sexta-feira, 11 de março de 2022

Plano estratégico Ansião 2030 para recursos endógenos e turismo

Crónica que destaquei excerto para publicação no Jornal Serras de Ansião

A missão autárquica de Ansião aposta numa empresa para apresentar um estudo ao tema em epígrafe. Estive presente na reunião no Centro de Negócios no Camporês. Sonante - insurge-se o Turismo do Centro, na intenta a primar o centro interior do país. Nesse pressuposto, parto em dissertação verve, avivando vetores, a realce, ao quase desconhecido, pese a transição climática de seca poder condicionar os recursos endógenos como o alerta de guerra.

Ansião está na moda e recomenda-se à justíssima aspiração turística. De mãos dadas à sabedoria e conhecimento do povo, ganho na universidade da vida - temos terra rica em natureza natural e, gente rica em tradições, sabores gastronómicos, doçaria e etnografia ao reavivar - a exemplo a tradição dos Lenços dos Namorados em cor monocromática. Herança dos povoadores do Minho que perdurou até ao século XX, em Pousaflores e Ansião. Assistimos, cada vez mais, a iniciativas que visam atingir público de todas as idades que valorizam caminhadas e trailers. O turismo natureza - a ciência viva em âmbito do património natural - alia-se a um estilo de vida saudável, ecológico e sustentável. Na gíria do povo “ a nossa cara” pinta-se cársica de terra rossa, vestida a costados cravados de pedra, a salpico de outras afeiçoadas pela erosão, ornada a vegetação raquítica e crespa mediterrânica, com alas de floresta variada – Ansião, insurge-se como território a descobrir! Ao desafiar o visitante em mil horizontes, de vários quadrantes, pela infinita e magnifica paisagem de contrastes de incomum multiplicidade, a debruo por todo o lado de muros de pedra seca, exala convite a monitorizar a interpretação ambiental, com respeito à matriz rural da nossa história e da riqueza arqueológica, a par da modernidade. E, ao apelo da conservação do meio com aposta em novos pontos para piqueniques; com mobiliário de pedra e sombreiro em canas ao possibilitar a entrega de merenda com produtos endógenos: pão, queijo, chouriça, leitão, mel, nozes, tremoços, vinho e doces. 

A cativar empresários nacionais e estrangeiros para investir num Hotel Boutique com SPA, quiçá, na quinta das Lagoas - seria top, como a reinventar riquezas perdidas; da vinha, com marca de vinho patenteada . E do ganho do passado com as varas de suínos ao ar livre engordados com bolota, a nova aposta na indústria de enchidos, com morcelas de sabor a cominhos. Hoteleiros a valorizar os nossos sabores típicos à laia do Ciclo do Pão. Ao inovar pólos atrativos desativados; abrigo dos Caçadores na Ameixieira e, a Quinta das Lagoas em bem servir leitão que é herança romana -  pitéu,  na casa do meu avô José Lucas Afonso, na Mouta Redonda em Pousaflores, nos anos 20 do séc. XX. Na Mó, em Chão de Couce, a sua cunhada Maria, quando pressentia a moléstia a rondar os leitões, logo os trazia para a irmã os assar, suprindo assim com a divisão, um mal menor familiar. Em dias festivos a tradição do cabrito assado com grelos. O comer à moda da terra ou sopa de carnes, herança levada pelos "ratinhos" para a apanha da azeitona no Ribatejo, que bem eternizaram na sopa da pedra… Os cominhos, herança árabe nas morcelas e nas couves do cozido. Os aferventados de couve ou de nabo, com feijão-frade, em sopas de broa. O meu pai  com a broa do aferventado noutro prato a esmigalhava com ovos cozidos e regava com azeite - as  migas, que continuo a fazer. No dia de aferventado feito na panela maior para sobrar para a janta - nada mais que um requentado. A minha avó materna Maria da Luz, dizia fertungado - termo que continua na família,  feito no tacho de barro em azeite a fervilhar alhos e louro. A cacholada com o fígado entalado na brasa, a galinha estufada com couves - na tradição pobre da perdiz à moda de Coimbra,  a ceia do "pessoal ao dia fora" caldeirada de bacalhau com batata e arroz e, as sopas  - a tranca da barriga com a rainha couve-galega, no caldo verde ou sopa de espigos, e a famosa sopa à lavrador com feijão. As azeitonas retalhadas, os tremoços, as nozes e as castanhas. Com renovada oferta gourmet e sushi no Ensaio. Na doçaria, o bolo de noiva, pasteis de pinhão, lesmas, pão-de-ló, merendeiras dos Santos, filhoses de farinha e veloses de abóbora e claro o arroz doce. A doçaria do Nabão, a recriar o doce de colher – Formigos, com sobras de bolo de noiva ou pão-de-ló, passas e nozes, as cavacas, farófias e, jesuítas, a jus dos jesuítas da Granja ou,  dos frades do mosteiro de Santo Tirso que foi o dono por duas vezes da quinta de Cima em Chão de Couce, minúsculos com a variante de pinhão.

Imortalizar o miradouro do Senhor do Bonfim, na parceria com os donatários, para eventos e comemoração do feriado municipal no Dia da Espiga, seria de apostar. Ao criar um passadiço da capela pelo correr da escarpa à gruta do Calais, dando segurança ao trilho, acrescida da oferta de escalada, apreciar o vale do Nabão, a ponte Galiz, açude, poldras e os munhos, nos Moinhos João da Serra. Sugeriria outro passadiço da Serra de Ucha ao Vale Garcia, regado a cheiro de aromáticas e flores silvestres, biodiversidade abrigada pela muralha do chamado castelo da Serra do Mouro. Em Pousaflores, Chão de Couce e Avelar existe afloramento de lajedo vermelho, pedra broesa e xisto, a salpico de castanheiro secular.

A excelência à água em terra cársica ao dar nova vida aos Olhos d’Água como à Ribeira da Rapoula, ao apostar em praia fluvial no Pego - açude de pedras alinhadas pela mão do homem, do tempo que a herdade foi do Mosteiro de Toro, Zamora.  Valorizar acessibilidades como o caminho a sul até à nascente da ribeira nas Lapas,  com painel identificativo à casa do pai do ilustre Dr. Bissaya Barreto na Rapoula, à sombra da capela de S. Roque. Como desassorear as lagoas cársicas, serpenteadas outrora pela perdida riqueza das matas de grã, resta a toponímia – Gramatinha e Graminhal, hoje vestida de carvalho cerquinho, a alvitre de novos pontos de água e de lazer ; o Rio do Pessegueiro entre o Brejo e Entre Águas. E, o Rio Jardim, que nasce numa mina entre o Martim Vaqueiro e o Outeiro, de 300 metros com represa onde se lavou roupa com rega por levada concertada em horário. Como o  Rio da Sarzedela e a Fonte da Bica, a alvitrar requalificação para ponto de lazer. Em rota de azenhas  e, levadas, encontra-se preservada a azenha do Pessegueiro. A do Ribeirinho bela, a merecer atenção  como as que existem nos Moinhos João da Serra, e quiçá outras em iminente ruína; Constantina, Ribeira do Açor, Moinho das Moutas, Além da Ponte, Pereiro, Pensal, Mouta Redonda de Baixo, Alvorge  e na margem do Nabão, a sul ao limite do concelho. Julgo desaparecidas os moinhos de água no  Avelar. Já os lagares, ainda se encontram muitos em bom estado, no entanto desativados. Tem sido aposta a modernização, sendo hoje uma grande riqueza na região. 

Aos amantes da romanização, trago o desafio de conhecer habitats catalogados e de cruzar trilhos das via principal vinda de Conímbriga de onde derivaram secundarias  a sulcar Ansião , com troços catalogados na Togeira e Vale de Boi. Porém sem sinalética nem manutenção, julgam-se perdidos... com a grande ajuda do testemunho do olival milenar na Lagarteira aos Verdes, Casal Soeiro, entre outros pontos. A cisterna do Carvalhal e, dos poços de chafurdo ou fontes de mergulho. Perspectiva em recuperar o poço do Carril e o do Carvalhal, a ser seguida de outros no futuro ; Junqueira, Granja, Minchinho, Sobral, Ameixieira e outros a catalogar no Alvorge, Chão de Couce, Pedra do Ouro, Fonte Galega, Freixo, Alqueidão, Fonte da Costa, Escampado de Calados, Vale Mosteiro e,...Com as fontes a saciar  sede ao viajante, na rota de Santiago de Compostela, Carmelitas e Fátima. 

Aos amantes da pedra, a oferta da arte na cantaria em Igrejas, Capelas e grades em varandins; Lagarteira, Lagoas e vila. Destaco a tradicional casa judaica de balcão e do “V” invertido a sustentar o lintel da porta, enquanto herança árabe, bem como a dupla simbologia maçónica e cristã, no Cruzeiro ao Cimo da Rua em Ansião e, na estela da Capela da Venda do Negro. Estatuária moderna na Serra da Portela, a salpico de belas cúpulas de pinheiro manso, herança trazida do Mediterrâneo, em rota de moinhos de vento de madeira, em rasto de tomilho, a glorificar o denominado, queijo Rabaçal!

Relembrar o passado buliçoso das quintas como pontos de interesse: Torre da Ladeia, Quinta da Mouta de Bela, o lagar da Quinta de Serzedas, a Quinta das Lagoas, Quinta da Bica, a Quinta de Cima, entre outras – bem como das lendas: da Princesa Flor em Pousaflores, da Rainha Santa Isabel e do Milagre da Fonte Santa. O palco da Residência jesuíta no Alvorge que se transferiu  para a Granja  com a Vintena, ao apostar num paço,  Seminário e casas para serviçais. Com a expulsão dos jesuítas passou para o bispado de Coimbra, que teve também um Seminário no Curcial de S. Bento. O Santuário da Constantina  e a sua Confraria a NSPaz, criada pela mãos de judeus que instauraram o  conceito da Banca. A  romaria da Senhora da Guia no Avelar e, a sua indústria têxtil. A vila do Alvorge sempre vistosa. O certame da tricentenária Feira dos Pinhões, a arte sacra dispersa e mutilada sem Museu Municipal para ser exposta , como valorar o  culto das Maias e outros de origem celta,  mezinhas, infusões e crendices – rótulos a trazer nova vida à nossa velha história. Não menos ousado seria lançar um festival de Verão no planalto de Aljazede – a eco da lenda da batalha de Ourique. Em deleite, panoramas a fluir emoções ao identificar vestígios romanos, escalar a muralha natural da Atenha, poetar ou pintar a descomunal vegetação nua crua, porém, bela, vestida a cascalho, guardiã em milhões de anos de fósseis marinhos. Fascínio em paragens idílicas ao pôr-do-sol: Alvorge, Ameixieira ou Portela, a tons quentes ao digno vermelho África, a fugir de mansinho pelo Vale da Vide … Cada um sentirá o seu encanto e fascínio - os que contam aos amigos e, os que guardam no seu intimo as vivências que querem preservar.

Curiosidades e sentido de aventura irão imperar e motivar a decisão de conhecer ou voltar a Ansião, pela mais-valia da marca conceituada - Territórios de Pedra com a nossa marca – Ansião Coração de Sicó, estimando auspicioso e sublime sucesso na hora do “Adeus” a este concelho na partilha exponencial aos amigos nas redes sociais e no célebre boca-a-boca. 

Fecho a crónica com resumo a publicar no Jornal Serras de Ansião em Março de 2022, em deleite ao pôr do sol da Ameixieira, em sonho mítico em inverno, porém  primavera,  com ribanceiras vestidas a madressilva quase a florir em  chão vestido a orquídeas selvagens de costados divididos por muros de pedra a lembrar rástias,  inundada a sol intenso em cores fortes imitando a voz de Pedro Abrunhosa!

Ilumina-me...

Ilumina-os Senhor, neste querer !

quarta-feira, 9 de março de 2022

Caminhada em Alvaiázere em seca pelo Olho do Tordo

Bofinho, Dedona em fevereiro de 2022. Agradeço ao Grupo às 9 na Pastelaria de Chão de Couce !

Na inscrição, em Ansião foram-nos oferecidas camisolas e transporte.

Partida da caminhada no Bofinho
Existe a Aldeia do Bofinho, sem saber se está desertificada, a parte onde passei estava, e o Bofinho. Talvez mudasse para nascente pela falta de água...mantendo o topónimo. Inspira o topónimo a marimacho? Mulher, com aspeto ou tendências masculinas? Pois não sei!
Participantes  de Pombal,Tomar, Caldas da Rainha e...no total de 300
Azenha a norte da Ribeira do Olho do Tordo paralela com a sua levada
Ponte alterada com cimento na Ribeira do Olho do Tordo
Os dois pontos de água - Olho do Tordo em Alvaiázere e Olhos Água, em Ansião , como outros poços;  Minchinho, Ribeiro da Vide, Fonte da Costa, Ameixieira etc- foram intervencionados nos anos 60, do séc XX, por uma empresa de Guimarães Uma mulher na caminhada disse que o  pai andou na obra do Olho do Tordo, no poço de cimento.
Clarifica que o Vale Aquífero do Nabão com algares  e  poços de chafurdo para sul - Ameixieira, Fontinha, em Almoster, a fonte de mergulho destruída em Dedona, viva a de Paradelas . A credenciar no passado que o povo era mais intuitivo e certeiro ao classificar a Ladeia a norte na região de Pombalinho (Soure) ali perto do Rabaçal, com términos na exsurgência nos Formigais . 
Na caminhada ouvi de um caminhante quando a água rebenta em Ansião passados 2 dias rebenta no Olho do Tordo. Outra caminhante falou das eólicas e de uma não ter sido posta porque as bananas de rebentação da pedra turvou a água no Agroal, o que indicia ser ali o seu algar. 
 
Ao longo do Vale aquífero do Nabao existem a cotas diferentes pontos de água na bordadura do maciço carsico, com água em geral todo o ano. 
 
Em Ansião, temos poços de chafurdo romanos com escadaria
Não temos  fontes de mergulho, com cúpula a proteger o poço . Ou tivemos e se perderam.´
A natureza aqui é de  beleza intemporal, exalta a terra carsica, um ícone da herança do passado a preservar.
Em fevereiro sem pinga de água! Em total secura!
Trilho em pleno leito de ribeiras com as águas das chuvas
                            
Fonte de Mergulho  coordenadas: 39.805645 - 8.431200
Sem sinalética nem informação. A poucos metros do trilho que identifiquei  a fonte de mergulho ou chafurdo, que dei a conhecer a uma arqueóloga que não exerceu, e me seguiu, e desconhecia.
Também desconhecida dos historiadores, ao não ter sido mote de apresentação no congresso alusivo realizado em Alvaiázere. Já eu  sou  amadora, de olho escorreito. 
 
Paradelas, o local da Fonte de mergulho, não há nada, apenas defronte uma pequena vinha e julgo uma ruína que pode ter sido habitação. O topónimo indicia sitio de paragem, no corredor romano vindo da Venda do Negro, Ansião para sul.
Segundo Manuel Marques Simões
Há anos a cúpula foi revestida a cimento talvez para não ruir. Servia no verão para os habitantes de Paradelas, hoje sem habitantes e da aldeia do Bofinho se abastecerem.
O poço cársico e as duas cúpulas para proteção da água dão-lhe a denominação de fonte de mergulho, porque tem de se descer a escadaria para ir buscar a água.
Escadaria 
Orquídeas silvestres 
Paisagem vestida por muros de pedra seca
Trilho do caminho vindo de norte da aldeia do Bofinho, debruado a muros de pedra seca, pese ,
desmoronamentos, está quase inacessível. Falta averiguar se é o trilho da via romana.
                     
Aldeia do Bofinho esquecida...
Ponte em pedra, ainda em estado virgem 
Casa senhorial em Dedona
Segundo Manuel Marques Simões
A Dedona, era uma casa senhorial com muitas propriedades situada no lugar das Bouxinhas da freguesia de Almoster, onde existia uma Fonte idêntica daquela que estamos a falar e uma Capela. Penso que os seus proprietários tinham origens na Monarquia. 
Quando a Paradelas, é lugar desabitado já alguns anos, pertence à freguesia da Pelma, onde também havia uma casa senhorial da família Bouça, primos dos da casa de Dedona. 
A Fonte das Paradelas fica a nascente do mesmo lugar, cerca de 700 a 800m. 
Acrescento, a sul das Paradelas fica o lugar do Melrinho, a norte as Bouxinhas e Bofinho, mais para nascente Aldeia do Bofinho e para Este o Besteiro.
Penso ter transmitido factos esclarecedores.
Ruína da Capela de Dedona
Curioso, na entrada  do portão antes da folha de zinco existe mais de um metro de calçada , que aventa ser romana. Na rota vinda de norte de Ansião, seguindo para Paradelas ( topónimo a instigar onde se parava para saciar a sede e a fadiga ) na direção a Melrinho ou Besteiro?
Alta chaminé datada, julgo 1825?
A casa atual  é desta época seguida para sul da casa primitiva da quinta.
Junto ao caminho encontrei 3 pequenos poços. Alvitram ser os chamados poços do bagaço da azeitona. Sendo natural que a maior riqueza desta quinta seria o azeite.
Uma mó de azenha, de outra riqueza da quinta, a arte da moenga
Lagoa cársica das Bouxinhas 
Alecrim por todo o lado florido
                                     
Restauro de casa tradicional judaica com o V invertido da herança árabe
Defronte o quintal fechado por belo muro de pedra e a cisterna fechada
Vislumbrei uma espécie de poço com cúpula em laje cerâmica, será uma cisterna, que aqui se chama poço carapuça  .
                    
                                      
Sementeira de ervilhas
Uma cancela tradicional, para dizer que é proibida a entrada ...
Ruínas
Fim da caminhada junto da escola primária hoje alojamento local
 
Requalificação da escola primária do Bofinho, no concelho de Alvaiázere. A deixar- me completamente em êxtase.Parabéns ao arquiteto de interiores. Amei cada pormenor. Glamour de mãos dadas com a pedra e a modernidade. Imagino um dia ali desfrutado na panóplia de orgasmos, sendo o maior indubitalmente intelectual. Amazing!
                                     

 Oferta de sopa boa e sandes
Sobrou imensa sopa, que estava deliciosa. Diz me a senhora que a servia, se tivesse trazido taparwere levava para o jantar... 
Respondi, mande por favor por email...
Novas rotas de trilhos para conhecer
De regresso almoçamos na casa da minha irmã...o Luís Alberto adormeceu com os cães.... Amei. 
Valeu a pena armazenar tanta informação. 
Encontrei resposta para lacunas do passado importantes!

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