quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O que dizem os meus olhos, ao dia fenomenal vivido em espírito autárquico, na Malafaia?

            Crónica publicada no Jornal Serars de Ansião em outubro de 2024

Excursão com partida em autocarros em todas as freguesias a caminho do arraial minhoto na Quinta Malafaia, em Esposende.                                    

Coração minhoto em filigrana

                                       Em ímpeto adiei a crónica agendada e no fio da navalha a pretensa de falar deste inesquecível convívio vivido em franca amizade concelhia. 

Ansião teve ponto de encontro na icónica entrada da Mata Municipal onde apreciei a perícia dos motoristas à manobra de inversão de marcha atrás, para a Rua 25 de Abril - ao que parece o Centro Cultural vai entrar em obras na parte do palco, seria oportuno equacionar anular o anfiteatro a céu aberto, sem uso, para manobras. 


Todos responderam à chamada pela ordem de inscrição. Pois fui a última inscrever-me e com isso segui no 3º autocarro, em todos seguiam vários elementos do staff, e no meu foi o Sr. Presidente da Missão Autárquica.

Partida em velocidade de cruzeiro, com névoa densa, na A-13 apreciei a requalificação de um solar em ruína no beijo curvilíneo do rio Dueça, quiçá, um novo hotel boutique.

Clareou a manhã nos campos de arroz do Mondego. Depois de Estarreja a imensidão de arbustos invasores de folhas de lixa e plumas, disseminadas pelo vento à-toa salpico por todo o lado … Tanta estrada seguida de aperto afunilado para tomar caminho da ponte da Arrábida, com o rio Douro a deslizar para a foz em leito mansinho, e as altas escarpas verdes debruadas a casario, avistei a cúpula do Palácio Cristal e o Monte da Virgem. O porto de Leixões entupido de muitos contentores de tantas cores fortes. Invejável o Minho com tanta água e nós quase nada…o rio Cávado, de leito largo, marginado por campos de milheiral ainda verde, a perder de vista, a salpico de muita estufa e vinha de enforcado. 

Pelo meio-dia chegada à Malafaia a horas do almoço, ambiente minhoto com jardim decorado de alfaias agrícolas, entre pipos e dornas, tudo a condizer com as coisas que eu gosto, um grande sino e ao cimo uma fila de músicos de cerâmica de farda azul e dourados, iguais às miniaturas vendidas na feira de S. Lourenço, em Ansião, à mistura de figuras avulsas do presépio, pífaros, panelas, tachos e fogões de lata, para brincar às casinhas… 

   

O arco de boas vindas à Malafaia

            

Dia de agenda com muitos Grupos, talvez o nosso fosse o maior. Sem qualquer confusão, entrada ordeira pelo seu corredor, sentados em mesas com dísticos à sua terra de origem. Então não me fiz à foto? 

                

Na prezada companhia do meu marido e da minha querida mãe com a bonita idade de 90 anos, convidámos para a nossa mesa a Tininha - minha prima e o marido Mário Cristóvão, de Aquém da Ponte, e para o único lugar vago, dirigimos convite à Profª. Lucília Teixeira, esposa do meu colega bancário, evocado em saudade…Festa abrilhantada com cabeçudos e marchas, com arcos, em que cada Grupo ostentava o seu. Primou o evento a segurança com uma equipa de elementos do GNR, e uma ambulância dos Bombeiros e um Maserati, um SUB, seria do dono...

Decorria a conversa sadia com bons ouvintes, a prémio gente de bom coração, a quem agradeço a oportunidade do convívio. As infusas de vidro, eram enchidas à descrição, em pipos de branco verde ou tinto maduro, às tantas dizia o “Mário mau” ou Coimbra, vais tu ou vou eu Revi uma amiga de escola que já não conhecia- a Carmita, filha do “Pica fria”, recordamos com saudade a mana gémea - Isaura, já falecida. Reencontrei muitos demais, e sim foi um fartote de beijos…

 Cenários a lembrar o Minho         

Depois do almoço fui espairecer e analisar o recinto da Malafaia, que resulta de um aproveitamento de uma quinta cortada pelas novas acessibilidades. Hortenses em rosa velho, a mote do empreendimento ao Arraial Beirão, em Ansião! 

Melhor cenário, no centro do País, a chamar povos de todos os lados, no platô da Quinta das Lagoas, abençoada pelo solar onde albergar dormidas, capela para celebração de casamentos e batizados, e a norte na extrema, no ponto mais alto sitiar estrutura moderna a jus de arena, com palco e rampas para mobilidade reduzida; andarilhos e bengalas. Espraiada ao amplo jardim a exaltar a mina de água e o hipódromo. Falta um bom empreendedor, com garra para lançar uma equipa de sucesso. Difícil será suplantar a higiene do WC, jamais senti tanto esmero!

            

Ansião pode inovar, ao agraciar a pessoa inscrita mais velha a ser chamada ao palco para receber flores. Sugestão de repasto: sopa de carnes, a sopa dos “ratinhos beirões” de todos os dias na ceifa, apanha do tomate e azeitona, rotulada sopa de pedra. Arroz de cabidela ou cacholada. A nossa broa é da melhor confeção, a minhota era muito cozida, viram-se “gregos” os meus dentes, e são fortes …Curtimos melhor os tremoços e azeitonas, temos mão para as pataniscas, caldo verde, e o pão-de-ló industrial, longe do da minha querida mãe, a jus conventual!

Então não comi? Sim, sardinha, frango, entrecosto e arroz de feijão, regado com fresquinho branco verde, mas, à cautela meti-me na laranjada, com água chilra do caldo verde, tamanha mistura virou-me as tripas ao avesso e foi um Deus nos acuda, assaltada de suores frios …Sorte que o autocarro tinha WC, a todos que incomodei, agradeço o carinho que me distinguiram.

Por último endereçar parabéns à logística do evento comandada pelo staff e dirigentes da Autarquia e das Juntas de Freguesia. Engrenagem bem oleada, que se recomenda. O anfitrião, o Sr. Presidente da Autarquia de Ansião, desenfreado na coreografia da canção do Sr. Comandante no papel de ator, melhor que o animador tal como a Sra. Vereadora da Cultura, cativaram muitos à dança. 

Faltou um vídeo a captar esses ricos momentos. 

O terço da estória com história, muito reinadio, recomenda-se!  

Lenço dos Namorados

Bordado Industrial evocam os versos o Toné Guimarães. O curioso é que Ansião e o concelho, teve este apelido composto de Basto Guimarães, na minha familia, que por o filho ter morrido sem descendencia se perdeu por volta de 1930. como foi perdido a tradição dos Lenços dos Namorados existiu no concelho, trazida por povoadores do Minho .

O apelido Guimarães existiu na Pedra do Ouro e é vivo em Figueiró dos Vinhos.


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