sexta-feira, 1 de maio de 2015

Dia do Trabalhador na visita ao Santuário do Cristo Rei

Há 41 anos, feriado fui de carro com a minha mãe a Coimbra, para comprar salgados e bolos para levar no farnel da 1ª excursão à Serra da Estrela organizada pelo Externato em Ansião no dia seguinte. A gasolina foi-nos vendida à socapa, depois de muita súplica, atrás da bomba, para meu espanto os ranúnculos do pedestal do "mata frades" António Joaquim de Aguiar, estavam todos arrancados, derramados pelo chão com muitos panfletos e gentes de um lado para o outro...Não compreendi nada, tinha 16 anos! 
Houve anos que fui à manifestação na Alameda.
Depois havia de me cansar de tanto alarido, de pouca mudança neste País de oportunistas e gente reles!

Em caminhada pela manhã a ganhar apetite para a favada do almoço, até ao Cristo Rei.
 Avistei no Tejo golfinhos pintados nas sapatas dos pilares da ponte
Na arriba fóssil muito funcho florido em maio, a imitar as Maias
Toda a falésia do Cristo Rei agora de cara lavada com vedação de segurança, arruamentos, bancos de pedra, via sacra e muita oliveira.
 Imensos cliques de turistas nesta paisagem avassaladora.

Sob névoa encoberta , havia  excursões, uma delas com turistas alemães. Pelo Tejo desfilavam ao despique três semi rígidos carregados de gente, ainda um antigo cacilheiro com turistas e pelo ar um helicóptero de passeios.
Teimei perante os visitantes subir ao pedestal da estátua, para a imitar na ligação do abraço, neste DIA DO TRABALHADOR, a imagem que deixo a todos aqueles que humildemente trabalham e não se resignam, seja nas poucas regalias e nos ordenados baixos, neste País de patronatos, de modo geral vígaros, oportunistas, sem valores, que se valem descaradamente dos mais fracos para enricar milhões!
Desde ontem estacionado em Santa Apolónia um paquete da família Queen Elisabete
Hoje, 1 de maio, também é aniversário da estação de Santa Apolónia, construída num antigo convento, inaugurada em 1865, perfazendo 150 anos. 
Local de chegada e partida, com monumento dedicado aos emigrantes, lápide da viagem de Humberto Delgado, também foi palco da viagem de um Papa até ao Porto e,...
Tantas vezes por aqui  sempre descubro fósseis com milhões de anos.
Descobri uns fragmentos de faiança, o de riscas em azul clarfo é bem antigo, possivelmente século XVIII(?) e um de azulejo igual aos bancos do jardim da quinta da Arialva, que fica no sopé da falésia...
Banco forrado a azulejo do jardim da Quinta da Arialva mandada edificar em 1757(?) por João O'Neill, nobre irlandês, católico e exilado que aqui se estabeleceu com um negócio de produção e armazenamento de vinhos.
Sobranceiro ao Tejo o que resta da bucólica casa de chá(?) da quinta e no tardoz os bancos que fotografei há anos.
Foto da construção do Cristo Rei patente na exposição no santuário
 Na envolvente deparei com novas infraestruturas que desconheço a função futura.
Olival em flor. Lamentável não ser aproveitada, pelo chão ainda resiste azeitona ressequida do ano passado...Bem podia a direção do Santuário ou doar ou mandar apanhar a azeitona. Se a Câmara recuperasse ao fundo da falésia o antigo Lagar de Varas  na Quinta da Arialva
O certo era fazer de raiz um para azeite, seria aposta certa, porque há muita oliveira no concelho cuja azeitona não é aproveitada, e devia
 Parque de merendas, onde não faltam mesas cobertas com bons toldos
Em redor integrado no Campo de Futebol de Almada, o moinho, o último de antanho
 As canas fazem vedação a uma Quinta do Pragal
Muro pertença do antigo Forte de Almada, onde ainda é visível aglomerado de fosseis que um dia destes é coberto a cimento e se voltam a esconder por anos.
Vila Foles no Pragal
Apanhei capuchinhas em cores alegres em tons de laranja para enfeitar as minhas jarrinhas "casca de Cebola"
Fontes
http://lugaresdealmada.blogspot.pt/

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Arquitetura no dormitório da morte em Almada velha

Ao passar no Campo de S. Paulo deu-me para entrar no cemitério de Almada, um dos dois que conheço neste País, de vistas privilegiadas sobre rios, nomeadamente sobre o Tejo e o outro na península de Dornes, rodeado de água pela albufeira da barragem do Castelo de Bode, no Zêzere.
Fascinante pensar a arte de cantaria de antigamente, homens artífices, canteiros armados de escopro e martelo, das suas mãos sairam belas obras de requinte e muita arte. 
Distingui ramalhetes de flores em pedra como se fossem verdadeiras,tal beleza me reportou a monumentos com séculos, ainda estilos figurativos, laços, Cruzes, árvores, arcas tumulares, pedregulho encimado pela árvore de Jessé-, fiquei boquiaberta ...
Dizeres como a palavra "ERETO POR " O MESMO QUE DIZER, MANDADO ERIGIR POR...
Estava uma tarde de sol com muito brilho, por isso as fotos são a possíveis atendendo ao cenário  de silêncios interrompidos pela sombra de cedros esguios, neste dormitório de mortos ...
" palavra que nasceu com origem no grego koimetérion que era simplesmente "dormitório, quarto dormir latim coemiterium ou cemeterium (este já no latim medieval) ". 
Os cristãos consideram que os mortos na graça de Deus não estão mortos, mas sim adormecidos até à ressurreição (Apocalipse, 14;13). Preferiram, por isso, "cemitério" como lugar do seu repouso, em vez de outras palavras latinas que expressavam a ideia de enterramento eterno."
Nas laterais é zona de ossários com telhados tipo Lusalite que não se enquadram no cenário. 
Vistas sobre o Mar da Palha e da torre da antiga igreja da Misericórdia de Almada que restou do terramoto(?) e ao fundo da igreja de Santiago enquadrada no miradouro do castelo.
Torre do Seminário, antigo Convento dos Dominicanos, de paredes extremas , há séculos por aqui  passava o Manuel de Sousa Coutinho, imortalizado por Garrett, como Frei Luís de Sousa.
Em 1600 grassava a peste em Lisboa com o cerco dos espanhóis, muitos nobres fugiram para as suas quintas de Almada de bons ares, ele sabendo que os espanhóis queriam vir ocupar o palácio do seu pai, o Prior do Crato, o incendiou por razões pessoais dizendo com humor "para os alumiar na vinda"...
Foto de 1950 da frontaria do que resta do Pátio do Prior do Crato em Almada velha, em cima do arco do portal  placa de mármore, mandada colocar por volta de 1940 por altura da Exposição Mundial ocorrida em Lisboa, em que Salazar mandou que se evocassem as efemérides dos feitos dos portugueses e descobrimentos. 
Conta-se que ao tempo que viveu em Almada tinha o hábito de sair todos os dias para visitar os frades seus amigos, deslumbrando-se com as vistas do Tejo e de Lisboa, tal como eu quando o visitei. Aqui a metros da extrema com o cemitério para nascente onde os azulejos pombalinos que vieram de Lisboa das arrecadações do Patriarcado, quando o Seminário foi sua pertença por volta de 30, que haveriam de ser convertidos de novo em painéis  e silhares, sendo o que restou foram aqui  nos muros do miradouro colocados a esmo.
Mais tarde Manuel  de Sousa Coutinho veio com a esposa a abraçar a ordem em S. Domingos de Benfica, viria a escrever nas suas memórias: "como o sítio he no mais alto do monte e pendurado sobre o mar (...) senhor de hum tão fermoso, e tão bem assombrado horizonte, que confiadamente, e sem parecer encarecimento, podemos afirmar que não há outro tal em toda a redondeza da terra:o que fica bem de crer, pois se sabe que tem diante dos olhos por painel a cidade de Lisboa,estendida sobre a ribeira direita do Tejo, e que de nenhum outro ponto se pode ver e julgar sus grandeza toda junta, como deste".
Uma das duas alamedas  do cemitério ladeada de belos exemplares de jazigos,na maioria com mais de cem anos ou muito perto, na maioria mandados esculpir numa empresa sediada no Alto de S. João, em Lisboa.
 Topo da falésia a vista abrangente sobre  o Tejo e Lisboa
Há dias um ator de teatro, que vive desde sempre no Bairro Operário do Olho de Boi na casa dos pais, sita ao fundo da falésia do cemitério e do jardim do Seminário, na foto distingue-se pelos telhados junto do Tejo, depois de encerrado o estaleiro, ao que parece se esqueceram das pessoas e, neste agora, o suposto dono, reivindica o espaço, porque julgo está em marcha, finalmente, a requalificação da zona ribeirinha-, dizia o ator na entrevista "acordar de manhã e ver esta vista até dá vontade de trabalhar"...Eu não diria o mesmo, teria receio de um sismo, ou simplesmente receio das infiltrações de águas que ao longo dos anos vão desagregando toneladas de massa em brecha de fosseis e argila, como aliás são visíveis a uns metros do Bairro, na Quinta da Arialva, ao longo da estrada de acesso no que foi um dia um palacete, por isso aqui é previsível uma derrocada valente e, consequentemente o que resta dos mortos, caírem de bandeja na cabeceira da cama de alguém...Deus queira que jamais aconteça, mas é de prever o imprevisto macabro!
Capela do cemitério construída em finais de 1800, por certo a data de construção do cemitério no mesmo preceito em todo o País.
Um jazigo em forma de árvores entrelaçadas
Havia um jazigo com ferramentas encastaradas na fachada, distingui muita arte em ferro forjado.
Na entrada o jazigo do grande industrial António José Gomes na Cova da Piedade
Faz lembrar a outra sua casa estilo da Suiça ao lado do palacete na Cova da Piedade
O seu palacete onde hoje funciona a SFUAP, depois da sua sede ter sofrido um grande incêndio que a destruiu por completo.
Industrial da cortiça e no Caramujo da Fábrica da Farinha, benemérito, mandou construir as escolas primárias, amante das novas tecnologias no tempo áureo do ferro forjado, na sua quinta no tardoz ainda existem as duas noras e,...

FONTES
In "Dicionário da Origem das Palavras", Orlando Neves, Editorial Notícias
Fotos do google

Casa de pedra com balcão na Ameixieira em Ansião

A construção ancestral de casario  em pedra com balcão, foi muito usual nas Beiras e norte do País. Atualmente na Beira Baixa, segundo o meu amigo João Cortiço " Medelim é onde eu vivo há 14 anos. É uma aldeia pequena, muito limpa e tem 150 balcões".
Medelim
Maciço de Sicó ainda persistem alguns exemplares.
Alvorge uma bela casa com balcão de avental
Também existe outra muito bonita junto da estrada à entrada da Ribeira de Alcalamouque, que ainda não registei em foto.No Casal de S. Braz e,...
Conheci esta bela casa desde criança no Escampado de Santa Marta. O dono  há anos retirou as duas colunas de pedra que sustentavam o alpendre do balcão. A janela é de avental e o caixilho era em madeira com um minúsculo vidro.

A que registei nesta Páscoa passada foi na Ameixieira, aldeia altaneira na aba da serra com o mesmo nome, no concelho de Ansião. Sita ao entroncamento da estrada do cemitério, com a estrada Ansião/Serra do Mouro, em traça antiga carateristica que foi na região pela escada exterior em formato "balcão". 
  Vista a nascente.
Ostenta na frontaria no lado direito, uma Cruz, desenhada em argamassa feita de cal, porque os seus donos deviam ter sido muito religiosos.
 Vista de sul com as Maias quase a florir e ainda era início de abril

Vista de norte
Vista de poente




No meu tempo estudei os vários tipos de habitação em Portugal, e o " Balcão" dizia-se ser constituído por uma escada em granito ou calcário, de grandes lajes terminado num patamar de acesso ao piso superior rodeado ou não de guardas inteiriças( avental), também em pedra que dava acesso à habitação, que não lhe roubava espaço e,  permitia  que por debaixo das escadas  fosse o curral de pequenos animais como; cabras e ovelhas, cujos bafos aqueciam  a casa na invernia.
Por todo o concelho de Ansião persiste ainda  algum casario com  o curral, mas apenas escadaria na frontaria sem o alpendre.Algumas as conheci em xisto na Moita Redonda, que por força do alargamento das estradas, foram retiradas.
Nesta altura do ano fico deslumbrada com as rosas albardeiras que existem na casa defronte.

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