereiro, devido a uma prolongada seca, os habitantes da vila de Aldeia Galega trazem a imagem (a mais pequena, a primitiva) processionalmente até à igreja matriz onde lhe celebram uma novena, resultando na imagem, não só fazer chover torrencialmente, mas fazer suspender a chuva durante as procissões naquele dia e no de 25 de março seguinte.
Em 1747, 26 setembro a Câmara nomeia aia da Senhora D. Ana Maria Antónia da Gama, a quem "entregaram todos os ornatos e joias da senhora, por inventário".
Em 1752, Câmara Municipal de Aldeia Galega (Montijo) dá pedra e tijolo para "consertar a fonte da Atalaya ou de Caría, que também assim se chamava por estar unida à Quinta do Caría.
Em 1753, data do ex-voto mais antigo que se conhece dedicado à Senhora da Atalaia, sendo oferta dos quinze romeiros do círio de Oeiras que foram apanhados por um forte temporal.
Em 1755, 1 novembro, as inundações em aldeia Galega, na sequência do terramoto, fazem as populações refugiarem-se no monte da Atalaia.
Em 1758, Aldeia Galega tem 3703 habitantes.
Em 1780, o alvará de D. Maria I para delimitação do monte com seis marcos de cantaria; medição do monte, verificando-se que "a cabeça e faldas d'este monte, que constituem a coutadinha da capela, medem o contorno de 3613m,50 balisado por seis marcos de cantaria com o nome gravado - Atalaya"; Em 1792, mercê de altar privilegiado de Nossa Senhora da Atalaia concedida aos devotos de Oeiras pelo papa Pio VI.
Em 1808, 1 fevereiro - decreto de Junot determinando que todo o ouro e prata de todas as igrejas, capelas e confrarias da cidade de Lisboa e seu termo fosse conduzido à Casa da Moeda.
A 5 março, entrega à Casa da Moeda de 9 marcos e 3 onças de prata da confraria de Nossa Senhora da Atalaia do Sítio do Louro e aldeia da Quinta do Anjo; dão ainda entrada peças de prata da capela da Atalaia com o peso de 97 marcos e 3 onças, onde se inclui uma lâmpada da capela-mor com o nome do Sereníssimo S. D. Francisco Infante e uma perna de folha de prata com a inscrição "S Dom Franc.cº", ambos oferecidos pelo Infante D. Francisco (irmão de D. João V), devido a uma promessa à Senhora da Atalaia caso melhorasse da fratura de uma perna partida nas imediações da capela.
A 26 junho - assalto à capela por tropas francesas que levam várias peças de prata, nomeadamente um cálice oferecido por D. Manuel.
Em 1820, cedência da casa do Círio de Setúbal à capela devido o desaparecimento do círio, casa "com frente para o adro" e cuja lápide gravada na parede tem a data "1700".
Em 1845, 28 agosto - venda a um particular da casa do Círio da Alfândega de Lisboa, a maior de todas junto à igreja, pelo Tribunal do Tesouro Público, círio que havia sido extinto após a reorganização geral das alfândegas em 1832-1833.
Em 1864, segundo Vilhena Barbosa aqui vêm 25 Círios; gravura do santuário por Barbosa Lima publicada em Archivo Pittoresco, representa a igreja com arcada tripla na fachada principal precedida por adro murado com escada.
Em 1870, no sábado, domingo e segunda-feira estão no santuário 18 círios.
A 30 agosto - segundo o Jornal de Notícias, "na casa dos milagres as paredes estão cobertas de cêra, quadros, mortalhas, moletas e outras promessas que são outros tantos milagres feitos pela Santíssima Virgem", totalizando duzentos quadros; 1873 - segundo Pinho Leal, ao fundo do terreiro, em frente da igreja e à sombra de um corpulento pinheiro, ergue-se cruzeiro de pedra sob cúpula também de pedra, sustentado por quatro pilares; desde o São João até outubro os círios e as romarias à igreja fazem-se sem interrupção, sendo o sítio um verdadeiro arraial; de inverno só tem uns 25 moradores permanentes; a Câmara de Alcochete procede à re-edificação da fonte; até esta data "assimilhando-se a uma capellinha com um pequno reservatório, cuja frente olhava para o nascente. Permaneceu por muito tempo deteriorada e quasi reduzida a nada; e só depois de muitos pedidos á camara da vila d'Alcochete a quem de facto pertence, se reparou condignamente a expensas da mesma, no ano de 1873 como se vê no rótulo..."; conserva a mesma configuração da anterior, diferenciando-se apenas em virar-se para O. ou para a capela.
Em 1874, vêm ao santuário 31 círios.
Em 1879, mudança do nome da povoação para Aldegalega do Ribatejo.
Em 1894 (?), 12 dezembro, data inscrita em cartela na fachada posterior da torre sineira adossada à fachada posterior da igreja.
Em 1987, são desenterradas as bases das colunas que sustentam a cúpula do cruzeiro manuelino, tendo sido feito uma caixa em cimento a enquadrar o monumento, cuja base se encontrava a um nível inferior.
Em 1988, 10 novembro, proposta de classificação do imóvel pela Câmara Municipal do Montijo.
Em 1996, construção dos sanitários junto ao jardim da Fonte Santa pela Junta de Freguesia de Alcochete.
Em 2003, 30 junho, despacho de homologação como Imóvel de Interesse Público do Ministro da Cultura. 2007, 19 janeiro, proposta de fixação de Zona Especial de Proteção.
A 12 fevereiro - parecer favorável à classificação pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 2004 - equipa de arqueólogos detetou no local vestígios pertencentes à Pré-História recente e à Pré-História, tendo-se anteriormente encontrado próximo da capela um machado de pedra polida.
Em 2009, 24 setembro, novo despacho de homologação como Imóvel de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção do Ministro da Cultura.

As casas ao longo da escadaria eram dos Círios
Como as que franqueiam a igreja e na rua paralela na esquerda atestada  Rua dos Círios.
O relógio da Fábrica Cousinha de Almada
O  Museu dos Ex-Votos
É anexo  ao Santuário, com vasto espólio de ex-votos populares, que ao longo dos tempos, os fiéis, foram ofertando à Sua Protectora, como pagamento de promessas. Um valioso património, de interesse religioso, antropológico e sociológico.
                                          
A norte do Santuário o alojamento dos romeiros dos Círios
Este da Confraria de Setúbal
DGPC(...) "ESA OBRA MANDOV / FAZER A COMFRA / RIA DE SETUVAL SEM / DO MORDOMO bEL / CHIOR FERNAN/ DES bERTAM 1551"
                                      
Na frente a tradição medieval do banco em pedra corrido
Outros Círios
Na lateral a correnteza  Círios ainda vivos; Azóia  fundado em 1700 e o Quinta do Anjo 1780 e quiçá  outros desaparecidos, nas ruínas adjacentes.
                                         
                             
A data da calçada  na frente do Santuário de 1934
                                      
O interior da igreja
                      
Uma só nave com teto em abóbada. Além da capela mor apresenta duas capelas laterais
                  
O púlpito em mármore, a brecha  da Arrábida e sob o portal do mesmo a inscrição Palmela.

 Os painéis azulejares em azul e branco, do séc. XVIII,  retratam a vida de Nossa Senhora. 

Fausto oratório, distinguiu-o na passagem à lateral direita da igreja no acesso para norte à  sacristia, e pela frente a venda de souvenirs e Museu. O largo corredor é depósito de Imagens como esta,  o Senhor dos Passos, moderno,  entre outras. Na voz do povo aqui foi o palco da antiga ermida, leviano cultural cobrir o seu chão lajeado por mosaicos ... A sacristia possui lavabo maneirista, em mármore, silhar de azulejos de albarradas, do séc. 18, e oratório barroco, de talha policroma e dourada.
                
O altar mor  com magnífico retábulo de estilo joanino em madeira exótica do século XVIII do Brasil. Sob o nicho do retábulo, a imagem de Nossa Senhora .Grandioso conjunto escultórico em talha dourada típico da magnificência joanina. No conjunto podemos descortinar dois anjos suportando as armas nacionais do tempo de D. João V cuja coroa se encontra partida bem como um medalhão onde se pode ver o monograma AM encimado por uma coroa, segundo a iconografia mariana. 
                   
Cruzeiro mor quinhentista do Santuário de Nossa Senhora da Atalaia, no Montijo
DGPC (...) O cruzeiro alpendrado, com inscrição alusiva à sua construção pelo Círio de Lisboa, em 1551, no plinto do cruzeiro e num do alpendre, sofreu várias mutilações. Em 1873 ainda é descrito por Pinho Leal coberto por alpendre com cúpula de cantaria, mas atualmente a cobertura é de alvenaria, a Pietá está decapitada, a figura de Cristo mutilada em várias zonas do corpo e as colunas e plintos do cruzeiro com vestígios de antigos gatos para reforço da estrutura.
(...) O cruzeiro da Estrada chegou a dispor de caixa de esmolas em ferro no plinto.
Ainda hoje, os romeiros têm por hábito levar uma vela grossa de cera (círio) dando três voltas ao cruzeiro perpetuando os rituais antigos.
                     
                   
                  
No cruzeiro podemos observar uma inscrição na base da cruz e outra na base de uma das colunas do lado poente, ambas alusivas à edificação do mesmo em 1551 pela Confraria de Lisboa.Construído no reinado de D. João III em pedra de lioz, é coberto por uma cúpula enquadrada por pináculos, e assente sobre quatro colunas.
                    
                                                  
                 
No capitel do cruzeiro, do lado nascente encontra-se esculpida uma imagem do Redentor crucificado, e no lado poente uma Nossa Senhora da Piedade 
Atualmente decapitada em virtude dos exageros políticos a seguir à implantação da República
                   
Museu Agrícola instalado na Quinta Nova da Atalaia
A família de Santos Fernandes a doou à Câmara em 1997
.Não sei se está enaltecido em placa.O Museu é um espaço  repleto de memórias e vivências de outros tempos. A exposição permanente retrata a vida rural do concelho, através de um valioso conjunto de alfaias e utensílios que constituem o seu espólio, e que avivam as lembranças dos mais velhos e aguçam a curiosidade dos mais novos.A
Mais tarde talvez na centúria de 700 e 800 aqui aportaram vindos do litoral centro, colonos para enxugar as terras, abrindo valas para escoamento das águas, técnica ganha nas margens alagadiças do Mondego, entre Montemor o Velho, Condeixa, Soure e Vila Nova de Anços. No séc. XX, na Herdade de Rio Rio, onde trabalhavam nos arrozais e vinhas ficaram conhecidos por "Caramelos", desconheço o significado, para mim  caramelo depois do 25 de abril  em Badajoz, os rebuçados que se agarram  aos dentes. A sua herança na tradicional sopa da região que se popularizou na sopa caramela, já  em Almeirim a rotularam Sopa de Pedra e na verdade a sua origem é a região da Beira Litoral. 

Por último recordar um episódio vivido em 1972 numa oral de Português no Colégio Salesiano no Monte Estoril. Nunca tinha tido uma oral, nem sabia como se desenrolava, tive de perguntar a uma das alunas mais antigas que me descansou dizendo que era fácil, bastava estudar bem uma lição à minha escolha. Assim foi na oral mal acabei de mencionar a página  a Irmã, disse-me "tu e a Luísa de Lisboinha, não tem direito a escolher a lição"… 

Tinha escolhido "Na Senhora da Atalaia" de Fialho de Almeida, in Guia de Portugal... 
"(...) Da ondulosa colina em que se levanta o santuário, o olhar, correndo sobre os campos, hortejos, vinhas, mato e pinhais de rama curta, flutua,embriagado da cor, vindo topar a norte a expansão que o Tejo faz, chamada mar da palha em cujo fundo, num além de montes, Lisboa desenrola o seu panorama esfumaçado".

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