Acordei com sol, sei que poderia ter endereçado convite, também poderia ter recebido algum, para aproveitar este dia e gozá-lo a passear , a contemplar belezas. Mas não, nada disso. Aperaltei-me fresca com os cabelos molhados, vesti camisa de cambraia branca e risquinhas ténues a condizer com os jeans, o blusão de cabedal andou na mão, tal era o calor. Num repente olhei para mim, exclamei assustada: tudo o que visto hoje, até a mala foi pertença da minha irmã... fica-me tão bem, vaidosa, balbuciei para dentro!
Sozinha fui até à Costa de Caparica tratar de um assunto na Junta de Freguesia...o atendimento, apesar de jovem, podia ser bem melhor, senti falta de atitude e oportunidade em mostrar e querer fazer diferença.
Dirigi-me no endireito da beira mar, caminhei ao longo do paredão, apreciei a calmaria da água, do vento , havia surfistas na água, caminhavam algumas poucas pessoas. Os restaurantes vazios, ainda era cedo, almoçavam os empregados a ver o mar.
Para meu regalo registei o descanso dos seus pés e as múltiplas pegadas pela areia...
Vaivém de gente...seria noutras alturas, hoje era assim, quase nula.
Até o arbusto de folhagem perene não resistiu à secura do inverno.
Valem as flores amarelas que nasceram junto dele e fazem deste dia um dia florido para todas as mulheres. Valorizo muito as flores silvestres , mais até do que um qualquer boquet comprado na florista com floreados, adereços, fitinhas e bonecos...não há nada que chegue a uma flor da berma da estrada ou roubada de um jardim...
Gostei do sol e de alguns, poucos, corpos desnudados que se passeavam em biquíni pela praia.
O sol enxugou os meus cabelos...
Degustei um caldo verde, um pão com chouriço e, arroz doce.
Fiquei enchoiriçada para um mês...
Como é possível uma zona turística continuar a ser tão mau tratada.
Não vi uma equipa sequer de manutenção nas ruas...
Continuo a ver e não gosto das calçadas esventradas, árvores secas, outras simplesmente desapareceram, caixotes do lixo a cheirar mal e lugares junto aos mesmos negros de gordura a pedir para serem lavados.
O urbanismo do programa Polis nem se fala, as tábuas que cobrem grandes extensões do areal com o calor saíram dos lugares e são traiçoeiras.Os jardins desprezáveis.
Grande extensão de areal e mar a perder de vista, podia ser um local aprazível, encantador , mas nunca o será por falta de atitude, de paixão, de talento e obsessão!
Acabaram com o ex ex-libris da Costa, o comboio, ao mudarem o lugar, perdeu-se por completo a beleza deste transporte pitoresco ao longo da arriba fóssil.Velhos tempos que me deleitei com paisagens únicas, o vento da brisa a esfacelar-se na minha cara com os cabelos ao vento...e os cheiros da vegetação agreste das dunas...coisa mais linda e romântica para praticar ali mesmo!
De abalada fiz-me à estrada. Acabei por vir tomar café no lugar do costume, hábitos que não se alteram!
Querida amiga, como entendo as tuas palavras em relação á Costa...nascida e criada aqui,tudo mudou ,o grande areal,as dunas a perder de vista, na maré vazia o que se tinha que andar para dar um mergulho... O Polis, até dá vontade de rir para não chorar...querem fazer da Costa uma cidade turística e arriscam.se a que seja uma cidade fantasma....
ResponderExcluirAna Mestre
Olá Ana. Muito obrigada pelo teu comentário.
ResponderExcluirTens toda a razão...mais dia menos dia a Costa acaba por ser uma cidade fantasma...e temos pena, muita pena.
Beijos
Isabel