quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cernache do Bonjardim terra de São Nuno de Santa Maria

Muito me apraz o comentário de um conterrâneo anónimo, apaixonado pela sua terra ao chamamento das raízes, na sua essência igualzinho ou meu ao mutuo sentimento de apelo ao zelo, amor e melancolia ditada pelo abandono,  na grande diferença sapiência da sua veia poética a me deixar esbracejar de inveja, no mesmo acredito a todos os leitores amantes à sensibilidade cultural .
Citando o seu comentário:
"Cernache do Bonjardim, a Linda?", "Cernache do Bonjardim, a Triste?" Aí se fala duma "Cernache de Sombras em Pé", de um " marasmo esmagador", de um "piano que ninguém toca", de um "turismo em agonia" e, no meio de outras críticas, reivindica uma onda cívica, que recupere a sua identidade; querer continuar a viver. Muito se foi fazendo mas verificamos que esta tensão ainda hoje perdura. Este sentimento de inconformismo e de procura de bodes expiatórios prevalece em muitos dos debates sobre Turismo. Na polémica que referimos atrás, entram articulistas anónimos. E também, como sempre, com o seu espírito conciliador, propõe: "Cernache, a Linda? Cernache, a triste? Como queiram, mas propomos também uma designação com a qual ninguém poderá susceptibilizar-se, porque não será fácil desmenti-la: Cernache do Bonjardim, a Bela Adormecida! "
Prazer o de voltar ao longo dos anos a Cernache do Bonjardim sempre em rota de passagem, vinda de Tomar, Ferreira do Zêzere ou da Foz da Sertã, a caminho de casa na volta por Figueiró dos Vinhos ou vice versa. Paragem rápida de duas a três vezes, ainda assim parca visita, mas de ricas memórias; o Seminário, as camélias, historias que o meu pai me contava e do carismático chalet...
Depois de dias de árduo trabalho florestal aproveito o mote para qualquer passeio que a minha irmã não se esquece de dirigir à família. Quinta feira a saída em rota com sol, na ideia sair da extrema da Beira Litoral para sentir os ares da Beira Baixa, afinal tão perto de casa e ainda assim distante, que muito nos acalenta pelos verdes do Pinhal Interior,  meandros do Zêzere, salpicos da paisagem xistosa onde se vislumbram torres sineiras de igrejas, algumas de cúpula azulejar como Pedrogão Grande e barragens ... Mal estacionamos na vila deparei-me com esta pinha branca em faiança,  possivelmente da Fábrica das Devesas, irradia esmalte de brancura e brilho a estanho estanífero, envolta num meandro louco de ramos de quiwis...
Na mesma quinta os alpendres suportados por grossas colunas redondas em  pedra a remontar centúria de 500/600, praticamente já não existem na região.

Quadro do pintor da terra Túlio Vitorino, da imagem do convento com as camélias, veja-se o contraste ainda igual com a foto abaixo atual
Faixas a amarelo, cor dos judeus
A minha mãe e irmã foram tomar o pequeno almoço na pastelaria junto do que foi a bonita estação de Correios, neste agora simplesmente um posto... Já eu prevenida o tomei antes de sair de casa, a forma de aproveitar o pouco tempo que ela dá nos passeios, assim  parti sob sol radioso ...
Igreja Matriz em louvor a São Sebastião
O padroeiro da freguesia, data de 1555. Estilo renascentista com teto tripartido, três altares de talha dourada e capela-mor com panos murários revestidos de azulejos figurativos. Num estilo similar ao gótico, interiormente, o templo é dividido em três naves, sendo a nave central mais alta, separadas por cinco arcos torais de volta perfeita assentes em colunas toscanas. Ao fundo, vê-se o coro alto em madeira. Ladeando o arco triunfal, dois altares com retábulos de talha dourada, dedicados à Virgem Maria e ao Sagrado Coração de Jesus. Abrindo para a capela-mor, temos um arco triunfal de volta perfeita com pedra de armas em talha no fecho, encimado por nicho integrando a imagem de Cristo Crucificado e ladeado por colunas pseudo-salomónicas. As paredes são revestidas por painéis de azulejos figurativos azuis e brancos, setecentistas, com cenas da vida de São Sebastião e ao centro possui um retábulo em talha dourada. É coberta por abóbada de berço com caixotões delimitados por frisos de cantaria. Haveria de ter sido intervencionada em 1688 e depois do terramoto de 1755.
No ano de 1798, foi edificada a nova capela do lado esquerdo dedicada ao Santíssimo Sacramento, instituída por Joaquim José Luís do Bonjardim.

                 
      
   
 
             
       
             
 
Senti tamanho marasmo em ruas vazias de gentes com comerciantes ao sol de encosto na parede fria a trocar "dois dedos de conversa" apesar de boas montras, variedade e qualidade oferecida, que realmente me espantou e muito, porque chinesice se as há não as vi, disso fiquei meramente satisfeita.
Os Paços do Bonjardim 
Foram construídos no século XIV, por Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital
O cronista Fernão Lopes referiu-se a eles como "obra assaz vistosa e fermosa". Foi aqui que, em 1360, nasceu Nuno Álvares Pereira, crê-se também alguns dos seus irmãos. Figura maior da História de Portugal, foi canonizado em 2009, como São Nuno de Santa Maria, pese embora haja historiadores, que defendam que o seu local de nascimento foi no Convento da Rosa no Crato...Hoje nada resta dos Paços do Bonjardim englobado na quinta do Seminário, a marcar simbolicamente o  espaço um pequeno cruzeiro de Almas e  ao lado a gruta de Nossa Senhora de Lurdes. 
Na restauração em 1640 o rei aqui passou férias, o que faz crer ainda os Paços do Bonjardim existiam, e com conforto para a estadia deste expoente máximo do País. 
A grande possibilidade foi ter sido destruído com o terramoto de 1755. Em 1791 um relatório enviado pelo almoxarife da Sertã, Cláudio de Meneses e Castro, ao príncipe regente divisava "alguns vestígios dos antigos Paços", supostamente as ruínas que viriam a ser reaproveitadas no Seminário e na sua igreja que foi nesta atura edificada.
          
D. Nuno Álvares Pereira
Teve uma educação militar típica dos nobres.
Aos 16 anos, casou-se com a viúva D. Leonor Alvim, em Vila Nova de Rainha. Do casamento nascem dois rapazes que morrem durante o parto e uma menina, D. Beatriz casou com um filho natural de D. João I, D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança.
De modo a perpetuar a memória do local, as gentes da freguesia de Cernache do Bonjardim erigiram aqui um pequeno momento de linhas simples em honra de Nuno Álvares Pereira.
Farto riso quando pronunciei em alto e bom som a tabuleta dedicada a São Nuno ...diz logo a minha irmã, "não é nada, é Dom Nuno"... respondi na ponta da língua "ora se foi canonizado e aqui na sua terra assim o veneram" debalde o riso atacou forte quando ela acrescentou " Santo?Então não sabes que foi homem casado, pai e matador de espanhóis"...
Com o devido respeito por todos os que o veneram. Foi um momento inusitado, com graça, mas claro no respeito.
Capela do Bom Jesus 
Mandada edificar por Jerónimo Leitão no século XVI. No seu interior, encontra-se um retábulo do Senhor Crucificado, assim como uma imagem do senhor Morto.
O templo, um dos mais antigos da vila , possui uma planta longitudinal simples, com nave, capela-mor mais estreita e sacristia na zona posterior. A fachada principal apresenta um portal de verga reta e moldura recortada em cantaria de granito, encimado por janela em arco abatido com pedra de fecho saliente e moldura também em cantaria de granito, encontrando-se envolvido por painel de azulejos monócromos, azul sobre fundo branco, representando Cristo Crucificado e dois anjos tenentes segurando palmas. Remate em empena coroada por cruz latina, surgindo, no lado direito, sineira em arco de volta perfeita.
Referência para o retábulo-mor, executado durante o século XVII, de talha dourada e policromada a vermelho.
Em junho de 1806, o Papa Pio VII, a instâncias de Joaquim José Luís do Bonjardim, concedeu indulgências a quem visitasse esta ermida, no dia 1 de janeiro...Ora pois estive aqui em fevereiro e estava em obras...
O Real Colégio das Missões Ultramarinas (nome original) 
Foi mandado construir por D. João VI, através de um decreto datado de 10 de março de 1791, com a finalidade de preparar sacerdotes para o Grão Priorado do Crato. Por aqui passaram várias figuras de relevo, não só da vida eclesiástica como também de outras atividades, sendo por muitos considerado como "o mais notável foco missionário em Portugal nos tempos modernos". Construído em 1794, é dotado em 1801, pela rainha D. Mariana de Áustria, com uma renda para formar padres para a China. Em 1834, D. Joaquim António de Aguiar (conhecido por mata-frades) extinguiu as ordens religiosas e o colégio foi encerrado. Reabriu em 1855, sob a dependência do então Ministério das Colónias, com a função de preparar pessoal missionário para os territórios ultramarinos do Padroado. 
A Lei da Separação do Estado da Igreja, de 20 de abril de 1911, autorizou o governo "a reformar os serviços do Colégio das Missões Ultramarinas" apesar desta disposição legal, o Colégio das Missões foi, indevidamente, convertido em Liceu Colonial, por despacho do Ministro das Colónias, instituição que não se destinava à preparação de pessoal eclesiástico para as missões do Ultramar.
Durante a implantação da República, a torre da igreja do seminário foi destruída, assim como algumas imagens religiosas.
Em 1915, o Seminário passou a escola secundária, mas foi extinta por decreto-lei. Dois anos depois, a 8 de setembro, foi publicado o decreto n.º 3.352 que acabou com o ilegal liceu e criou, por sua vez, o Instituto das Missões Coloniais, o qual foi extinto pelo decreto nº 12.886, de 24 de dezembro de 1926, restituindo-se aos seus antigos possuidores, os padres seculares. Em 1930, o seminário passou a integrar a Sociedade Missionária da Boa Nova. Além de possuir um vasto património artístico e cultural, de onde se destacam os azulejos, que retratam cenas de evangelização colonial, o seminário dispõe de uma imponente biblioteca, com cerca de 7.300 obras. Nela se podem encontrar livros encadernados em madeira, revestidos em pele e exemplares únicos que datam dos séculos XV e XVI. Entre eles, referência para um exemplar do dicionário "Ambrosi Calepini" que traduz uma palavra em dez línguas.
Vidraças das montras limpas refletem a torre da igreja do seminário.
Por todo o lado imensidão de cameleiras floridas luxuriantes  em todas as cores...
Na igreja do seminário, merece especial atenção o altar-mor de estilo hispano-árabe e o magnífico órgão de fole do séc. XVIII, além de vários quadros do pintor Bento Coelho da Silveira. Veneram-se neste templo as Imagens de Nossa Senhora da Conceição e de São João Batista.
   
                     
         
               
                   
                       
Muitos quadros originários do Convento de Chelas
                
                            
O seminário explora também a vertente agrícola através de uma larga produção de vinho,comercializado sob a marca "Terras de D. Nuno".
             
Grande número de casas solarengas ostentam o fausto e riqueza que aqui houve desde os primórdios até meados do século XX?              
Fachada em azulejos padrão, belíssimo, com vitrais a encimar as portas
        Ainda vão, deixaram-me sozinha...Saturados
                                     
                
Curiosamente este chalet em quase total abandono e ruína aparente faz parte do meu imaginário desde sempre porque se encontra precisamente na curva da estrada por onde sempre passei a caminho de Figueiró dos Vinhos. Neste agora defronte de uma rotunda, a norte no terreno do chalet apresenta-se urbanizado com vivendas, fiquei perplexa o que irá acontecer à personalidade deste imóvel de cariz romântico, porque no muro foi aberto de lado o rasto para calha de grande portão onde entrei sem medos, ainda assim cautelosa, por se tratar de propriedade particular, com gatos de guarda, atentos à porta da vivenda confinante, onde sem mostrar receio ultrapassei somente pelo ímpeto movido pelo entusiasmo acumulado em o descobrir que vive em mim há anos...
                                     
Mandou construir o chalét de Cernache do Bonjardim em 1903 o rico angariador de cortiça, pai do Dr. Abílio Marçal aqui nascido em 3 de Junho de 1867, estudou no colégio e licenciou -se em Coimbra em Direito. O Dr. Abílio Marçal foi um grande impulsionador do teatro nesta terra. Existia no piso superior desta casa um salão onde foram representadas muitas peças.
Ainda hoje quem a visitar, que se encontra ao total abandono, poderá ver no teto as roldanas, que seguravam o pano da boca de cena para homenagem ao grande ator Taborda e a Alfredo Keil, aqui na região passava amiúde com o rei D. Carlos em caçadas.


                   
Não sei o que estaria afixado na frontaria, ainda visível onde esteve pregado, seria um painel de azulejos com o nome do chalet? Pois isso já não me lembro...Não a deixem cair!
Preservem este património de cariz romântico, instiga a sonhar, tem história com estórias para contar, em local estratégico, belíssimo, não a atrofiem mais...Devolvam-lhe de novo a sua personalidade e vida., porque é património de raiz histórica que retrata uma época!
                 
   
Belo casario estilo árabe com azulejos no interior da varanda soberba arquitetura.
       
       
                      
            




Vilas que privilegiam a bonita calçada portuguesa, na sua maioria  feita por calceteiros de Ansião, dos melhores artistas do país.
               
A Casa da Rua Torta 
Terá sido construída em meados do século XVIII para sede do morgadio de Cernache, por António da Silva Leitão. A origem da família dos Morgados de Cernache do Bonjardim, contudo, bastante anterior à construção da casa. Tinham o apelido Biscaya e vieram para Portugal com D. Mécia Lopes de Haro, filha do Senhor de Biscaia do Norte de Espanha casou com D. Sancho II com ela vieram as suas aias, que eram parentes próximas, e por cá casaram e ficaram. Presume-se que o título de Morgado tenha sido dado depois de esta família já estar instalada em Cernache.
A casa manteve a sua traça antiga até ao último quartel do século XIX, altura em que as dificuldades económicas e a pavorosa crise agrícola que se seguiu às lutas liberais, obrigaram o Morgado a vender a Casa da Rua Torta.
                
                          
Registei esta foto em andamento, o homem a plantar uma cameleira ? Caricato, atrás dele um grande muro de xisto a delimitar a propriedade, apresenta enormes buracos sem ainda se ter desmoronado...Mas na foto não se distingue bem...Parece fantasma, apenas o mantêm de pé uma pequena fiada de pedras no rebordo.
                              



     

                
Comendador Libânio Vaz Serra
                          
A mina de água primitiva de 1892 com o lavadouro de pedras em calcário e ardósia a um nível abaixo, o espaço merecia estar mais limpo... Sobretudo os tanques de chafurdo, herança de minas e tanques deixada pelos romanos nesta região das Beiras.
      
      
      
Quinta das Águias
O edifício foi originalmente, construído em 1699, para servir de casa de convalescença dos frades capuchos do Convento de Santo António da Sertã. A sua fundação ficou a dever-se a Frei Pedro de São Paulo, natural da Sertã. Em 1720, foi ampliado, sendo aí instalado, a 2 de junho desse ano, o Convento de São José de Cernache do Bonjardim. Além de uma interessante biblioteca, o edifício possuía um claustro, oficinas de artes e ofícios e uma capela com altares em talha dourada.
Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, o convento foi retirado aos frades e vendido, juntamente com a quinta anexa, a um particular da Roda de Santa Apolónia, freguesia do Castelo, que enriquecera no Brasil e lhe mandou colocar sobre os portões de entrada duas grandes águias, que deram o atual nome à antiga propriedade conventual.
A igreja que lhe está anexa foi ampliada após a secularização do Convento. Tem ainda hoje um altar-mor com a imagem do Senhor dos Passos e dois altares laterais de talha dourada. Tem um púlpito e uma grande torneada. Na sacristia, existem quadros a óleo.
Túlio da Costa Victorino
Nascido em Cernache do Bonjardim a 14 de dezembro de 1896, depois de fazer os primeiros estudos na sua terra natal, frequentou a Escola Industrial Afonso Domingues em Lisboa onde cursou na Escola de Belas- Artes a conselho de José Malhoa onde teve como mestre Columbano Bordalo Pinheiro, concluiu o curso na Escola de Belas-Artes no Porto em 1919tendo como mestre Marques de Oliveira e João Reis, Martinho da Fonseca, Alberto Portugal Lacerda, Henrique Tavares e outros foram os seus condiscípulos.Foi professor de desenho nas Escolas Industriais Avelar Brotero em Coimbra e Machado de Castro em Lisboa.Desde 1941 que optou pela sua residência em Cernache do Bonjardim, donde se retirava apenas por motivos profissionais ou de convívio.Faleceu na sua casa atliê de Cernache do Bonjardim a 23 de Março de 1969.
Recentemente restaurada pela câmara da Sertã, a casa atelier do pintor Túlio Vitorino
Túlio Vitorino, pintor impressionista, aluno de Columbano Bordalo Pinheiro, recebeu influência do mestre Malhôa. "Ao pintar, parece estabelecer um diálogo entre a sua alma e a da própria paisagem." Tem quadros em vários Museus.
Mimosas já a florir de amarelo ao longo das estradas e os costados dos pinhais cobre-se de "arroz" em policromia; lilaz, rosa e ocre, porque camélias na região até Castanheira de Pera são Rey. Voltarei na premissa de conhecer o Seminário e mais umas ruas da vila, calmamente para não perder nada desta mística e doce terra...Descubram aldeias nas redondezas e nectares, em Nesperal e,... Fecho com um bom doce típico da terra, os bons cartuchos de amêndoa esquecidos que se pretendem revitalizar, e Alcoa em Alcobaça já deles ganhou fama...
                           
Ingredientes:
Recheio: açúcar, água, amêndoas e gemas.
Cartucho: farinha, manteiga e ovos.
Modo de confecionar:Cartucho: Coloca-se a farinha numa tigela. Por cima deita-se a manteiga derretida. A seguir, juntar um ovo de cada vez e amassar tudo muito bem. Estende-se a massa com o rolo, corta-se aos quadrados.
Forram-se exteriormente as formas em feitio de cartucho, pincela-se com ovo batido e polvilham-se de amêndoa ralada na máquina, mas que fique grossa. Vão ao forno a cozer.
Recheio: Deitar água num tacho juntamente com o açúcar e deixar ferver até fazer ponto de espadana.
Junta-se-lhe a amêndoa ralada. Logo que ferver, retirar do lume, deixar ferver, até engrossar (o lume deve ser fraco e vai-se mexendo sempre).
Com este recheio, enchem-se os cartuchos e estão prontos a servir.



Fontes
http://turismo.cm-serta.pt/
Wikipédia

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A Casa do Ensaio em Ansião

Desde que me lembre sempre conheci o edifício conhecido como o Ensaio em Ansião, assim de cor escarlate onde cheguei em miúda assistir a um espetáculo de ilusionismo em que o mágico pediu um voluntário da plateia.Chegou-se apressado ao palco um rapaz da Sarzedela para sentado numa cadeira logo o hipnotizar e deixar tolinho a comer descaradamente uma batata crua...
Credível o nome do edifício porque ficou conhecido até aos dias d'hoje lhe advêm do ensaio da Filarmónica de Ansião, fundada em 1903. Não sabemos se já foi aqui no antigo celeiro da igreja. A Filarmónica permaneceu neste prédio até 1996. Recordo ainda as fardas cinzentas dos seus músicos que me lembravam a farda dos cantoneiros, no mesmo tecido assim de pintinhas pretas, e dos seus grandes instrumentos, que tanta vez vi homens a subir com eles quase às costas pela escadinha lateral de encosto à Moagem do Sr. Pires, para no 1º andar onde decorriam os ensaios.
Saudade do homem possante que batia os pratos, o Sr. Amadeu Portela que era também peixeiro com a sua esposa Zulmira.De semana ela fazia a ronda pela vila a vender peixe num carrinho de mão em madeira, onde não faltava a balança de pratos de lata, pesos cobertos de escamas sem jamais se esquecer do contrapeso  na pesagem (cabeça do peixe ou parte) em que os gatos se faziam chegar ao pregão e ao cheiro, mas só lambiam guelras e tripas...Viveram nesta casa castiça que se apresenta em total abandono, ainda se distingue nela o belo duplo beirado português, pedras de suporte nas laterais das janelas para os vasos com sardinheiras, já gasta a cal branca, decorada de harmoniosas barras a grená nos contornos e na porta que na foto não se distingue ainda existe o buraco para o gato. Um dia ao passar para ir à mercearia do Ti Piloto tabelamos conversa, o Ti Amadeu homem forte e corpulento era da paródia entra em casa trás os pratos que logo entala as mãos nas correias de cabedal e os  bate com tamanha força que me deixou a balançar na estrada com o  brutal estrondo inusitado...
A minha querida mãe trabalhou no Correio velho, cujo quintal faz extrema com o Ensaio a poente.Vim a saber mais tarde que foi a casa e o quintal da residência paroquial que foi nacionalizada com a República. E o padre foi daqui saneado... O Ensaio nasceu para espetaculos variados e musicais e ainda do teatro amador, porque o povo era participativo.
"Mesmo antes de ser sede da Sociedade Filarmónica Ansianense, o edifício da “Casa do Ensaio” funcionou como um “centro cultural” onde se realizavam espetáculos de teatro e de variedades.Já no século XIX, existem registos datados de 1896 que dão conta de uma comissão que se encarregou de transformar o edifício num teatro. Na altura, o imóvel pertencia ao Clube Literário Recreativo Ancianense." Julgo que a palavra Centro Cultural seja mais recente do que ao tempo a sua utilização ditou-, Clube seria o termo mais apropriado, mas sou eu a dizer.
Por isso o prédio do Ensaio nasceu ao fundo do quintal  da casa paroquial, por isso ainda hoje uma janela para o tardoz, que me intrigava para agora se entender a razão.No beco ainda resistem no quintal o portão de acesso ao antigo correio e casa de sobrado e três portas entaipadas. Atravessei o beco empedrado mal cheiroso, porque servia de estacionamento para animais, sobretudo burros enquanto os seus donos faziam avio do que precisavam na vila no médico ou em serviços públicos. Quando andava na escola na hora do lanche, certo e sabido ir pedir dinheiro à minha mãe para logo sair apressada pelos fundos, atravessando o beco, para comprar no tasco do Ti Domingos  uma sandes de iscas, que eram de sabor divinal, e assim iguais nunca outras saboreei, arte da filha Preciosa, também sandes de atum que ao tempo era muito saboroso, de tal maneira que ainda hoje o aprecio, quando abro uma lata não resisto com o pão limpa-la, acreditando que sinto o mesmo sabor de antanho...
Livro de Portugal Pitoresco e Ilustrado- a Estremadura Portuguesa de Alberto Pimentel
Quando passou por Ansião em 1908, escreveu "Não existe theatro" diz ainda "que em 1903, precisamente a data da fundação da Filarmónica, houve a tentativa de se fundar um Club, não sabe se vingou, que se reunia à noite na Farmácia Lima.»
"Em 1916, já pertença da Sociedade Filarmónica Ansianense, foi novamente alvo de obras de melhoramentos, tendo o edifício sido electrificado já em finais de 1930.
Já na fase em que funcionava como sede da Filarmónica, serviu igualmente de palco a várias coletividades de vocação artística. Entre estas, destaca-se o Grémio Dramático Ancianense, que realizou peças de teatro, e a Mocidade Desportiva Ancianense, que também utilizou a sede da Filarmónica para a realização dos seus bailes. Outros grupos de teatro utilizaram o edifício para encenar várias peças nas décadas de 40 e 50 do século passado, assumido o espaço a designação de “Teatro Ansianense” para esta finalidade. 
A antiga sede da Filarmónica foi também a primeira sala de cinema de Ansião nos anos 40."
Livro
Vamos falar do Ensaio que teve o seu tempo áureo nos anos 40/50 ?Conta-me a minha querida mãe quando tinha 12 anos já andava a estudar em Ansião, ao tempo hospedada na casa do primo Professor José Lucas, recorda-se de ter assistido no balcão do Ensaio, a uma peça de teatro "As Pupilas do Sr. Reitor" e à recita com uns versos sobre os comerciantes então ilustres da vila. Lamentavelmente só se lembra de três quadras, disse-me que as pessoas que me podiam ajudar seriam a " Fernanda 29" ou a tia a D. Piedade Lopes, afamada padeira desta vila de Ansião. No último Natal fui com a minha mãe ao Lar de Ansião para visitar a D. "Fernanda 29" onde me disseram que estava internada no hospital em Coimbra, e depois foi para um Lar na cidade. Lamento a doença que foi acometida. Na minha memória permanecerá o seu delicado sorriso franco e a delicadeza de boa mulher, que sempre assim a conheci, também por ser grande amante das serras de Ansião e das suas gentes. Formulo votos para que a doença diagnosticada lhe seja leve. Sinto grande saudade, pois sei que gostaria imenso de ter conversado com ela para mais saber sobre os teatros em que participou no Ensaio e das cantorias de versejo, da autoria das gentes da terra. Valores e tradições que se perdem e não deviam, por incúria de alguns, e também minha, que em tempo não os soubemos recolher, por isso o grande lamento!
Desta feita assim triste vali-me neste mês de fevereiro da D. Piedade Lopes, sua tia, minha vizinha e ainda tia em 3º grau, apesar da alta idade que ninguém lhe dá, senhora de alto porte e boa cabeça de forças bastante que me recebeu calorosamente na sua sala, onde estivemos horas na palheta, a recordar gentes e coisas de Ansião, bem refasteladas em sofás ao calor do crepitar da fausta lareira à luz do dia, que se antevia da janela e no parapeito a graça delicada e vistosa da avenca viçosa.
Não me recordo de cantoria nenhuma do passado para me admirar como é que ainda há alguém de farta idade que se lembra de muitos versos, é obra para se ficar pasmado...Assim esta boa mulher apanhada neste inusitado surpreendente de me fazer recordar de um passado que segundo os filhos, o Nécas e a Tininha a ouviam ao domingo cantarolar a recita enquanto arrumava a casa...Acaso alguma palavra não confira com o verso original, será porque a percebi no cantar errada, por isso aqui me desculpo e atrevo a pedir para quem saiba a partilhe para se acrescentar, porque vale sempre a pena avivar na crónica, que houve gente em Ansião amiga do trabalho e paralelamente era amiga de arraial, festa e de teatro, e de homens de veia poética  e atores que não tinham medo do palco e do público. A que abnegadamente "tiro em vénia o chapéu" por neste tempo de antanho se terem revelado gente de fibra, que na minha geração não conheci semelhança nem parecença e disso confesso sinto grande pena.

Largo do fontanário de ferro 
Casa defronte no 1º andar que se vê na foto tem no sobrado uma grande sala onde se tocava ao tempo violino e guitarra, os tocadores eram os irmãos Paz; Ilídio, Artur e Adolfo, contou-me a minha mãe que os ouviu tocar teria uns 8 anos.
O leque de atores 
Naquele tempo entre outros; César Nogueira; "Júlio e irmã Fernanda do 29"; Artur Paz e mulher Fernanda; João Valente e os irmãos Virgílio e Eduardo e, supostamente as filhas do Simões; Armanda e Hortense que viviam quase de paredes meias, as filhas do Sr. Oliveira, as filhas do Dr Silveira ou a mãe ?... Quem tomava conta do bufett do Ensaio era o "Ti Abílio Ferreiro" do Cimo da Rua coadjuvado pelas suas filhas na limpeza do salão e camarins. 
Foto do casamento no largo do hospital em Ansião
De uma prima do meu pai, a Tina do Bairro de Santo António no início de 60, está parte da mocidade de Ansião, entre elas, estou eu pequena de chapéu na cabeça, e as filhas do Abílio Ferreira, a Cinda a primeira da direita, e as outras entre o Nécas e a Luzita do Canhoto.

Récita ao Comércio de Ansião
Versos da lavra dos irmãos poetas João e Virgílio Valente (pai) do Fundo da Rua.
Virgílio és cantador
Cantas bem ao coração, canta-me lá por favor
O Comércio de Ansião, o Comércio de Ansião
E o Comércio de Ansião, cantas tu, cantas eu
Cantas lá óh Fernanda, não digas que te esqueceu
Fernando José da Silva, Fernando José da Silva
O comerciante afamado, no armazém tudo é bom
E na loja tudo é  do Melado
Ourives de profissão lá dos lados da Tojeira
É um grande calmeirão, o Diamantino Ferreira
José Maria dos Santos é da cor da chaminé
Barrigudo e come tanto, vende solas e caxinés
Comerciante afinado  lá de cima da Beira
Também tem o seu pecado, também tem o seu pecado
O prudente do Oliveira, tem dinheirinho de sobra
Anastácio Gomes Monteiro
É direito, direitinho, que nem um fuso
Quando conserta um relógio, quando conserta um relógio
Sobra sempre um parafuso
Sr. Dr. António Amado de todos és estimado
Alegre sempre na sua chocolateira
Sr. Dr. Adriano irá o Dr. Botelho
Fazer em cima de um telho o campo de futebol?
                                                                          ............................
Falar de uma mulher de palco
Maria Fernanda Rodrigues Lopes nascida em Ansião no mês de julho de 1928 podia ter sido uma grande atriz, pela carateristica "fogo" do seu signo e pelos papéis desempenhados com brio, no palco do Ensaio. Quis o destino que se finasse no papel de esposa, mãe, doméstica, poetisa e contadora de histórias do quotidiano, com muito humor em "Rimas com Vida" em livro editado pelo marido. Uma das suas bisnetas herdou a mesma veia poética e com estima lhe dedica na abertura  um poema
Eu tenho uma bisavó
Que um dia quis ser atriz,
Mas o tempo passou
E nunca foi o que quis!
Fernanda Valente e o marido Artur Paz, também se fala terem sido bons atores, a sua filha Anabela herdou um baú com fatos e acessórios usados na época nas cenas teatrais,  no sangue também lhe corre a veia teatral, já a vi em palco  improvisado e fiquei completamente rendida, o mesmo vício do teatro nas primas.Num Carnaval quando era miúda recordo de ver estes ilustres atores que se vestiram a preceito para o baile que decorreu no r/c dos Bombeiros Voluntários, só me recordo do César Nogueira vestido de lente da Universidade, de chapéu quinado com bordalo em dourado pendurado e a capa em cetim escarlate.
A geração anterior à minha ainda fez algumas peças teatrais
Na foto além do mobiliário Art Déco, distingue-se a Célinha filha da "Fernanda 29" a Odete Antunes, a Manuela Franco, o Fernando de Albarrol e,...
"A importância recreativa e cultural do edifício manteve-se ao longo de 100 anos."
A Filarmónica abandona o edifício em 1996, que fica fechado, chegando até ao ano passado em total destruição no seu interior. Em agosto dei conta de obras com uma betoneira içada na parede lateral e claro, senti-me radiante.Felicidade de pouca dura, ao saber que a Câmara não comprou o edifício...
Haveria de indagar, soube que era propriedade da Filarmónica Santa Cecília que o vendeu por suposta bagatela segundo o que se consta a um empresário de Leiria para exploração de restaurante com música ao vivo...Mas os boatos o atribuem a empresário de  Pombal e também  se fala que vai ser estrela Michelim...Outros dizem que a filarmónica  vai ter aqui o seu espaço para ensaiar...
Na verdade percebendo a total destruição que as fotos evidenciam, só aproveitaram as paredes exteriores, o preço afinal parece ajustado.Se além da restauração, bar, loja também acolher cantorias, vai ser concerteza um lugar de eleição, que só engrandece a vila de Ansião, para continuar a sua caminhada no progresso que todos os Ansianenses almejam. 
 
O problema foi não terem acudido ao telhado. Prédio bem castiço por fora e por dentro com os balcões suportados por pilaretes em ferro forjado com platibanda em balaustre de madeira.
Citando a página do facebook "A Casa do Ensaio resulta de um projeto ambicioso de recuperação de um edifício construído ainda no século XIX, e que serviu durante quase um século como sede da Sociedade Filarmónica Ansianense de Santa Cecília. 
Em 2012, Carlos Conceição, um empresário de Leiria que se deixou “encantar” pelas Terras de Sicó, abraçou um sonho antigo e adquiriu a antiga “casa do ensaio” com a missão de devolver às suas paredes devolutas o charme e musicalidade de outrora. 
Brevemente, a Casa do Ensaio irá acolher um restaurante, espaço de produtos regionais e um bar, num conceito moderno e sofisticado mas onde os saberes e sabores de Ansião, a história do local e a paixão pelas coisas boas da vida irão estar bem presentes."

A nova Casa do Ensaio Restaurante/Café 

A arquitetura das fachadas foi  mantida e a cor original. De cara lavada dá gosto apreciar.
A foto possível do interior ainda em obras...
Como notas menos abonatórias...
Sem certezas, na certeza que a direção da Filarmónica de Ansião atendendo ao seu brilhante passado de um século de cultura nesta casa vivida bem poderia ter lutado na decisão em ficar com o edifício, procedendo ao seu restauro, solicitando apoios camarários e comparticipações do fundo europeu, para com orgulho ostentar uma sede condigna para os seus músicos onde não faltasse: Sala de ensaio, Escola de música, e Museu da Música para exposição do espólio de instrumentos em desuso, fardas , troféus, galhardetes, fotografias e, tudo o que demais se acumula em mais de 100 anos, argumentos mais do que suficientes para sentirem orgulho pela idade centenária, ao invés do seu poiso habitual no regime de "empréstimo, aluguer ou favor " no Centro Cultural sabendo que até desfrutam de um terreno na urbanização da Fonte ao tempo teve direito a lançamento da primeira pedra, supostamente teria sido mal posta, já que a obra não saiu ainda do papel...Há quem possa alvitrar que o espaço da antiga sede seria pequeno, nada que a compra de uns metros ao vizinho a nascente não resolvesse, julgo não se negaria, atendendo à finalidade. Insisto nesta temática porque a Filarmónica se modernizou, nada haver da que conheci no meu tempo de mocidade, a via abrilhantar alguns anos a festa do Santo António no Bairro, desfile que faziam pela rua do trajeto da procissão sempre com paragem na frente da casa dos meus pais, mesmo depois de falecido e de outros, mas nunca de todos...no mesmo ritual também na vila.
Porque nos dias d'hoje além da função de Banda Filarmónica exerce uma panóplia de atividades; concertos, arruadas, procissões, solenizações de missas, marchas populares, orquestra ligeira, Big Band Music, Coral Polifónico e ainda Escola de Música; instrumentos de sopro; precursão; piano; bateria; guitarra e viola baixo. E também porque antiguidade é um posto, e pelo brilho dos seus bons músicos ao longo dos tempos e o mesmo de todos os maestros, e neste agora do maestro Simão-, julgo sem favor esta Associação da Filarmónica de Santa Cecília de Ansião, merecia ela própria, uma casa que a dignificasse sendo só sua!
Supostamente a falta de verbas para sustentabilidade quer das obras, quer da reparação de instrumentos, a ineficácia de até agora nada se fazer em prol do orgulho de realizar o sonho da sua sede, quiçá se para tal houver engenho e arte para enveredar na aventura de se pautar por ser uma associação de cariz ainda mais empreendedor no ensino ou espectáculos para maior rendimento, mas também na ousadia de pedir apoios a conterrâneos com milhões no Brasil...Porque o "não" está inerente, mas quem sabe o sim, a surpresa dos mecenas!
Se há coisa deplorável assistir nesta vila é a inexistência de uma Rua com o nome da Filarmónica Ansianense, sendo que existe há mais de cem anos, comparativamente existem nomes atribuídos a ruas sem qualquer significado para a vila...Para pensar!
Vamos ao Espinhal a dois passos de Ansião, além da existência de uma rua onde começou a sua Filarmónica a ostentar placa com o seu nome e, a caminho do Calvário detém bonita sede em local privilegiado.
Espinhal
Espinhal sede da Filarmónica
Também porque não é fácil entender o porquê do suposto interesse camarário no patrocínio e ajuda com apoios comunitários à recuperação da sede da Associação do Clube dos Caçadores para aqui no Ensaio aparentemente nada fez(?) sendo que na vila não existe um teatro, tendo aqui nesta casa durante décadas em anos a fio ter sido aposta de gente com fibra e, de muita cultura, a ser coisa para se ficar indignado e deixar a pensar como se deixou assim  perder!
O progresso das terras defende-se na luta proativa, inovando e incentivando apostas, bem concretizadas na defesa do património, também dando incentivos à camada jovem para se lançarem nas artes; seja no humorismo, entertainer, atores, magia e na dança -, mas para isso é necessário incrementar poiso condigno!
Uma das alegrias que sei daria à minha querida mãe seria abrir um restaurante...
Pois na família há gente que também sabe receber comida groumet ...
Mesa posta sob toalha em estoupa, que um dia foi forro de colchão de palha de centeio, crochetada por mim.
Deixei o Ensaio a contemplar a cameleira do jardim da CGD a lembrar-me do cheiro da glícina de belos cachos lilazes que ali antes existiu na casa do Simões mas antes foi o primeiro hospital da Misericórdia, que jamais alguém o correlacionou aqui, antes falam apenas da existência ao Ribeiro da Vide, que foi o segundo!
Em lamento a jeito de remate não poder vir a usufruir deste novo espaço, como sei gostaria, de ementa groumet, que indicia clientes de carteira recheada, e sendo eu mulher de fazer contas e de gostar de as manter em dia, lamentável seja o alto compromisso de IMI da minha casa secundária de Ansião, que não me dá brecha a deslizes para degustar em  alta restauração!
Seria descortês, até falta de urbanidade não endereçar elegantemente votos de sucesso ao seu proprietário, na deixa positiva que nesta terra desde sempre forasteiros vingaram em graúdo negócio!
Em setembro registei com agrado a placa a perpetuar o passado
A minha mãe e irmã num almoço em novembro descobriram no espaço uma foto exposta com o meu pai Fernando Rodrigues Valente.Sendo que faleceu há mais de 40 anos, gostei de saber!

Fontes:
/www.facebook.com/casadoensaio/info?tab=page_info
Agradecimento  especial à D. Piedade Lopes

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