Em Ansião a reutilização de pedras lavradas
A minha perspectiva do Calvário ex libris na matriz de Ansião a merecer catalogação
Redescobriu-o há dois anos em dia de Páscoa, pela forte luz na capela do coro.Extasiada ao distinguir duas figuras - um soldado romano e a sua esposa.Encaminhei-me para a sacristia para cumprimentar o Sr Padre Manuel Ventura Pinho em pressa, ao jus da côngrua, a partilha - disse-me emocionado tenho aprendido consigo a reparar nos pormenores, acrescentou jamais ter reparado, nem mesmo quando aqui chegou e o Padre Coutinho juntos o contemplaram e lhe disse - ali posto vindo da igreja velha (cemitério) e tinham sido uns "malvados", não foi este o termo, não recordo o usado na ira com que se referiu a quem fez a mudança para ter partido as cabeças aos anginhos, sem os ter colado... O padre Coutinho no seu livro de 1986 refere a capela a sul com um baixo relevo inventariado por Gustavo Sequeira em 1955, da renascença coimbrã, em calcário cinzelado e com pintura da época, representando o calvário e as figuras de Jesus crucificado, a Virgem Maria e o Discípulo Amado, em mísulas, obra da primeira metade do séc.XVI.
A contemplação deste Calvário cuja qualidade escultórica, riqueza figurativa e policromia em deslumbre para logo encetar investigação. Cheguei ao Mestre Pêro, o mesmo que esculpiu o túmulo da Rainha Santa Isabel, mas para o ser tinha de ter pertencido a um culto anterior - da primitiva igreja que foi a poente, ou não. A leitura despertou-me para uma grande descoberta - a actual igreja, antes foi palco de outro culto, portanto não é construção de raiz.E antes jamais equacionado.
Mais uma grande vitória em acrescentar história documentada ao passado de Ansião!
Mestres do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
Adjudicação da actual Igreja de Ansião no excerto retirado de
file:///C:/Users/User/Downloads/Craveiro_Renascimento%20em%20Coimbra_Vol_1.pdf
(...) Em Junho de 1593, Jerónimo Francisco testemunha o contrato de Simão Fernandes para a reconstrução da capela-mor e sacristia da igreja de Ansião sem que, explicitamente, se mencione o autor da traça, mas a sua presença na qualidade de “mestre das obras” indicia a sua responsabilidade no projecto. Na sequência da visitação do bispo, a igreja sofreria grande remodelação: a capela-mor e sacristia sob a tutela do mosteiro de Santa Cruz, o corpo a cargo dos fregueses da igreja. A abóbada esquartelada da capela-mor mantém-se com os “dous cruseiros e duas formas, e tres rompantes”. A cimalha que a suporta sobrevive também com a “moldura della ... de hum capitel dórico por que os capiteis que se ham dasentar sobre as colunas do arco cruseiro, hão de ser a mesma simalha que hadandar por dentro da capella”, tal como o arco cruzeiro com “duas collunas com seus redopillares por detras com seus capiteis e vazas e o arco leuara hua volta sobre as collunas, e sobre esta volta Ja a outra que tomara a grossura da parede, e esta leuara hua moldura ... e da mesma manra terão o arco e frestas seus perfis por fora e pº dentro”. Um esquema que transportava um sentido compositivo anterior, agora na versão desornamentada, e se iria prolongar pelo século seguinte. O corpo da igreja mantém uma estrutura espacial seguramente anterior, de três naves definidas por arcarias assentes sobre colunas dóricas. Até que ponto a orientação de Jerónimo Francisco e o trabalho de Simão Fernandes aí se verificaram é de difícil apuramento mas os capitéis das colunas apresentam idêntica molduragem imposta nos capitéis do arco cruzeiro pressentindo-se a mesma campanha de obras.
O portal principal, também datado de 1593, numa variante simplificada do portal do Paço Episcopal de Coimbra, acaba por evidenciar os mesmos ingredientes. Agora com o nicho vazio. Note-se a semelhança entre o tratamento “vegetalista” das volutas do piso superior da loggia episcopal e os capitéis das colunas do primeiro piso do colégio de Santo Agostinho.
O frontão curvo e ladeado por frontão curvo e ladeado por dois pequenos pináculos, compõe-se de duas colunas estriadas diferentemente que sustentam a arquitrave com friso decorado com florões entre os números da data. A mesma ornamentação nos pedestais das colunas e as folhas que prendem as bases são ainda os motivos decorativos que se divulgaram a partir da primeira metade do século.
A autora Maria de Lurdes Anjos Craveiro não relatou o Calvário. Não visitou a igreja. Não fez referencia ao Inventario Artístico de Portugal de 1955, nem o Livro do Padre Coutinho, onde o Calvário está referenciado.
A deixar Ansião mais uma vez pela metade numa Tese em História e Arte, em 2002.
Felizmente a sua leitura a 29 de fevereiro de 2020 deu-me a visão e talento para o discernir.
Capela do Calvário na Matriz de Ansião
Esta capela aparece referenciada nas Memórias Paroquiais - tendo permissão para a decorar com o Calvário, se comprometendo em mandar fazer um retábulo, que nunca o mandou fazer pelo despique que teve com os padres crúzios na obrigação destes fazerem a tribuna, que nunca a fizeram.
A contemplação deste Calvário cuja qualidade escultórica, riqueza figurativa e policromia em deslumbre para logo encetar investigação. Cheguei ao Mestre Pêro, o mesmo que esculpiu o túmulo da Rainha Santa Isabel, mas para o ser tinha de ter pertencido a um culto anterior - da primitiva igreja que foi a poente, ou não. A leitura despertou-me para uma grande descoberta - a actual igreja, antes foi palco de outro culto, portanto não é construção de raiz.E antes jamais equacionado.
Mais uma grande vitória em acrescentar história documentada ao passado de Ansião!
Mestres do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
Adjudicação da actual Igreja de Ansião no excerto retirado de
file:///C:/Users/User/Downloads/Craveiro_Renascimento%20em%20Coimbra_Vol_1.pdf
(...) Em Junho de 1593, Jerónimo Francisco testemunha o contrato de Simão Fernandes para a reconstrução da capela-mor e sacristia da igreja de Ansião sem que, explicitamente, se mencione o autor da traça, mas a sua presença na qualidade de “mestre das obras” indicia a sua responsabilidade no projecto. Na sequência da visitação do bispo, a igreja sofreria grande remodelação: a capela-mor e sacristia sob a tutela do mosteiro de Santa Cruz, o corpo a cargo dos fregueses da igreja. A abóbada esquartelada da capela-mor mantém-se com os “dous cruseiros e duas formas, e tres rompantes”. A cimalha que a suporta sobrevive também com a “moldura della ... de hum capitel dórico por que os capiteis que se ham dasentar sobre as colunas do arco cruseiro, hão de ser a mesma simalha que hadandar por dentro da capella”, tal como o arco cruzeiro com “duas collunas com seus redopillares por detras com seus capiteis e vazas e o arco leuara hua volta sobre as collunas, e sobre esta volta Ja a outra que tomara a grossura da parede, e esta leuara hua moldura ... e da mesma manra terão o arco e frestas seus perfis por fora e pº dentro”. Um esquema que transportava um sentido compositivo anterior, agora na versão desornamentada, e se iria prolongar pelo século seguinte. O corpo da igreja mantém uma estrutura espacial seguramente anterior, de três naves definidas por arcarias assentes sobre colunas dóricas. Até que ponto a orientação de Jerónimo Francisco e o trabalho de Simão Fernandes aí se verificaram é de difícil apuramento mas os capitéis das colunas apresentam idêntica molduragem imposta nos capitéis do arco cruzeiro pressentindo-se a mesma campanha de obras.
O portal principal, também datado de 1593, numa variante simplificada do portal do Paço Episcopal de Coimbra, acaba por evidenciar os mesmos ingredientes. Agora com o nicho vazio. Note-se a semelhança entre o tratamento “vegetalista” das volutas do piso superior da loggia episcopal e os capitéis das colunas do primeiro piso do colégio de Santo Agostinho.
O frontão curvo e ladeado por frontão curvo e ladeado por dois pequenos pináculos, compõe-se de duas colunas estriadas diferentemente que sustentam a arquitrave com friso decorado com florões entre os números da data. A mesma ornamentação nos pedestais das colunas e as folhas que prendem as bases são ainda os motivos decorativos que se divulgaram a partir da primeira metade do século.
A autora Maria de Lurdes Anjos Craveiro não relatou o Calvário. Não visitou a igreja. Não fez referencia ao Inventario Artístico de Portugal de 1955, nem o Livro do Padre Coutinho, onde o Calvário está referenciado.
A deixar Ansião mais uma vez pela metade numa Tese em História e Arte, em 2002.
Felizmente a sua leitura a 29 de fevereiro de 2020 deu-me a visão e talento para o discernir.
Capela do Calvário na Matriz de Ansião
Esta capela aparece referenciada nas Memórias Paroquiais - tendo permissão para a decorar com o Calvário, se comprometendo em mandar fazer um retábulo, que nunca o mandou fazer pelo despique que teve com os padres crúzios na obrigação destes fazerem a tribuna, que nunca a fizeram.
O elemento artístico da Caveira
(...) tema da caveira tem, igualmente, uma larga difusão através da gravura, expressando-se com enorme versatilidade em numerosos contextos e desde muito cedo (...)Enquanto a presença dos símbolos da morte anuncia também a riqueza da vida além terrena, em colaboração estreita com outros elementos decorativos que se estendem à composição retabular do túmulo e às chaves da abóbada da capela, no púlpito crúzio os indícios vão mais no sentido do aproveitamento deste motivo ornamental cuja ondulação se adequa ao espaço apertado do friso. É, portanto, em situações e espaços indiscriminados que ele aparece, conferindo movimento rítmico à decoração e não perdendo nunca o caudal simbólico da abundância que transmite.
A caveira também está ligada à maçonaria.
Coluna lateral do Calvário
Jamais as colunas a ladear o Calvário a merecer destaque para no Museu do Rabaçal encontrar possível comparação de objectos para as colunas reportarem a uma época anterior à que se encontra atestada- séc- XVI e aventar terem sido de um reaproveitamento de pedras do tempo romano , em mármore ou pedra de Ançã, para a delicadeza com que foi esculpida em linha com remate ao rodapé de duas figuras um soldado romano e a esposa, parecem esclarecer.
Distinguem-se -vasos - cruzetas e rostos de pessoas
A minha perspectiva na semelhança figurativa no Museu do Rabaçal, a merecer estudo
Os pilares do Calvário com a figura de um soldado romano e seria a esposa
Portal de Monte Agraço
A semelhança ao tipo de escultura nas colunas laterais
Será pedra de Ançã?
Em Penela, na igreja de Santa Eufémia
Obra de Mestre Pêro na Igreja da Matriz de Oliveira do Hospital na Capela Ferreiros
Franca semelhança a Imagem de Nossa Senhora d'O em Ansião e no requinte do Calvário
Capela particular da família de Gaspar Godinho da Silva e Sequeira Mendanha
Fechar em justa reviravolta, com mais uma descoberta da adjudicação da actual igreja em 1593, em palco de antigo culto e antes jamais alguém o correlacionou!
Depois de esquecida a N. Sra. d’Ó tão adorada que foi para o ser ignorada no Inventário Artístico de 1955 de Gustavo Sequeira - sorte ou não, em reservas, sem estrelato merecido!
A título de curiosidade, Hora - outro nome dado à N. Sra. do Ó .
Faz-se hora!De Ansião progredir em Cultura!
Um dever apelar a todos exigindo afincadamente que a Arte Sacra do concelho de Ansião tem de ser classificada e guardada em local seguro no seu Museu de Ansião, para gáudio de todos os Ansianenses,na terra e no Mundo e ainda engrandecer de júbilo o nosso passado, onde afinal em glória dizer - nem tudo se perdeu, vendeu, roubou ou desapareceu!
A título de curiosidade, Hora - outro nome dado à N. Sra. do Ó .
Faz-se hora!De Ansião progredir em Cultura!
Um dever apelar a todos exigindo afincadamente que a Arte Sacra do concelho de Ansião tem de ser classificada e guardada em local seguro no seu Museu de Ansião, para gáudio de todos os Ansianenses,na terra e no Mundo e ainda engrandecer de júbilo o nosso passado, onde afinal em glória dizer - nem tudo se perdeu, vendeu, roubou ou desapareceu!
Fechar em justa reviravolta, com mais uma descoberta da adjudicação da actual igreja em 1593, em palco de antigo culto e antes jamais alguém o correlacionou!