domingo, 11 de junho de 2023

Mudou-me para Chãos , difícil é escolher o canto!

                                  
Voltar a Chãos, em Ferreira do Zêzere, é como chegar a casa! É âmago sentir colo de gente que na maioria já não consigo decorar o nome, português e estrangeiro, que nos acarinha com sorrisos, abraços, encanta com palavras, que metade nem entendo, mas sinto, gente de bem, que sabe receber e dar. E os amigos que se foram fidelizando; Cátia Salgueiro, Fernando Silva, Raquel Gomes, arqueólogo Paulo Arsénio, a todos o trato por tu, a juntar a minha amiga mais perene, a Fernanda Dâmaso, crescemos juntas até casar com o Gilberto, tinha eu 14 anos. Hiato de 50 anos sem nos vermos, sempre em reencontro feliz.

Caminhada com almoço da Associação que celebrizou 28 anos 
Parabéns aos sócios e simpatizantes, pela casa publica onde há magia, trabalho e responsabilidade! Que inveja, será que Ansião há algo assim?...
 
Caminhantes em chão aberto porque o quelho fechou com vegetação
Mais acima entramos finalmente no quelho debruado os a muros de pedra seca
Foto de Miranda Vree
Por todo o lado chão vestido de morouços, ou maroiços, o primeiro parece uma muralha
Brutal labuta do povo em seculos para amanhar courelas de pedra.
Morouços por todo o lado
Inebriada de encanto com a paisagem alterada  nos séculos pelo povo para tirar proveito de courelas vestidas de pedra, criaram monumentos chamados morouços, com tonelagem de calhaus de todos os tamanhos. Ora o homem recolector da pré historia quando na região se fixou em castros - povoados, usou a pedra para afeiçoar machados para matar a caça. Aqui em Chãos deve ser difícil encontrar algum, porque quando os primeiros povoadores chegaram e aderiram a limpar o chão, os machados que foram deixados no tempo estarão com muita certeza no miolo dos morouços.
Há anos na serra dos Carrascos, onde hoje chamamos serra da Ameixieira a seguir às antenas, segue para sul um extrato de calcário cujo dorso emerge da terra com pouca altura. Andava á procura de lajes para um jardim com a minha irmã, eis que me deparei com estes e outros pese, não estarem catalogados, o primeiro não oferece qualquer duvida, de ter sido  afeiçoado no lombo do cabo. 
    
                   
Aqui e ali casas recuperadas em pedra de novos moradores que viviam em andares sem conhecerem os vizinhos e aqui moram em família.
                  

O chalé dos caninos 
Musgo, fetos, fresquidão...
Uma lagoa, seca
A manhã fez varias caras...
Oliveiras milenares
Ardida  teve um diâmetro extraordinário que a foto não conseguiu retratar 
                              
Paisagem plana em vale 
Courelas fechadas a muros de pedra seca a salpico de tanques quadrados de pedra calcária usados para fazer o sulfato para cuidar o míldio das vinhas.
Foto de Miranda Vree
Ribeiro ao longo do vale  com ponte coberta de lajes
Fonte de Mergulho de Jampestres
O vale pelas oliveiras milenares, caminho largo, altos muros, lajes na cobertura da ponte do ribeiro a culminar nesta fonte, inspirou-se no atrevimento que por aqui perto passou um corredor romano . Bem sei que sou uma fã da época romana. Deixaram um legado na rede da água em fontes de mergulho, como esta, com a cobertura do poço por cúpula, com laje alta que protege o utente na retirada da água ao mergulhar o púcaro , e a versão de poço de chafurdo, com escadaria até ao fundo, à mediada que o caudal desce no verão se vai entrando até chafurdar na mina.
Depois dos romanos esta arquitetura à preservação da água, na região por correr funda, então uma riqueza, foi continuada pelo legado Al-Andaluz. 

Parabéns à JF de Chãos, por manter  património ancestral para as gerações vindouras

Foto de Miranda Vree
Muros de pedra calcaria com  mistura de arenito, ferro e quarto
Filão que localizei vindo de Abiul para sul
Em Ansião, na Serra do Mouro encontrei vários calhaus de calcário  encrustados de arenito
Não sou especialista em geologia, desperta o formato curioso como o arenito se solidificou no calcário, quiçá motivado por explosão seguido de rápido arrefecimento...
Local de limite do calcário, em linha vindo de norte para sul seguido para nascente  com uma zona de argilas vermelhas com materiais plásticos, em alguns sítios  forma lajes até irromper o xisto, pedra broesa,  quartzitos e um filão de mármore na Nexebra.
Costado poente guarda socalcos 
Outrora era cultivado  trigo, disse-me um residente, os molhos eram atirados para baixo.
Com o crescimento da vegetação e o abandono da agricultura de subsistência estão a ficar encobertos.
Um degrau flutuante para aceder á courela
Alem deste rebanho vimos outro antes, aqui o queijo tem de ser mesmo bom
Apresenta-se um poço alto fechado a cimento
Não falei com ninguém para saber como era antes, mas a ser chamado fonte, e ter ainda a forma de poço, foi com muita certeza um poço de chafurdo ou fonte de mergulho.
A metros de chegar à foz, no tardoz, corre o leito  em vale fundo com rocha de lajedo, imaginei em contexto de enxurrada o medonho barulho da força da água  que vai desaguar na ribeira de Laranjeiras - toma os nomes das aldeias por onde passa, na verdade é a Ribeira de Ceras.
                                     
Pedra com vestígios marinhos e uma cruz feita pelo homem
O marasmo da ruína...
                                       
Açude
Antes da ponte pedonal há uma azenha
            
O açude era para abastecimento de helicópteros para os incêndios 
Não surtiu efeito no abastecimento como é um local baixo, criam-se ventos que o  destabilizam 
Bar de verão
    Ponte de pé direito bem diferente da outra já mencionada para passar carroças, de lajedo largo
Subida do costado para poente
Reforço
                           
                                     
Jamais distingui  reforço tão bem estruturado
Tabuleiros com bôla, bolo mármore e bolo de maça. Fruta. Agua 

Foto de Miranda Vree
De estômago confortado a caminho do Brincão para ver a sepultura visigótica
A vegetação nesta zona está a tapar os morouços que do ar parecem muralhas circulares
Catos em azul, só conhecia junto do mar na Costa da Caparica...
Eira de pedra natural
A foto não espelha a grandeza circular pela vegetação que irrompe pelas fissuras ...
Eiras naturais desta dimensão só distingui na Adeganha, em Trás os Montes, que o povo fazia uso para malhar o trigo.
A mão humana fez um rebordo de pedras grandes na  circular da eira c
Sepultura visigótica retangular escavada a nascente da eira 
O arqueólogo Paulo Arsénio cifar a sua datação do séc. XII/I d.C.
Há mais , noutros formatos, mas é preciso limpar o terreno
                  
A sepultura é ladeada pelos lados ; direito e esquerdo por  regos
O arqueólogo Paulo Arsénio,  aponta  a função de encaixe da tampa
Não resisti deitar-me... 
Por todo o lado salsaparrilha 
A salsaparrilha também é reconhecida como planta medicinal. São-lhe atribuídas propriedades depurativas, diuréticas, sudoríficas, antitússicas, expectorantes e anti-helmínticas. Os níveis de toxicidade da planta são elevados, sobretudo nas bagas, que não devem ser ingeridas.
Pendureza de cachos de bagas imitam cachos de uvas, em quadro de natureza viva que adorava ver eternizada na pintura nas belas cores translucidas roses e ocres, de beleza impar.
                                    
        
                                 
                  
A beleza da árvore que morreu de pé ...
Atenção doce que os animais nos devem merecer
Raquel , excelente cuidadora da sua menina com nome japonês, que esqueci, mas quer dizer nobre!
Bela horta verde com batatas floridas, não via assim um batatal  há décadas
Em frente Carrascal
Socalcos debruados a pedra, magníficos, como no Douro...
                                   
Aromas silvestres 
Orégãos floridos e erva de santa maria. Ainda roubei nêsperas doces...
                          
Alho porro
Chegada
Refastelado almoço
Saboroso caldo verde, porco assado no espeto, saboroso, a rondar leitão.  Salão com filas de mesa, boas cadeiras, tudo impecável. Servido em caçoilas de barro baixas, arroz de feijão e migas, travessas de boas e fresca salada. Sobremesa com salada de frutas e arroz doce. Bolo e champagne.

Não faltou a presença do Sr. Presidente da Camara e o da Junta de Freguesia
Foto de Miranda Vree
                                     
Encabeçamos uma das mesas 
Bolo
Um dia cheio, por 8 euros... 
Oferta de um par de meias de algodão personalizado com Chãos e uma cena campestre.
Ideia concretizada por uma nova moradora aos fins de semana, é do Porto, trabalha no norte numa fabrica. Foi-me agradecer as palavras que lhe teci o ano passado noutra caminhada quando passei  junto do seu quintal andava a cortar a erva com cuidado, deixando as orquídeas silvestres, em respeito à natureza e às plantas autóctones .
Acompanhámos a Cátia Salgueiro  com o Sr. padre a Igreja de Chãos, para ver a imagem do orago S. Silvestre,  que pretende o seu restauro por via do Mecenas onde trabalha- a Fundação Maria Dias Ferreira, de Ferreira do Zêzere. Que inveja, em Ansião não existe nada do género e tanta falta faz...O Sr. Padre ainda nos mostrou uma foto de uma pintura de óleo sobre madeira,  da Rainha Santa com rosas nas mãos, que descobriu em Dornes, lindíssima, para restauro e expor. 
Um padre novo muito dinâmico, ainda fui ver na sacristia o arcabuz, original. 
Pela primeira vez vi uma imagem de Santo Antão, com o porco aos pés. Muito curiosa.

De coração cheio!

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