domingo, 15 de outubro de 2023

Certificação do Pinhão a Património Imaterial!

Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em Outubrio de 2023

Jaz esquecido o lema da crónica publicada em fevereiro de 2020 – Quem tem pinhão tem Tudo.

Ribalta em aplauso ao produto estrela - pinhão, a materializar património imaterial da humanidade, a orgulho autárquico de Ansião, Ourém e Soure. Dada a parentela pela extrema de 1111, do Foral de Soure, às antas do Fárrio a Sicó, as mãos dadas à exaltação da herança grega do pinhão, assente no Bodo ao Espirito Santo e da Rainha Santa Isabel. Tradição cultural e antropológica a proteger e publicitar!


Parentes próximos Ansião,  Soure e Ourém
Na herança do pinhão, cuja semente ou foi levada de Ansião, ou disseminada pelo vento... Sugere união no selo Terras de Sicó, na premissa manter vivas as ancestrais tradições do pinhão, unindo o comum passado com pujança de riqueza, contando a sua história !

Origem do pinhão? Trazido pelos povos da bacia mediterrânica
Líbano, Irão, Turquia e Grécia, povos que  integravam o pinhão na sua dieta alimentar, por ser rico em nutrientes e durável. 
Na Itália, é usado no Molho Pesto. Foi afamado nas rações das hostes dos exércitos romanos por fortalecer os músculos. 
O cultivo do pinhão estendeu-se na Península Ibérica, em Portugal é abundante a sul do Tejo no distrito de Setúbal, em especial em Alcácer do Sal onde existe a maior concentração de pinhal manso, pois ali houve uma colonia fenicia e de cartagineses.
Já na região de Sicó, também com terrenos de consolidação dunal, ácidos e pobres, onde se dão os abrunheiros, espécie de ameixeiro para produção de aguardente .

Jarnault, na sua monografia de Penela, de 1919, abordou  linearmente a lenda grega dos montes Germanelos, no Rabaçal, chamados irmãozinhos. Debalde, o Dr. Salvador Dias Arnault, em Ladeia, Ladeira de 1939, desacreditou-o . Sem valorizar as suas pesquisas nem reparou nos traços fisionómicos das gentes ainda tão visiveis; rostos rudes, cariz carregado e fartas sobrancelhas. Genes ainda vivos, pese os cruzamentos de gerações . Na Torre de Vale Todos, o topónimo LINDOS  que o  identifico com a cidade Lindos - na ilha grega de Rodes. Já o topónimo ATEANHA, admito origem no nome da deusa grega da sabedoria Athena, que no foral de Penela foi escrito Atheania. Jamais alguém especulou a origem do vivo pinhão na região, que admito foi trazido com gregos e outros povos vindos do mar Mediterrâneo; fenícios e sirios. Os fenícios tiveram colónias em Alcácer do Sal, Tavarede e Ilhavo. 
Mal chegada a Lisboa, foi-me dito que tinha genes fenícios... na reforma foi mote para enveredar na investigação, para tentar saber quem foram os meus avoengos. 

Ansião, a feira dos pinhões tem origem na romaria de NSPaz na Constantina, com alvará de 1697
Desconhece-se o seu inicio, entre 1623 e 1697, sendo que era anterior. Pela necessidade de cobrar o terrádego (terrado) aos vendedores, que se recusavam a pagar, por saber que a confraria não tinha alvará. O terrádego era outra receita, além das esmolas para a Confraria. No seu arquivo há menção de vendedores de Soure e da Vala de Ourique. 

A Feira dos Pinhões na Constantina, em Ansião, é mais antiga que o Ramo de Pinhões de Soure
Vendedores de Soure, vinham às feiras dos Pinhões e à da Rainha Santa Isabel, sendo suposto que enxergaram o filão de riqueza do pinhão, levando a semente para mais tarde terem instituido o ritual do Bodo do pinhão, com pouco mais de 200 anos, sendo inferior à feira de Ansião, com mais de 300. Ou não, e foi levado pela migração interna, porque temos um João de Ansião no Tombo de Soure de 1508.

A origem da palavra “bodo”
Segundo o etnólogo Leite de Vasconcelos, vem do latim “votum”, evoluiu para “vodo” e, por fim “bodo” – com sentido de promessa

O Bodo, floresceu com sacrifícios a deuses pagãos que foram sendo alienados pela cristianização, a sufrágio das almas dos mortos, com inovação de preces, novenas, sermões e procissões para implorar chuva, proteção divina, afastar pragas e guerras com caridade aos pobres. 

Onde nasceu o Bodo ao Esprito Santo?

Segundo Adelaide Salvado, a igreja do convento de S. Francisco em Alenquer, foi pioneira na difusão em 1323, aos Bodos ao Divino Espírito Santo, pela Rainha Santa IsabelOnde o rei D.Dinis desterrou a Rainha Santa Isabel, por não aprovar o filho bastardo -Afonso Sanches, como herdeiro da coroa portuguesa.  Em clausura, a Rainha fez uma promessa de pazes, entre o marido e o filho legítimo. Promessa que alcançou pazes entre ambos sendo assinada na igreja de S.Martinho em Pombal.  

Painel azulejar com a dedicatória Rainha Santa Isabel Medianeira da Paz  em Pombal

O ritual do Império?

Nasceu em Alenquer por ação da Rainha Santa Isabel o ritual do Império - procissão da Confraria do Espirito Santo, no dia de Páscoa. O ritual do Bodo aos pobres foi uma devoção festiva popular em Leiria, Tomar, Cascais, Beira Baixa, Alto Ribatejo, Estremadura, Alentejo litoral e Algarve. A procissão era repetida aos domingos até o Pentecostes. Na véspera, a procissão era mais solene, a vila era cercada por um rolo de cera, chamada - Candeia. O banquete, chamado Bodo, aos irmãos e devotos, no maior dia da festa, onde eram gastos 130 alqueires de trigo e 7 vacas; porém concorria tanta gente, que não era possível chegar a todos…Excertos retirados do livro Santa Isabel, pág. 33, cortesia do meu amigo Sr. Mário Maria de Carvalho. No encontro ao Ribeiro da Vide, na companhia do Sr. Padre Adriano Santo, onde me surpreende; sabe onde pernoitou o cortejo fúnebre da Rainha Santa Isabel, a última noite antes de chegar a Coimbra? Segundo uma publicação num jornal do Sr. Padre Jacinto Nunes, foi na Quinta do Tojal. Sem ter lido toda a literatura do Sr. Padre Jacinto, sem ter coligido onde a mencionou. Contudo, o seu livro Alvaiázere e Areias, Duas igrejas, Duas Ordens Religiosas, um Convento, ajudou bastante a perceber a existencia de duas Ordens Religiosas, num local restrito, entre Areias e S.Pedro do Rego da Murta. No tempo da Rainha Santa Isabel, o mosteiro de S. Domingos já estava  em ruina, o que credebiliza o cortejo funebre ter pernoitado na Quinta do Tojal. Local por onde já andei para perceber onde foi o sítio do mosteiro, como esclarecer a dúvida se a estrada romana/medieval vinda do Zezere, não teve corredor para norte, a nascente da igreja de Areias. 

Graças ao Sr. Mário, em conversas travadas, a sua deslocação ao Tojal onde clarificou com a ajuda de um emigrante radicado, o sítio da ponte romana em S. Pedro do Rego da Murta. O que favorece a Quinta do Tojal. Juntei a demarcação do Prazo da Torre da Murta de 1504, do Dr. Gorjão Henriques, ao coligir a morada de Franciscões, cuja ladeira de acesso à entrada, ainda atual ao palacete. Acresce o nome em letra maiúscula, presume frades franciscanos, quem de fato acolheu o cortejo, já que a Rainha Santa foi donatária de Dornes, onde instituiu uma ermida. Como atendi à devoção popular do Bodo ao Espirito Santo e à Rainha Santa, que entre o rio Zêzere e Tejo, teve difusão por ação conjunta da Ordem de Cristo e Franciscanos. Fundaram conventos em Penela e Pombal. Admito que a invocação ao Divino Espírito Santo, na nossa região, foi favorecida pelas freiras espanholas do Mosteiro Sancti Spiritus de Toro, Zamora, nas suas herdades; Rapoula e Aguda. Ou não, e cresceu com os judeus na centuria de 500, vindos de Pedrogão Grande, para terras do Duque de Aveiro. 

Coligi no Inventário do Arquivo da Venerável Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco da cidade de Coimbra: 1659 (...) "Uma das qualidades que se requeriam a quem desejava entrar na Ordem Terceira de S. Francisco, como irmão, era a da chamada “limpeza de sangue”. O candidato não podia pois descender de judeu, mouro ou negro ou, como se dizia, de qualquer infecta nação. Como se sabe, era esta uma imposição generalizada no acesso a diferentes instituições e cargos. Esta cláusula, no entanto, desapareceu dos estatutos ainda no século XVIII. Exigia-se também que fosse católico, de bons e louváveis costumes, sem mácula de crime ou infâmia, e que possuísse bens suficientes para a sua manutenção, ou que exercesse uma profissão digna que honrasse a Ordem. Foi recusada a entrada, por exemplo, a um pasteleiro e a uma vendeira da praça (Silva 2013: 39), pois tinham profissões consideradas vis e não honradas. 

Na região das antigas Cinco Vilas, de Ansião  e circundantes, as pessoas que a  integraram e outras a ela interligadas , para quem  quiser identificar possíveis descendências.

Excerto retirado de http://ordemterceirasaofrancisco.pt/wp-content/uploads/2016/07/Indice-irmaos-VOTFCBR.pdf e http://ordemterceirasaofrancisco.pt/wp-content/uploads/2016/07/CEL-Ana%20Marg_125_136.pdf

1661 António Manso, filho de Diogo Simões e Vicência Mansa. Mercador. Avelar - Ansião

1661 Lourenço de Castilho e Magalhães. Padre. Figueiró dos Vinhos  

1707 Ana Maria de Deus. Irmã da Ordem Terceira da Redinha. Pais Marcos Carvalho .Redinha

1710 Josefa de Azevedo Feijó. Pais  Luis de Azevedo. Pombal

1714 Afonso de Oliveira. Ourives. Pais João de Oliveira e Joana das Neves. Louriçal- Pombal 

1747 José Henriques. Mestre de Sapateiro. Pais Manuel Fernandes e Francisca Henriques . Pedrogão Grande

1748 Manuel João Viegas. Pais João Neto e Isabel Dias. Casal dos Motes Freg S.Martinho - Pombal

1756 José Leal da Conceição. Sacerdote do hábito de S.Pedro. Pais Manuel Martins e Maria Leal 
Almagreira, Ribeira de Carnide - Pombal 

1673 Jorge de Basto. Filho de Manuel de Basto e Antónia Simões. Lugar da Mata -Alvaiázere

 1677 António Rodrigues o Velho . Vale do Boi  em Santiago da Guarda - Ansião

1679 Sebastião Gomes. Assistente no Colégio de S.Pedro. Pais Domingos Gomes e Isabel Pires. Pombal 

1686 Manuel João Pereira . Licenciado. Padre. Sem pais (da roda de excluídos?  Ansião 

1689 Paula de Oliveira. Assistente na casa do Solicitador do Santo Oficio. Pais Manuel Fernandes e Isabel João. Alvorge - Ansião

1706 Luís Bernardes da Mota. Estudante. Alvorge - Ansião

1707 Simão Fernandes de Carvalho e Bárbara Francisca (cônjuges). Filhos de Manuel João e Isabel Fernandes / Manuel Francisco e Maria Isabel . Santiago da Guarda - Ansião

1708 André Dias de Santo António . Filho de Manuel Dias e Domingas Rodrigues . Alvorge -Ansião

1711 Páscoa da Conceição. Pais Simão Aleixo e Maria Fernandes. Pousaflores - Ansião

1725 Manuel Carvalho. Oficial de sapateiro. Filho de João Martins e Isabel Fernandes 
Melriça em Santiago da Guarda - Ansião 

1728 António Manuel. Pais Manuel António e Feliciana Rodrigues. Ribeira de Penela 

1729  João Custódio e Úrsula Maria (conjugues). Pais João Rodrigues Custódio e Úrsula de São Pedro e Manuel de Carvalho e Maria Moniz- Espinhal - Penela e da Cortiça -Alvaiázere 

1735 Francisco João de Sousa. Filho de Pedro João e Ana João . Penela

1738 Manuel Vaz Cardoso. Ceirieiro. Pais Lourenço Vaz Cardoso e Teresa. Pombal 

1740 Francisco Coelho. Sapateiro. Pais Fagundo Coelho e Francisca Mendes . Pedrogão Grande 

1740 Inácio dos Santos. Pais Domingos Sarmento e Maria João. Freg Sta Eufémia - Penela 

1740 Mateus Ferreira. Pais Manuel Ferreira e Maria Simões Arnaut .Espinhal - Penela

1744 António Curado. Pais António João e Domingas Curada. Freg. Sta Eufémia- Penela

1745 José António de Matos. 
Filho de Manuel Freire de Matos e Apolónia Freire. Ansião 

1746 Isabel da Conceição. Casada. 30 anos. Pais João Mariz e Isabel Fernandes .Casal de António Braz em Santiago da Guarda - Ansião 

1747 António Freire Parada. Pais Manuel Rodrigues Parada e Eugénia Freire .Penela

1749 Teotónio Lopes . Licenciado.Advogado nos auditórios da cidade. 36 anos. Filho de Domingos Lopes e Margarida Jorge. Junqueira no Alvorge - Ansião
 
1750 Xavier de Matos Godinho .Escrivão proprietário do auditório eclesiástico. Casado. Filho de Pedro Simões e Ana Antunes. Ansião

1752 Gaspar Cardoso. Barbeiro. Pais Luís Cardoso e Benta da Assunção. Ansião

1752  António Cotrim. Pais Lourenço Alvares Neto e Teresa Cotrim de Vasconcelos. Freg.Santo Aleixo do Beco- Ferreira do Zêzere

1752 António dos Reis . Pais Alexandre dos Reis e Jerónima Rodrigues. Corvo- Miranda do Corvo

1755 Filipe da Silva. Pais Sebastião da Silva e Maria Antunes. Gramatimha - Ansião 

1755 Paulino da Silva. Pais Sebastião da Silva e Maria Antunes. Gramatinha - Ansião

1754 Francisco da Silva. Filho de Sebastião da Silva e Maria Antunes . Gramatinha. Pousaflores 

1754 António José de Abreu . Filho de António de Abreu de Lima D. Antónia Joana da Gama e Andrade Lobo. Aguda em Figueiró dos Vinhos

1756 Jacinto Manuel de Campos. Pais Manuel Fernandes e Maria de São João. Espinhal - Penela  

1759 António de Bastos, o Curado . 
Filho de Manuel de Bastos e Antónia João .Freg. Sta Maria Madalena, lugar da Feituosa - Rabaçal

 1759 Maria de Nossa Senhora do Carmo( Maria Ângela Rita Craveiro). Assistente no Recolhimento no Paço do Conde. Pais José Correia de Sá Telles e Joana Craveiro. Figueiró dos Vinhos

1761 Faustina Maria de Santa Teresa. Solteira, 30 anos. Pais José Rodrigues dos Santos e Teresa Josefa. Freg. NSAssunção - Pedrogão Grande 

1764 Catarina Mauricia. Assistente no Mosteiro de Sta Clara. Pais Francisco Gomes da Silva e D.Caetana Maria da Nazaré. Chão de Couce - Ansião

1764  António Simões de Almeida. Pais Manuel Simões e Maria Duarte. Penela


1767 Joaquina Inacia Xavier. Pais José Rodrigues dos Santos e Teresa Josefa de São Joaquim. Freg.NSAssunção- Pedrogão Grande

1771 Maria Leonor de Vasconcelos. Dona. Casada. Pais Nicolau Subtil de Carvalho e D.Isabel Maria da Paz Mendes de Noronha e Menezes. Sarzedela - Ansião

1771 Leonardo António da Silva. Pais António Mendes da Silva e Joana Maria da Piedade. Freg.Sta Eufémia - Penela  

1772 João da Costa . Filho de Manuel Marques e Inácia da Conceição. Lugar de Cegonheira em Antanhol. Lugar que aparece num registo e casamento de Domingas Freire em Ansião

1780 Manuel Rodrigues da Mata . Filho de Manuel Rodrigues da Mata e Maria das Neves . Alvorge - Ansião

1780 Luísa de Freitas. Assistente no Real Mosteiro de  Sta Clara. Pais José Feliz de Freitas e D.Luísa Micaela de Jesus Maria. Chão de Couce - Ansião

1780 Mariana das Neves. Casada. Pais Manuel Rodrigues da Mata e Mariana das Neves. Freg NSConceiçao -Ansião 

1782 Joana Barata de Lima e Fonseca. Pai incógnito e Josefa Barata de Lima e Fonseca. Pedrogão Grande  

1784 Manuel Joaquim . 
Filho de Manuel Martins e Maria Ferreira. Detrás da Igreja  na Lagarteira - Ansião

1788 Feleciana Ferreira. Mestre albardeiro. Viúvo. Pais Manuel Ferreira e Violante Nogueira  . Vermoil- Pombal

1788 Luís Ferreira. Albardeiro. Casado. Pais Manuel Ferreira e Violante Nogueira.  Ansião

1791 Luísa Maria Cândida. Viúva. Pais Manuel Cardoso e Maria Josefa. Redinha - Pombal

1791 António Freire . Filho de Manuel Marques e Catarina Freire. Lagarteira -Ansião

1791 António José Leal . Filho de José António e Maria do Espírito Santo . S. Miguel em Penela

1793 Josefa Maria da Conceição. Casada. Pais Francisco Domingos e Antónia do Espírito Santo 
Redinha - Pombal

1794 Teodósio José de Freitas
Pais Cosme Francisco de Freitas e Josefa Maria da Encarnação
Espinhal - Penela 

1796 António Nunes dos Santos. Pais Manuel Nunes e Maria de Jesus. Vieiros - Penela

1803 António José Duarte. Pais José Duarte e Felícia Rosa. Rabaçal

1805 Luís António dos Santos. Oficial de sapateiro. Pais incógnitos . Pedrogão Grande
 
1807 Joana de Melo Freire. Viúva. Filha de Belchior dos Reis e Faustina Freire de Melo. Ansião

1895 António de Sousa Feio . Pais incógnitos de Coimbra, freguesia de. S. João de Almedina.
Curioso de pai incógnito e carrega dois sonantes apelidos- Sousa Feio. Ao tempo houve um Bispo Conde com este apelido em Coimbra , ainda usuais em Ansião, Alvorge  Figueiró dos Vinhos

1895 José Pais de Abreu. Pai incógnito e Luísa. Vila Nova da Rainha (Soure), mas os apelidos açertam origem na Aguda. 

1898 Cândida da Conceição Marques Santos. Viúva. Pais José Marques dos Santos e Justina Fortunata. Freg NS da Conceição em  Ansião 

Nos concelhos de Ansião, Penela e Pombal, o Bodo foi assente  no Bolo ou Fogaça

O Bodo aos pobres, paganizou de mãos dadas o profano e o religioso. O Bolo era ázimo - símbolo ao corpo de Cristo “o pão nosso de cada dia nos dai hoje” cozido em forno público, com ritual de fé, onde um homem o punha e tirava, saindo ileso que se afirmava na boca do povo milagre. O Bolo era partido e distribuído aos romeiros. 

Demolidos os fornos de Penela, Pombal e Santiago de Litem, reza a história o forno de Abiul e o de Avelar, que foram acesos até ao início do séc. XX.

O Bodo nas sopas da Rainha Santa Isabel em Soure

Excerto do Mestrado em Antropologia de 2022, da minha amiga Vera Lúcia Lopes Lebre Rodrigues

O CULTO À RAINHA SANTA ISABEL E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SOURENSE

Resumo 

"Em 1628, a Ordem Terceira de São Francisco instalou-se na vila de Soure, tendo sido devotada uma capela à Rainha Santa Isabel em 1641. Os objetivos deste trabalho são compreender o culto isabelino em Soure e a importância da Rainha Santa para os habitantes da vila e do concelho, o modo como os peregrinos formam identidades e como é que a peregrinação ou a crença na Rainha Santa une as pessoas de Soure e as torna uma comunidade. Para tal, acompanhámos os trabalhos da Irmandade de São Francisco e da Rainha Santa Isabel, tendo sido adotado o método da observação participante. A Rainha Santa Isabel é uma figura agregadora e um fator de união entre os habitantes da vila de Soure, nomeadamente da baixa e da alta, mas também da vila e das aldeias do concelho. É em torno da Rainha Santa, principalmente durante as festas e muito especificamente durante as procissões (a noturna e a diurna), que se unem as pessoas que se deslocam a Soure ou que lá residem. Levando diferentes motivações, participam no culto e manifestam a sua devoção de modos distintos. A promoção dos tapetes de flores tem despertado o interesse da autarquia em patrimonializar e turistificar as festas em honra da Santa, as quais até recentemente têm tido um carácter sobretudo religioso, ao contrário do que acontece com as festas do concelho, em honra de São Mateus, durante as quais decorrem a feira anual e eventos de cariz profano. Este trabalho conclui que os sourenses se consideram unidos pela Rainha Santa Isabel, o que não acontece em nenhum outro contexto social, cultural e religioso em Soure, pelo que concluímos que a identidade sourense se constrói a partir do culto isabelino.

"A tradição do Ramo é da capelania do Espírito Santo, à qual se juntam sempre Casal das Brancas, Fatacos, Melriçal, Casal do Rei, Casal Manuel José, Assamassa e Charneca. Porque a todos é devido o mérito do que fazem anualmente da localidade do Espírito Santo, à qual se juntam outras aldeias à volta , que levam a cabo esta festa. Julga que o culto ao Espírito Santo, aqui, à semelhança do que acontece noutras localidades, esteja associado à vinda de Isabel de Aragão para Portugal. Em Soure, fará todo o sentido que assim seja, considerando até a existência da Irmandade de São Francisco e da Rainha Santa Isabel e da capela de São Francisco (que as pessoas comummente designam de Rainha Santa, já que cá se venera e se realizam as suas festas nos anos ímpares, alternando com as festas religiosas de Coimbra, nos anos pares) desde 1641. 

A tradição de tapetes de flores e o Bodo da Rainha com panelas de sopa de carnes, pão e ofertas de terceiros a pobres que iam comer à capela, foi vivida até aos meados do século XX. Confere a prática assistencial da Rainha Santa, que perdurou a unir os sourenses. 

O Município de Soure candidatou exatamente esta tradição às Sete Maravilhas da Cultura Popular. Também se fazia cá até há bem pouco tempo, pela altura das festas de julho, principalmente nas primeiras décadas do século XX, o que se compreende pela pobreza extrema que se fazia sentir nessa altura. A prática assistencial da Rainha Santa, de facto, perdurou."

A essência de uma romaria no passado 

Tinha adjacente um culto religioso a um orago, com missa, procissão, Irmandade e, fiéis para cumprir promessas . No passado mais remoto foi local de troca de valores e tradições onde se resolviam problemas de curar “maus-olhados” ou outras maleitas do diabo. A romaria comportava além do carácter supersticioso, económico, psicológico e cultural, uma diversidade  de transações desde tendeiros, latoeiros, negociantes de lã, tanoeiros, ferreiros etc, todos contribuiam na promoção do enriquecimento sociocultural de um determinado local onde apareciam as modas, novidades boas e folhetos com desgraças. As "brindeiras"( merendeiras)  nada mais que broas de milho com mistura de trigo, canela, açúcar e por vezes pinhões, era uma das especialidades da doçaria regional entre filhoses.

A romaria a S. Mateus, em Soure

Até ao séc. XV era a mais importante em Portugal.  Granjeou fama com oferendas ingénuas; uma cana com dúzias de pulgas, sete espigas roubadas, ou duas cambalhotas no adro frente ao portal. 

Excerto do  tombo da visitação da Comenda de Soure de 1508 

(...) Diversas construções concentradas na povoação , um pardieiro próximo da igreja de Finisterra que em época anterior a 1508 fora celeiro da Ordem, um outro celeiro e uma antiga estrebaria convertida em pardieiro, junto ao adro da igreja de Santa Maria (Finisterra) um antigo lagar de azeite convertido em estrebaria, uma adega, um celeiro de mais de um piso nomeado como “celeiro da escada de pedra”, a casa de Catarina Botelha, uma antiga cozinha da Ordem transformada em quatro casas dos pobres de São Mateus  - Estariam ligadas a Bodos? Falta coligir as Memórias Paroquias de Soure para mais se enxergar.

a venda de pinhões, é costume antigo, quiçá assente no Bodo do Ramo de Pinhões, que se realiza sete semanas depois da Páscoa, com procissão no dia de Pentecostes. Na voz do povo, o Ramo, que é um andor, foi obra e engenho de um homem com tuberculose, de apelido Ramos, que o mentalizou pequeno  e coroado, à volta de 200 anos. Ritual que havia de renascer mais tarde, maior, e foi crescendo, na Capelania do Espírito Santo. Tradição a unir o notável sucesso aldeão de Casal das Brancas, Fatacos, Melriçal, Casal do Rei, Casal Manuel José, Assamassa e Charneca. Labor na apanha de 3 toneladas de pinhas nas matas nacionais, Conímbriga e Soure em dezembro, ficam a secar até janeiro. Depois as pinhas abrem em fogueiras com bicos( munha) seguindo-se a tarefa de homens em fila a partir pinhão. Depois é descascado e as mulheres fazem enfiadas de um metro. São manipulados entre 250 a 300 mil pinhões. Admito que a arte de engalanar o Ramo bebe inspiração nos genes herdados do povo . No Tombo de Soure de 1508  a diversidade de gente  com nomes de origem germânica e latina alcançam os 31%, seguidos dos nomes gregos 25%, seguindo-se os hebraicos com 7%, por último com resultados abaixo dos 3% os nomes ibéricos, franceses e italianos. Sobressai a grande “queda” dos nomes hebraicos de 28%, na enumeração de nomes por indivíduo, para 7% quando atendemos à sua diversidade, facto que reforça também a importância do nome, “João”. Seguindo a mesma ordem comparativa, salienta-se a subida de 7% para 25% dos nomes gregos, indicando a sua diversidade, mas também o seu reduzido uso, sendo a evolução dos restantes fundos pouco significativa, latinos 31% para 29%, germânicos 31% para 29%, ibéricos de 2% para 5%, sendo os restantes pouco significativos. Referimo-nos à sua etimologia, mas não descortinamos justificação óbvia para a divergência que apenas é relevante para os nomes de origem grega (latinizados) 7%.

Nesse pressuposto foram assentes as tradições em âmbito da mitologia greco-romana, a palmarés simbólico de agradecimento à fertilidade da mãe natureza, sua abundância e comércio. Como as frutas, flores, cruzes, pétalas coração, palmitos, resplendores, roscas estreladas, S revirados e espirais. Acresce a tradição minhota do mastro - um pinheiro ou eucalipto alto. 

Esforço tamanho de Todos, para a tradição não morrer, debalde, sem destaque e admiração autárquica, que o devia expor na Casa do Poder, porque os pinhões (o Bodo) é alimento que se aguenta sem se detiorar e só depois ser  desfeito o Ramo e o bodo dos pinhões ser distribuído por Mordomos e participantes.

Ramo levado em ombros por rapazes solteiros

                        

No Olival em Ourém

Com referência em 1758, nas Memórias Paroquiais a secular Feira dos Pinhões, Feira de NSCandeias ou Feira do Adro, em fevereiro, onde se vende pinhão avulso, às enfiadas ou em colares. 

Agradecimento ao Divino Espirito Santo e à Rainha Santa Isabel no Bodo das Sopas do Verde - carneiro guisado com sangue, à laia da alcatra da Terceira. 

Já a feira de Santo Amaro a 15 de janeiro, vende pinhões, filhós tendidas no joelho, bailarotes de abóbora e café de borra. A região já não colhe pinhão. Em boa hora apostou Ansião no seu plantio. Contribui com 70 e, na Mata Municipal à roda de uma mesa de pedra com os meus netos, ouviu-se lição ao tributo do rei pinhão!

Sopas do Verde

Júbilo os quatro séculos da Confraria de NSPaz da Constantina, em Ansião

Com alvará em 1697, para as feiras; Pinhões a 24 de janeiro e, a 2 de julho à Rainha Santa Isabel. Desconheço se o arquivo detém registos ao Bodo ou Sopas. 
Perdida há anos a feira da Rainha Santa Isabel, em boa hora adular egrégio epíteto a Sopas ou Jantar, a jus se fizeram no Sabugal . Segundo o padre António Brásio, de Penela - As confrarias medievais do Espírito Santo, de 1982 " em 1671, a 4 de Maio  em Lisboa  o alvará régio confirmando um assento feito pela Misericórdia do Souto, termo do Sabugal, no qual se determinava que essa Casa deixasse de fazer os jantares de dia de Santa Isabel e de Quinta-feira Santa, por forma a poupar os 3 200 réis que anualmente despendia nestas actividades. IAN/TT – Chanc. de D. Afonso VI, Doações, liv. 45, fl. 177. 

Vivo o Bodo do Pinhão

No Ramo de Pinhões, em Soure e, na Feira do Olival, o Bodo nas Sopas do verde. 

Pombal exibe na festa anual, o nome Bodo. 


A festa em grandeza revê-se em Tomar, com o Bodo do pão, na festa dos Tabuleiros.

Eventos ao colo do profano com o religioso, difundidos no Brasil, Açores e Madeira.

Santo Agostinho não era apreciador de Bodos profanados

Cuja prática excessiva levou o bispo da Guarda, D. José Alves Mattoso, assinar um decreto, em 15 de maio de 1928, a “proibir a participação dos católicos nos bodos e folias do Espírito Santo (…) O ritual no Avelar do bolo acabou proibido em 1935 pelo bispo de Coimbra D. António Antunes.” na boca do povo, por falta de peregrinos em Fátima..."  

No passado o pinhão era vendido em casca

Em casa em redor da fogueira, adultos e cachopos armados de pedra, à laia de mó dormente, era partido com outra pedra e cascas no fogo. Força exercida a mais esmagava o frágil miolo - mas, matava a fome! Os sãos, eram torrados no forno de cozer a broa, para comércio.


Proteção ao Património
Constituição de 1946 contempla no seu texto a proteção do património no seu artigo 175: 
"As obras, monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a proteção do Poder Público ou seja, são coisas que têm valor histórico ou sentimental para os habitantes de uma região por se referirem às origens e à forma escolhida para as terras de Sicó serem lembradas como detentoras de Património Imaterial, bens de natureza intangível de muita importância pelos valores ao reconhecimento das tradições escritas, orais  e imateriais da cultura popular que representam o pinhão na Feira dos Pinhões em Ansião, na Feira do Olival em Ourém e no Ramo de Pinhões ao Divino Espírito Santo, em Soure!

Nasceu o desafio de lançar despique aos Pelouros da Cultura
Os Concelhos de Ansião,  Soure e Ourém, devem acordar na Ambição maior de  vir a classificar a Feira dos Pinhões em Ansião, como a Feira do Adro no Olival , em Ourém e o Ramo ao Divino Espírito Santo, em Soure . A Património Imaterial em Terras de Sicó. Na categoria Mística-Religiosa, onde ambos foram concebidos. A juntar os saberes, celebrações, danças, músicas, costumes, lendas, rituais, e as feiras no misto o valor histórico e sentimental assumido na região.
Jamais tenha sido abordado a intenção de classificar a Feira dos Pinhões, por não constar em sites camarários de Ansião, e de Ourém, tão pouco o Ramo de Pinhões, em Soure. 
Eventos a premiar o pinhão, a sua potencial riqueza tão adormecida.
Primor à identidade da feira dos Pinhões, de Ansião,  na bonita idade mais de 323 anos e a de Ourem referidas nas memorias paroquiais de 1758, e o Ramo mais de 200. Valorizam e defendem heranças de um povo grego, ainda tão vivo nos usos e costumes e nos genes.

Parceria credível a coroar o produto endógeno regional a propor ao Ministério da Agricultura e Pescas Indicação Geográfica Protegida de Terras de Sicó e ainda submeter candidatura da Feira dos Pinhões de Ansião e do Ramo ao Divino Espírito Santo de Soure, a Património Imaterial de Terras de Sicó no slogan – Ambição a Materializar!
Ambição o abraço de terras do interior em singrar mais progresso valorizando o passado e o presente, dando a conhecer ao Mundo, como ferozes embaixadores.

Debalde Ansião e Soure, a mágoa, pese tanta partilha e ensinamento cultural deixa transparecer  a falta de leitura e de suposto interesse para vir a  ditar Depois, Vai-se a Ver e Nada...

Património Imaterial, de saberes, em celebração e festa a costumes antigos que as autarquias citadas devem submeter pedido à apreciação da DGPC, dignificando as feiras ancestrais dos Pinhões, como o ritual do Ramo. Bens imateriais que devem ser objeto de proteção legal, na defesa de valorar heranças vivas nos usos e costumes da nossa história, com aposta no plantio e transformação numa unidade fabril!

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