sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O meu tempo de escola primária em Ansião!

A minha escola primária na vila de Ansião-, curiosamente conheci as quatro salas...

Decorria o ano de 1964 que se acabou o bem bom da brincadeira com o seu início ...
No primeiro dia fui levada pela minha mãe, ao dobrar a esquina da casa do Dr. Silveira reparei no lindo varandim com bancos de pedra implantados no mural encimados por gracioso suporte em ferro da trepadeiras -, um refúgio bucólico onde nunca vi ninguém a desfrutar de tão lindo recanto -, ao baixar o olhar dei de caras com o carro preto do Prof. Albino Simões no estacionamento privado, aqui todos os dias no mesmo sítio debaixo da árvore em cima da calçada -, certo a enorme alegria quando não o via, mais sortudos os rapazes não tinham aulas...
Aqui entrei e sai vezes sem conta
Entrei ao portão de ferro, não me lembro se ia alegre ou feliz por ir para a escola, talvez não me sentisse muito à vontade por ser tímida, para o envergonhadito. O carreiro em terra batida até ao recreio, só de raparigas, ao fundo havia um pequeno telheiro e duas portas, entrei numa delas, ao rebate logo se abria uma sala de entrada ao lado desta outra privada, ao fundo a sala de aulas com três grandes janelas viradas a nascente para a rua principal
A minha mãe deixou-me com recomendações à senhora contínua D. Fernanda. Ao bater das palmas fomos entrando em fila indiana, as tábuas corridas gastas cheiravam a velho, nas paredes caiadas havia mapas de todos os tamanhos , dois grandes quadros de ardósia preta debruados a madeira e na calha paus de giz e a esponja. Em cada sala havia um fogão a lenha em ferro redondo com pezinhos, ao tempo nunca vi nenhum funcionar enquanto frequentei a escola -, estragados de canos cor de prata desencaixados. 

Ao canto da sala havia uma solitária secretária, numa das gavetas guardava-se a régua grossa de madeira para aplicar os castigos aos alunos,- apanhei várias vezes, as mãos ficavam brutalmente vermelhas e dormentes. De encosto à quina da parede ao lado dos quadros jaziam de pé as canas da Índia, altas e grossas, reluzentes de ser manuseadas, cheias de nós -, tantas levei cabeça abaixo em constantes viradas de meia roda... 

Na parede do quadro ao centro havia um crucifixo, ladeado por fotografias, uma do Dr. António Salazar e outra do Almirante Américo Tomás.

Na 1ª classe na sala todas pequenitas, acabrunhadas, olhar assustado, cheias de medos...seria a minha primeira Prof a D. Laura Simões -, infelizmente para mim não guardo gratas recordações, chumbou-me, com ela andei até à 2ª classe. Senhora de cariz conservador, britânica no vestir, tinha o seu quê de austera, fria e platónica. Levava nas mãos uma pasta em cabedal comprada no bazar em Coimbra em frente à vidraria do Saúl.

No ano seguinte apesar de ter chumbado estreei nova pasta estampada em plástico, moderna em tons de azul, a de cabedal ofereci às cachopas da Maria José , a " Ilhoa" do Casal das Peras -, lindas moçoilas a Amália e a gémea Eulália.

A maioria das minhas colegas usavam sacolas de chita fechadas com um botão, olhavam para mim de lado... Na pasta levava o livro de leitura, ardósia, lápis de carvão, lápis de cor e cadernos de 3$50 e 5$00, algumas colegas tiravam da sacola cadernos finos de $50. 

Senti nos seus olhares a tristeza de não terem cadernos iguais aos meus, o que fez nascer em mim uma incrível vontade de as ajudar. A ideia surgiu na minha cabeça, logo a pus em marcha, rebuscar os bolsos dos casacos do meu pai enquanto dormia -, sempre encontrei moedas e com elas comprei cadernos iguais aos meus na papelaria da D. Arminda em frente ao Correio velho, também cheguei a pagar a quota do rádio escolar a um ou dois, tal a insistência do Prof. Albino Simões,semanalmente fartava-se de chamar a atenção a alguns, pelo incumprimento. 

Tenho a sensação de que nunca me disseram obrigado..."sorte a minha que também não me lembro mais dos seus nomes". 

Um dia a turma mista, não me lembro mais se o seria, ou por falta do marido juntou as turmas, o Nuno filho do Dr. Juiz chamado ao quadro e assustado com a voz altiva da Professora perdeu o controlo e num descuido urinou-se pernas abaixo...o pleonasmo é obrigatório para dar ênfase ao sucedido -, lindos calções aos quadradinhos repassados, pior o lago aos pés no chão da sala... imagem deprimente que permaneceu na minha cabeça durante anos a fio. 

Não era permitido ir à casa de banho fora do intervalo das onze horas. As carteiras de madeira e banco de ripas, ainda se fazia uso da tábua em ardósia para fazer contas, sempre pronta a utilizar depois de passar o trapo de pano que se pendurava num suporte em viés pregado abaixo do tampo. O que me marcou mais-, o temor, assustada e nervosa também ficava com vontade de ir à casa de banho, a Professora recusava, quando não aguentava mais a pressão, fazia chichi aos pinguinhos no banco, e com o trapo da ardósia limpava, tal memória afetou-me, apesar de sozinha ter aprendido a desenrascar-me. 

Reconheço que na altura tinha alguma dificuldade de aprendizagem tal qual alguns cérebros que reza a história - seria o método conservador, rígido, implacável envolto em medos, sei que nunca fui capaz de aprender a raciocinar, a refletir, a pensar .

Em casa o ambiente também não era nada acolhedor, não abonava a favor, pouco aplicada nos estudos por falta de incitação.Um dia estava à lareira com o meu pai quis testar se fazia contas na 1ª classe, não fui capaz, enervou-se, deu-me uma bofetada, rebolei fiquei entalada debaixo do suporte do fogão de esmalte branco tipo mesinha. 

A única mensagem de valor que me recordo do meu pai -, a sua preocupação em não tirar nada a ninguém, quando se lembrava de rebuscar a pasta e via alguma coisa que sabia não ser minha, obrigava-me a ir de imediato entregar. Passei autênticas vergonhas, serviu-me de lição.Detestava o sanitário de cheiro nauseabundo, inóspito, escuso, deprimente, tosco em cimento, sem autoclismo, ao fundo do recreio com porta de madeira sem janela, trinco relaxado, um buraco. Até a contínua D. Fernanda tinha um semblante austero e imponente na sua bata azul, mais parecia uma guarda republicana, só lhe faltava o cinturão com o crachá, seria por não sorrir? Por isso talvez a semelhança!

Posto que ao tempo funcionava neste solar no 1º andar , sendo que no r/c ao portão era a oficina de irmãos que tratavam de bicicletas...

Os recreios…
Havia o das meninas e dos meninos, ao tempo separados por muro alto e uma porta, eram de terra batida. Faziam a delícia das muitas brincadeiras e dos jogos. 
Os rapazes brincavam à Barra. 
As raparigas: Saltar ao Elástico; Jogar à Parda; Reis e Rainhas; Macaca; Cabra Cega; Saltar à Corda; Jogar ao Lenço e muitos outros. 
No alpendre baloiçávamos nos pilares de madeira para deslumbre de ver quem tinha a renda da combinação mais bonita, a da Inês filha do Dr. Juiz em bordado inglês...As aulas terminavam às 3,30. Aos portões os cachopos dividiam-se em direções diferentes a caminho de casa: Além da Ponte; Moinho das Moitas; Salgueiro; Casal S. Braz; das Sousas; Casal Viegas; Empiados; Carrascoso; Garriasa; Cimo da Rua; Casal das Peras; Escampados; Bairro de Santo António; Carvalhal; Pinhal...a minha comandita parava na mercearia do Carlos Antunes para comprar rebuçados com a mania das cadernetas de cromos que muitos de nós gostávamos de fazer, os rapazes faziam a dos jogadores de futebol. Ainda se compravam pastilhas em feitio de moedas douradas, pela estrada acima a desembrulhar papelinhos em grupo, uns inocentes a cantarolar ...quando aparecia o arco-íris, entoávamos a cantilena: " A chover e a fazer sol, as bruxas em Albarrol a fazerem uma camisa para o compadre caracol"…No tempo invernal a bem dizer ia de outubro a maio com temperaturas negativas durante a noite e geada de manhãzinha, ao sair à porta da cozinha, o quintal, o adro da capela, tudo o que a minha vista alcançasse era um infinito manto branco, a água do tanque dura, tal a grossura da capa de gelo...adorava pressentir os estalitos da geada a quebrarem debaixo dos meus pés na ida à padaria dos avós buscar o pão quentinho, ia e vinha pulando nas mesmas pegadas que repetia de novo a caminho da escola para poupar as botitas de cabedal. Dias de chuva a somar a semanas de intempérie, trovões e relâmpagos sem um aconchego na escola. Ao chegar à fonte do Ribeiro da Vide de olho na minha casa em primeira linha, da alta chaminé saia fumo indiciava que a minha mãe antes de ir trabalhar o deixara aceso, muitas vezes a cozer "feijão da velha" enchidos, e ossos do espinhaço para roer e chupar presos nas mãos ao jantar, na cama da cinza quente amornava o café de cevada acabadinho de fazer, na bancada a costeleta de porco com sal para grelhar no brasido...que cheirinho e sabor da boa carne de porco… 

Quem também não me deixou alegrias na escola? A Prof. Armanda Oliveira, senhora altiva de colo esbelto, cabelo estufado, vestia lindas meias de vidro que lhe conferiam umas pernas de invejar. Senhora de cariz austero passava quase todo o tempo à janela a olhar, seria a pensar ou sonhar...

Vá lá saber-se o seu pensar de encosto à cana-da-índia verdejava num rodopio pelas cabeças das alunas. De tanto me puxar as orelhas ,que rasgou ,- então não usava os brincos pesados de oiro branco da minha mãe, ainda hoje tenho lembranças desse triste passado quando amiúde perco brincos, tal o tamanho do rasgo …

Dúvidas que não via esclarecidas…Adorava atazanar a minha mãe todos os santos dias na porta da cozinha -, caso de me querer bater poder fugir -, lia num tom muito alto o texto do livro da 3ª classe "enquanto a bichana dormia" por desconhecer que assim se chamava à gatinha, termo ouvido no ar associado a malandrice em conversas de intimidades nas noites de inverno ao lume entre os meus pais e amigos ,entre eles, o Albertino e o irmão Emídio Murtinho na altura solteiros deslumbrados com as raparigas bonitas vindas trabalhar para a fábrica…de ouvir dizer ao meu pai que a mioleira fazia muito bem à inteligência e, por não a comerem alguns…"eram burros todos os dias" dizia ele também que a doutrina obrigava a decorar umas " porras, as bem-aventuranças, não percebia para o que serviam"… 

Meu colega de escola…fulgor ainda hoje de ter sido colega do meu bom amigo Dr. Manuel Dias do Lugar de Manguinhas na vereda entre o Casal de S. Brás e o Viegas, por várias vezes lado a lado (aos Sábados de manhã, na rádio escolar!) .Ele foi sempre aluno do Prof. Albino Simões ao tempo Presidente da Câmara. Quando ele faltava iam todos para a D.ª Laura a minha Professora, que não gostava muito dele chamava-lhe o "mimo do caco!". O marido, ao contrário, adorava-me (salvo seja!) os seus colegas levavam tareia de meia-noite (ele partiu sei lá quantas réguas de metro no corpo daqueles mártires; quando não sabiam as contas agarrava-os em peso pelas orelhas e batia-lhes várias vezes com a cabeça nos quadros de lousa, talvez "pensando" que assim as regras matemáticas entrassem melhor no cérebro dos seus alunos; outras vezes dava-lhes tamanha chapada, que com a mão esquerda tinha que parar o impacto do castigo, se não os alunos até voavam para o outro lado da sala! 
No caso, o bom Manel ao contrário, recebia 1 tostão e 2 tostões para ir ao Alberto Melado comprar rebuçados para ele, como prémio das suas contas sempre bem feitas, das leituras e escritas sempre modelares. Assim, ele chupava rebuçados e os outros tanta tareia, o que o incomodava profundamente. Talvez por se dizer bem dele à esposa (que era professora das suas irmãs e elas tinham dificuldades na aprendizagem), é que ela o titulava assim, quando o via, pelas mãos de sua mãe. 

Ao sábado de manhã ...ouvia-se o rádio escolar na sala dos rapazes, uma perdição partilhar a sala naqueles instantes... havia um lindo rapaz de olhar lânguido em verde quão lago de nenúfares a raiar ao sol... não parei nem descansei enquanto não descobri o nome dele completo - António Manuel ..... para jogar o "Pancaios"... jogo singelo depois de subtraídas as letras iguais do meu e do nome dele, as restantes contavam-se... ao resultado aplicava-se a tabela da frase chave: 
P -Paixão; A -Amizade ; N -Namoro; C -Casamento; A -Amor; I -Inveja; O-Ódio; S -Simpatia.
Brincadeiras de cachopos a pensar em namoricos.... Lembrança nunca esquece
Foto com a turma e a professora, sou a segunda a contar da esquerda.

Episódio passado na 4ª classe com a Professora vinda de fora -, Maria do Nascimento que entendeu não me propor a exame, disse-mo numa 6ª feira. Mal chegada a casa não me contive e contei ao meu pai que destroçado com o segundo chumbo, tentou abrandar a minha tristeza confortou-me " na segunda-feira vou falar com a Professora pedir-lhe para te propor a exame" prometido devido foi comigo, porém nada havia a fazer, já tinha sido enviada a listagem com os nomes das alunas para Leiria, desculpa esfarrapada da Professora sem antes desafiar no conselho o meu pai que eu deveria acompanhar as colegas nas revisões suplementares que iria fazer . Gesto que acedi. As explicações decorreram a céu aberto no jardim do solar da D. Maria Amélia Rego junto ao lago, sentadas num banco em pedra circular junto da pérgula ladeada de trepadeiras. A perpetuar esse momento a foto na Mata Municipal, abraçadas com a Professora ao meio, Augusta Murtinho, "Irene dos Burros", Alice Tomé, Fátima e Lucília do Casal S. Brás numa clareira de seculares carvalhos. 

Jamais esqueci as palavras da Professora! " Isabel sinto muita pena de não a ter proposto a exame, afinal a menina está bem mais preparada do que as suas colegas"…

Sendo por natureza tímida, reservada, corava por tudo e por nada, não falava, ficava quietinha no meu canto, foi preciso crescer para sentir o peso da perda, da derrota na minha vida e com isso tenha desabrochado -, acabei por revelar um saber que antes nunca o tinha assim conseguido! 

Sinto uma nostalgia em reconhecer que nunca fui compreendida, acompanhada devidamente, nunca nenhuma professora soube despertar em mim a vontade e o gosto de aprender, esse dom maior que é o prazer de saber, percalço maior que resultou de forma negativa na minha caminhada académica.

Todas as Professoras que me acompanharam durante seis anos - tempo que durou a minha primária, revelavam temperamentos muito autoritários, discursos de distância, frios na sua relação com os alunos, - inevitavelmente comigo. 

Também em nada ajudou a rotina de fazer os trabalhos de casa, a minha mãe fazia-os por mim - o grande erro, na vez de me ensinar a estudar, a perceber, desajudou na minha escolaridade que continuou no colégio nas disciplinas de francês e inglês.Ainda se diz que é uma mais-valia os pais ter estudos para ajudar os filhos, será que concordo? Não fez por mal, uma boa forma de colmatar o tempo vazio nas noites de turno no Correio velho. Adorava fazer as redações, assim chamadas na altura.

O que os genes nos transmitiram?
O prazer da escrita na mesma feição, sentimental - também à minha filha, porque a minha irmã, saiu ao meu pai mais dada à poesia , no seu tempo de menina e moça comprou um livro de razão usado nas mercearias para apontar as dívidas da clientela,onde escreveu os seus versos, sorte que o guardei…contudo tinha uma caixa de madeira esculpida em retângulo - julgo foi da prima Júlia – viveu com ela anos até se estragar, onde guardava segredos. Gosta de caixas, gosta!

O que aprendi na escola?
Pouco, francamente lamento dizer que o mal foi para mim - sem bases, os estudos ficaram pela metade, poderia se quisesse, mas não me apetece estudar, gosto mais de conversar…
Foram seis anos. Infelizmente para mim chumbei na 1ª e 4ª classe.
Conheci as quatro salas, todas diferentes, todas iguais!

10 comentários:

  1. Ó Maria Isabel, estou sem palavras e ainda a chorar de tanto riso. É uma contadora de histórias nata! E q memória prodigiosa!
    Li este texto por partes e de cada vez foi de chorar a rir com as suas peripécias e aventuras. Já estive a contar algumas ao meu marido e disse-lhe q ele tem q as vir ler...
    Continue a dar livre curso a esta sua veia q vale a pena registar todas estas memórias da maneira viva e divertida como o faz.
    Obrigada por uns óptimos momentos de boa disposição q me proporcionou hoje.
    Beijos
    Maria A.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Maria Andrade pelo seu comentário.
    Aos poucos vou acreditando que vale a pena aqui perder umas horitas a escrever, a dar azo à minha memória que embora um pouco ferrugenta, acabo quase sempre por me recordar e voltar ao post e alterar. Sou muito criativa,o que me dá gozo é fazer o post directamente e não em word, ai perto a genica.
    Sabe desta última vez que fui a Ansião a minha mãe numa de me chamar à razão dizia-me, falas muito, perdes-te a falar com as pessoas, dizes que vais escrever um livro ...a forma como senti o reparo caiu-me cá dentro, fiquei triste, no meu entender até porque no seu tempo tirou o curso geral doas liceus, tem uma cultura acima da média em relação às suas amigas que contam-se pelos dedos as que tem o meu grau de escolaridade e no entanto ficou-se muda quando deveria ter dado azo ao orgulho e dizer, eu sempre gostei de escrever, se nunca levei à vante a ideia de fazer um livro, fico contente por ela o fazer, ela adora história, a terra, as tradições por certo será agradável de ler...sou a 1ª a dar-lhe força!
    Apesar da tristeza, não esmureci, porque tenho amigos cujos valores académicos e culturais nada se comparam com os meus e mesmo assim com o pouco tempo disponivel lá me vão lendo, ensinando e valorizando, e isso acredite é o mais importante para mim. Os últimos anos tenho vivido uma vida fútil que aos poucos se transforma em qualquer coisa de válido que me distrai e diverte não só a mim com a outros.
    Vou-lhe contar uma estória, sempre adorei ver os programas do Dr Hermano Saraiva , precisamente por ser um excelente contador de estórias.Cheguei a inscrever-me no exame de acesso à faculdade para a cadeira de História precisamente porque achava que um dia quando ele já não pudesse eu me encaixaria no lugar...
    Devaneios!
    Bem haja e não se esqueça de dizer o que está mal para eu me corrigir.
    Beijos
    Isabel

    ResponderExcluir
  3. Tem uma memória de invejar Maria Isabel. Também eu passei por muitas coisas, porque afinal todos nós temos um passado, mas parece que tudo se me varreu da memória.
    Lendo-a as coisas começam a encaixar e regressam-me fiapos aqui e ali, mas nada consistente como aquilo que conta!
    Reparo que a Maria Isabel e a sua irmã eram "levadas da breca" ... espero que tenham acalmado! :)
    Parabéns pelas memórias!
    Fiquei cheio de fome com os petiscos que aqui faz referência, não aguento mais, vou comer! Sou um "pau de virar tripas", mas se ficar gordo imputar-lhe-ei culpas!!! :)
    Manel

    ResponderExcluir
  4. Olá Manel, obrigado pelo seu comentário.
    Sabe, é como diz, também eu ao escrever se me varrem da memória alguns factos, mas depois de algum tempo lá vou e altero, acrescento, mudo...
    De facto eu e a minha irmã tínhamos uma genica sem igual, ela fazia as bulhas com os cachopos e eu lá ia e batia neles todos, tinha uma força dos diabos, onde pusesse os dentes saia carne pela certa e as unhas, saia pele, com certeza!
    Hoje estou mais calma, no caso engordei, já não sou mais uma "trinca espinhas"...
    Tem sido estimulante porque exercito a memória que andava a ficar para o esquecidito.
    Fico extasiada como tem tempo para me ler...logo a mim!
    Beijos
    Isabel

    ResponderExcluir
  5. Gostei do texto. Tenho 51 anos e, tenho de escrever sobre a entrada para a escola e deu-me uma branca, não sabia por onde começar. Ao ler o seu texto,lembrei-me de coisas que passei na escola. Obrigado

    ResponderExcluir
  6. Caro anónimo seja bem vindo ao meu blog. Ainda bem que o texto o inspirou para a sua composição.
    Um abraço
    Isabel

    ResponderExcluir

  7. Olá Isa, mais um texto de encantar!

    Apesar de ter entrado na escola, três anos antes da Isa, e ter frequentado a escola (só a 1ª classe) noutra região do país, as nossas experiências enquanto pequenas alunas são em quase tudo semelhantes.
    Digo quase, porque quem me acompanhou no primeiro dia de aulas, não foi a minha mãe (estava longe na altura), mas sim o meu irmão e o resto da criançada, os primos, que habitavam a casa da minha avó paterna. Bem...a criançada, e a lembrança dos grandes olhos acinzentados desta minha avó, que de dedo em riste, logo me avisou que não queria choros ops! Bem, resolveu logo ali qualquer tipo de fobia escolar. Se as tive, resolvi-as sozinha :)
    De resto tudo igual; a pasta de cabedal, a lousa, a escola tal como a descreve, com as deprimentes e quase sempre imundas casas de banho de buraco, os recreios separados, as brincadeiras (adorava o jogo dos reis e rainhas), a pose austera dos adultos, tudo, muito semelhante. Acrescento ainda, a toma obrigatória de óleo de fígado de bacalhau :), durante o recreio, que se processava assim: duas filas, uma de rapazes, outra de raparigas. Um garrafão de cinco, litros ao pé do professor, e duas colheres de sopa, que serviam, uma, para todos os rapazes, e outra, para todas as raparigas :)Era integrável tornava-se uma autêntico suplicio, beber semelhante mistela. Eu lá ia com a minha prima, mais velha um ano, que logo me instruiu, “não engulas! Corre para a casa de banho e deita fora!” Sábios conselhos :) que eram seguidinhos à risca lol.
    Não posso deixar de referir a tabuada bem cantada, todos juntos em pé, em frente ao quadro! :)Eu, que já na altura gostava de dançaricar, balançava-me de tal maneira, tipo pêndulo, que a boa da professora tinha que me refrear os ânimos de dançarina com umas canadas. Mas nada conseguia. Demasiado branda… eu sabia, que ela tinha um fraquinho por mim :)Se fosse hoje, lá teria ido a vovó, reclamar com a professora, lá viria o Ministério relembrar a necessidade da articulação e da transversalidade dos conteúdos, enfim, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e o equilíbrio não é coisa fácil de se encontrar.
    Depois regressei à minha terra e aí, a realidade era totalmente diferente.
    Beijinhos para si e um bem-haja pelo condão que tem em proporcionar momentos tão agradáveis.
    Maria Paula
    4 de novembro de 2010 11:52

    ResponderExcluir
  8. M Isa disse...

    Obrigada Maria Paula pelo seu comentário.
    É muito gratificante relembrar episódios tão "velhos" nesta nossa vida, é como se voltássemos ao local e vivê-los outra vez...mas agora com sofisma!
    Essa da tabuada, já não me lembro, acho que a declamávamos em alto e bom som.
    Pouco me lembro da escola, porque vivia amedrontada!
    Que bom saber que gostou de me ler...estimo muito os seus comentários, ajudam -me a crescer ainda mais.
    Bem haja, também um excelente fim de semana
    Beijos
    Isabel

    ResponderExcluir
  9. A Maria Isabel no seu melhor!
    Gostei imenso de ler este seu texto.
    Não me fez regressar às origens, pois as minhas memórias são diferentes, mas fez-mas comparar.
    Havia diferenças substanciais entre uma escola nos trópicos e outra em Ansião, só no método de aprendizagem vi semelhanças, infelizmente!
    Um bom final de semana
    Manel
    4 de novembro de 2010 07:24

    ResponderExcluir
  10. Obrigado Manel pelo seu comentário.
    É sempre um prazer saber que me vai lendo, fico até sem palavras!
    Um homem tão atarefado, caramba, que honra!
    Bom fim de semana para si também
    Beijos
    Isabel

    ResponderExcluir

Seguidores

Arquivo do blog