sábado, 9 de março de 2024

Almoster, Alvaiázere, o sitio da estalagem, capela e igreja, em nova roupagem!

Ao passarem por Almoster, em Alvaiázere, não deixem de fazer uma visita ao patrimonio restaurado, que foi capela, estalagem e igreja com torre. 
Neglengiada, ao abandono, profanada no séc. XX...

Gostei da requalificação patrimonial, como dos textos, ilucidativos e didaticos, a todo aquele que chega, que em tempos elenquei numa crónica e foram reaproveitados, no dever de ser reconhecido  o passado aqui vivido. Devagarinho, estou a habituar-me ao modernismo de não ter telhado...

Mas sem telhado... pode ser vandalizado novamente? Vão ainda pôr telhado?
Obrigada pela publicação.

É o novo modernismo de recuperar património aberto. Aposta de arquitetos. No passado o padre fez dela garagem, tiraram a torre, foi um desatino de todos, que ninguém se importou... Só há poucos anos um grupo de amigos se inflamou, eu também, e o projeto ganhou asas, para não se perder a identidade do que ali se viveu no passado. E isso foi conseguido. Óbvio que fechado teria mais serventia, porém, estou a habituar me. Tem 3 lugares de estacionamento e mesa para se fazer um piquenique. A água, da levada para os miúdos brincar , local onde se passa um bom bocado, a refletir. 
Só acho que as três pedras tumulares deviam ter sido retiradas, limpas, e expostas cobertas por acrílico para não se perderem. Como os bancos modernos em ferro deviam ser em pedra. 
No compto geral, a obra ficou digna.
                   
Foto da velha torre desaparecida
No canto esquerdo do corpo da igreja, há duas lápides no lajedo; uma com um losango, escultura dos finais /600,  com letras percetiveis.

Esqueceram-se de ler  as Memorias paroquiais de 1758 de Alvaiazere

Letreiros de sepultura da Igreja de S.Salvador do Mundo em Almoster

Do Padre Vasco Leitam as 14 de março de 1633. 
Sepulturas com armas, e uma coroa.

Do Padre Belchior Alvares faleceo as 14 de abril de 1649. 

No corpo da igreja há 3: 
Manuel Pinheiro de Barbuda faleceo a 7 de julho de 1633, tem um brasam de armas. 
Pedro Freire da Costa faleceo a 9 de fevereiro de 1642.
Joana Leitoa e seus herdeiros

Deviam ter sido retiradas e colocadas ao alto nas lateraiis do corpo da igreja , limpas e cobertas com acrílico.Para nãos e perderem.
Esta brasonada , cujas armas foram "comidas" de tão pisadas ...

Gostei da preservação da levada.
Um local místico, sonhador, belo, a engrandecer Almoster!
Pia de água benta
Arco com escultura em losangos
Esculturas tipicas da centuria de 600
                             
Porta da sacristia 
                             
Elementos artisticos entre flores, dois corações
Arco triunfal

Ensaio à origem do topónimo Ansião!

Resumo publicado  no Jornal Serras de Ansião em março de 2024

Surge em discussão no livro de 1986, do Padre Coutinho; a herdade de Anxion ou Ansion, afeta ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, proveniente de um povoado anterior à nacionalidade, fundamentado no genitivo do nome pessoal hipocorístico germânico Ansilla, em cuja vila Ansillani ou Ansillanae? Se deve prender a origem histórica de Ansião. 

Há muitos anos num programa televisivo de Língua Portuguesa, a Dra Edite Estrela sobre o topónimo Ansião, tinha origem germânica

A Península Ibérica foi ocupada por muitos povos, lusitanos, iberos, celtas, escandinavos e com a queda do Império Romano do Ocidente, os Visigodos permaneceram 150 anos, seguidos dos mouros . Na reconquista cristã, cavaleiros vilães francos, sobretudo germânicos, vindos de países que hoje formam a Europa, ajudaram o rei D. Afonso Henriques, a combater os serracenos (mouros). A quem o rei doou mercês; títulos e terras para povoar. Dando origem a topónimos com raiz assente nos nomes de família desses primeiros donatários 

A região nas proximidades de Penela, Figueiró dos Vinhos, Ansião e Alvaiázere, teve famílias de Coimbra, residentes ou proprietárias. Porém, com uma outra família de cavaleiros provenientes do norte, da região de Guimarães, mais precisamente da freguesia de Santo Estêvão de Urgezes. Família que, por certo, na vassalidade dos de Riba de Vizela, já estaria pela corte. De acordo com a Dra. Leontina Ventura, ambas as linhagens, provenientes do mesmo julgado, Guimarães, e de freguesias próximas (Santo Estêvão de Urgezes e S. Miguel e S. Paio de Vizela), seguindo a corte, agora sediada em Coimbra, haviam-se estabelecido em áreas geográficas próximas: Riba de Vizela para Alvaiázere, Ansião e Figueiró dos Vinhos; Urgezes para Podentes (c. Penela). 

A par perduraram nomes próprios de origem germânica que todos conhecemos:

Odete, Elvira, Guilhermina, Fernanda, Alice, Amália, Eduarda, Carolina, Albertina, Idalina, Clotilde, Ermelinda, Gertrudes, Otília, Zulmira, e masculinos: Alberto, Jorge, Afonso, Eduardo, Henrique, Bruno, Carlos, Adolfo, Aires, Américo, Adelino, Leopoldo, Norberto, Rodrigo, Guilherme, Armindo, Arlindo...entre demais.

A falta documental do passado de Ansião, anterior a 1175

Até hoje ainda não apareceu nenhuma fonte documental do passado de Ansião anterior a 1175, o que impossibilita associar o topónimo ao germânico Goesto Ansur, ou Guesto Ansures, falecido por volta de 871. Tomei conhecimento deste germânico numa nota em rodapé na pag. 138, do livro do Padre Coutinho. E fui ler  on line, dificil pelo português arcaico o livro a Miscelânea do Sítio da Senhora da Luz de Pedrogão Grande, de Miguel Leitão Freyre d'Andrada. Fidalgo das Beiras acompanhou o rei D.Sebastião à batalha de Alcacer Quibir, onde foi cativo em Fez, onde faz promessa a NSGuia, se voltasse a Portugal. Óbvio quis saber o local onde iria cumprir a promessa, se no Avelar (Ansião), debalde, foi na Galiza...O orago Guia, indicia orientação dos navegantes no mar. A origem da família Freire d'Andrada ou Andrade, vindo para Portugal fixando-se em Pedrogão Grande, de certa forma escondidos, por terem morto um homem.

Gusesto Ansur, herói retratado em 1629, cujo enredo dos versos dividiu autores

Reindivicam uns que o local do seu encontro para entrega do tributo de pazes foi em “Figueiredo das Donas “que refuta Miguel d'Andrade e outros, invocam foi no Figueiral, hoje Figueiró dos Vinhos 

No Figueiral Figueiral                                         Mouro que las guarda
A no Figueiral entrei :                                          Cerca lo achei,
Seis ninhas encontrara,                                        Mal la ameaçara,
Seis ninhas encontrei.                                           Eu mal me arroguei,
Para elas andara,                                                 Troucom desgalhara,   
Para elas andei.                                                    Troucom desgalhei.   
Chorando as achara,                                            Todos machucara,
Chorando as achei.                                               Todos los machuquei,
Logo lhes frescudara,                                            Las ninhas furtara,
Logo lhes frescudei.                                              Las ninhas furtei.
Quem las maltarar,                                               La que a mim falara,

Ya tão mala lei.                                                     N'alma la chantei.

História que há 20 anos já tinha sido publicada  em 1609, na Monarquia Lusitana: 
No figueiral figueiredo
a no figueiral entrey,
ſeis niñas encontrara
ſeis niñas encontrey,
para ellas andara
para ellas andey,
lhorando as achara
lhorando as achey,
logo lhes peſcudara
logo lhes peſcudey,
quem las mal tratara
y a tão mala ley.
No figueiral figueiredo
a no figueiral entrei,
Vna repricara
infançon nom sey,
mal ouueſſe la terra
que tene o mal Rey,
ſeu las armas vſara
y a mim fee nom ſey.
Se hombre a mim leuara
de tão mala ley,
A Deos vos vayades
Garçom ca nom ſey
ſe onde me falades
mais vos falarei.
No figueiral figueiredo
a no figueiral entrei.
Eu lhe repricara
a mim fee nom irey,
ca olhos deſſa cara
caros los comprarei,
a las longas terras
entras vos me irey,
las compridas vias
eu las andarei,
lingoa de arauias
eu las falarei.
Mouros ſe me viſſem
eu los matarei.
No figueiral figueiredo
a no figueiral entrey.
Mouro que las goarda
cerca lo achei,
mal la ameaçara
eu mal me anogei,
troncom desgalhara
troncom desgalhei,
todolos machucara
todolos machuquei,
las niñas furtara
las niñas furtei,
las que a mim falara
nalma la chantei.
No figueiral figueiredo
a no figueiral entrei


A canção encerra  a  lenda do tributo das cem donzelas  
Conta-se que no século VIII, Mauregato recorreu ao auxílio do emir mouro de  Córdova, Abderramão I , que lhe forneceu guerreiros para a conquista do Reino das Astúrias, em troca de promessa de vassalagem e de um tributo anual de cem donzelas (50 nobres e 50 plebeias). A população cumpria, ainda que contrariada, com esta pesada cobrança. O romance em questão narra um episódio em que  Guesto Ansur, um cavaleiro cristão, encontra seis donzelas tributadas num figueiral, guardadas por mouros. Este, ao vê-las em maltrato, arriscou a vida para as salvar dos guardas, utilizando até como arma um ramo de figueira quando se partiu a sua espada. Após triunfar face aos sarracenos, casou com uma das donzelas, dando origem à família dos Figueiredos. O local onde ocorreu o resgate recebeu o nome de Figueiredo das Donas em memória do episódio.
No excerto do Livro D. Sebastião e o Vidente de Deana Barroqueiro a forma de diálogo, ao velho gosto humanista, travado entre duas personagens (Galácio e Devoto no livro Miscelanea do sitio de NS da Luz em Pedrogao Grande), segundo a critica de pouco rigor histórico .
De facto já  Teófilo Braga tinha concluído que  Frei Bernardo de Brito não tendo documentos históricos escritos para basear a sua versão da lenda do Figueiredos, aproveitou-se da cantiga, associou-lhe o topónimo Figueiredo das Donas, e inventou a personagem Guesto Ansur  para lhe conferir verosimilhança. Sobre a documento fonte citado, o hipotético “Cancioneiro Marialva”, Carolina Michaelis descarta ter sido real, mas que a existir seria uma “miscelânea” do século XVII, semelhante à de  Miguel Leitão Freire de Andrada .

(...) Veio o cavaleiro cristão germânico Ansur Goestis ou Guesto, da região de Lafões, ao limite de Pedrogos (Pedrõgão Grande), ao limite do Figueiral, hoje Figueiró dos Vinhos, ao encontro dos embaixadores do sultão de Córdova Mauregaho a Abderrhamen para a entrega do tributo de pazes de seis donzelas. Por gostar de uma, as livrou todas, arriscou a vida e as salvou, e quando lhe caiu a espada se defendeu com um ramo de figueira, o que lhe ditou a alcunha Figueiredo. 

Sem a entrega do tributo deu-se o rompimento de pazes na batalha de Aledos em 791, que o avô de Miguel Andrada, de Pedrogão Grande, então alcaide-mor de Penamacor, contava histórias da participação de avoengos. A família Diogo de Andrada com 40 padres da Companhia de Jesus, chefiados pelo provincial padre Inácio de Azevedo, embarcaram na nau Santiago, um dos 3 navios da frota que levava o governador Luís Fernandes de Vasconcelos para o Brasil. Mestre de noviços nessa expedição de mais de 70 religiosos de várias Ordens, para cuidar das almas dos índios acabaram mortos pelos corsários, que a memória do povo os consagra - quarenta mártires do Brasil.

Se a batalha foi travada em 791, onde teria  sido o seu palco para os avoengos terem participado?

Ansur Goestis casou com Dona Eleva, persistem as ruínas do seu paço em Vouzela. Fizeram doação em 871, de várias rendas ao mosteiro de Arouca. 

Além deste herói, Goesto Ansur, preteri outras hipóteses: 

Na antiga Gália, no norte dos Pirenéus, os berberes combateram os romanos drogados com liamba, dando origem à palavra assasin, significa assassino. 

A palavra latina Ancill, significa criada, escrava. 

O nome próprio árabe Amselam

O conde D. Henrique de Borgonha, de origem francesa, pai de D. Afonso Henriques. 

As palavras ; Ansion e Ansiaume.  

Na Corografia Portuguesa do padre Cardoso, 1706/12

Menção ao apelido Anian ou Anião, fidalgo das Astúrias, que ajudou o conde D. Henrique, a povoar Góis, por volta de 1170...Graças ao excerto de Goismnemosine.weebly.com , percebemos que o padre se enganou , em 1170, o Conde D. Henrique já tinha faleido (…) D. Teresa de Portugal em 1114, regente do Condado Portucalense, e seu filho Afonso Henriques, de cinco anos de idade, fazem a doação das terras de Góis e de todos os seus termos a Anaia Vestrares ou Anian ou Anião de Estrada, fidalgo das Astúrias, e a sua mulher Ermesinda Martins, para a povoar e desenvolver”. A sua filha Maria Anião casou com Diogo Gonçalves e foi Senhor de Góis. Onde Vasco Pires Farinha fundou um morgadio vindo por casamento aos Silveiras, foram Condes de Sortelha, D. Luís de Alencastre, Conde Vila Nova de Portimão

O tombo de Góis abre perspetiva aos apelidos aportados depois da centúria de 700 a Ansião; Lemos, Lima, Veiga, Carneiro, Monteiro, Paredes, Figueiredo, Silveira etc. E ainda ao padre João Crisógono Figueiredo Perdigão Villas-Boas Amaral, nascido em 1797, em Celavisa, Arganil, foi capelão da Capela da Misericórdia de Ansião, onde se encontra sepultado, cuja lápide brasonada tem as armas do seu pai.

Voltar aos cavaleiros germãnicos

Contribuintes  de rica toponímica na Galiza, e no norte, a exemplo  Sandiães e Guimarães, genitivos germânicos, do nome Sindila, e de Vimara Peres, evoluíram no plural, em ães. Segundo o padre João Pinto de Morais o topónimo Ansiães, em Amarante, deriva de Anciaens ou Anciam. Avesso a pobreza, antes cifra abonatória, corrobora a teoria creditícia do Padre Coutinho, pela comunhão do baixo latim da mesma raiz; villa de Ansilanis, quinta de Ansilano, ou Ansilanem, com a variante Eixião e na Galiza Anseán, e do germânico Ansehelm (Anse+ ansi), deuses da mitologia escandinava, e helm, “capacete, proteção”, "aquele que está sob a proteção dos Anses". Vivos, genes escandinavos na região, aportados na proto-história. Ansos, em 1625, chamou Severim Faria aos do burgo de Ansião…Presume um povoador aportado de Ansiães, Amarante, o fundador do esmoliadouro e da primeira estalagem, no vulgo mosteiro, requalificando ruínas romanas. Assenta o topónimo do burgo de Ansião na sua alcunha “ anciam ou anssion”. À laia da prática assistida no tempo a todo aquele chegado de fora, passava a ser conhecido pela alcunha da sua terra de origem. Constatei há anos a duplicação de topónimos do norte na região, ou com a mesma raiz, na marcação de itinerários de férias: Rabaçal, em Valpaços e em Penela. Almofala, em Castelo Rodrigo e Figueiró dos Vinhos. Mogadouro, em Trás-os-Montes e Santiago da Guarda. Cabaços, em Moimenta da Beira e Alvaiázere, Rapoula, no Sabugal e Avelar, Cotas, em Alijó e Soure. Com a mesma raiz: Constantim em Vila Real, e Constantina em Ansião, Pai Penela, na Meda e Penela, a culminar Ansiães e Ansião. A padroeira NSª de Moreira de Ansiães, patronímico português de Sta. Maria de Moreira, de Celorico de Basto, tinha por honra o fidalgo Pedro Pires Moreira. Apelido ramificado a Penela, Espinhal, Avelar e Ansião, nos meus netos, a quem instigo, jamais esquecer são Valente! 

Em plenitude dissecar nos séculos várias menções evolutivas do topónimo Ansião: 

[1220.JUNHO – 1223.MARÇO] – Inquirição sobre os direitos régios detidos em diversas freguesias da diocese de Coimbra, acrescidas de um rol dos bens detidos pelas instituições eclesiásticas e pelo rei em Coimbra e na sua região, a egreia d’ Amssyom dez librras, e no séc. XV, in Anssyom. casalia, et dant inde deciman

Curiosa divergência da grafia do topónimo com M e N, à exaltação relevante, antecipa a fundação da primitiva igreja de Ansião, sita no atual cemitério, evocada por historiadores antes de 1259, sendo efetiva antes de 1220. E só por esta nota já é importante a crónica. 

                                       

No censo de 1320, pagava a igreja de Santa Maria de Anxion, 25 % da colheita. 

Excerto de AHMC/ Pergaminhos Avulsos, nº 10 de 1344, Abril, 17, Coimbra: Eygreia d’Ansyom dez soldos

Cortesia do Leonel Morgado :Censual da Diocese de Coimbra no elenco de igrejas, mosteiros e capelas no séc. XIV "It. Sancta Maria d’Ansiom de Sancta Cruz" Séc: XV in Ansiom. xxx. casalia, et dant inde deciman 

                     Ansiaon, num mapa de 1561 partilhado pelo Dr. Manuel Dias

Anciam, no 1º Livro de Registos Paroquiais de 1578

Anciano, num mapa de 1780, cortesia do Dr. Paulo Alcobia, de Ferreira do Zêzere

Quiçá, fonte ao Slogan Coração de Sicó

O "Mappa Topographico para a nova organização do concelho de Ancião desenhado, em 1862, por José Joaquim Serra, Professor de Instrução Primária, arquivado na Torre do Tombo”, que se ilustra.

Grande abalo caí por terra a origem de Ansião na boca de muitos. Porém, jamais afirmação, em alusão direta do topónimo associado ao chavão Rainha Santa Isabel dando esmola a um ancião. Certeira a sua deslocação pela estrada de Conimbriga, por Soure, ou pelo Zambujal, Ateanha, Avelar, Pontão, para as suas terras de Dornes e Alentejo, por onde passou o seu cortejo fúnebre, vindo de Estremoz.
Em 1937, os Paços do Concelho atearam fogo, sem encontrar culpados. O novo telhado a poente, foi impresso a letras garrafais, em branco ANCIAO. Quiçá, alegado mote à criação verseja folclórica humorística e sarcástica, sem respeito à verdade histórica, cujo autor jogou com a palavra homógrafa Ancião, que significa velho, em antítese à idoneidade ancestral do topónimo, à pala épica, da Rainha Santa Isabel!

O topónimo Ancião sofreu a última evolução, ao mudar o C por S, pelo acordo otográfico de 1948. 

A contínua dificuldade burocrática, à digitalização do arquivo municipal, à que devia ser a sua principal dinâmica, de o pôr ao serviço da investigação – inércia descarada lança repto a outros à procura da ata e da publicação em Diário da República! 


FONTES
Livro de 1986 do padre Coutinho
Corografoa Portuguesa do padre Cardoso
Goismnemosine.weebly.com 
Leonilde Ventura
Miguel Leitao Freire de Andradae e o seu livro de 1629
Wikipédia texto publicado na página 196-v do capítulo IX do sétimo livro da segunda parte da Monarquia Lusitana

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Certificação do palco da Quinta das Sarzedas, em Pousaflores, Ansião

 Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em fevereiro de 2024

Guardo a memória da prima Júlia Silva e da Jerica com a carroça lotada de estrume, para a sementeira do milho, na courela das Cavadas, beijada pelo ribeiro BouchaTopónimo de uma estação visigótica em Areias, Ferreira do Zêzere, alvitra a sua origem Bucha, na Ucrânia, trazido por povoadores. E, Bouxinhas na topónomia de Almoster.

prima Júlia Silva, confidenciou que a fazenda dos pais nas Cavadas, fez parte da quinta, extremava com courelas de outros familiares. Herança do seu pai de parentes do Casal Soeiro, alcunha "os pardalocos" , com outra ao cimo da Escarramoa, e um pinhal na Chã Galega.

O chão da Quinta das Sarzedas foi esquartejado pela família "Serra" da Ameixeira/Casal Soeiro, parentes dos "Reis" e também do Casal das Peras. Além  destes apelidos aparecem outros associados aos maridos das mulheres ; "André", "Marques", "Neves", Caixeiro", "Simões", "Silva", "Freire " . 
Acresce a simbiose do cargo de Capitão-Mor, o primogénito do 1º casamento de Belchior dos Reis - Marcos, foi Capitão Mor de Figueiró dos Vinhos, tendo casado em Almofala, onde morou. 
Explica ainda no século XX e ainda hoje uma maioria de lotes da várzea que foi pertença da quinta das Sarzedas, tenha sido herdada por gente oriunda da Ameixieira, Casal Soeiro, Casal das Pêras e,... 

Transcrição da mensagem do Dr. Américo Oliveira 

«Não nos conhecemos pelo que lhe devo uma explicação para este contacto inesperado... Estive a falar hoje com a sua irmã Filomena, de quem fui colega nos Correios durante muitos anos, e foi ela quem me deu o seu contacto. A razão prende-se com a procura da localização de uma "Quinta de Serzedas" onde teria residido uma minha antepassada em meados do séc. XVIII. De seu nome Mariana Josefa Pimentel de Almeida da Silva e Sequeira Ponde de Leão de Mendanha. A minha ligação a esta família é através do Sulpício José Pimentel de Almeida. Herdeiro da família dos Pimentéis, de Santo Varão, quando casou vendeu tudo o que tinha aqui e foi viver para essa quinta ."

Origem do topónimo Sarzedas segundo a Wikipédia
Provêm do latim saliceta, "salgueirais" com variantes; Salzeda, Sarzedas, Sarzedela, Sarzedelo etc.  
                                 
Ao primeiro impacto  alvirei Sarzeda
Procurei saber com a D. Helena, e o primo Adolfo Monteiro, ali nascidos e criados, só me falaram da família dos "Caixeiros", e da existência de um grande poço. Num sábado, no mercado, encontrei a Gracinda, a Augusta e a Lucília, manas do saudoso Porfírio Monteiro, e quando as questiono,  irrompe em prontidão a Gracinda " só se for onde é o lagar velho na quinta". Agradeço a descrição da ruína que a coligi nas memórias paroquiais “ o lagar e fazendas tinham contributo na manutenção da sua capela particular, na matriz de Ansião, com 14 Missas anuais. Em 1769 o seu administrador era Gaspar Godinho da Silva e Sequeira. Capela na matriz, hoje afeta ao coro, com imagens em reservas: Santo André, S. Roque e NSÓ, em crer, vindas do Morgado de Sto. Varão, em Montemor o Velho onde está atestado na toponímia o Santo André e a NSÓ, orago da igreja do castelo . 

O « Lugar da Sarzeda pertencia então cumulativamente à freguesia de Pousaflores e à de Almoster, pelo que não aparece referenciada nas Memórias Paroquiais Setecentistas do concelho de Ansião, nomeadamente da instituição da sua capela em honra de Nossa Senhora da Esperança»

A formação do palco da Quinta das Sarzedas?

Arquivo do Convento de Celas, em Coimbra 
Coligi a doação da propriedade  doada ao mosteiro,  no excerto de 1591 « N. S.ra da Esperança, Prazo em três vidas de hum oliual, que tinha duas ametades, huã deste mosteiro de Celas, outra de Dona Vrsula de Mello, da ametade do mosteiro se pagaum quatro alqueires e da de D. Vrsula sinco. Se o mosteiro de Celas herdasse a sua parte, e assy vem a ser noue alqueires, e o oliual que está alem de N. S. da Esperança aonde se chama as Courellas, parte com oliual de Suõ Bertholameu: naquelle sitio se faz o mosteiro de S.ta Clara, he necessário saber se occupaõ este oliual.»

A freguesia de Almoster e Pousaflores,  do bispado de Coimbra, era do Mosteiro da Vacariça 
Dona Ursula de Mello apelido Mello em 1591, foi vivo em Abiul e em Ansião , na centuria de 600. 
O apelido Coutinho, ou vindo de Almoster, ou do Couto de Alvaiázere, aparece em Ansião no Mestre Jesuíta Dr. António dos Santos Coutinho, e no séc. XIX com Gonçalves Coutinho.
Prof Carlos Reis, viveu no Pessegueiro, no Casal Novo. Em Almoster o apelido Coutinho, e Reis encontra-se em campas no cemitério.

O Prazo foi uma grande propriedade com início em S. Bartolomeu, ao Pereiro, Pousaflores, então dividida em duas metades de olival . Uma já do mosteiro de Celas, e outra de D. Ursula de Melo, que a veio a doar ao Mosteiro, onde a sua filha era freira , com as courelas até ao Nabão, a entestar com o Mosteiro de Santa Clara, onde houve ação moageira, de que ainda resiste um moinho de água com duas entradas para os rodízios. Ao limite norte, no Marquinho, no Serrado das Freiras – topónimo ganho do tempo que foi desse Convento , bem atestado na toponímia.

A Quinta das Sarzedas 

Plantada no corredor romano/medieval, a poente da Escarramoa, à sombra da Fonte das Cavadas, antes fora Fonte de Mergulho, guarda o testemunho da secular glicínia  de cachos roxos ou cachos da Índia, no meu tempo de miúda só existiam  assim com troncos grossos na que foi a estalagem da Ti Maria da Torre no Bairro de Santo António, sacrificada com o alargamento da estrada depois do 25 de abril, outra a ornar a escadaria do primeiro hospital da Misericórdia, na vila, destruída com a construção da CGD, e a que ainda existe como esta no jardim da casa de herdeiros do Dr. Adriano Rego ao Fundo da Rua.

Quantos viandantes aqui saciaram a sede e se acoitaram da sua sombra...
Um tanque de água
Uma tradição na região de Sicó. 
Este por acaso é em tijolo que se encontra uns metros acima na estrada nova, mas existe outro tanque junto da fonte em pedra como manda a tradição que não registei em foto porque lhe puseram uma rede em frente por segurança.
Várzea da Quinta das Sarzedas

Apresenta-se em maioria de courelas em pousio com canavial infestante... e, casario disperso a contornar a várzea da quinta  das Sarzedas a jeito de ferradura com o Suímo a norte. 

Courelas onde ainda há  vinha e hortas e um poço antigo em pedra com o pilar do balanço
A casa de um padre?
Um barracão onde ainda se distingue uma parede antiga e o que resta de outra que se desmoronou, sendo no tempo acrescentado, foi a casa de um padre, mas dele nada sei, segundo me confidenciou o António Freire, vizinho da minha mãe que nasceu nas Cavadas.
O poço de chafurdo
Azar, cheguei atarsada um mes, tinha acabado de ser requalificado... com manilhas...

                                 

Uma pedra! O que pode revelar? Um marco territorial?! 

Nas Memórias Paroquiais de 1758  «  o Lugar das Sarzedas e a parte de São Satornino (Albarrol), e o da Barreyra freguesia de Almoster».
Dizem que logo à frente na casa que foi de um barbeiro existe um marco.

 
Lagar
Vista nascente  do lagar velho desmoronada parcialmente 


Sobrevive na frontaria um frondoso carvalho com um pé de grande diâmetro e duas valentes pernadas com séculos. Quantas histórias com estória, assistiu dos que por  aqui passaram...
              
Entrada do lagar a sul onde se encontram ainda duas pedras de fuso.Uma visível e a outra semi escondida pela laje à esquerda.
 
  
 
O que realmente me motivou a entrar aqui por este corredor de porta aberta?
Avistei um tronco da estrada a julgar ter sido em madeira e se teria feito parte do lagar
O mote para entrar na propriedade. Afinal um tronco secular de hera, que ainda resiste a norte do lagar, cuja terra fofa enterrei os chinelos...com  metade da prensa  em pedra partida ao meio  e outras pedras.
A grande pedra circular lagareira, com bico, partida, evidencia ter sido romana ou do legado Al-Andaluz,  devia ser preservada em Museu!
Outra pedra com buraco no terreno...
Ao proprietário peço desculpa de ter invadido a sua propriedade particular, no intuito de registar memórias do passado da que foi a Quinta de Sarzedas.
Parede a norte em adobe e barro com calhaus rolados encastrados em filas de telhos cerâmicos 
Aventa do legado Al-Andalus, por outras existirem ao longo do Nabão. 
Verifica-se a reutilização do Lagar, com esta parede,  parte em pedra e outra em tijolos de cimento. 

A mesma técnica só que a contornar os adobes, na Pombaria, Alvaiázere,  foto tirada pelo Dr. João Pedro Santos
 Outra vista com a parede poente do lagar velho  em pedra, adobe e a tijolos de cimento...
 Vista sobre a várzea para norte
Entroncamento da Rua da Carapota com a estrada desfrutando da várzea

Origem do topónimo Carapota

Palavra com origem no dialeto mirandês significa a ponta de cima;cume!
Para quem gosta de aprofundar o conhecimento em discernir a importância que a toponímia deve merecer, vamos falar da Rua da Carapota . 
A rua vem de sul,  onde foram as casas nobres da Quinta das Sarzedas, tinha defronte a ermida e entroncava na via romana/medieval. Veremos mais à frente, que na centuria de 700, aqui viveram familias do Porto, e pelo excerto seguinte percebemos onde se fudamenta a origem do toponimo Carapota. Fundada nos ideais socialistas, cujos valores se exaltaram para melhorias do povo. 
O sofrimento das gentes que viveram e lutaram em Ilhas, no Porto, com teares em casa para os patrões não os terem nas fabricas para pagarem menos impostos. 
As crianças ajudavam, porque não haviam ordenados, eram pagos à peça. 
Até, que em finais do século XIX operários letrados começaram a ler Piotr Kropotkin, o revolucionário pensador político, que falava das minorias que viviam e trabalhavam em condições sub humanas para ganhar o pão para comer. Valores que transmitiam a outros colegas analfabetos e se espalhou.
Grande adesão ao conhecimento da evolução socialista, numa dessas Ilhas o apelido Kropotkin acabou fidelizado em carapota e no plural Carapotas. O topónimo é disso demonstrativo.

Ruina da primitiva casa da Quinta das Sarzedas na Carapota

A casa da quinta está de facto a um nivel mais alto a par a planura da sua várzea

                           

Teria tido brasão...

A sul das Cavadas há uma casa que tem na frontaria uma pedra esculpida que dizem veio desta quinta, teria feito parte do brazão? Bom, não falei com os donos. Na minha opnião a casa foi feita após a abertura da estrada, no inicio do séc. XX. E quem a fez tenha ido ao Brasil e regressado com dinheiro para a fazer alta de sobrado e ornado com a pedra.

                            

Em Alvaiázere encontrei esta pedra esculpida com a data 1901, com petalas a jus de coração como a rosa em baixo apresenta, quiça é de origem da casa por altura da estrada nova e não vinda da casa da quinta...

Capela de Nossa Senhora da Boa Esperança
Confidenciou-me a minha querida mãe que aqui veio à festa comigo ainda bebe de colo onde perdi um sapatinho, e o meu pai ao reparar lhe infringiu culpa com uma bofetada... em tempo que os homens mal, pouco ou nada respeitavam as mulheres...episódio que facilmente a minha mãe esqueceu até que anos mais tarde uma moradora daqui nos correios a voltou a recordar...
Fotos retiradas da Página do Facebook
Imagem na foto em pedra  no nicho  primitivo da ermida
Localizei na  internet a Imagem  de NSEsperança, com o Menino, no nicho de pedra do seu altar . 
Uma filha do Sr. Abílio Rodrigues, informou-me que a antiga capela era defronte da casa da quinta, mais pequena, que nos finais do séc. XX, foi demolida e feita uma capela nova maior, favorecendo o adro para a festa. Na altura as pedras do altar foram deixadas no tardoz da nova capela. Há anos, um padre ao olhá-las, perguntou de onde tinham vindo, sendo respondido que eram da capela antiga e, logo as mandou  recolocar e bem, no altar .
A norte das casas da quinta das Sarzedas , casario mais recente do último proprietário
Augusto da capela" de apelido "Freire" 
Ao que parece deixou os bens ao Sr. Manuel Diogo de Albarrol e ao Sr. Leopoldino, o que me disseram e à família dos "Caixeiros" ...

Lado  norte entre as janelas com um encaixe em foram de duas meias luas para entrada de ar
A reportar para simbologia judaica.
Fecha o adro no entroncamento
Vista do adro sobre a várzea cultivada de milho e casario a norte no Suímo

Casario em ruína da família com alcunha"Pirões"

alcunha "Pirões" tenha sido supostamente trazida por ascendentes emigrados em finais do séc. XIX a S. Tomé e Príncipe, como capatazes nas rossas de café, oriundos do Casal de S.Brás e Fonte Galega em Ansião, que um deles aqui se fidelizou. Emigrantes  a ganho da alcunha deturpada de "pirão" alusivo ao pilão, usado para bater a mandioca. A família que conheço com apelido "Rodrigues" do Casal de S. Brás, o teria vindo a juntar ao seu apelido por ser muito usual ao tempo, e assim se distinguir dos demais acrescentou " Tomé" (alusivo à ilha onde emigrou) mas não o viria a dar a todos os filhos. Um deles por não gostar da alcunha,  não sei as razões, veio a dar aos filhos o apelido da mulher "Moreira".

Aqui na Carapota tenha regressado com dinheiro para construir uma boa casa

Graças a uma velhota de 95 anos, cujo nome me esqueci, mas recordo o apelido "Pires" nascida na Fonte Galega veio viver para as Cavadas com 10 anos, não perguntei se veio servir ou por outra razão. Confirmou o lagar velho e a quinta que foi de gente do Casal Soeiro e Ameixeira da família dos "Serras". Falou-me ainda do ribeiro que rebenta com as primeiras águas de inverno no Vale do Bicho e toma o nome Boucha, desaguando no Nabão, percorrendo a várzea do que foi a quinta das Sarzedas e ainda me falou que as tais ruínas depois do lagar ao alto era casa dos "Pirões".
 
 
Genealogia da Quinta das Sarzedas

Renato Freire da Paz
A propósito dos Mendanha, Pedro e Francisco de Mendanha vieram fixar-se em Portugal após a batalha de Toro. O cronista Rui de Pina a propósito deste Pedro que era Alcaide de Castro Nuno, em cujo castelo D. Afonso V o marido da também apelidada Beltraneja, sua esposa rainha D. Joana de Transtâmara, se veio a acolher depois da dita batalha. Este nosso rei comulou-o de Mercês e passou a viver no Porto e daí, finais do séc. XV saiu a descendência dos Mendanha portugueses. 
A Ana Mendanha, com quinta em Ansião finais do séc. XVI era uma das descendentes.
O Dr . Filipe Pinheiro de Campos tem na sua BD Ana de Mendanha cc Martim de Covilhã salvo erro em Vila Nova de Anços, e com uma filha Isabel de Mendanha.
De facto vieo depois para Ansião, para a quinta da Boavista, ao Senhor do Bonfim, outra familia que tinha parentesco com esta e depois se ramificou à Quinta dos Sequeiras na Ribeiar do Açor.

Dois registos partilha de Renato Freire da Paz em abril de 2021 na ermida da Quinta das Sarzedas 

“No dia 26 de fevereiro de 1595 na ermida de NSEsperança baptizei Manuel, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha na sua quinta abaixo de Ansião. Padrinhos Leão de Barros da quinta da Guarda e Maria de Abreu filha de Joana de Abreu de Ansião.” 

Aos 14 do dito mês de maio da dita era de 1600. Batizei de minha licença Francisco, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha da quinta do lagar abaixo de Ansião.
Padrinhos Francisco da Costa, da Lousã e Helena de Presença mulher de Manuel Álvares do dito Ansião 
Cortesia de Henrique Dias
Registo de batismo de Joana escrava do Capitão Gaspar Godinho
Aos dezanove de Outubro de mil setecentos e trinta e seis, digo em o primeiro de Novembro de mil setecentos e trinta e seis, Batizei a Joana preta escrava do Capitão-mor Gaspar Godinho dos Reis desta Vila (Ansião). Foram Padrinhos o Reverendo Padre Henrique Godinho desta Vila e Antónia Pereira da Sarzedela de que fiz este assento,D. Jerónimo da Encarnação.
 
Cortesia Henrique Dias 9.4.2021
Registo de óbito localizado por Renato Freire da Paz
Aos 17 de maio de 1606 faleceu Ana de Mendanha foi enterrada na capela da sua quinta presente mês e ano"
Localizei o registo de óbito de Maria Ponces
Aos 19 de junho de 1669 faleceu Maria Ponces e foi enterrada na Ermida da sua quinta 
O pomposo nome da nobre Mariana Josefa Pimentel de Almeida da Silva e Sequeira Ponce de Leão de Mendanha, nascida na Quinta de Sarzedas, em 1738, avoenga do Dr. Américo Oliveira, quem me pediu ajuda para localizar o palco da quinta das Sarzedas, e dedico a crónica. Com ajuda de Henrique Dias, a elaboração da árvore genealógica, pese disponivel na internet  . 
Filha de Gaspar Godinho de Nisa e Reis, Capitão-mor de Ansião e de Josefa Silva e Sequeira Ponce Leão e Mendanha. 
Casou com Suplício José Pimentel de Almeida, herdeiro da família dos Pimentéis, de Santo Varão, Montemor-o-Velho. Vendeu o seu património e veio para a quinta das Sarzedas. 
Era familiar o Santo Ofício por carta de 6 de julho de 1755. 
Filho único de António Pimentel Raposo e de sua mulher D. Luísa Coelho Pimentel, administradora do Morgado da capela e NS da Tocha em Santo Varão. 
Tiveram vários filhos; José, António, João da Silva e Sequeira e, a D. Perpétua Máxima Silva e Sequeira Ponce de Leão e Mendanha nascida em 1768. Casou no Porto, em 1764, com António Pereira de Almeida Sequeira, Lente da Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra, e Desembargador da Relação, falecido a 23 Janeiro 1828. Tiveram um filho, Fiel Pereira de Almeida, batizado em Coimbra em 1805, onde tirou o 4º e Grau de Bacharel em 19.06.1826. Viveu na terra do pai, o Porto, com a mãe viúva, com abandono da quinta das Sarzedas, faleceu a 22.9.1846.

Excerto do I Congresso de Historia da Alta Estremadura do Dr. José Pedro Bernardes , Indígenas a Romanos, os Suplícios de Leiria 
O nome Suplício aparece  numa inscrição funerária encastrada numa das torres do castelo de Porto de Mós  onde se homenageia um tal Caio Sulpício Pélio, filho de Céltio...parecem outros Sulpícios na região, quer pertencendo ao território de Collippo, quer ao território vizinho de Conimbriga onde por vezes aparecem, tal como Pélio, com cognome indígena(...). Certo é que, no século II, os Sulpícios, aliados aos Cláudios, já são uma das mais influentes famílias da região, ocupando magistraturas na cidade de Collippo. 

A curiosidade do nome Suplício pode derivar de Itália de Nápoles do Beato Núncio Sulprício. 

Assinatura de Suplício José Pimentel por Filipe de Campos Pinheiro
Cortesia do Dr. Américo Oliveira 
Os Mendanhas
Suplício José Pimentel 
Natural de Santo Varão, filho único de António Pimentel Raposo e de sua mulher D. Luísa Coelho Pimentel, administradora do Morgado da Capela da Sra. da Tocha, pertence ainda hoje à casa de Maiorca.
Ele casou D. Josefa da Silva e Sequeira Ponce Leão e Medanha

A última moradora na Quinta de Sarzedas?
A nobre Mariana Josefa teria sido a última moradora na Quinta das Sarzedas em virtude da filha Perpétua Máxima ter casado em 1764 com o Desembargador da Relação António Pereira de Almeida Sequeiro, e o seu filho Fiel Pereira Almeida  foi batizado em Coimbra, onde veio a tirar o curso de Direito . Encontrei a sua inscrição na Faculdade de Direito de Coimbra a Matrícula de Fiel Pereira Almeida: 08.10.1822 Exames: 3º: 09.06.1825, Aprovado , Atos nº 15, fl. 5 4º e Grau de Bacharel: 19.06.1826. Estabeleceu-se  na terra do pai, o Porto, na companhia da sua mãe viúva 

Ascendência da nobre Mariana Josefa enviado por Henrique Dias
A partir do seu bisavô Luís da Silva e Sequeira nascido em 1637 e Ana Feo, 1657, de Coimbra
Grafico de Henrique Dias 

Ainda existem em Ansião os apelidos "Godinho e Reis".

Cortesia da Dra. Ana Ferreira

Registo de casamento dos pais de Mariana Josefa Pimentel de Almeida da Silva e Sequeira Ponde de Leão de Mendanha
 Cortesia da Dra.  Ana Ferreira 
Registo de casamento de José da Silva e Sequeira e Maria Josefa Henriques
Cortesia da Dra.  Ana Ferreira 
Casamento de Luís da Silva e Sequeira com Ana Feio

Alvará dos foros de escudeiro - fidalgo e cavaleiro-fidalgo de Henrique Ponce de Leão
Cortesia do Dr. Américo Oliveira

O apelido Ponce prevaleceu no Canto na vila de Ansião nos finais do séc. XIX, pobres, assistidos pela Mesericórdia de Ansião.

Porta aberta à investigação  genealógica  sobre o  Senhorio da Vila de Sarzedas, em Castelo Branco que a meu ver tem um ramo na Quinta de Sarzedas

A chave da Casa de Sarzedas?

Cortesia do Dr. Américo Oliveira em fevereiro de 2021 do livro «Mendanhas do Campo de Coimbra , de José de Lima, Oficinas da «Atlântida», Montemor-o-Velho, 1942, p. 38 
(...) Pêro de Covilhã e a sua descendência de José de Lima, Tipografia Porto Médico, Porto, 1954 p. 42.
O 1º Senhor da vila de Sarzeda 
Foi Fernão da Silveira , filho de Nuno Martins da Silveira e de sua mulher Leonor Gonçalves Abreu, neta materna de um inglês. (…) como Embaixador a Castela e, pelos serviços que prestou, ao Rei João II que lhe deu os Senhorios das vilas; Sarzedas, Sobreira Formosa e de Ansião, segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e brasileira). Ora Ansião, somente é conhecida a doação a D. Luís de Menezes nos meados da centúria de 600.

O 1º  Conde da vila de Sarzedas
Foi D. Rodrigo Lobo da Silveira por mercê do rei D. Filipe III de Portugal! 

O último Senhor de Ansião e da Casa de Sarzeda
«D. Luís Eusébio Maria de Menezes Silveira nasceu em 1780, embora casado não teve descendência, à sua morte extinguiram-se os títulos; 4º Marquês do Louriçal; 8º Conde de Ericeira; 6º Senhor de Ansião ; 11º Senhor do Prazo de Louriçal; Sr. do Morgado da Anunciada, e dos da Casa de Sarzeda que passaram a ser representados pelos Condes de Lumiares, herdeiros da sua Casa.»
Primeiro Conde de Lumiares -Titulo criado por D. José a favor de Carlos Carneiro de Sousa e Faro.

O 1º Marquês do Louriçal D. Luís Carlos Inácio Xavier de Menezes
Nascido em 1689, faleceu em 1742 sem deixar descendência. Pelo que não se prevendo tão cedo a sua morte e ainda menos que não deixasse descendência ,o seu irmão D. Henrique de Menezes que tinha seguido a vida eclesiástica , cargo que renunciou, quando herdou os cargos nobiliárquicos de seu irmão, pedindo dispensa para se casar com a sobrinha e assegurar a legitima sucessão da sua importante e rica Casa Senhorial como 3º Marquês de Louriçal, 7º Conde de Ericeira, 5º Senhor de Ansião, 11º Senhor de Louriçal, Senhor do Morgado de Anunciada e dos da Casa de Sarzedas (Silveiras), e de todos os demais Vínculos e Comendas da sua Casa.»

Com ligação aos Ponce de Leão e Mendanha com descendência de um ramo ainda vivo em Ferreira do Zêzere. 

Partilha do Dr. Paulo Alcobia 
" Em 1721, era Condessa de Sarzedas, D. Teresa Marcelina da Silveira, mulher de António Luís de Távora. 
O livro dos Mendanhas, refere  Francisco Ponce de Leão e Mendanha,  mas creio que não desenvolve a sua descendência, talvez por o autor desconhecer o paradeiro deste.
Sucede que o dito Francisco, casou em Paio Mendes onde teve geração que chegou, pelo menos, ao século XX de acordo com algumas suas pesquisas.
O Dr. António Baião, não fez referencia a esta família no seu capítulo dedicado às famílias do concelho. 

Há imenso trabalho genealógico por fazer para entroncar ramos familiares de Ansião com os concelhos limitrofes.

A família nobre espanhola Ponce Leão, aportou como foreira  pela Casa de Sarzeda ou pelo Duque de Aveiro?

Após a queda dos Távora, os seus bens transitaram para a Coroa, e o Marquês de Pombal ficou com alguns. Caído em desgraça, no reinado de D. Maria I, vende à Casa de Pereira, gerida por dois manos, nascidos no Brasil, de pai português, enriquecido com engenhos de açúcar. A sua morada de família é o atual palácio Sottomayor, em Condeixa. Eram familiares dos Carneiro Figueiredo, com solar na Ladeia, no Alvorge. Os manos eram afetuosos, com troca diária de correspondência levada por mensageiros de Lisboa, para Coimbra, e vice-versa. Sobre o quotidiano e o bulício das quintas e dos seus negócios.

Coligi no arquivo da Univ. de Coimbra, várias cartas

Excerto da carta nº 6 de 14.10. 1775, de João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho, desembargador da Casa da Suplicação no tempo do Marquês de Pombal, em Lisboa e o mano D. Francisco de Lemos Faria Pereira Coutinho Reitor da Universidade e Governador do Bispado de Coimbra, o 52.º Bispo de Coimbra e 17.º Conde de Arganil (...) «Mano muito do meu coração (...)A Sra. D. Teodora Higina Arnaut de Rivo, avó da mulher de João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho me deu uma carta para por ella mandar eu tomar posse da quinta das Sarzedas, e de todos os foros de trigo, que a caza de Pereira tem, em Ancião, como taobem do azeite que lá tem (...) tomo o acordo de vos mandar essa folha com o meu nome escrito para que nella mandeis escrever hum alvará de procuração necessária para aquella pessoa, que vos parecer capaz de ser mandada logo a Ancião, para ahi tomar posse da dita quinta das Sarzedas, e de todos os foros, olivaes, e mais bens, que ali há pertencentes à caza de Pereira. Deve-se cobrar os foros de trigo vencidos,e os atrazados, que se deverem. Deve-se mandar fazer o azeite; para o que se devem por escritos para se arrendarem a quem por eles mais oferecer, sendo sempre afrontado (?) um homem chamado Manoel Ferreira que mora no dito lugar, o qual disse que daria oitenta alqueires não havendo quem mais dê. Pelo lagar, que ahi há, parece que dão (?) 20. Quem há-de dar notícias disso hé o Manoel Ferreira. O que correu até agora com isso hé hum Vital António, que ahi há no mesmo lugar; o qual hé quem há-de fazer a entrega das chaves da[s] cazas da quinta, que estão quaze perdidas pelo total dezamparo em que isso está. Elle há-de declarar os que pagaõ foros, etc., e deve-se lhe pedir o que deverem, abatendo os anos de que tiverem recibo. Hé necessário que me façais o favor de despedir logo para Ancião a pessoa que encarregares do referido, porque a azeitona veyo mais cedo este anno, e se se não lhe acode, logo, perde-se e esta hé a razão, porque escrevo já e com esta pressa. Creyo esses bens todos poderão render 20 ou 25 moedas conforme os anos(...) A Deus. Irmão muito amante do coração Azeredo Coutinho »

Retira-se da carta que a   quinta de Sarzedas foi pertença da Casa de Pereira, cuja administradora naquela altura era a Srª D. Teodora Higina Arnault de Rivo
Excerto (...) Em 14 de outubro de 1775 a Sra. D. Teodora tão bem está já reduzida a entregar-me a administração de toda a caza de Pereira com a obrigação porém de acomodar-lhe o sobrinho como tio de minha mulher, no que convenho, e lucro muito». «A respeito do arrendamento da quinta, que por si só hé couza de muito pouco rendimento, e do lagar, hé necessário vêr cá os arrendamentos feitos pela Sra. D. Teodora a Vital António que me parece ainda não estão acabados neste anno, posto que ainda faltando algum se lhe pode tirar por ter deixado cahir parte das cazas da quinta, e nellas não ter rezidido.» «A Sra. D. Teodora está de ânimo de me entregar toda a caza de Pereira, e todo o obstáculo que tem havido até agora hé o de não querer que fique dezacomodado o sobrinho, no que tem razão, e eu tenho tomado a rezolução de prover a isso inteiramente muito a seu contento, até que possa haver providência que seja para mim de mais alívio. A dita Sra. não quer, que meu sogro administre, nem ponha administrador em Ancião, nem em Pereira. Pelo que para mais a contentar lhe tenho segurado, que o administrador há-de ser posto por vosso mandado, e na certeza de que assim se há-de executar hide lançando as linhas a quem há-de ser, porque pelo Amaral espero mandar as ordens necessárias para a entrega de toda a caza. Todas as terras do Campo, e Monte, se devem arrendar. A quinta deve-se conservar em administração por conta da caza para se não perder; mas o administrador ou feitor, deve ser hum homem de botas, que trabalhe, para o que não faltaõ capazes; e sobretudo hum inspector que vigie sobre elle, e veja de quando, em quando, o que elle faz.» « Na carta nº 46 dos irmãos Coutinho, da Caza de Pereira e a quinta das Sarzedas, falam da quinta de João Pedro Pimentel desse lugar de Fermozelhe.»  
 
A Caza de Pereira
«(...)Com bens em Ansião,  e solar de família em Condeixa a Nova, no morgadio de Nossa Senhora da Piedade instituído em 1732, por José Rodrigues Ramalho e sua mulher D. Úrsula de Oliveira Cataná. Propriedade da família Ramalho, depois dos Lemos e, por fim, dos Sotto Maior, o nome pelo qual o palacio hoje é conhecido. A capela primitiva e a casa existente nesta época foram objeto de profundas remodelações, tendo sido edificado um novo templo em 1737, que corresponde ao que hoje conhecemos. As primeiras campanhas de remodelação do palácio remontam, muito possivelmente, a este período, devendo-se a intervenção mais significativa, responsável pela ampliação do imóvel, à iniciativa do bispo-conde D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, herdeiro da casa através do casamento do seu irmão com a filha dos instituidores do morgadio (Correia;Gonçalves 1993).»

Registo bibliográfico de ilustres, no concelho de Ansião
A palmarés salvaguardar memórias para os vindouros. Espólio do lagar; duas pedras de senfim, pedra lagareira partida, parede árabe de adobe com telhos, e pedra decorativa numa casa a sul das Cavadas, presume vinda da quinta, quiçá do brasão? Em total ruína o casario da quinta. A calçada do adro deve abraçar moldura à memória sepulcral da família Ponce Leão! 
 
O meu olhar a mais uma descoberta!
Só os cabelos continuam brancos já se foi a blusa e os óculos...
FONTES
Carta Militar da década de 1984 e de 40
https://archive.org/stream/mosteirodecelasi00bern/mosteirodecelasi00bern_djvu.txt
Mensagem, livro e informação sobre Mendanhas do Dr. Américo Oliveira 
Livro de Alberto Pimental
https://geneall.net/pt/forum/165903/abiul-pombal-andre-da-silva-ou-sousa-coutinho/
Livro Notícias e Memórias Paroquiais de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
Esquema da árvore genealógica da nobre facultada por Henrique Dias
Cortesia Renato Freire da Paz com 3 registos
I Congresso de Historia da Alta Estremadura

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